- ID
- 5054158
- Banca
- Prefeitura de Seara - SC
- Órgão
- Prefeitura de Seara - SC
- Ano
- 2021
- Provas
- Disciplina
- Português
- Assuntos
O texto que abaixo se apresenta foi escrito por Luiz Américo Camargo que é comentarista e
consultor gastronômico, especializado em eventos e produção de conteúdo. Foi um dos fundadores
do Paladar, marca de gastronomia de O Estado de S. Paulo. É também colunista do jornal Zero
Hora.
“Eu, do meu jeito e com os meus filtros, penso como o fast-food se transformou ao longo dos
anos– nem tanto no cardápio, mas aos olhos do público. Será que ele ainda é o sistema mais veloz,
conveniente para os apressados? Será que ele ainda é o mais barato? Mais: à luz do conhecimento
que temos de culinária e nutrição, alguém ainda duvida que se trata meramente da pior comida
possível? Recuemos um pouco no tempo. O costume de conferir status de refeição plena ao trio
hambúrguer-batatas-refrigerante remonta aos Estados Unidos dos anos 50. O país vivia toda a
pujança da indústria e iniciava a escalada da sociedade de serviços, com seus horários e demandas
que iam muito além do expediente nine-to-five. Com pouco tempo para o almoço, com grande
probabilidade de ter de devorar a comida no próprio ambiente profissional, eis que então surgiu a
conveniência dos sandubas rápidos, das fritas sempre quentes. Era, acima de tudo, moderno (assim
como, para a geração de nossos pais, eram modernos o leite em pó e o café solúvel). Matava-se a
fome, pagava-se pouco, tudo era padronizado e organizado, havia uma aura de constante alegria. Não
preciso dizer quão bem-sucedida foi a ideia, por todo o mundo.
É evidente que a famosa cadeia do “M” amarelo e seus sucedâneos cresceram, se
multiplicaram, e se tornaram sinônimo de comida de estudante. Ou de gente apressada e com
orçamento restrito. Ou, pior ainda, viraram alternativa para as crianças. Contudo, aquilo que parecia
uma onda de progresso inesgotável, ao que parece, chega ao seu momento mais delicado. Nunca o
gigante McDonald’s viveu um declínio tão grande de faturamento como nos últimos anos. As razões?
Uma nova consciência nutricional por parte dos consumidores é um dos pontos: fast-food,
certamente, não é a melhor escolha para a saúde.
Numa abordagem bastante idiossincrática, eu diria que as pessoas não têm por que ir ao fastfood – a menos que gostem ou sintam vontades específicas, é claro. Seus preços já são iguais ou
maiores do que os dos restaurantes por quilo, um sistema também muito rápido. Há food trucks com
melhor qualidade, cobrando somas muito semelhantes. Existem até opções dentro do casual dining, com boas acomodações e serviço, apenas um pouco mais caras do que as grandes redes de
lanchonete.
Minha filha, hoje adolescente, nunca foi proibida de comer em fast-food – embora nunca
tenha sido estimulada. Íamos quando ela pedia, comíamos um sanduíche, as batatas. Porém, ela
queria essencialmente os brindes (cachorrinhos, creio, ou coisa do tipo) distribuídos quando se
consumia um determinado kit. Mas houve uma ocasião em que tudo mudou – e, posso garantir, na
condição de pai e de aficionado por gastronomia, foi um momento inesquecível. Num certo dia,
almoçando num ótimo restaurante, ela me disse assim. “Pai, aqui a gente não ganha brinquedo, né?”.
“Não”, respondi. E ela declarou: “Não precisa, porque a comida é boa”. É evidente que não vou
transformar um episódio pessoal numa generalização. Contudo, é preciso que enxerguemos que
crianças não são necessariamente movidas a nuggets e fritas industrializadas.
(Adaptado de: Você realmente precisa ir ao fast-food? Disponível em: https://brasil.elpais.com/brasil/2016/09/19/opinion/1474299077_900112.html.
Acesso em 13 jan.2021)
Assinale a afirmação que apresenta consonância com as ideias defendidas no texto acima: