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Prova FUMARC - 2012 - Câmara Municipal de Juiz de Fora - MG - Assistente Legislativo


ID
2057122
Banca
FUMARC
Órgão
Câmara de Juiz de Fora - MG
Ano
2012
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

PASSEIO SOCRÁTICO

Frei Betto  

Ao viajar pelo Oriente, mantive contatos com monges do Tibete, da Mongólia, do Japão e da China. Eram homens serenos, comedidos, recolhidos em paz em seus mantos cor de açafrão.

Outro dia, eu observava o movimento do aeroporto de São Paulo: a sala de espera cheia de executivos com telefones celulares, preocupados, ansiosos, geralmente comendo mais do que deviam. Com certeza, já haviam tomado café da manhã em casa, mas como a companhia aérea oferecia um outro café, todos comiam vorazmente. Aquilo me fez refletir:

- "Qual dos dois modelos produz felicidade?"

Encontrei Daniela, 10 anos, no elevador, às nove da manhã, e perguntei: - "Não foi à aula?"

Ela respondeu: - "Não, tenho aula à tarde". Comemorei:

- "Que bom, então de manhã você pode brincar, dormir até mais tarde".

- "Não", retrucou ela, "tenho tanta coisa de manhã..."

- "Que tanta coisa?", perguntei.

- "Aulas de inglês, de balé, de pintura, piscina", e começou a elencar seu programa de garota robotizada.

Fiquei pensando: - "Que pena, a Daniela não disse: "Tenho aula de meditação!"

Estamos construindo super-homens e supermulheres, totalmente equipados, mas emocionalmente infantilizados. Por isso, as empresas consideram agora que, mais importante que o QI, é a IE, a Inteligência Emocional. Não adianta ser um superexecutivo se não se consegue se relacionar com as pessoas. Ora, como seria importante os currículos escolares incluírem aulas de meditação!

Uma progressista cidade do interior de São Paulo tinha, em 1960, seis livrarias e uma academia de ginástica; hoje, tem sessenta academias de ginástica e três livrarias! - Não tenho nada contra malhar o corpo, mas me preocupo com a desproporção em relação à malhação do espírito. Acho ótimo, vamos todos morrer esbeltos: "Como estava o defunto?". "Olha, uma maravilha, não tinha uma celulite!" Mas como fica a questão da subjetividade? Da espiritualidade? Da ociosidade amorosa?

Outrora, falava-se em realidade: análise da realidade, inserir-se na realidade, conhecer a realidade. Hoje, a palavra é virtualidade. Tudo é virtual. Pode-se fazer sexo virtual pela internet: não se pega aids, não há envolvimento emocional, controla-se no mouse. Trancado em seu quarto, em Brasília, um homem pode ter uma amiga íntima em Tóquio, sem nenhuma preocupação de conhecer o seu vizinho de prédio ou de quadra! Tudo é virtual, entramos na virtualidade de todos os valores, não há compromisso com o real! É muito grave esse processo de abstração da linguagem, de sentimentos: somos místicos virtuais, religiosos virtuais, cidadãos virtuais. Enquanto isso, a realidade vai por outro lado, pois somos também eticamente virtuais…

A cultura começa onde a natureza termina. Cultura é o refinamento do espírito. Televisão, no Brasil - com raras e honrosas exceções -, é um problema: a cada semana que passa, temos a sensação de que ficamos um pouco menos cultos. A palavra hoje é "entretenimento"; domingo, então, é o dia nacional da imbecilização coletiva. Imbecil o apresentador, imbecil quem vai lá e se apresenta no palco, imbecil quem perde a tarde diante da tela.

Como a publicidade não consegue vender felicidade, passa a ilusão de que felicidade é o resultado da soma de prazeres: "Se tomar este refrigerante, vestir este tênis, usar esta camisa, comprar este carro, você chega lá!" O problema é que, em geral, não se chega! Quem cede desenvolve de tal maneira o desejo, que acaba precisando de um analista. Ou de remédios. Quem resiste, aumenta a neurose.

Os psicanalistas tentam descobrir o que fazer com o desejo dos seus pacientes. Colocá-los onde? Eu, que não sou da área, posso me dar o direito de apresentar uma sugestão. Acho que só há uma saída: virar o desejo para dentro. Porque, para fora, ele não tem aonde ir! O grande desafio é virar o desejo para dentro, gostar de si mesmo, começar a ver o quanto é bom ser livre de todo esse condicionamento globalizante, neoliberal, consumista. Assim, pode-se viver melhor. Aliás, para uma boa saúde mental três requisitos são indispensáveis: amizades, autoestima, ausência de estresse.

Há uma lógica religiosa no consumismo pós-moderno. Se alguém vai à Europa e visita uma pequena cidade onde há uma catedral, deve procurar saber a história daquela cidade - a catedral é o sinal de que ela tem história. Na Idade Média, as cidades adquiriam status construindo uma catedral; hoje, no Brasil, constrói-se um shopping center. É curioso: a maioria dos shopping centers tem linhas arquitetônicas de catedrais estilizadas; neles não se pode ir de qualquer maneira, é preciso vestir roupa de missa de domingos. E ali dentro sente-se uma sensação paradisíaca: não há mendigos, crianças de rua, sujeira pelas calçadas...

Entra-se naqueles claustros ao som do gregoriano pós-moderno, aquela musiquinha de esperar dentista. Observam-se os vários nichos, todas aquelas capelas com os veneráveis objetos de consumo, que são acolitados por belas sacerdotisas. Quem pode comprar à vista, sente-se no reino dos céus. Se deve passar cheque pré- datado, pagar a crédito, entrar no cheque especial, sente-se no purgatório. Mas se não pode comprar, certamente vai se sentir no inferno... Felizmente, terminam todos na eucaristia pós-moderna, irmanados na mesma mesa, com o mesmo suco e o mesmo hambúrguer do McDonald's…

Costumo advertir os balconistas que me cercam à porta das lojas: "Estou apenas fazendo um passeio socrático." Diante de seus olhares espantados, explico: Sócrates, filósofo grego, também gostava de descansar a cabeça percorrendo o centro comercial de Atenas. Quando vendedores como vocês o assediavam, ele respondia: Estou apenas observando quanta coisa existe de que não preciso para ser feliz.

Disponível em: http://www.freibetto.org/index.php/artigos?start=8 Acesso em: 17 maio 2012.

O que motivou a reflexão de Frei Betto no final do segundo parágrafo do texto foi

Alternativas
Comentários
  • a contraposição da serenidade dos monges com quem teve contato com a ansiedade dos executivos no aeroporto em São Paulo motivou (foi a razão) a indagação acerca de qual dos dois modelos seria o ideal na sociedade em que vivemos: o dos monges ou o dos executivos.

     

    -------------------

    Gabarito: B


ID
2057125
Banca
FUMARC
Órgão
Câmara de Juiz de Fora - MG
Ano
2012
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

PASSEIO SOCRÁTICO

Frei Betto  

Ao viajar pelo Oriente, mantive contatos com monges do Tibete, da Mongólia, do Japão e da China. Eram homens serenos, comedidos, recolhidos em paz em seus mantos cor de açafrão.

Outro dia, eu observava o movimento do aeroporto de São Paulo: a sala de espera cheia de executivos com telefones celulares, preocupados, ansiosos, geralmente comendo mais do que deviam. Com certeza, já haviam tomado café da manhã em casa, mas como a companhia aérea oferecia um outro café, todos comiam vorazmente. Aquilo me fez refletir:

- "Qual dos dois modelos produz felicidade?"

Encontrei Daniela, 10 anos, no elevador, às nove da manhã, e perguntei: - "Não foi à aula?"

Ela respondeu: - "Não, tenho aula à tarde". Comemorei:

- "Que bom, então de manhã você pode brincar, dormir até mais tarde".

- "Não", retrucou ela, "tenho tanta coisa de manhã..."

- "Que tanta coisa?", perguntei.

- "Aulas de inglês, de balé, de pintura, piscina", e começou a elencar seu programa de garota robotizada.

Fiquei pensando: - "Que pena, a Daniela não disse: "Tenho aula de meditação!"

Estamos construindo super-homens e supermulheres, totalmente equipados, mas emocionalmente infantilizados. Por isso, as empresas consideram agora que, mais importante que o QI, é a IE, a Inteligência Emocional. Não adianta ser um superexecutivo se não se consegue se relacionar com as pessoas. Ora, como seria importante os currículos escolares incluírem aulas de meditação!

Uma progressista cidade do interior de São Paulo tinha, em 1960, seis livrarias e uma academia de ginástica; hoje, tem sessenta academias de ginástica e três livrarias! - Não tenho nada contra malhar o corpo, mas me preocupo com a desproporção em relação à malhação do espírito. Acho ótimo, vamos todos morrer esbeltos: "Como estava o defunto?". "Olha, uma maravilha, não tinha uma celulite!" Mas como fica a questão da subjetividade? Da espiritualidade? Da ociosidade amorosa?

Outrora, falava-se em realidade: análise da realidade, inserir-se na realidade, conhecer a realidade. Hoje, a palavra é virtualidade. Tudo é virtual. Pode-se fazer sexo virtual pela internet: não se pega aids, não há envolvimento emocional, controla-se no mouse. Trancado em seu quarto, em Brasília, um homem pode ter uma amiga íntima em Tóquio, sem nenhuma preocupação de conhecer o seu vizinho de prédio ou de quadra! Tudo é virtual, entramos na virtualidade de todos os valores, não há compromisso com o real! É muito grave esse processo de abstração da linguagem, de sentimentos: somos místicos virtuais, religiosos virtuais, cidadãos virtuais. Enquanto isso, a realidade vai por outro lado, pois somos também eticamente virtuais…

A cultura começa onde a natureza termina. Cultura é o refinamento do espírito. Televisão, no Brasil - com raras e honrosas exceções -, é um problema: a cada semana que passa, temos a sensação de que ficamos um pouco menos cultos. A palavra hoje é "entretenimento"; domingo, então, é o dia nacional da imbecilização coletiva. Imbecil o apresentador, imbecil quem vai lá e se apresenta no palco, imbecil quem perde a tarde diante da tela.

Como a publicidade não consegue vender felicidade, passa a ilusão de que felicidade é o resultado da soma de prazeres: "Se tomar este refrigerante, vestir este tênis, usar esta camisa, comprar este carro, você chega lá!" O problema é que, em geral, não se chega! Quem cede desenvolve de tal maneira o desejo, que acaba precisando de um analista. Ou de remédios. Quem resiste, aumenta a neurose.

Os psicanalistas tentam descobrir o que fazer com o desejo dos seus pacientes. Colocá-los onde? Eu, que não sou da área, posso me dar o direito de apresentar uma sugestão. Acho que só há uma saída: virar o desejo para dentro. Porque, para fora, ele não tem aonde ir! O grande desafio é virar o desejo para dentro, gostar de si mesmo, começar a ver o quanto é bom ser livre de todo esse condicionamento globalizante, neoliberal, consumista. Assim, pode-se viver melhor. Aliás, para uma boa saúde mental três requisitos são indispensáveis: amizades, autoestima, ausência de estresse.

Há uma lógica religiosa no consumismo pós-moderno. Se alguém vai à Europa e visita uma pequena cidade onde há uma catedral, deve procurar saber a história daquela cidade - a catedral é o sinal de que ela tem história. Na Idade Média, as cidades adquiriam status construindo uma catedral; hoje, no Brasil, constrói-se um shopping center. É curioso: a maioria dos shopping centers tem linhas arquitetônicas de catedrais estilizadas; neles não se pode ir de qualquer maneira, é preciso vestir roupa de missa de domingos. E ali dentro sente-se uma sensação paradisíaca: não há mendigos, crianças de rua, sujeira pelas calçadas...

Entra-se naqueles claustros ao som do gregoriano pós-moderno, aquela musiquinha de esperar dentista. Observam-se os vários nichos, todas aquelas capelas com os veneráveis objetos de consumo, que são acolitados por belas sacerdotisas. Quem pode comprar à vista, sente-se no reino dos céus. Se deve passar cheque pré- datado, pagar a crédito, entrar no cheque especial, sente-se no purgatório. Mas se não pode comprar, certamente vai se sentir no inferno... Felizmente, terminam todos na eucaristia pós-moderna, irmanados na mesma mesa, com o mesmo suco e o mesmo hambúrguer do McDonald's…

Costumo advertir os balconistas que me cercam à porta das lojas: "Estou apenas fazendo um passeio socrático." Diante de seus olhares espantados, explico: Sócrates, filósofo grego, também gostava de descansar a cabeça percorrendo o centro comercial de Atenas. Quando vendedores como vocês o assediavam, ele respondia: Estou apenas observando quanta coisa existe de que não preciso para ser feliz.

Disponível em: http://www.freibetto.org/index.php/artigos?start=8 Acesso em: 17 maio 2012.

O diálogo com a Daniela é uma estratégia utilizada pelo locutor do texto para

Alternativas
Comentários
  • Resposta: A

  • (A)

    - "Aulas de inglês, de balé, de pintura, piscina", e começou a elencar seu programa de garota robotizada.

    Fiquei pensando: - "Que pena, a Daniela não disse: "Tenho aula de meditação!"

    Estamos construindo super-homens e supermulheres, totalmente equipados, mas emocionalmente infantilizados. Por isso, as empresas consideram agora que, mais importante que o QI, é a IE, a Inteligência Emocional. Não adianta ser um superexecutivo se não se consegue se relacionar com as pessoas. Ora, como seria importante os currículos escolares incluírem aulas de meditação!

    Ou seja, a intenção do autor é : introduzir o tema central do texto.


ID
2057128
Banca
FUMARC
Órgão
Câmara de Juiz de Fora - MG
Ano
2012
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

PASSEIO SOCRÁTICO

Frei Betto  

Ao viajar pelo Oriente, mantive contatos com monges do Tibete, da Mongólia, do Japão e da China. Eram homens serenos, comedidos, recolhidos em paz em seus mantos cor de açafrão.

Outro dia, eu observava o movimento do aeroporto de São Paulo: a sala de espera cheia de executivos com telefones celulares, preocupados, ansiosos, geralmente comendo mais do que deviam. Com certeza, já haviam tomado café da manhã em casa, mas como a companhia aérea oferecia um outro café, todos comiam vorazmente. Aquilo me fez refletir:

- "Qual dos dois modelos produz felicidade?"

Encontrei Daniela, 10 anos, no elevador, às nove da manhã, e perguntei: - "Não foi à aula?"

Ela respondeu: - "Não, tenho aula à tarde". Comemorei:

- "Que bom, então de manhã você pode brincar, dormir até mais tarde".

- "Não", retrucou ela, "tenho tanta coisa de manhã..."

- "Que tanta coisa?", perguntei.

- "Aulas de inglês, de balé, de pintura, piscina", e começou a elencar seu programa de garota robotizada.

Fiquei pensando: - "Que pena, a Daniela não disse: "Tenho aula de meditação!"

Estamos construindo super-homens e supermulheres, totalmente equipados, mas emocionalmente infantilizados. Por isso, as empresas consideram agora que, mais importante que o QI, é a IE, a Inteligência Emocional. Não adianta ser um superexecutivo se não se consegue se relacionar com as pessoas. Ora, como seria importante os currículos escolares incluírem aulas de meditação!

Uma progressista cidade do interior de São Paulo tinha, em 1960, seis livrarias e uma academia de ginástica; hoje, tem sessenta academias de ginástica e três livrarias! - Não tenho nada contra malhar o corpo, mas me preocupo com a desproporção em relação à malhação do espírito. Acho ótimo, vamos todos morrer esbeltos: "Como estava o defunto?". "Olha, uma maravilha, não tinha uma celulite!" Mas como fica a questão da subjetividade? Da espiritualidade? Da ociosidade amorosa?

Outrora, falava-se em realidade: análise da realidade, inserir-se na realidade, conhecer a realidade. Hoje, a palavra é virtualidade. Tudo é virtual. Pode-se fazer sexo virtual pela internet: não se pega aids, não há envolvimento emocional, controla-se no mouse. Trancado em seu quarto, em Brasília, um homem pode ter uma amiga íntima em Tóquio, sem nenhuma preocupação de conhecer o seu vizinho de prédio ou de quadra! Tudo é virtual, entramos na virtualidade de todos os valores, não há compromisso com o real! É muito grave esse processo de abstração da linguagem, de sentimentos: somos místicos virtuais, religiosos virtuais, cidadãos virtuais. Enquanto isso, a realidade vai por outro lado, pois somos também eticamente virtuais…

A cultura começa onde a natureza termina. Cultura é o refinamento do espírito. Televisão, no Brasil - com raras e honrosas exceções -, é um problema: a cada semana que passa, temos a sensação de que ficamos um pouco menos cultos. A palavra hoje é "entretenimento"; domingo, então, é o dia nacional da imbecilização coletiva. Imbecil o apresentador, imbecil quem vai lá e se apresenta no palco, imbecil quem perde a tarde diante da tela.

Como a publicidade não consegue vender felicidade, passa a ilusão de que felicidade é o resultado da soma de prazeres: "Se tomar este refrigerante, vestir este tênis, usar esta camisa, comprar este carro, você chega lá!" O problema é que, em geral, não se chega! Quem cede desenvolve de tal maneira o desejo, que acaba precisando de um analista. Ou de remédios. Quem resiste, aumenta a neurose.

Os psicanalistas tentam descobrir o que fazer com o desejo dos seus pacientes. Colocá-los onde? Eu, que não sou da área, posso me dar o direito de apresentar uma sugestão. Acho que só há uma saída: virar o desejo para dentro. Porque, para fora, ele não tem aonde ir! O grande desafio é virar o desejo para dentro, gostar de si mesmo, começar a ver o quanto é bom ser livre de todo esse condicionamento globalizante, neoliberal, consumista. Assim, pode-se viver melhor. Aliás, para uma boa saúde mental três requisitos são indispensáveis: amizades, autoestima, ausência de estresse.

Há uma lógica religiosa no consumismo pós-moderno. Se alguém vai à Europa e visita uma pequena cidade onde há uma catedral, deve procurar saber a história daquela cidade - a catedral é o sinal de que ela tem história. Na Idade Média, as cidades adquiriam status construindo uma catedral; hoje, no Brasil, constrói-se um shopping center. É curioso: a maioria dos shopping centers tem linhas arquitetônicas de catedrais estilizadas; neles não se pode ir de qualquer maneira, é preciso vestir roupa de missa de domingos. E ali dentro sente-se uma sensação paradisíaca: não há mendigos, crianças de rua, sujeira pelas calçadas...

Entra-se naqueles claustros ao som do gregoriano pós-moderno, aquela musiquinha de esperar dentista. Observam-se os vários nichos, todas aquelas capelas com os veneráveis objetos de consumo, que são acolitados por belas sacerdotisas. Quem pode comprar à vista, sente-se no reino dos céus. Se deve passar cheque pré- datado, pagar a crédito, entrar no cheque especial, sente-se no purgatório. Mas se não pode comprar, certamente vai se sentir no inferno... Felizmente, terminam todos na eucaristia pós-moderna, irmanados na mesma mesa, com o mesmo suco e o mesmo hambúrguer do McDonald's…

Costumo advertir os balconistas que me cercam à porta das lojas: "Estou apenas fazendo um passeio socrático." Diante de seus olhares espantados, explico: Sócrates, filósofo grego, também gostava de descansar a cabeça percorrendo o centro comercial de Atenas. Quando vendedores como vocês o assediavam, ele respondia: Estou apenas observando quanta coisa existe de que não preciso para ser feliz.

Disponível em: http://www.freibetto.org/index.php/artigos?start=8 Acesso em: 17 maio 2012.

As empresas hoje têm valorizado a inteligência emocional mais que o QI, porque

Alternativas
Comentários
  • "Por isso, as empresas consideram agora que, mais importante que o QI, é a IE, a Inteligência Emocional. Não adianta ser um superexecutivo se não se consegue se relacionar com as pessoas.

    Gab. C

  • Segundo o texto, "as empresas consideram agora que, mais importante que o QI, é a IE, a Inteligência Emocional. Não adianta ser um superexecutivo se não se consegue se relacionar com as pessoas". Logo, as empresas hoje têm valorizado a inteligência emocional mais que o QI, porque não adianta ter inteligência e não saber se relacionar com os colegas

     

    -------------------

    Gabarito: C


ID
2057131
Banca
FUMARC
Órgão
Câmara de Juiz de Fora - MG
Ano
2012
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

PASSEIO SOCRÁTICO

Frei Betto  

Ao viajar pelo Oriente, mantive contatos com monges do Tibete, da Mongólia, do Japão e da China. Eram homens serenos, comedidos, recolhidos em paz em seus mantos cor de açafrão.

Outro dia, eu observava o movimento do aeroporto de São Paulo: a sala de espera cheia de executivos com telefones celulares, preocupados, ansiosos, geralmente comendo mais do que deviam. Com certeza, já haviam tomado café da manhã em casa, mas como a companhia aérea oferecia um outro café, todos comiam vorazmente. Aquilo me fez refletir:

- "Qual dos dois modelos produz felicidade?"

Encontrei Daniela, 10 anos, no elevador, às nove da manhã, e perguntei: - "Não foi à aula?"

Ela respondeu: - "Não, tenho aula à tarde". Comemorei:

- "Que bom, então de manhã você pode brincar, dormir até mais tarde".

- "Não", retrucou ela, "tenho tanta coisa de manhã..."

- "Que tanta coisa?", perguntei.

- "Aulas de inglês, de balé, de pintura, piscina", e começou a elencar seu programa de garota robotizada.

Fiquei pensando: - "Que pena, a Daniela não disse: "Tenho aula de meditação!"

Estamos construindo super-homens e supermulheres, totalmente equipados, mas emocionalmente infantilizados. Por isso, as empresas consideram agora que, mais importante que o QI, é a IE, a Inteligência Emocional. Não adianta ser um superexecutivo se não se consegue se relacionar com as pessoas. Ora, como seria importante os currículos escolares incluírem aulas de meditação!

Uma progressista cidade do interior de São Paulo tinha, em 1960, seis livrarias e uma academia de ginástica; hoje, tem sessenta academias de ginástica e três livrarias! - Não tenho nada contra malhar o corpo, mas me preocupo com a desproporção em relação à malhação do espírito. Acho ótimo, vamos todos morrer esbeltos: "Como estava o defunto?". "Olha, uma maravilha, não tinha uma celulite!" Mas como fica a questão da subjetividade? Da espiritualidade? Da ociosidade amorosa?

Outrora, falava-se em realidade: análise da realidade, inserir-se na realidade, conhecer a realidade. Hoje, a palavra é virtualidade. Tudo é virtual. Pode-se fazer sexo virtual pela internet: não se pega aids, não há envolvimento emocional, controla-se no mouse. Trancado em seu quarto, em Brasília, um homem pode ter uma amiga íntima em Tóquio, sem nenhuma preocupação de conhecer o seu vizinho de prédio ou de quadra! Tudo é virtual, entramos na virtualidade de todos os valores, não há compromisso com o real! É muito grave esse processo de abstração da linguagem, de sentimentos: somos místicos virtuais, religiosos virtuais, cidadãos virtuais. Enquanto isso, a realidade vai por outro lado, pois somos também eticamente virtuais…

A cultura começa onde a natureza termina. Cultura é o refinamento do espírito. Televisão, no Brasil - com raras e honrosas exceções -, é um problema: a cada semana que passa, temos a sensação de que ficamos um pouco menos cultos. A palavra hoje é "entretenimento"; domingo, então, é o dia nacional da imbecilização coletiva. Imbecil o apresentador, imbecil quem vai lá e se apresenta no palco, imbecil quem perde a tarde diante da tela.

Como a publicidade não consegue vender felicidade, passa a ilusão de que felicidade é o resultado da soma de prazeres: "Se tomar este refrigerante, vestir este tênis, usar esta camisa, comprar este carro, você chega lá!" O problema é que, em geral, não se chega! Quem cede desenvolve de tal maneira o desejo, que acaba precisando de um analista. Ou de remédios. Quem resiste, aumenta a neurose.

Os psicanalistas tentam descobrir o que fazer com o desejo dos seus pacientes. Colocá-los onde? Eu, que não sou da área, posso me dar o direito de apresentar uma sugestão. Acho que só há uma saída: virar o desejo para dentro. Porque, para fora, ele não tem aonde ir! O grande desafio é virar o desejo para dentro, gostar de si mesmo, começar a ver o quanto é bom ser livre de todo esse condicionamento globalizante, neoliberal, consumista. Assim, pode-se viver melhor. Aliás, para uma boa saúde mental três requisitos são indispensáveis: amizades, autoestima, ausência de estresse.

Há uma lógica religiosa no consumismo pós-moderno. Se alguém vai à Europa e visita uma pequena cidade onde há uma catedral, deve procurar saber a história daquela cidade - a catedral é o sinal de que ela tem história. Na Idade Média, as cidades adquiriam status construindo uma catedral; hoje, no Brasil, constrói-se um shopping center. É curioso: a maioria dos shopping centers tem linhas arquitetônicas de catedrais estilizadas; neles não se pode ir de qualquer maneira, é preciso vestir roupa de missa de domingos. E ali dentro sente-se uma sensação paradisíaca: não há mendigos, crianças de rua, sujeira pelas calçadas...

Entra-se naqueles claustros ao som do gregoriano pós-moderno, aquela musiquinha de esperar dentista. Observam-se os vários nichos, todas aquelas capelas com os veneráveis objetos de consumo, que são acolitados por belas sacerdotisas. Quem pode comprar à vista, sente-se no reino dos céus. Se deve passar cheque pré- datado, pagar a crédito, entrar no cheque especial, sente-se no purgatório. Mas se não pode comprar, certamente vai se sentir no inferno... Felizmente, terminam todos na eucaristia pós-moderna, irmanados na mesma mesa, com o mesmo suco e o mesmo hambúrguer do McDonald's…

Costumo advertir os balconistas que me cercam à porta das lojas: "Estou apenas fazendo um passeio socrático." Diante de seus olhares espantados, explico: Sócrates, filósofo grego, também gostava de descansar a cabeça percorrendo o centro comercial de Atenas. Quando vendedores como vocês o assediavam, ele respondia: Estou apenas observando quanta coisa existe de que não preciso para ser feliz.

Disponível em: http://www.freibetto.org/index.php/artigos?start=8 Acesso em: 17 maio 2012.

Todas as constatações acerca do texto estão corretas, exceto

Alternativas
Comentários
  • Gab. B

  • letra C deu uma generalizada q não encontrei tese no texto confirmando " Aqueles que não consomem, não sentem prazer e, por isso, não são felizes. " Viajou geral.

  • Gabarito letra B. Mas não consegui enxergá-la como a incorreta. Explico:

    B) A era virtual tem se sobreposto à real, levando as pessoas a não mais se relacionarem e se envolverem emocionalmente.

    "...Estamos construindo super-homens e supermulheres, totalmente equipados, mas emocionalmente infantilizados. Por isso, as empresas consideram agora que, mais importante que o QI, é a IE, a Inteligência Emocional. Não adianta ser um superexecutivo se não se consegue se relacionar com as pessoas."

    "...Pode-se fazer sexo virtual pela internet: não se pega aids, não há envolvimento emocional..."

    "... É muito grave esse processo de abstração da linguagem, de sentimentos..."

    Marquei a assertiva C como errada (portanto como gabarito) pois encontrei mais embasamento para essa do que para as assertivas restantes:

    C) O consumo tem sido incentivado como meio de se encontrar o prazer. Aqueles que não consomem, não sentem prazer e, por isso, não são felizes.

    Explico:

    Segundo o texto, a forma de vida que os monges levavam- longe do consumismo exacerbado e das fontes materiais e supérfluas de "prazer"- parecia ser um modelo mais próximo da felicidade do que dos executivos observados no aeroporto.

    Estes próximos trechos do texto também deixam claro que a ideia de consumo para gerar felicidade não é verdadeira:

    "...Como a publicidade não consegue vender felicidade, passa a ilusão de que felicidade é o resultado da soma de prazeres: "Se tomar este refrigerante, vestir este tênis, usar esta camisa, comprar este carro, você chega lá!" O problema é que, em geral, não se chega! Quem cede desenvolve de tal maneira o desejo, que acaba precisando de um analista. Ou de remédios. Quem resiste, aumenta a neurose."

    E, por fim:

    "...Quando vendedores como vocês o assediavam, ele respondia: Estou apenas observando quanta coisa existe de que não preciso para ser feliz."

    SE ALGUÉM CONSEGUIU TER UM ENTENDIMENTO DE ACORDO COM O GABARITO DA PROVA, POR FAVOR, EXPLIQUE-ME!

  • Essa foi difícil


ID
2057134
Banca
FUMARC
Órgão
Câmara de Juiz de Fora - MG
Ano
2012
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

PASSEIO SOCRÁTICO

Frei Betto  

Ao viajar pelo Oriente, mantive contatos com monges do Tibete, da Mongólia, do Japão e da China. Eram homens serenos, comedidos, recolhidos em paz em seus mantos cor de açafrão.

Outro dia, eu observava o movimento do aeroporto de São Paulo: a sala de espera cheia de executivos com telefones celulares, preocupados, ansiosos, geralmente comendo mais do que deviam. Com certeza, já haviam tomado café da manhã em casa, mas como a companhia aérea oferecia um outro café, todos comiam vorazmente. Aquilo me fez refletir:

- "Qual dos dois modelos produz felicidade?"

Encontrei Daniela, 10 anos, no elevador, às nove da manhã, e perguntei: - "Não foi à aula?"

Ela respondeu: - "Não, tenho aula à tarde". Comemorei:

- "Que bom, então de manhã você pode brincar, dormir até mais tarde".

- "Não", retrucou ela, "tenho tanta coisa de manhã..."

- "Que tanta coisa?", perguntei.

- "Aulas de inglês, de balé, de pintura, piscina", e começou a elencar seu programa de garota robotizada.

Fiquei pensando: - "Que pena, a Daniela não disse: "Tenho aula de meditação!"

Estamos construindo super-homens e supermulheres, totalmente equipados, mas emocionalmente infantilizados. Por isso, as empresas consideram agora que, mais importante que o QI, é a IE, a Inteligência Emocional. Não adianta ser um superexecutivo se não se consegue se relacionar com as pessoas. Ora, como seria importante os currículos escolares incluírem aulas de meditação!

Uma progressista cidade do interior de São Paulo tinha, em 1960, seis livrarias e uma academia de ginástica; hoje, tem sessenta academias de ginástica e três livrarias! - Não tenho nada contra malhar o corpo, mas me preocupo com a desproporção em relação à malhação do espírito. Acho ótimo, vamos todos morrer esbeltos: "Como estava o defunto?". "Olha, uma maravilha, não tinha uma celulite!" Mas como fica a questão da subjetividade? Da espiritualidade? Da ociosidade amorosa?

Outrora, falava-se em realidade: análise da realidade, inserir-se na realidade, conhecer a realidade. Hoje, a palavra é virtualidade. Tudo é virtual. Pode-se fazer sexo virtual pela internet: não se pega aids, não há envolvimento emocional, controla-se no mouse. Trancado em seu quarto, em Brasília, um homem pode ter uma amiga íntima em Tóquio, sem nenhuma preocupação de conhecer o seu vizinho de prédio ou de quadra! Tudo é virtual, entramos na virtualidade de todos os valores, não há compromisso com o real! É muito grave esse processo de abstração da linguagem, de sentimentos: somos místicos virtuais, religiosos virtuais, cidadãos virtuais. Enquanto isso, a realidade vai por outro lado, pois somos também eticamente virtuais…

A cultura começa onde a natureza termina. Cultura é o refinamento do espírito. Televisão, no Brasil - com raras e honrosas exceções -, é um problema: a cada semana que passa, temos a sensação de que ficamos um pouco menos cultos. A palavra hoje é "entretenimento"; domingo, então, é o dia nacional da imbecilização coletiva. Imbecil o apresentador, imbecil quem vai lá e se apresenta no palco, imbecil quem perde a tarde diante da tela.

Como a publicidade não consegue vender felicidade, passa a ilusão de que felicidade é o resultado da soma de prazeres: "Se tomar este refrigerante, vestir este tênis, usar esta camisa, comprar este carro, você chega lá!" O problema é que, em geral, não se chega! Quem cede desenvolve de tal maneira o desejo, que acaba precisando de um analista. Ou de remédios. Quem resiste, aumenta a neurose.

Os psicanalistas tentam descobrir o que fazer com o desejo dos seus pacientes. Colocá-los onde? Eu, que não sou da área, posso me dar o direito de apresentar uma sugestão. Acho que só há uma saída: virar o desejo para dentro. Porque, para fora, ele não tem aonde ir! O grande desafio é virar o desejo para dentro, gostar de si mesmo, começar a ver o quanto é bom ser livre de todo esse condicionamento globalizante, neoliberal, consumista. Assim, pode-se viver melhor. Aliás, para uma boa saúde mental três requisitos são indispensáveis: amizades, autoestima, ausência de estresse.

Há uma lógica religiosa no consumismo pós-moderno. Se alguém vai à Europa e visita uma pequena cidade onde há uma catedral, deve procurar saber a história daquela cidade - a catedral é o sinal de que ela tem história. Na Idade Média, as cidades adquiriam status construindo uma catedral; hoje, no Brasil, constrói-se um shopping center. É curioso: a maioria dos shopping centers tem linhas arquitetônicas de catedrais estilizadas; neles não se pode ir de qualquer maneira, é preciso vestir roupa de missa de domingos. E ali dentro sente-se uma sensação paradisíaca: não há mendigos, crianças de rua, sujeira pelas calçadas...

Entra-se naqueles claustros ao som do gregoriano pós-moderno, aquela musiquinha de esperar dentista. Observam-se os vários nichos, todas aquelas capelas com os veneráveis objetos de consumo, que são acolitados por belas sacerdotisas. Quem pode comprar à vista, sente-se no reino dos céus. Se deve passar cheque pré- datado, pagar a crédito, entrar no cheque especial, sente-se no purgatório. Mas se não pode comprar, certamente vai se sentir no inferno... Felizmente, terminam todos na eucaristia pós-moderna, irmanados na mesma mesa, com o mesmo suco e o mesmo hambúrguer do McDonald's…

Costumo advertir os balconistas que me cercam à porta das lojas: "Estou apenas fazendo um passeio socrático." Diante de seus olhares espantados, explico: Sócrates, filósofo grego, também gostava de descansar a cabeça percorrendo o centro comercial de Atenas. Quando vendedores como vocês o assediavam, ele respondia: Estou apenas observando quanta coisa existe de que não preciso para ser feliz.

Disponível em: http://www.freibetto.org/index.php/artigos?start=8 Acesso em: 17 maio 2012.

Segundo Frei Betto, para que os psicanalistas resolvam os problemas de seus pacientes, eles deveriam fazê-los, exceto

Alternativas
Comentários
  • De acordo com o texto (e apenas com ele gente, psicanalista não resolve os problemas dos pacientes), "o grande desafio é virar o desejo para dentro, gostar de si mesmo, começar a ver o quanto é bom ser livre de todo esse condicionamento globalizante, neoliberal, consumista. Assim, pode-se viver melhor. Aliás, para uma boa saúde mental três requisitos são indispensáveis: amizades, autoestima, ausência de estresse". Logo, o autor propõe se livrar da cultura consumista neoliberal e não se deixar levar pelo neoliberalismo.

     

    -------------------

    Gabarito: D


ID
2057137
Banca
FUMARC
Órgão
Câmara de Juiz de Fora - MG
Ano
2012
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

PASSEIO SOCRÁTICO

Frei Betto  

Ao viajar pelo Oriente, mantive contatos com monges do Tibete, da Mongólia, do Japão e da China. Eram homens serenos, comedidos, recolhidos em paz em seus mantos cor de açafrão.

Outro dia, eu observava o movimento do aeroporto de São Paulo: a sala de espera cheia de executivos com telefones celulares, preocupados, ansiosos, geralmente comendo mais do que deviam. Com certeza, já haviam tomado café da manhã em casa, mas como a companhia aérea oferecia um outro café, todos comiam vorazmente. Aquilo me fez refletir:

- "Qual dos dois modelos produz felicidade?"

Encontrei Daniela, 10 anos, no elevador, às nove da manhã, e perguntei: - "Não foi à aula?"

Ela respondeu: - "Não, tenho aula à tarde". Comemorei:

- "Que bom, então de manhã você pode brincar, dormir até mais tarde".

- "Não", retrucou ela, "tenho tanta coisa de manhã..."

- "Que tanta coisa?", perguntei.

- "Aulas de inglês, de balé, de pintura, piscina", e começou a elencar seu programa de garota robotizada.

Fiquei pensando: - "Que pena, a Daniela não disse: "Tenho aula de meditação!"

Estamos construindo super-homens e supermulheres, totalmente equipados, mas emocionalmente infantilizados. Por isso, as empresas consideram agora que, mais importante que o QI, é a IE, a Inteligência Emocional. Não adianta ser um superexecutivo se não se consegue se relacionar com as pessoas. Ora, como seria importante os currículos escolares incluírem aulas de meditação!

Uma progressista cidade do interior de São Paulo tinha, em 1960, seis livrarias e uma academia de ginástica; hoje, tem sessenta academias de ginástica e três livrarias! - Não tenho nada contra malhar o corpo, mas me preocupo com a desproporção em relação à malhação do espírito. Acho ótimo, vamos todos morrer esbeltos: "Como estava o defunto?". "Olha, uma maravilha, não tinha uma celulite!" Mas como fica a questão da subjetividade? Da espiritualidade? Da ociosidade amorosa?

Outrora, falava-se em realidade: análise da realidade, inserir-se na realidade, conhecer a realidade. Hoje, a palavra é virtualidade. Tudo é virtual. Pode-se fazer sexo virtual pela internet: não se pega aids, não há envolvimento emocional, controla-se no mouse. Trancado em seu quarto, em Brasília, um homem pode ter uma amiga íntima em Tóquio, sem nenhuma preocupação de conhecer o seu vizinho de prédio ou de quadra! Tudo é virtual, entramos na virtualidade de todos os valores, não há compromisso com o real! É muito grave esse processo de abstração da linguagem, de sentimentos: somos místicos virtuais, religiosos virtuais, cidadãos virtuais. Enquanto isso, a realidade vai por outro lado, pois somos também eticamente virtuais…

A cultura começa onde a natureza termina. Cultura é o refinamento do espírito. Televisão, no Brasil - com raras e honrosas exceções -, é um problema: a cada semana que passa, temos a sensação de que ficamos um pouco menos cultos. A palavra hoje é "entretenimento"; domingo, então, é o dia nacional da imbecilização coletiva. Imbecil o apresentador, imbecil quem vai lá e se apresenta no palco, imbecil quem perde a tarde diante da tela.

Como a publicidade não consegue vender felicidade, passa a ilusão de que felicidade é o resultado da soma de prazeres: "Se tomar este refrigerante, vestir este tênis, usar esta camisa, comprar este carro, você chega lá!" O problema é que, em geral, não se chega! Quem cede desenvolve de tal maneira o desejo, que acaba precisando de um analista. Ou de remédios. Quem resiste, aumenta a neurose.

Os psicanalistas tentam descobrir o que fazer com o desejo dos seus pacientes. Colocá-los onde? Eu, que não sou da área, posso me dar o direito de apresentar uma sugestão. Acho que só há uma saída: virar o desejo para dentro. Porque, para fora, ele não tem aonde ir! O grande desafio é virar o desejo para dentro, gostar de si mesmo, começar a ver o quanto é bom ser livre de todo esse condicionamento globalizante, neoliberal, consumista. Assim, pode-se viver melhor. Aliás, para uma boa saúde mental três requisitos são indispensáveis: amizades, autoestima, ausência de estresse.

Há uma lógica religiosa no consumismo pós-moderno. Se alguém vai à Europa e visita uma pequena cidade onde há uma catedral, deve procurar saber a história daquela cidade - a catedral é o sinal de que ela tem história. Na Idade Média, as cidades adquiriam status construindo uma catedral; hoje, no Brasil, constrói-se um shopping center. É curioso: a maioria dos shopping centers tem linhas arquitetônicas de catedrais estilizadas; neles não se pode ir de qualquer maneira, é preciso vestir roupa de missa de domingos. E ali dentro sente-se uma sensação paradisíaca: não há mendigos, crianças de rua, sujeira pelas calçadas...

Entra-se naqueles claustros ao som do gregoriano pós-moderno, aquela musiquinha de esperar dentista. Observam-se os vários nichos, todas aquelas capelas com os veneráveis objetos de consumo, que são acolitados por belas sacerdotisas. Quem pode comprar à vista, sente-se no reino dos céus. Se deve passar cheque pré- datado, pagar a crédito, entrar no cheque especial, sente-se no purgatório. Mas se não pode comprar, certamente vai se sentir no inferno... Felizmente, terminam todos na eucaristia pós-moderna, irmanados na mesma mesa, com o mesmo suco e o mesmo hambúrguer do McDonald's…

Costumo advertir os balconistas que me cercam à porta das lojas: "Estou apenas fazendo um passeio socrático." Diante de seus olhares espantados, explico: Sócrates, filósofo grego, também gostava de descansar a cabeça percorrendo o centro comercial de Atenas. Quando vendedores como vocês o assediavam, ele respondia: Estou apenas observando quanta coisa existe de que não preciso para ser feliz.

Disponível em: http://www.freibetto.org/index.php/artigos?start=8 Acesso em: 17 maio 2012.

A melhor explicação para o trecho “Há uma lógica religiosa no consumismo pós-moderno” é que

Alternativas
Comentários
  • LETRA D

    LÓGICA RELIGIOSA "Há uma lógica religiosa no consumismo pós-moderno. Se alguém vai à Europa e visita uma pequena cidade onde há uma catedral, deve procurar saber a história daquela cidade - a catedral é o sinal de que ela tem história. Na Idade Média, as cidades adquiriam status construindo uma catedral; hoje, no Brasil, constrói-se um shopping center. É curioso: a maioria dos shopping centers tem linhas arquitetônicas de catedrais estilizadas; neles não se pode ir de qualquer maneira, é preciso vestir roupa de missa de domingos. E ali dentro sente-se uma sensação paradisíaca: não há mendigos, crianças de rua, sujeira pelas calçadas..."


ID
2057140
Banca
FUMARC
Órgão
Câmara de Juiz de Fora - MG
Ano
2012
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

PASSEIO SOCRÁTICO

Frei Betto  

Ao viajar pelo Oriente, mantive contatos com monges do Tibete, da Mongólia, do Japão e da China. Eram homens serenos, comedidos, recolhidos em paz em seus mantos cor de açafrão.

Outro dia, eu observava o movimento do aeroporto de São Paulo: a sala de espera cheia de executivos com telefones celulares, preocupados, ansiosos, geralmente comendo mais do que deviam. Com certeza, já haviam tomado café da manhã em casa, mas como a companhia aérea oferecia um outro café, todos comiam vorazmente. Aquilo me fez refletir:

- "Qual dos dois modelos produz felicidade?"

Encontrei Daniela, 10 anos, no elevador, às nove da manhã, e perguntei: - "Não foi à aula?"

Ela respondeu: - "Não, tenho aula à tarde". Comemorei:

- "Que bom, então de manhã você pode brincar, dormir até mais tarde".

- "Não", retrucou ela, "tenho tanta coisa de manhã..."

- "Que tanta coisa?", perguntei.

- "Aulas de inglês, de balé, de pintura, piscina", e começou a elencar seu programa de garota robotizada.

Fiquei pensando: - "Que pena, a Daniela não disse: "Tenho aula de meditação!"

Estamos construindo super-homens e supermulheres, totalmente equipados, mas emocionalmente infantilizados. Por isso, as empresas consideram agora que, mais importante que o QI, é a IE, a Inteligência Emocional. Não adianta ser um superexecutivo se não se consegue se relacionar com as pessoas. Ora, como seria importante os currículos escolares incluírem aulas de meditação!

Uma progressista cidade do interior de São Paulo tinha, em 1960, seis livrarias e uma academia de ginástica; hoje, tem sessenta academias de ginástica e três livrarias! - Não tenho nada contra malhar o corpo, mas me preocupo com a desproporção em relação à malhação do espírito. Acho ótimo, vamos todos morrer esbeltos: "Como estava o defunto?". "Olha, uma maravilha, não tinha uma celulite!" Mas como fica a questão da subjetividade? Da espiritualidade? Da ociosidade amorosa?

Outrora, falava-se em realidade: análise da realidade, inserir-se na realidade, conhecer a realidade. Hoje, a palavra é virtualidade. Tudo é virtual. Pode-se fazer sexo virtual pela internet: não se pega aids, não há envolvimento emocional, controla-se no mouse. Trancado em seu quarto, em Brasília, um homem pode ter uma amiga íntima em Tóquio, sem nenhuma preocupação de conhecer o seu vizinho de prédio ou de quadra! Tudo é virtual, entramos na virtualidade de todos os valores, não há compromisso com o real! É muito grave esse processo de abstração da linguagem, de sentimentos: somos místicos virtuais, religiosos virtuais, cidadãos virtuais. Enquanto isso, a realidade vai por outro lado, pois somos também eticamente virtuais…

A cultura começa onde a natureza termina. Cultura é o refinamento do espírito. Televisão, no Brasil - com raras e honrosas exceções -, é um problema: a cada semana que passa, temos a sensação de que ficamos um pouco menos cultos. A palavra hoje é "entretenimento"; domingo, então, é o dia nacional da imbecilização coletiva. Imbecil o apresentador, imbecil quem vai lá e se apresenta no palco, imbecil quem perde a tarde diante da tela.

Como a publicidade não consegue vender felicidade, passa a ilusão de que felicidade é o resultado da soma de prazeres: "Se tomar este refrigerante, vestir este tênis, usar esta camisa, comprar este carro, você chega lá!" O problema é que, em geral, não se chega! Quem cede desenvolve de tal maneira o desejo, que acaba precisando de um analista. Ou de remédios. Quem resiste, aumenta a neurose.

Os psicanalistas tentam descobrir o que fazer com o desejo dos seus pacientes. Colocá-los onde? Eu, que não sou da área, posso me dar o direito de apresentar uma sugestão. Acho que só há uma saída: virar o desejo para dentro. Porque, para fora, ele não tem aonde ir! O grande desafio é virar o desejo para dentro, gostar de si mesmo, começar a ver o quanto é bom ser livre de todo esse condicionamento globalizante, neoliberal, consumista. Assim, pode-se viver melhor. Aliás, para uma boa saúde mental três requisitos são indispensáveis: amizades, autoestima, ausência de estresse.

Há uma lógica religiosa no consumismo pós-moderno. Se alguém vai à Europa e visita uma pequena cidade onde há uma catedral, deve procurar saber a história daquela cidade - a catedral é o sinal de que ela tem história. Na Idade Média, as cidades adquiriam status construindo uma catedral; hoje, no Brasil, constrói-se um shopping center. É curioso: a maioria dos shopping centers tem linhas arquitetônicas de catedrais estilizadas; neles não se pode ir de qualquer maneira, é preciso vestir roupa de missa de domingos. E ali dentro sente-se uma sensação paradisíaca: não há mendigos, crianças de rua, sujeira pelas calçadas...

Entra-se naqueles claustros ao som do gregoriano pós-moderno, aquela musiquinha de esperar dentista. Observam-se os vários nichos, todas aquelas capelas com os veneráveis objetos de consumo, que são acolitados por belas sacerdotisas. Quem pode comprar à vista, sente-se no reino dos céus. Se deve passar cheque pré- datado, pagar a crédito, entrar no cheque especial, sente-se no purgatório. Mas se não pode comprar, certamente vai se sentir no inferno... Felizmente, terminam todos na eucaristia pós-moderna, irmanados na mesma mesa, com o mesmo suco e o mesmo hambúrguer do McDonald's…

Costumo advertir os balconistas que me cercam à porta das lojas: "Estou apenas fazendo um passeio socrático." Diante de seus olhares espantados, explico: Sócrates, filósofo grego, também gostava de descansar a cabeça percorrendo o centro comercial de Atenas. Quando vendedores como vocês o assediavam, ele respondia: Estou apenas observando quanta coisa existe de que não preciso para ser feliz.

Disponível em: http://www.freibetto.org/index.php/artigos?start=8 Acesso em: 17 maio 2012.

Todos os sentimentos abaixo são percebidos no texto, exceto

Alternativas
Comentários
  • Gabarito C: OTIMISMO

  • Onde no texto tem conformidade? O autor não se mostra conformado. Se alguém encontrar, coloque aqui por favor...


ID
2057143
Banca
FUMARC
Órgão
Câmara de Juiz de Fora - MG
Ano
2012
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Os termos destacados podem ser corretamente interpretados pelas palavras entre parênteses, exceto

Alternativas
Comentários
  • 1. Claustros

     

    Corredor coberto, construído, em geral, em torno do pátio de um monastério, igreja ou colégio. As arcadas sustentam o teto de um claustro. O claustro cerca um espaço aberto que forma o pátio. A palavra claustro é empregada, frequentemente, para indicar o pátio e o corredor coberto.

    A garagem de casa parece um claustro, só que bem menor.

  • claustrofobia= pessoas que tem pavor de lugares fechados,cobertos


ID
2057146
Banca
FUMARC
Órgão
Câmara de Juiz de Fora - MG
Ano
2012
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Há linguagem oral em

Alternativas
Comentários
  • "Ora, como seria importante os currículos escolares incluírem aulas de meditação!” 

    O "Ora" da alternativa E é não é coloquial?

     

  • Amanda Bernardes, creio que o "ora" estaria exercendo uma função de conjunção conclusiva

     

    -------------------

    Gabarito: A

  • Gabarito: A

    Características da linguagem oral:

    Há uma maior aproximação entre emissor e receptor.

    Estabelece um contato direto com o destinatário.

    É mais espontânea e informal, usufruindo de maior liberdade.

    Há uma maior tolerância relativamente ao cumprimento da norma culta.

    É passageira e encontra-se em permanente renovação, não deixando qualquer registro.

    Não requer escolarização, sendo um processo aprendido socialmente.

    Usa recursos extralinguísticos como entonação, gestos, postura e expressões faciais que facilitam a compreensão da mensagem.

    Não ocorre sempre linearidade de pensamento, sendo possível a existência de rupturas e desvios no raciocínio.

    Apresenta repetições e erros que não podem ser corrigidos.

    Apresenta maioritariamente um vocabulário reduzido e construções frásicas mais simples. (grifos meus)

    Fonte: https://duvidas.dicio.com.br/linguagem-oral-e-linguagem-escrita-suas-diferencas/


ID
2057149
Banca
FUMARC
Órgão
Câmara de Juiz de Fora - MG
Ano
2012
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Os termos destacados estão corretamente substituídos entre parênteses, exceto em

Alternativas
Comentários
  • Conclusivas: 

    ligam a oração anterior a uma oração que expressa ideia de conclusão ou consequência. São elas: logo, pois (depois do verbo), portanto, por conseguinte, por isso, assim.

     

    obs: na letra A , pode-se trocar o SE pelo CASO , pois são Condicionais ( porém essa troca o verbo devera ser modificado)

    Se deve passar  PARA ( Caso deva passar)

     

    questão e possível ser anulada

  • "Não tenho nada contra malhar o corpo, mas me preocupo com a desproporção em relação à malhação do espírito". As orações estão ligadas por uma conjunção adversativa (mas).  Logo, para que a frase mantenha o sentido original, sem prejuízo da semântica, o conectivo substituto deve exercer a mesma função, o que não é o caso, já que "por isso" é uma locução conjuntiva conclusiva. Apenas enfatizando que o problema não é ser locução (poderia ser sem problema), mas ter função semântica distinta.

     

    -------------------

    Gabarito: B

  • Eu hein????

     

    Se deve passar cheque pré-datado, pagar a crédito, entrar no cheque especial, sente-se no purgatório.

    CASO deve passar cheque pré-datado, pagar a crédito, entrar no cheque especial, sente-se no purgatório. ( Houve concordância Verbal ??) isso é correto??

    DÚVIDAS! NÃO ENTENDI! ALGUÉM? 

  • Gab B

    Por isso = Conclusiva

    CONJUNÇÕES COORDENATIVAS:

     

    Conclusivas: logo, pois, então, portanto, assim, enfim, por fim, por conseguinte, conseguintemente, consequentemente, donde, por onde, por isso. 

    Adversativas: mas, porém, contudo, todavia, no entanto, entretanto, senão, não obstante, aliás, ainda assim. 

    Aditivas:  e, nem, também, que, não só...mas também, não só...como, tanto...como, assim...como. 

    Explicativa:  isto é, por exemplo, a saber, ou seja, verbi gratia, pois, pois bem, ora, na verdade, depois, além disso, com efeito que, porque, ademais, outrossim, porquanto.

    Alternativa: ou...ou, já...já, seja...seja, quer...quer, ora...ora, agora...agora.

     

     

    CONJUNÇÕES SUBORDINATIVAS:

     

    Temporais: Quando, enquanto, apenas, mal, desde que, logo que, até que, antes que, depois que, assim que, sempre que, senão quando, ao tempo que.

    Proporcionais: quanto mais...tanto mais, ao passo que, à medida que, quanto menos...tanto menos, à proporção que.

    Causais: já que, porque, que, visto que, uma vez que, sendo que, como, pois que, visto como.

    Condicionais: se, salvo se, caso, sem que, a menos que, contanto que, exceto se, a não ser que, com tal que.

    Conformativa: consoante, segundo, conforme, da mesma maneira que, assim como, com que.

    Finais: Para que, a fim de que, que, porque.

    Comparativa: como, tal como, tão como, tanto quanto, mais...(do) que, menos...(do) que, assim como.

    Consecutiva: tanto que, de modo que, de sorte que, tão...que, sem que.

    Concessiva: embora, ainda que, conquanto, dado que, posto que, em que, quando mesmo, mesmo que, por menos que, por pouco que, apesar de que.


ID
2057152
Banca
FUMARC
Órgão
Câmara de Juiz de Fora - MG
Ano
2012
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Os referentes dos termos destacados estão corretamente identificados entre parênteses, exceto em

Alternativas
Comentários
  •  a) “Costumo advertir os balconistas que me cercam à porta das lojas.” (os balconistas) CORRETO

     b) “Eu, que não sou da área, posso me dar o direito de apresentar uma sugestão.” (Eu) CORRETO

     c) “[...] a cada semana que passa, temos a sensação de que ficamos um pouco menos cultos.” (a cada semana) CORRETO

     d) “todas aquelas capelas com os veneráveis objetos de consumo, que são acolitados por belas sacerdotisas.” (consumo) ERRADO. O "QUE" SE REFERE AO TERMO OBJETOS

  • Todos os "quês" são pronomes relativos e, portanto, substituem um termo da oração. 

     

     a) “Costumo advertir os balconistas / que me cercam à porta das lojas.” (certo)

     

     b) “Eu, / que não sou da área, posso me dar o direito de apresentar uma sugestão.” (certo) 

     

     c) “[...] a cada semanaque passa, temos a sensação de que ficamos um pouco menos cultos.” (certo)

     

     d) “todas aquelas capelas com os veneráveis objetos de consumo, / que são acolitados por belas sacerdotisas.” (gabarito)

     

    -------------------

    Gabarito: B

  • Retoma OBJETO e não consumo

  •  "objetos de consumo, que são acolitados por belas sacerdotisas.”


ID
2057155
Banca
FUMARC
Órgão
Câmara de Juiz de Fora - MG
Ano
2012
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Em “Trancado em seu quarto, em Brasília, um homem pode ter uma amiga íntima em Tóquio, sem nenhuma preocupação de conhecer o seu vizinho de prédio ou de quadra!”, a ideia expressa pela oração destacada é a mesma que a que está desenvolvida em

Alternativas
Comentários
  • Temporais:

    introduzem uma oração que acrescenta uma circunstância de tempo ao fato expresso na oração principal.

    São elas:quando, enquanto, antes que, depois que, logo que, todas as vezes que, desde que, sempre que, assim que, agora que, mal (= assim que), etc.

  • Para mim a ideia é de concessão:

    Mesmo que esteja trancado em seu quarto, em Brasília, um homem pode ter uma amiga íntima em Tóquio, sem nenhuma preocupação 

    Embora esteja trancado em seu quarto, em Brasília, um homem pode ter uma amiga íntima em Tóquio, sem nenhuma preocupação 

    Ainda que trancado em seu quarto, em Brasília, um homem pode ter uma amiga íntima em Tóquio, sem nenhuma preocupação 

    Por mais que esteja trancado em seu quarto, em Brasília, um homem pode ter uma amiga íntima em Tóquio, sem nenhuma preocupação 

  • Gabarito C. 

    Quando está trancado em seu quarto.

  • Concordo com o "Cérebro Irônico", a oração destacada tem ideia de concessão. 

  • A questão realmente traz uma dúvida quanto à ideia expressa pelo "trancado em seu quarto." Observei que muitos apontaram uma ideia de concessão entre a OP (oração principal) e a oração subordinada adverbial. Creio que tal equívoco tenha se dado por entenderem que o fato de estar trancado em Brasília não impediria um homem de ter uma amiga íntima em Tóquio, o que é exatamente o tipo de ideia expressa pelas orações concessivas nas quais o fato de uma oração independentemente de outro. Contudo, observem que a ideia realmente apresentada pela oração adverbial é a de que quando se está em uma relação virtual (ou seja, do quarto, não presencial), as pessoas podem se conhecer sem nenhuma preocupação de conhecer o vizinho de prédio ou de quadra do outro com quem se relaciona, ou seja, apenas nesse caso (das relações virtuais, de dentro do quarto, etc...), apenas quando há essa situação é possível prescindir da preocupação em conhece os vizinhos. 

     

    -------------------

    Gabarito: C

  • GABARITO C


    Pessoal, também marquei essa como concessiva, mas lembrei de um vídeo sobre interpretação de texto que assisti ontem e ele falava o seguinte: nunca interprete além das informações que o texto te oferece. Claro que temos algumas ideias implícitas, mas como nesse caso da questão nós extrapolamos o entendimento, não foi usado nada falando sobre concessão, por isso devemos interpretar apenas no limite onde o texto ou trecho foi escrito. Nada mais que aquilo.

    Assim, a única alternativa que cabe nessa questão é a conjunção de tempo QUANDO.


    bons estudos

  • Clara ambiguidade, eu percebi o sentido de concessão

  • Quem acertou "estude mais!" kkkkkk

  • Concordo com a ideia de concessão, peço o auxílio de algum professor para comentar sobre a questão. Agradecido.

  • Marquei a D, mas entendi o meu erro. Quando trocamos "Trancado em seu quarto" por "Mesmo que esteja trancado em seu quarto", conferimos ao trecho uma ideia de concessão, coisa que não existe no trecho original. Não sei se meu raciocínio está certo, mas foi assim que entendi o que errei.

  • Tem que ter sangue frio para não surtar. Para mim e concessiva, ate que alguem dê uma explicação inteligente que me convença do contrario.

  • Não entendi o gabarito dessa questão. Não seria concessão? Alguém pode me explicar?

  • Orações reduzidas do participio no inicio da frase podem ser adverbiais causais ou temporais. Interpretanto o texto é eliminada a possibilidade de ser causal. Por isso resposta C.

  • FUMARC ONHA

  • Bem complicada!

    Acrescentando...

    expressam ideia de concessão ...

     embora, conquanto. Também as locuções: ainda que, mesmo que, bem que, se bem que, nem que, apesar de que, por mais que, por menos que...


ID
2057158
Banca
FUMARC
Órgão
Câmara de Juiz de Fora - MG
Ano
2012
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Há oração sem sujeito em:

Alternativas
Comentários
  • O verbo HAVER, indicando tempo passado será impessoal.

  • Haver no sentido de existir é sem sujeito. A)

  • tem como alguém , da justificativas das outras resposta...mostrando o sujeito

  • Oração sem sujeito: Não há um elemento ao qual se atribui o predicado. Ocorre nos seguintes casos:

     

    a) Com verbos que indicam fenômenos da natureza;

    b) com o verbo HAVER indicando existência ou acontecimento;

    c) Com os verbos SER e ESTAR, indicando tempo;

    d) com o verbo FAZER indicando tempo ou fenômeno da natureza;

    e) com os verbos BASTAR e CHEGAR seguidos da preposição de.

  • a) CORRETA. “ uma lógica religiosa no consumismo pós-moderno.” Verbo “haver” (no sentido de existir, ocorrer ou acontecer) não tem sujeito.

    b) ERRADA. “Outrora, falava-se em realidade: análise da realidade [...]” . Verbo falar na 3ª pessoa do singular + se, que atua como Índice de Indeterminação do Sujeito. Sujeito Indetermniado.

    c) ERRADA. “Com certeza, já haviam tomado café da manhã em casa [...]” . Quem havia tomado café da manhã em casa? ELES/ELAS. Sujeito indeterminado.

    d) ERRADA. “É muito grave esse processo de abstração da linguagem, de sentimentos [...]” Sujeito: esse processo de abstração da linguagem, de sentimentos.

  • De tanto eu repetir até virou um música na minha cabeça:

    Verbo HAVER no sentido de 'existir' é impessoal, terceira pessoa do singular, não tem sujeito.

    Verbo 'FAZER' no sentido de 'tempo transcorrido' é impessoal, terceira pessoa do singular, não tem sujeito.

     Prof.: Noslen

     

     

  • Essa é pra não zerar a prova. Verbo "haver" com sentido de "existir" é um dos casos onde há oração sem sujeito

     

    -------------------

    Gabarito: A

  • GABARITO LETRA A

    Uma oração sem sujeito é formada APENAS pelo predicado e articula-se a partir de um verbo impessoal.

    Verbos serestarfazer e haverquando usados para indicar uma ideia de tempo ou fenômenos meteorológicos

  • Se houvesse uma mudança na frase; trocando o verbo "haver" pelo verbo "existir", o sujeito seria SIMPLES.




  • Há oração sem sujeito em:

    A) “Há uma lógica religiosa no consumismo pós-moderno.”

    Aqui há oração sem sujeito. Aqui existe oração sem sujeito. Existe uma lógica religiosa no consumismo pós-moderno. O verbo haver foi empregado com o sentido de existir. Toda vez que o verbo haver for empregado no sentido de existir, ocorrer, acontecer ou de tempo transcorrido, estaremos diante de uma oração sem sujeito.

    Portanto, a letra A é o gabarito da questão.

    B) “Outrora, falava-se em realidade: análise da realidade [...]”

    Aqui não há oração sem sujeito. Não há verbo indicando fenômeno da natureza; não há verbo haver no sentido de existir, ocorrer, acontecer ou indicando tempo transcorrido; e também não há o verbo fazer indicando tempo transcorrido.

    O que há no item é na verdade o verbo na 3ª P.S. + SE (Índice de indeterminação do Sujeito - IIS), portanto o que há no item é sujeito indeterminado.

    C) “Com certeza, já haviam tomado café da manhã em casa [...]”

    Aqui há verbo na 3ª P.P. e sem referente textual o que denota um SUJEITO INDETERMINADO.

    D) “É muito grave esse processo de abstração da linguagem, de sentimentos [...]”

    O que é muito muito grave? Sujeito: "esse processo de abstração da linguagem, de sentimentos". Sujeito expresso. Sujeito simples.

    Qualquer erro, favor informar.

    @pertinazpertin


ID
2057161
Banca
FUMARC
Órgão
Câmara de Juiz de Fora - MG
Ano
2012
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Os termos destacados abaixo têm natureza adverbial, exceto

Alternativas
Comentários
  • De acordo com a circunstância que exprime, o advérbio pode ser de:

     

    Lugar: aqui, antes, dentro, ali, adiante, fora, acolá, atrás, além, , detrás, aquém, cá, acima, onde, perto, , abaixo, aonde, longe, debaixo, algures, defronte, nenhures, adentro, afora, alhures, embaixo, externamente, a distância, à distância de, de longe, de perto, em cima, à direita, à esquerda, ao lado, em volta.

     

    Tempo: hoje, logo, primeiro, ontem, tarde, outrora, amanhã, cedo, dantes, depois, ainda, antigamente, antes, doravante, nunca, então, ora, jamais, agora, sempre, já, enfim, afinal, amiúde, breve, constantemente, entrementes, imediatamente, primeiramente, provisoriamente, sucessivamente, às vezes, à tarde, à noite, de manhã, de repente, de vez em quando, de quando em quando, a qualquer momento, de tempos em tempos, em breve, hoje em dia.

     

    Modo: bem, mal, assim, adrede, melhor, pior, depressa, acinte, debalde, devagar, às pressas, às claras, às cegas, à toa, à vontade, às escondidas, aos poucos, desse jeito, desse modo, dessa maneira, em geral, frente a frente, lado a lado, a pé, de cor, em vão e a maior parte dos que terminam em "-mente": calmamente, tristemente, propositadamente, pacientemente, amorosamente, docemente, escandalosamente, bondosamente, generosamente.

     

    Afirmação: sim, certamente, realmente, decerto, efetivamente, certo, decididamente, deveras, indubitavelmente.

     

    Negação: não, nem, nunca, jamais, de modo algum, de forma nenhuma, tampouco, de jeito nenhum.

     

    Dúvida: acaso, porventura, possivelmente, provavelmente, quiçá, talvez, casualmente, por certo, quem sabe.

     

    Intensidade: muito, demais, pouco, tão, em excesso, bastante, mais, menos, demasiado, quanto, quão, tanto, assaz, que (equivale a quão), tudo, nada, todo, quase, de todo, de muito, por completo, extremamente, intensamente, grandemente, bem (quando aplicado a propriedades graduáveis).

     

    Exclusão: apenas, exclusivamente, salvo, senão, somente, simplesmente, só, unicamente.
    Por exemplo: Brando, o vento apenas move a copa das árvores.

     

    Inclusão: ainda, até, mesmo, inclusivamente, também.
    Por exemplo: O indivíduo também amadurece durante a adolescência.

     

    Ordem: depois, primeiramente, ultimamente.
    Por exemplo: Primeiramente, eu gostaria de agradecer aos meus amigos por comparecerem à festa.

  • Letra D é a resposta, pois robotizada é adjetivo. 

  • Adverbérbio e invariavel. Então:

    Homem robotizado

    Assim, não pode ser advérbio. Bons estudos!!!!

  • “[...] e começou a elencar seu programa de garota robotizada.” 

     

    Primeiramente, "robotizada" é uma palavra variável, que está flexionada em gênero. Portanto, não pode ser um advérbio (é invariável; não flexiona). Dessa forma, como está acompanhando um nome (substantivo garota), a palavra "robotizada" é um adjetivo que exerce a função sintática de adjunto adnominal.

     

    -------------------

    Gabarito: D

  • Advérbio não modifica SUBSTANTIVO!

  • “[...] e começou a elencar seu programa de garota robotizada.” 

     

    Primeiramente, "robotizada" é uma palavra variável, que está flexionada em gênero. Portanto, não pode ser um advérbio (é invariável; não flexiona). Dessa forma, como está acompanhando um nome (substantivo garota), a palavra "robotizada" é um adjetivo que exerce a função sintática de adjunto adnominal.

     

    -------------------

    Gabarito: D

    Copiando para ficar salvo.


ID
2057164
Banca
FUMARC
Órgão
Câmara de Juiz de Fora - MG
Ano
2012
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Em “Quando vendedores como vocês o assediavam, ele respondia: Estou apenas observando quanta coisa existe de que não preciso para ser feliz.”, o é

Alternativas
Comentários
  •  Os pronomes demonstrativos são utilizados para explicitar a posição de uma certa palavra em relação a outras ou ao contexto. Essa relação pode ocorrer em termos de espaço, tempo ou discurso.

    No espaço:

    Compro este carro (aqui). O pronome este indica que o carro está perto da pessoa que fala.

     

    No tempo:

    Este ano está sendo bom para nós. O pronome este refere-se ao ano presente.

     

    Os pronomes demonstrativos podem ser variáveis ou invariáveis, observe:

    Variáveis: este(s), esta(s), esse(s), essa(s), aquele(s), aquela(s).

    Invariáveis: isto,  isso, aquilo.

     

     

  •  c)

    pronome demonstrativo.

  • Como assim pronome demonstrativo gente??

  • Amanda, também fiquei na dúvida, mas olha só:

    Neste caso o termo "o" é um pronome demonstrativo neutro, ele pode representar um termo ou um conteúdo de uma oração inteira, caso em que aparece, geralmente, como objeto direto, predicativo ou aposto.

    Exemplo: O casamento seria um desastre.Todos o pressentiam.

    (Fonte: www.soportugues.com.br)

  • Nessa questão eu buguei. Demonstrativo ? 

  • Gabarito errado

    Correto: D)

     

    http://www.camarajf.mg.gov.br/concurso/gabarito_o_cmjf_r.pdf

  • Somente seria Demonstrativo - quando estiver antecedido de pronome relativo QUE, e puder ser substituido por AQUELE, AQUILO, AQUELA 

    Portanto letra D - pronome pessoal do caso obliquo

  • "Quando vendedores como vocês o assediavam, ele respondia...". 

     

    O "o" está substituindo um termo. Sabe-se que as palavras que substituem um nome são os pronomes. Logo, as alternativas "a" e "b" são excluídas. Das alternativas restantes, sabe-se que pronomes demonstrativos são aqueles que reforçam pronomes pessoais ou fazem referência a algo já expresso e equivalem a isto, aquilo, aquele, aquela, aqueles, aquelas. Contudo, ao tentar fazer a substituição por seus equivalentes, é possível perceber que não é o caso. Logo, restam os pronomes oblíquos que retomam ou substituem um nome, mas em forma contraída, que é exatamente o que acontece na oração. Para verificar se está correto, basta transformar a frase:

     

    "Quando vendedores como vocês assediavam a ele, ele respondia..." (podemos observar que a função exercida pelo "a ele", é a de um objeto indireto que é exatamente a função sintática desempenhadas pelo pronome oblíquo "o")

     

    -------------------

    Gabarito: D

  • Quando vendedores como vocês o assediavam, ele respondia...". 

     

    O "o" está substituindo um termo. Sabe-se que as palavras que substituem um nome são os pronomes. Logo, as alternativas "a" e "b" são excluídas. Das alternativas restantes, sabe-se que pronomes demonstrativos são aqueles que reforçam pronomes pessoais ou fazem referência a algo já expresso e equivalem a isto, aquilo, aquele, aquela, aqueles, aquelas. Contudo, ao tentar fazer a substituição por seus equivalentes, é possível perceber que não é o caso. Logo, restam os pronomes oblíquos que retomam ou substituem um nome, mas em forma contraída, que é exatamente o que acontece na oração. Para verificar se está correto, basta transformar a frase:

     

    "Quando vendedores como vocês assediavam a ele, ele respondia..." (podemos observar que a função exercida pelo "a ele", é a de um objeto indireto que é exatamente a função sintática desempenhadas pelo pronome oblíquo "o")

     

    -------------------

    Gabarito: D

    copiando pra ficar salvo

  • Os pronomes pessoais, tomados em seu sentido literal, representam as três pessoas do discurso, variando de acordo com as funções exercidas mediante um contexto linguístico. Assim sendo, dividem-se em pronomes pessoais do caso reto e do caso oblíquo, como bem nos revela a tabela a seguir:

    Pronome oblíquo átono é aquele que não vem acompanhado de preposição.

    São classificados dessa forma tendo em conta a sua tonicidade e desempenham a função de complemento verbal, ou seja, de objetos direto e indireto.

    Os pronomes átonos podem assumir três posições diferentes numa oração: antes do verbo, depois do verbo e no interior do verbo. Essas três colocações chamam-se, respectivamente: próclise, ênclise e mesóclise.

  • Quando vendedores como vocês o assediavam, ele respondia...". 

     

    O "o" está substituindo um termo. Sabe-se que as palavras que substituem um nome são os pronomes. Logo, as alternativas "a" e "b" são excluídas. Das alternativas restantes, sabe-se que pronomes demonstrativos são aqueles que reforçam pronomes pessoais ou fazem referência a algo já expresso e equivalem a isto, aquilo, aquele, aquela, aqueles, aquelas. Contudo, ao tentar fazer a substituição por seus equivalentes, é possível perceber que não é o caso. Logo, restam os pronomes oblíquos que retomam ou substituem um nome, mas em forma contraída, que é exatamente o que acontece na oração. Para verificar se está correto, basta transformar a frase:

     

    "Quando vendedores como vocês assediavam a ele, ele respondia..." (podemos observar que a função exercida pelo "a ele", é a de um objeto indireto que é exatamente a função sintática desempenhadas pelo pronome oblíquo "o")

     

    -------------------

    Gabarito: D

    copiando pra ficar salvo

  • quando o artigo puder ser subustituido por ele(s)/ela(s) sera pronome pessoal


ID
2057167
Banca
FUMARC
Órgão
Câmara de Juiz de Fora - MG
Ano
2012
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Os verbos destacados estão flexionados no pretérito imperfeito do indicativo, exceto em

Alternativas
Comentários
  • velho va ia nha que já era

  • Gabarito letra a).

     

    Segue um mnemônico para o Pretérito Imperfeito do Indicativo:

     

    "Era ele que vinha dando vaia" + punha + tinha

     

    Era = Verbo "Ser" passa a ser "era".

     

    Vinha = Verbo "Vir" passa a ser "vinha" (VÁLIDO PARA SEUS DERIVADOS).

     

    Va = Verbos terminados em "ar" ou "or" passam a ser terminados em "va".

     

    Ia = Verbos terminados em "er" ou "ir" passam a ser terminados em "ia" (NÃO CONFUNDIR COM "RIA" QUE É FUTURO DO PRETÉRITO DO INDICATIVO).

     

    Punha = Verbo "Pôr" passa a ser "punha" (VÁLIDO PARA SEUS DERIVADOS).

     

    Tinha = Verbo "Ter" passa a ser "tinha" (VÁLIDO PARA SEUS DERIVADOS)

     

     

    QUESTÃO

     

    a) Ir -> PRETÉRITO IMPERFEITO DO INDICATIVO = Ia

     

    b) Observar -> PRETÉRITO IMPERFEITO DO INDICATIVO = Observava

     

    c) Adquirir -> PRETÉRITO IMPERFEITO DO INDICATIVO = Adquiria

     

    d) Oferecer -> PRETÉRITO IMPERFEITO DO INDICATIVO = Oferecia

     

     

     

    => Meu Instagram para concursos: https://www.instagram.com/qdconcursos/

  • LETRA A

    Ele VAI - Presento do Indicativo

  • gab A

     

    Passa para a primeira pessoa 

     

    Ele vai

     

    Eu vou = Presente do Indicativo. 

     

    - Ação real

     

  • Conjugação do pretérito imperfeito do indicativo

    (indica uma ação já concluída que se repetia no passado)

    Eu estudava                Eu corria

    Tu estudavas              Tu corrias

    Ele estudava               Ele corria

    Nós estudávamos        Nós corríamos

    Vós estudáveis            Vós corríeis

    Eles estudavam           Eles corriam

  • As formas "observava", "adquiriam" e "oferecia" estão flexionados no pretérito imperfeito do indicativo.

    Grande parte dos verbos flexionados nesse tempo apresentam as desinências VA - em verbos de 1a conjugação (final AR) - e IA - em verbos de 2a e 3a conjugação (final ER ou IR).

    Já a forma "vai" está flexionada no presente do indicativo.

    Resposta: Letra A


ID
2057170
Banca
FUMARC
Órgão
Câmara de Juiz de Fora - MG
Ano
2012
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

É curioso: a maioria dos shopping centers tem linhas arquitetônicas de catedrais estilizadas; neles não se pode ir de qualquer maneira, é preciso vestir roupa de missa de domingos. 

Em “É curioso: a maioria dos shopping centers tem linhas arquitetônicas de catedrais estilizadas [...]”, a oração destacada tem a função de

Alternativas
Comentários
  • De acordo com a relação que estabelece com o termo a que se refere, o aposto pode ser classificado em:

    a) Explicativo:

    A Ecologia, ciência que investiga as relações dos seres vivos entre si e com o meio em que vivem, adquiriu grande destaque no mundo atual.

     

    b) Enumerativo:

    A vida humana se compõe de muitas coisas: amor, trabalho, ação.

     

    c) Resumidor ou Recapitulativo:

    Vida digna, cidadania plena, igualdade de oportunidades, tudo isso está na base de um país melhor.

     

    d) Comparativo:

    Seus olhos, indagadores holofotes, fixaram-se por muito tempo na baía anoitecida.

     

    e) Distributivo:

    Drummond e Guimarães Rosa são dois grandes escritores, aquele na poesia e este na prosa.

     

    f) Aposto de Oração:

    Ela correu durante uma hora, sinal de preparo físico.

  • Mas aposto não pode ter verbo. Alguém explica?

  • Esta é uma oração subordinada substantiva apositiva. Ela exerce a função de aposto da oração principal. Vem, geralmente, depois de dois-pontos ou entre vírgulas.

    Exemplo: Desejamos apenas uma coisa: que você venha. (Desejamos apenas uma coisa: isso.)

                                                                                                                                                       aposto

    "É curioso: a maioria dos shopping tem linhas arquitetônicas de catedrais estilizadas (...)"

    É curioso: isso.

    (Fonte: Gramática Língua e Literatura Faraco & Moura)

  • Daniela Silva

    sim, o aposto pode possuir um verbo pois trata-se de uma oração subordinada substantiva apositiva. 

    quando nao houver um verbo é apenas um aposto msm...

  • isto é uma pegadinha, se você observa, é curioso não está em neglito então você acabar dizento que é primeira oração do predicativo ai estaria errado, mais o certo mesmo é aposto que é a frase todo.

  • Trata-se de uma oração subordinada substantiva apositiva que exerce a função sintática de aposto da oração principal. A questão está pedindo justamente a função sintática exercida pela oração. Para comprovar, basta observar se é possível substitir a oração por "isso" e suas variáveis, já que toda oração substantiva pode ser substituída pelo pronome demonstrativo.

     

    “É curioso: / a maioria dos shopping centers tem linhas arquitetônicas de catedrais estilizadas [...]”

        O.P                                           Oração Subordinada Substantiva Apostiva

     

    -------------------

    Gabarito: B

  • gabarito (B)

    é curioso isso...

    logo podemos constatar que trata-se de um aposto, pois mostra ou explica o sentido da frase anterior.

    qualquer erro, mande-me mensagem!

    força sempre


ID
2057173
Banca
FUMARC
Órgão
Câmara de Juiz de Fora - MG
Ano
2012
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

É curioso: a maioria dos shopping centers tem linhas arquitetônicas de catedrais estilizadas; neles não se pode ir de qualquer maneira, é preciso vestir roupa de missa de domingos. 

No trecho utilizado para esta questão, há a possibilidade de mais de uma concordância para um dos verbos. Das possibilidades apresentadas abaixo, qual apresenta a outra concordância possível?

Alternativas
Comentários
  • Tem acompanha o sujeito na terceira pessoa do SINGULAR.


    Têm acompanha o sujeito na terceira pessoa do PLURAL.

  • GABARITO B

     

  • Gaba: B

     

    Palavras com acentos diferenciais: 2P TV F

     

    1. Por (preposição) x Pôr (verbo)

     

    2. Pôde (passado) x Pode (presente)

     

    3. Têm (plural) x Tem (singular)

     

    4. Vêm (plural - eles vêm) x Vem ( singular - ele vem)

     

    5. Fôrma e Forma - uso facultativo

  • GABARITO B


    Quando o sujeito é a expressão: A MAIORIA DE, ou PARTE DE, ou UMA PORÇÃO, ou O RESTO DE, ou GRANDE NÚMERO DE, seguida de um substantivo ou nome no plural, o verbo pode ficar no SINGULAR ou PLURAL.

    exs.:

    1 - A maioria dos telespectadores não (gostou ou gostaram) da apresentação.

    2 - Uma porção de clientes (reclamou ou reclamaram) dos serviços prestados.

    3 - Grande número dos candidatos (conseguiu ou conseguiram) a aprovação.


    Bons estudos! 


  • Trata-se de sujeito coletivo partitivo (maioria, maior parte de, metade de, uma porção de...), o verbo fica no singular ou vai para o plural.


    Ex.: A maioria dos homens chora/choram.


