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ID
5285317
Banca
INSTITUTO AOCP
Órgão
PC-PA
Ano
2021
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Bauman: Para que a utopia renasça é preciso confiar no potencial humano


Dennis de Oliveira


    Zygmunt Bauman é um dos pensadores contemporâneos que mais têm produzido obras que refletem os tempos contemporâneos. Nascido na Polônia em 1925, o sociólogo tem um histórico de vida que passa pela ocupação nazista durante a Segunda Guerra Mundial, pela ativa militância em prol da construção do socialismo no seu país sob a direta influência da extinta União Soviética e pela crise e desmoronamento do regime socialista. Atualmente, vive na Inglaterra, em tempo de grande mobilidade de populações na Europa. Professor emérito de sociologia da Universidade de Leeds, Bauman propõe o conceito de “modernidade líquida” para definir o presente, em vez do já batido termo “pós-modernidade”, que, segundo ele, virou mais um qualificativo ideológico.

    Bauman define modernidade líquida como um momento em que a sociabilidade humana experimenta uma transformação que pode ser sintetizada nos seguintes processos: a metamorfose do cidadão, sujeito de direitos, em indivíduo em busca de afirmação no espaço social; a passagem de estruturas de solidariedade coletiva para as de disputa e competição; o enfraquecimento dos sistemas de proteção estatal às intempéries da vida, gerando um permanente ambiente de incerteza; a colocação da responsabilidade por eventuais fracassos no plano individual; o fim da perspectiva do planejamento a longo prazo; e o divórcio e a iminente apartação total entre poder e política. A seguir, a íntegra da entrevista concedida pelo sociólogo à revista CULT.


    CULT – Na obra Tempos líquidos, o senhor afirma que o poder está fora da esfera da política e há uma decadência da atividade do planejamento a longo prazo. Entendo isso como produto da crise das grandes narrativas, particularmente após a queda dos regimes do Leste Europeu. Diante disso, é possível pensar ainda em um resgate da utopia?


    Zygmunt Bauman – Para que a utopia nasça, é preciso duas condições. A primeira é a forte sensação (ainda que difusa e inarticulada) de que o mundo não está funcionando adequadamente e deve ter seus fundamentos revistos para que se reajuste. A segunda condição é a existência de uma confiança no potencial humano à altura da tarefa de reformar o mundo, a crença de que “nós, seres humanos, podemos fazê-lo”, crença esta articulada com a racionalidade capaz de perceber o que está errado com o mundo, saber o que precisa ser modificado, quais são os pontos problemáticos, e ter força e coragem para extirpá-los. Em suma, potencializar a força do mundo para o atendimento das necessidades humanas existentes ou que possam vir a existir.


Adaptado de: https://revistacult.uol.com.br/home/entrevista-zygmunt-bauman/>. Acesso em: 14 jan. 2021. 

Quanto aos mecanismos de coesão textual empregados no último parágrafo do texto, assinale a alternativa correta.

Alternativas
Comentários
  •  Zygmunt Bauman – Para que a utopia nasça, é preciso duas condições. A primeira é a forte sensação (ainda que difusa e inarticulada) de que o mundo não está funcionando adequadamente e deve ter seus fundamentos revistos para que se reajuste. A segunda condição é a existência de uma confiança...

    Gab: A

  • Gabarito: LETRA A

    O uso das expressões “a primeira” e “a segunda”, de fato, indicam uma ordenação lógica das duas condições para que a utopia nasça, segundo o autor. Isso contribui para a coesão (ligação) do texto.

    b) A expressão “Em suma” indica conclusão;

    c) Não se usa pronome reto na função de complemento verbal;

    d) O pronome “esta” retoma termo anterior (que pode ou não estar próximo) e não introduz oração alguma no contexto; já o pronome relativo “a qual” retoma termo imediatamente anterior e introduz oração subordinada adjetiva.

    e) Não há ambiguidade no contexto, pois é claramente possível depreender o sujeito (o mundo) da forma verbal (deve ter).

  • CUIDADO!

    Previno-os: existem comentários inadvertidos acerca dos itens.

    Inspecionemos cada alteranativa:

    a) A utilização das expressões “a primeira” e “a segunda”, no início do segundo e do terceiro período, respectivamente, sinaliza que tais períodos apresentam uma ordenação lógica, não podendo ser invertidos.

