Há controvérsias...
em: http://www.migalhas.com.br/Gramatigalhas/10,MI11372,101048-Um+dos+que
temos:
Trata-se de expressão que traz problemas quanto à concordância verbal.
2) Com ela no sujeito, o verbo pode concordar optativamente no singular ou no plural. Exs.:
a) “Dentre nossos juristas, Vicente Rao foi um dos que mais abusou do talento e da cultura” (correto);
b) “Dentre nossos juristas, Vicente Rao foi um dos que mais abusaram do talento e da cultura” (correto).
3) Após lembrar que tal expressão às vezes faz o verbo concordar no singular, às vezes no plural, Júlio Nogueira observa o que sintaticamente se dá: na segunda hipótese, “predomina o plural os, contido em dos; na primeira, um”.
4) Em continuação, opina o referido gramático: “Parece-nos preferível o verbo no plural, e usá-lo assim é a tendência mais generalizada”.1
5) Embora haja a condenação de alguns gramáticos ora a esta, ora àquela construção, Laudelino Freire, fundando-se em diversos exemplos de abalizados autores e reforçado pela autoridade de conceituados gramáticos, defende a concordância do verbo, em tais casos, tanto no singular quanto no plural, refutando superiormente tais invectivas adversárias.2
6) Júlio Nogueira, de seu lado, assevera que, “com um dos que é preferível o plural”; por outro lado, assevera que, “se, porém, vale o exemplo dos clássicos, pode-se usar o singular”, passando a arrolar exemplos abalizados de bons escritores:
a) “Foi uma das primeiras terras de Espanha que recebeu a fé de Cristo”(Frei Luís de Sousa);
b) “Uma das causas que derribou a Galba do Império foi...”.3
7) Para Laudelino Freire, “há dupla sintaxe para as orações em que o pronome que vem precedido de um dos, uma das”, observando tal gramático que, à semelhança do que ocorre na língua francesa, são facilmente justificáveis ambas as concordâncias.4
8) Em realidade, autorizadas que estão as duas construções em nosso idioma, pode-se asseverar que, hoje, a questão é apenas de sentido: com o verbo no singular, realça-se a idéia da ação individual; com o verbo no plural, reforça-se o aspecto da ação coletiva.
9) Atentando, de modo específico, à indagação do leitor, vê-se que ambas as concordâncias estão igualmente corretas no plano sintático, e a diferença reside tão-somente na ênfase que se quer conferir ao sentido:
I) – quando se faz a concordância no singular, prioriza-se a ação individual do um;
II) – quando se põe o verbo no plural, destaca-se a atuação coletiva dos migalheiros.
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1 Cf. NOGUEIRA, Júlio. A Linguagem Usual e a Composição. 13. ed. Rio de Janeiro: Livraria Freitas Bastos, 1959. p. 112.
2 Cf. FREIRE, Laudelino. Estudos de Linguagem. Sem número de edição. Rio de Janeiro: Cia. Brasil Editora, impresso em 1937. p. 18-23.
3 Cf. NOGUEIRA, Júlio. Programa de Português . 3ª série secundária. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1939. p. 212.
4 Cf. FREIRE, Laudelino. Sintaxe da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro: Empresa Editora ABC Ltda., 1937. p. 97.