  • É curioso: a maioria dos shopping centers têm/tem linhas arquitetônicas


ID
2057176
Banca
FUMARC
Órgão
Câmara de Juiz de Fora - MG
Ano
2012
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

É curioso: a maioria dos shopping centers tem linhas arquitetônicas de catedrais estilizadas; neles não se pode ir de qualquer maneira, é preciso vestir roupa de missa de domingos. 

No trecho “É curioso: a maioria dos shopping centers tem linhas arquitetônicas de catedrais estilizadas; neles não se pode ir de qualquer maneira, é preciso vestir roupa de missa de domingos.”, os termos destacados exercem, respectivamente, a função de

Alternativas
Comentários
  • Será que algum dia vou acertar um exercício desse?? :(

    Socorro... 

  • Shopping e Catedral são substantivos CONCRETOS, logo, só pode ser A.A.

  • Complementando...

     

    Complemento Nominal -> traz obrigatoriamente uma preposição.

     

    Eu tenho raiva do professor (C.N)

     

    Adjunto Adnominal -> outro termo acessório, está ligado ao nome. Sempre ligado ao substantivo, seja ele concreto ou abstrato.

     

    Roubaram o carro do vizinho (Adj .Adn)

     

    Exemplo + Bizu: O medo da chuva era real. => ( Subst. abstrato, complemento nominal) ( a chuva não tem medo kk);

                                   O medo da mãe era real. => ( subst abstrato, adjunto adnominal) (posse, o medo seu ou dela);

     

    Perceba que ambos os termos estão ligados a substantivos abstratos. A diferença é que a posse, no da mãe, faz o diferencial entre os termos.

     

    Mais um exemplo: De todos os alunos da escola estamos livres. ( C.N );

                                      De todos os alunos da escola estamos livres. ( adj adn);

     

    FONTE: Resumo da aula do Prof. Paciello.

    bons estudos

  • Shopping e Catedral são substantivos CONCRETOS, logo, só pode ser A.A.

     

    Complementando...

     

    Complemento Nominal -> traz obrigatoriamente uma preposição.

     

    Eu tenho raiva do professor (C.N)

     

    Adjunto Adnominal -> outro termo acessório, está ligado ao nome. Sempre ligado ao substantivo, seja ele concreto ou abstrato.

     

    Roubaram o carro do vizinho (Adj .Adn)

     

    Exemplo + BizuO medo da chuva era real. => ( Subst. abstrato, complemento nominal) ( a chuva não tem medo kk);

                                   O medo da mãe era real. => ( subst abstrato, adjunto adnominal) (posse, o medo seu ou dela);

     

    Perceba que ambos os termos estão ligados a substantivos abstratos. A diferença é que a posse, no da mãe, faz o diferencial entre os termos.

     

    Mais um exemplo: De todos os alunos da escola estamos livres. ( C.N );

                                      De todos os alunos da escola estamos livres. ( adj adn);

     

    FONTE: Resumo da aula do Prof. Paciello.

    bons estudos

     

  •  a)adjunto adnominal – adjunto adnominal 

    Quando a preposição "de" for para indicar posse, será adjunto adnominal.

  • "A maioria" é um pronome substantivo que substitui todos os outros shopping. Ele substitui por exemplo "shopping center, shopping santa cruz, shopping belas artes...." Logo quando ele faz essa substituição ele esta substituindo substantivos concretos!

    "Linhas arquitetônicas" substantivo concreto

  • Gente, dêem like na resposta de Lizeane Nobre!

  • não soube como analisar a questão como ele marcou shopping centers tudo...eu fiquei sem saber se tudo isso seria adj ou complemente em relação a "maioria"  ou se ele queria q eu analisasse centers em relação a shopping... =S pq se fosse assim ele deveria marcar só centers =S

  • "Maioria" é substantivo mas dá uma ideia de qualidade e por isso eu a consideraria "substantivo abstrato". Além dessa análise anterior eu diria que o termo "dos shopping centers" é um termo ESSENCIAL do termo "a maioria" e não um termo ACESSÓRIO, já que sua supressão prejudicaria muito o entendimento da frase.

    Resumindo, eu teria errado e marcado que tratava-se claramente de um Complemento Nominal e não de um Adjunto Adnominal.

  • DICA SIMPLES:

     

     

    TENTA POR A FRASE NUMA VOZ PASSIVA

     

     

    >    CASO SEJA POSSÍVEL A TRANSFORMAÇÃO SERÁ - COMPLEMENTO NOMINAL

     

    >    CASO NÃO SEJA POSSÍVEL SERÁ - ADJUNTO ADNOMINAL 

  • Gente, marquei letra B. Essa questão não era passível de anulação? arquitetônicas é adjetivo de linhas, logo, "de catedrais estilizadas" seria complemento nominal, lembram? complemento vem depois de substantivo abstrato, advérbio e ADJETIVO. 

     

  • Errei a questão e fui pesquisar sobre. Segue a dica:

    Adjunto Adnominal: Complementa Substantivo Concreto

    Complemento Nominal: Complementa Substantivo Abstrato, Adjetivo ou Advérbio. Além disso, necessariamente tem que vir acompanhado de preposição.


    Exceção: Se trecho analisado estiver praticando a ação: Adjunto adnominal.

    ex: Ouvi as críticas da população. População pratica a ação, logo será Adjunto Adnominal

    Ouvi as críticas aos políticos. Políticos sofre a ação, logo será Complemento Nominal


    A justificativa das alternativas já estão muito bem explicadas pelos colegas.

  • “É curioso: a maioria dos shopping centers tem linhas arquitetônicas de catedrais estilizadas

    Observe que os shoppings têm...sentido de posse, logo é um AA, acompanhando o substantivo partitivo Maioria.

    as linhas arquitetônicas são das catedrais estilizadas, outro sentido de posse, logo AA tb.

  • De fato, como a moça colocou ali embaixo, a palavra "arquitetônicas" é um adjetivo, logo deveria ser um complemento nominal.

  • Os dois substantivos são CONCRETOS, daí já mata a questão.

  • Assim como outras pessoas já comentaram, analisei "arquitetônicas" como adjetivo, e acredito que esse termo tenha mesmo esse papel no contexto em que foi utilizado. Complicado.

  • Principais métodos de matar a questão:

    Indicação de Posse e o Substantivo Concreto

  • gabarito (A)

    No trecho “É curioso: a maioria dos shopping centers tem linhas arquitetônicas de catedrais estilizadas; neles não se pode ir de qualquer maneira, é preciso vestir roupa de missa de domingos.”, os termos destacados exercem, respectivamente, a função de

    (A) adjunto adnominal – adjunto adnominal

    (substantivo) a maioria e (substantivo) linhas arquitetônica são substantivos femininos concretos.

    a maioria "disso" tem linhas arquitetônicas "delas".

    logo o que se antecede será adjunto adnominal.

    qualquer erro, mande-me mensagem!

    força sempre!

  • sofre a ação= CN

    faz a ação= ADJ ADN

  • Fiz a análise correta e marquei a alternativa errada. Afffff

    Ambos os termos destacados complementam substantivos concretos, então só podem ser adjuntos adnominais. NÃO ESQUECER.

  • no meu material marquei letra A e aqui marquei a letra B kkk é isso que acontece na hora da prova.

  • Não entendi, onde está o substantivo concreto ?

    É curioso: a maioria dos shopping centers

  • ARQUITETÔNICA:

    Classe gramatical: adjetivo

    Separação silábica: ar-qui-te-tô-ni-co

    O que se pode confundir é que ARQUITETÔNICA é um adjetivo

    "No trecho “É curioso: a maioria dos shopping centers tem linhas arquitetônicas de catedrais estilizadas; neles não se pode ir de qualquer maneira, é preciso vestir roupa de missa de domingos.”, os termos destacados exercem, respectivamente, a função de'

    Pois o complemento nominal completa o sentido de um ADJETIVO , AVERBIO E SUBSTANTIVO ABSTRATO, já o adjunto adnominal, só completa o sentido do subjuntivo. Por isso é possível confundir o segundo termo com um complemento nominal, que , nesse caso ,é um adjunto nominal que se refere AO SUBTANTIVO "LINHAS" ( LINHAS DE CATEDRAIS ARQUITETÔNICAS)

    O NEGÓCIO Ñ É FACIL PESSOAL , MAS VAMOS EM FRENTE !

  • Se tirarmos os termos destacados a oração continua com sentido.

  • Esse é o meu calo em gramática


ID
2057179
Banca
FUMARC
Órgão
Câmara de Juiz de Fora - MG
Ano
2012
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

É curioso: a maioria dos shopping centers tem linhas arquitetônicas de catedrais estilizadas; neles não se pode ir de qualquer maneira, é preciso vestir roupa de missa de domingos. 

No trecho “[...] neles não se pode ir de qualquer maneira, é preciso vestir roupa de missa de domingos.”, neles exerce a função de

Alternativas
Comentários
  • Neles - É um pronome que está retomando o adjunto adverbial de lugar (a maioria dos shopping centers).

  • Gab: D Questão boa. "neles" exerce função de adjunto adverbial de lugar virtual, pois retoma shopping.

     

    Quando o adjunto adverbial de lugar for uma pessoa ou um lugar imaginário, será analisado como adjunto adverbial de lugar virtual. Segundo Bechara, certos termos podem indicar lugar e/ou tempo, como em “Encontrei minha namorada numa festa.”.Sendo assim, numa festa poderia ser classificado como adjunto adverbial de lugar ou de tempo.

  • Adj adverbial indica a circunstância onde ocorre a ação verbal , então onde  não se pode ir de qualquer maneira? Shopping. E neles refere-se a shopping logo é um adj adv de lugar.

  • d

    Organizando o período para visualizar a lógica:

    Não se pode ir de qualquer maneira neles. Ir aonde? Neles. Adjunto advebrial del ugar

  • Adj.Adverbial de lugar

    Neles não se pode ir... Neles onde?

  • não deveria ter uma virgula ali? pois o lugar do advérbio é no final.

  • Não vejo o item: indicar para comentário do professor.

  • Argeu fridrich,
         Estudei uma vez em um material que quando se trata de um termo deslocado, até 3 palavras a vírgula é facultativa, de 4 ou mais é obrigatória.
    Exemplo 1:  Durante a fase de preparação para o concurso, os candidatos sentem-se ansiosos.  
                              (Termo deslocado)   Virgula obrigatória, pois tem mais de 3 palavras no termo deslocado

    Exemplo 2: No futuro os mais esforçados terão uma posição privilegiada.
                   Virgula facultativa, pois o termo deslocado está dentro do maximo de 3 palavras.
                
                                                                          

  • Neles não se pode ir. Se não PODE IR, FICAR, PERMANECER então só pode ser um LUGAR.

  • Mude os elementos da frase de lugar: "Não se pode ir de qualquer maneira neles".

    O "se" é índice de indeterminação do sujeito. 

    "Pode" neste exemplo é verbo intransitivo, e se a frase tiver continuidade geralmente se pede adjunto adverbial

    "Neles" é adj. adverbial de lugar.

  • ADJUNTO ADVERBIAL DESLOCADO

  • NELES -> LUGAR

    Naqueles lugares bonitos (...) Neles não se pode ir de qualquer maneira....

  • É curioso: a maioria dos shopping centers tem linhas arquitetônicas de catedrais estilizadas; neles não se pode ir de qualquer maneira, é preciso vestir roupa de missa de domingos. 

    No trecho “[...] neles não se pode ir de qualquer maneira, é preciso vestir roupa de missa de domingos.”, neles exerce a função de

    A) sujeito. (a maioria)

    B) objeto indireto. (não é, pois o OI se refere a um verbo, no caso em tela temos um sujeito)

    C) adjunto adnominal.

    D) adjunto adverbial. CORRETA. É um adj. adverbial de lugar.

    ERRO? Me avisem no chat, por gentileza!