Vermelho, azul e branco deveriam ter a companhia do cinza na bandeira francesa. Se os
desmandos da aristocracia francesa, sem dúvida, alimentaram o rancor popular que resultou
na revolução de 1789, o vulcão Laki, localizado na Islândia, também contribuiu para a causa. A
erupção iniciada em agosto de 1783 durou oito meses e teve efeitos catastróficos na Islândia e
na Europa. Entre eles, uma alteração nos padrões climáticos que arrasou a agricultura francesa.
A escala da erupção de 1783 foi grandiosa. Formou-se uma imensa nuvem de fumaça cinza
que esfriou o planeta por pelo menos quatro anos.
A Islândia está atolada numa dívida externa de mais de US$ 600 milhões desde a eclosão da
crise global de 2008. Apesar da reprovação do resto da Europa pelos caos – o econômico e o
aéreo –, para muitos dos 320 mil habitantes da ilha, a força subterrânea da natureza veio para
retirar o país de uma catarse coletiva. A erupção do Eyjafjallajoekull ajudou a restaurar um
senso de solidariedade após uma infinita busca de responsáveis desde a crise.
Adaptado de O Globo, 24/04/2010
Os impactos de fenômenos geológicos e climáticos podem variar na história, como ilustram as
reportagens sobre as erupções vulcânicas na Islândia, em 1783 e 2010.
Nos dois casos apresentados, o fator natural contribuiu para reforçar a relação de
interdependência entre: