SóProvas


ID
2561824
Banca
FCC
Órgão
TST
Ano
2017
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

      Há algumas dicotomias que parecem ter a força de atravessar o tempo e se imporem a nós com uma evidência inaudita. Em filosofia, conhecemos várias delas, assim como conhecemos suas maneiras de orientar o pensamento e as ações.

      Tais dicotomias podem operar não apenas como um horizonte normativo pressuposto, mas também como base para a consolidação de certas modalidades de pensamento crítico. No entanto, há momentos em que percebemos a necessidade de questionar as próprias estratégias críticas e suas dicotomias. Pois, ao menos para alguns, elas parecem nos paralisar em vez de nos permitir avançar em direção às transformações que desejamos.

      Um exemplo de dicotomia que tem força evidente no pensamento crítico atual é aquela, herdada de Spinoza, entre paixões tristes e paixões alegres. Paixões tristes diminuem nossa potência de agir, paixões alegres aumentam nossa potência de agir e nossa força para existir. A liberdade estaria ligada à força afirmativa das paixões alegres, assim como a servidão seria a perpetuação do caráter reativo das paixões tristes. Haveria pois aquilo que nos afeta de forma tal que permitiria a nossos corpos desenvolver ou não uma potência de agir e existir que é o exercício mesmo da vida em sua atividade soberana.

      Sem querer aqui fazer o exercício infame e sem sentido de discutir a teoria spinozista dos afetos e sua bela complexidade em uma coluna de jornal, gostaria apenas de sublinhar inicialmente a importância desse entendimento de que a capacidade crítica está ligada diretamente a uma compreensão dos afetos e de seus circuitos. Nada de nossas estratégias contemporâneas de crítica seria possível sem esse passo essencial de Spinoza, recuperado depois por vários outros filósofos que o seguiram.

      No entanto, valeria a pena nos perguntarmos o que aconteceria se insistíssemos que talvez não existam paixões tristes e paixões alegres, que talvez essa dicotomia possa e deva ser abandonada (independentemente do que pensemos ou não de Spinoza).

      É claro que isso inicialmente soa como um exercício ocioso de pensamento. Afinal, a existência da tristeza e da alegria nos parece imediatamente evidente, nós podemos sentir tal diferença e nos esforçamos (ou ao menos deveríamos nos esforçar, se não nos deixássemos vencer pelo ressentimento e pela resignação) para nos afastarmos da primeira e nos aproximarmos da segunda.

      Mas o que aconteceria se habitássemos um mundo no qual não faz mais sentido distinguir entre paixões tristes e alegres? Um mundo no qual existem apenas paixões, com a capacidade de às vezes nos fazerem tristes, às vezes alegres. Ou seja, um mundo no qual as paixões têm uma dinâmica que inclui necessariamente o movimento da alegria à tristeza.

     Pois, se esse for o caso, então talvez sejamos obrigados a concluir que não é possível para nós nos afastarmos do que tenderíamos a chamar de "paixões tristes", pois não há paixão que, em vários momentos, não nos entristeça. Não há afetos que não nos contraiam, não há vida que não se deixe paralisar, que não precise se paralisar por certo tempo, que não se vista com sua própria impotência a fim de recompor sua velocidade. Mais, ainda. Não há vida que não se sirva da doença para se desconstituir e reconstruir.

                                                                      (SAFATLE, Wladimir. Folha de S.Paulo, 23/06/2017)

É claro que isso inicialmente soa como um exercício ocioso de pensamento. Afinal, a existência da tristeza e da alegria nos parece imediatamente evidente, nós podemos sentir tal diferença e nos esforçamos (ou ao menos deveríamos nos esforçar, se não nos deixássemos vencer pelo ressentimento e pela resignação) para nos afastarmos da primeira e nos aproximarmos da segunda.


Sobre o que se tem no acima transcrito:

Alternativas
Comentários
  • Gabarito: d
    a) Errado, o adjetivo não perde sua força, pelo contrário, ele é reforçado pelos arugu mentos que o autor introduz em seguida.
    b) Errado, segundo o dicionário Aulete 2. Representar-se na imaginação (de alguém); AFIGURAR-SE [ti. + a]
    c) Errado, é usado para marcar uma informação adicional ao discurso, tanto que sua retirada não prejudica o sentido.

    Afinal, a existência da tristeza e da alegria nos parece imediatamente evidente, nós podemos sentir tal diferença e nos esforçamos para nos afastarmos da primeira e nos aproximarmos da segunda.

    d) Certo, porque o ou conjução Cood. Alternativa tem esse objetivo de alternância, exclusão.
    e) Aqui é concordância do infinitivo. Fiquei na dúvida sobre essa parte que rejeitaria as formas no singular e mandei a dúvida para o grupo do Prof. Pestana e estou aguardando a ajuda de alguém.

  • Leandro Franco e os demais guerreiros,

    o professor Pestana postou esse tema no instagram ha poucos dias e portanto está fresco na minha memoria...

    verbos antecedidos de preposição pode variar com o sujeito oculto ou não.

    a justicativa é enfatizar a açao em si: não varia;se deseja enfatizar o agente vai conjuga o verbo.

    ex:governo obriga os ministros a se posicionar../governo obriga os ministros a se posicionarem..

  • Que texto ruim! Algumas bancas adoram isso! Texto inócuo e pseudointelectual.

    só desabafando por ter perdido preciosos minutos de estudo lendo isso.

  • Prova do capiroto, tô errando é tudo!

  • CONCORDO COM O CONCURSEIRO RN.. achei a prova dificil pra caramba

  • errei.marquei a E.

     

    MAS EU JA APRENDI

     

    SOU UMA MAQUINA DE RESOLVER QUESTOES. 

  • a) É cllaro - advérbio neste caso.

  • Pessoal, não se preocupem tanto com a complexidade dessas questões (se você não for fazer pra especialidade de Taquigrafo), o conteúdo de interpretação de texto exigido nesse cargo é bem mais complexo que o dos outros.

    Não desistam!

  • Haja coração

  • Acertei por exclusão. Misericórdia!

  • Achava que era só eu que pensava dessa forma até ler o comentário do Alexandre Resende, queria entender o que leva alguém a escrever textos inúteis e pseudointelectuais como esse, qual seria o objetivo desse tal de Wladimir SAFATLE? E pior de tudo e que há quem publique esse tipo de coisa.

  • Português pra esse cargo é violento!

  • Frederico, há quem publique porque há quem leia estes textos. Não desmereça o autor porque ele está além da sua capacidade de compreensão. Além do mais, quem trabalhará nessa área (taquigrafia) escutará e terá de transcrever discursos piores do que o escrito pelo Vladimir. Já observou a fala inutilmente rebuscada de juízes? E os deputados e senadores quando discursam? É MUITO PIOR.

    Bons estudos.

  • D) CONJUNÇÃO COORDENATIVA ALTERNATIVA.

  • Que tiro foi esse, meu pai???

  • Sobre a alternativa e)

    apenas para melhorar um pouco mais o debate e sem querer esgota-lo.

    Alem dos modos verbais, há também as FORMAS NOMINAIS ou infinitas dos verbos, que apenas exprimem um fato de maneira vaga, impessoal. Existem três formas nominais, quais sejam: infinitivo, gerúndio e particípio.

    Especificamente sobre a forma nominal INFINITIVA: é a forma verbal equivalente de um substantivo: amar, beber, partir. O "x" da questão é que a forma nominal infinitiva pode ser:

    a) pessoal (flexionado) - quando tem sujeito (expresso ou implícito):

    "É bom sermos pacientes."

    "Ele disse para vocês ficarem quietos."

    b) impessoal (não flexionado)- quando não tem sujeito:

    "Convém caminhar à noite."

    "Viver é bom de mais"

    Moraes, Filemon Félix de. Nova Gramáticma. Brasília: Editora Lima e Félix, 2014. pagina 258

     

    Percebam que esse tema não é fácil. Eu mesmo tenho muita dificuldade em observar um verbo tanto com "valor" de substantivo, vago, quanto com relações sintáticas específicas com o tema, com sujeito ou não.  

    a questao da FCC buscou esse conhecimento.

    Com alteração semântica, poderíamos reescrever a oração questionada utilizando a forma impessoal do verbo no infinitivo. Vejam:

    - nós podemos sentir tal diferença e nos esforçarmos (...) para nos afastarmos da primeira e nos aproximarmos da segunda. 

    Sujeito: Nós nos esforçarmos para nós nos afastarmos e nós nos aproximarmos. 

    - nós podemos sentir tal diferença e nos esforçar (...) para nos afastar da primeira e nos aproximar da segunda. 

    Sujeito: eu não saberia ao certo se teríamos sujeito indeterminado ou inexistente ou o próprio verbo no infinitivo impessoal desempenhando a função de verbo, mas creio que os verbos "afastar" e "aproximar" seriam bitransitivos e o nos com função de OD. 

     

    A alteração proposta pela banca ficaria sem paralelismo sintático, pois não alterou "afastarmos". Mas não foi questionado nada sobre paralelismo e sim se essa flexão ocorreu por imposição da norma padrão (na minha opinião a flexão ocorreu por estilística argumentativa, podendo ocorrer de dois modos conforme demostrado com as formas pessoais e impessoais do infinitivo) e que estariam rejeitadas as formas no singular (o infinitivo impessoal admitiria a forma singular, modificando a sintaxe e a semântica verbal e provocando a transformação do sujeito oculto em oração sem sepujeito ou o próprio verbo com valor de substantivo com valor de sujeito, ficando a minha maior dúvida no estudo dessas possibilidades que o verbo pode assumir...) 

     

    bom galera é isso, questão errada pois é possível duas formas de escrever esses verbos conforme a gramática e suas regras. 

     

     

  • oi?

    fui seco na letra E:(

    que pesada.

  • Questão fdp!!!!

  • Questão muito bem feita. Difícil pra carai

  • Essa deixou até aquela pizza no sovaco. 

  • Não erro nunca mais. Tá no papo.

  • Que questãozinha maldita!! 

  • Jesus, vooolta! :/

  • Gente, ao pesquisar, encontrei o seguinte fundamento sobre o infinitivo, talvez seja o aplicado na questão.


     e)

    " Quando o sujeito é o mesmo nas duas orações, é facultativa a escolha do infinitivo pessoal

    ou impessoal, mesmo que o sujeito esteja oculto."


    #portuguessemmisterio.com.br

  • Acertei! Mas não me perguntem como...nem eu sei! kkkkkkkk! No dia da prova ou vc sabe ou vc chuta! Pq impossível ficar 10 minutos numa desgraça dessa

  • Senti uma explicação com a conjunção “ou “ , mas tudo bem