A música e a educação musical eram muito valorizadas na Grécia; Platão foi um filósofo grego que falou sobre a estética e a ética a respeito da música em muitos de seus textos. Na verdade, sua preocupação central era formar o homem para uma sociedade ideal. “Para Platão, o ideal da educação não é formar o indivíduo por ou para si mesmo, mas formar o cidadão para a polis.” (TEIXEIRA, 2006, p. 26) Nesse Estado ideal, o mais perfeito possível, os cidadãos seriam educados desde a infância para buscar a verdade, praticar o bem e contemplar a beleza. A obra A República discute como seria tal Estado.
“Para Platão e todos os gregos, a literatura, a música e a arte têm grande influência no caráter, e seu objetivo é imprimir ritmo, harmonia e temperança à alma. Por isso deve-se preserva-la como tarefa do Estado.” (FONTERRADA, 2008, p. 27) A principal função da música, portanto, seria pedagógica, uma vez que ela era responsável pela ética e estética, o que implicaria na construção da moral e do caráter da nação.
Outro conceito filosófico importante é a ideia de virtude. Para Platão, a virtude é o que há de mais precioso, pois somente sendo virtuoso o homem poderia encontrar a felicidade. A tradição popular grega associava o belo e o bem, num ideal que chamavam de kalokagathia. Dessa forma, “o indivíduo que tem valor moral é suscetível de agir belamente e, vice-versa, o indivíduo belo tem a possibilidade de atos moralmente bons.” (ROSENFIELD, 2006, p. 11) Por exemplo, quem realiza uma bela ação se comporta bem, e sua boa ação traz felicidade. Desse modo, o belo e o bom podem ser considerados idênticos. Algumas virtudes, que fazem parte da virtude total que é o Bem, são a valentia, a prudência, a piedade e a justiça. Platão refere-se à virtude como sendo uma harmonia. A justiça é comparada a uma harmonia musical, pois deveria reunir “harmoniosamente três elementos diferentes, exatamente como se fossem três termos numa proporção musical” (A República, 443a), combinando-os numa unidade perfeita e harmoniosa.
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mas ele tem uma crítica à poesia
Platão via a arte com desconfiança. Ele acreditava que a arte não revela o verdadeiro, portanto é mentirosa e não melhora o homem. Por exemplo, no que diz respeito à pintura, ele questiona se sua finalidade é imitar a realidade ou a aparência dos objetos, ao que Glauco responde que é imitar a aparência. Sendo a pintura então uma “arte de imitar”, ela estaria longe da verdade. (A República, 598a) Quanto à poesia, Platão a colocava como inferior à filosofia, uma vez que
“O poeta não possui conhecimento, senão intuição. Essa intuição é irracional, levando o poeta a viver fora de si em constante delírio. Os poetas falam e desconhecem o que falam. O poeta também é um imitador, imitador de terceira mão e por isso distante três graus do ser.” (TEIXEIRA, 2006, p. 76)