    Correto. Leiamos o fragmento: "Para que a utopia nasça, é preciso duas condições. A primeira é a forte sensação (ainda que difusa e inarticulada) de que o mundo não está funcionando adequadamente e deve ter seus fundamentos revistos para que se reajuste. A segunda condição é a existência de uma confiança no potencial humano à altura da tarefa de reformar o mundo (...)". Não foi por mero gosto pessoal que o autor citou primeiro "a forte sensação" e em seguida "a existência de uma confiança": o homem primeiro percebe que o mundo não está funcionando, depois confia no potencial humano a fim de reformá-lo. Percebe que essa ordem não pode ser alterada, tendo em vista que há uma sequência lógica? Por tal motivo, está correto o asseverado pela banca;

    b) A expressão “em suma” é utilizada para adicionar um novo argumento ao parágrafo, podendo ser substituída por “além disso”.

    Incorreto. Essa expressão encerra sentido de "em síntese", "em resumo", serve para introduzir um pensamento que traz, em linhas gerais, aquilo que fora exposto;

    c) Em “[...] quais são os pontos problemáticos, e ter força e coragem para extirpá-los [...]”, o pronome átono retoma a expressão em destaque, podendo ser substituído adequadamente por “eles”.

    Incorreto. Salvo excepcional exceção prevista por Evanildo Bechara, que não é oportuna trazê-la para cá, os pronomes pessoais do caso reto (eu, tu, ele, nós, vós, eles) jamais exercem a função sintática de complemento verbal (objeto direto ou indireto). Portanto, trocar o pronome átono ("los") pelo pessoal do caso reto "eles" implicaria gravíssima lesão à norma culta;

    d) Em “[...] a crença de que ‘nós, seres humanos, podemos fazê-lo’, crença esta articulada com a racionalidade [...]”, o pronome em destaque poderia ser substituído por “a qual”, sem que isso causasse prejuízo sintático ou semântico ao período.

    Incorreto. De acordo com lição de Evanildo Bechara, os pronomes "o(s) qual(is)" e "a(s) qual(is)" só devem ser usados com o escopo de dirimir a anfibologia ou ambiguidade. No contexto presente, não cabe uso de "a qual";

    e) Em “[...] o mundo não está funcionando adequadamente e deve ter seus fundamentos revistos [...]”, a elipse do sujeito de “deve ter” causa ambiguidade ao excerto.

    Incorreto. Não se constata anfibologia ou ambiguidade no fragmento. Afianço, porém, que é necessário muita atenção ao se servir dos pronomes possessivos "seu(s)", "sua(s)", porque são, frequentemente, os responsáveis por gerar ambiguidade no texto e, por consequência, pauperizá-los. Lembremos: a ambiguidade, se não intencional, é considerada um vício de linguagem.

    Letra A

  • TRATA-SE DE UMA QUESTÃO QUE ABORDA VÁRIOS ASSUNTOS DA GRAMÁTICA

    A - MORFOLOGIA = NUMERAL ORDINAL

    B - COMPREENSÃO E INTERPRETAÇÃO = OPERADORES AGUMENTATIVOS DE SÍNTESE

    C - SINTAXE = COLOCAÇÃO PRONOMINAL

    D - MORFOLOGIA = PRONOMES RELATIVO E DEMONSTRATIVO

    E - ESTILÍSTICA = FIGURA DE LINGUAGEM (ELIPSE) E VÍCIO DE LINGUAGEM (AMBIGUIDADE)

  • PQP, o examinador deveria - assim como todos os outros - colocar o número da linha a qual ele está se referindo. No dia do exame ter que ficar perdendo tempo procurando é triste.

  • Pqp...confundir período com parágrafo é fodakkkkkkkkk

  • A questão quer saber qual assertiva indica corretamente uma afirmação correta sobre os aspectos semânticos, morfológicos e sintáticos. Vejamos:

    a) Correta.

    A expressão primeira e segunda mantém uma sequência de condições de modo que se alterar essa estrutura, o sentido muda logicamente, pois a condição que aparecia em primeira mudará a sua ordem para segunda e vice-versa.

    b) Incorreta.

    A expressão “em suma” é utilizada com sentido de "forma resumida", e não tem função de adição.

    c) Incorreta.

    Em “[...] quais são os pontos problemáticos, e ter força e coragem para extirpá-los [...]”, O pronome átono retoma a expressão em destaque, entretanto, de forma alguma pode ser substituído adequadamente por “eles”, pois a forma pronominal "eles" não deve ser utilizada como complemento, mas sim como sujeito.

    d) Incorreta.

    Em “[...] a crença de que ‘nós, seres humanos, podemos fazê-lo’, crença esta articulada com a racionalidade [...]”, o pronome em destaque não pode ser substituído por “a qual”, sem que isso causasse prejuízo sintático ou semântico ao período, porque um tem sentido demonstrativo "este" o outro tem sentido relativo. O pronome relativo sempre iniciará oração subordinada adjetiva desenvolvida, ou seja, deveria ter algum verbo desenvolvido na oração para poder fazer uso do "a qual".

    e) Incorreta.

    Em “[...] o mundo não está funcionando adequadamente e deve ter seus fundamentos revistos [...]”, a elipse do sujeito de “deve ter” não causa ambiguidade ao excerto, porque é notório que o sujeito dessa locução verbal é "o mundo"

    "...o mundo não está funcionando adequadamente e o mundo deve ter seus fundamentos revistos..."

    Gabarito: A

  • Esta questão requer conhecimento acerca de coesão e coerência textual, funções sintáticas dos pronomes pessoais e valor semântico dos termos ou expressões.

    Alternativa (A) correta - As expressões “a primeira" e “a segunda" são marcadores discursivos responsáveis por ordenarem o texto em uma sucessão de segmentos complementares, de forma que, se tais períodos - introduzidos por estes articuladores textuais - forem invertidos, o sentido muda, provocando uma incoerência interna.

    Alternativa (B) incorreta - A expressão “em suma" é utilizada para encerrar um discurso, podendo ser substituída por “enfim" ou “finalmente".

    Alternativa (C) incorreta - De fato, a forma pronominal “los" retoma a expressão em destaque, contudo não pode ser substituído pelo pronome pessoal reto “eles" por este não poder desempenhar a função de complemento verbal, segundo a norma culta da língua portuguesa.

    Alternativa (D) incorreta - A substituição do pronome “esta" pelo pronome “a qual" causaria um prejuízo sintático e semântico ao período, uma vez que o primeiro é um pronome demonstrativo funcionando como um elemento coesivo anafórico retomando a oração “nós, seres humanos, podemos fazê-lo"; já o segundo se trata de um pronome relativo e este só se refere a um termo substantivo anterior.

    Alternativa (E) incorreta - A elipse do sujeito de “deve ter" não causa ambiguidade ao excerto, uma vez que é perceptível se tratar do mesmo sujeito expresso na oração anterior. “O mundo não está funcionando adequadamente e (o mundo) deve ter seus fundamentos revistos". Trata-se de uma figura de linguagem chamada zeugma: supressão de um termo anteriormente expresso.

    Gabarito da Professora: Letra A.

  • Quanto aos mecanismos de coesão textual empregados no último parágrafo do texto, assinale a alternativa correta.

    A) A utilização das expressões “a primeira” e “a segunda”, no início do segundo e do terceiro período, respectivamente, sinaliza que tais períodos apresentam uma ordenação lógica, não podendo ser invertidos.

    Isto, caso fossem invertidos não haveria sentido.

    B) A expressão “em suma” é utilizada para adicionar um novo argumento ao parágrafo, podendo ser substituída por “além disso”.

    “Em suma” = em resumo, resumindo, resumidamente...

    C) Em “[...] quais são os pontos problemáticos, e ter força e coragem para extirpá-los [...]”, o pronome átono retoma a expressão em destaque, podendo ser substituído adequadamente por “eles”.

    A forma átona realmente retoma a expressão em destaque, mas não pode ser substituída por “eles”. Pronomes retos nunca exercerão função de OD, sempre à de sujeito.

    D) Em “[...] a crença de que ‘nós, seres humanos, podemos fazê-lo’, crença esta articulada com a racionalidade [...]”, o pronome em destaque poderia ser substituído por “a qual”, sem que isso causasse prejuízo sintático ou semântico ao período.

    Este, esta, esses, essas... Pronomes demonstrativos ao passo “a qual” pronome relativo.

    E) Em “[...] o mundo não está funcionando adequadamente e deve ter seus fundamentos revistos [...]”, a elipse do sujeito de “deve ter” causa ambiguidade ao excerto.

    Não causa ambiguidade pois o sujeito da forma em destaque, claramente, é “o mundo”.

  • não me atentei ao comando da questão. Resultado = errei...

    ótimo.. agora prestarei mais atenção.