II. Bullying pode designar situações, principalmente entre jovens, em que uma pessoa ou um grupo age intencional e repetidamente com violência física, simbólica e/ou psicológica contra um terceiro produzindo o isolamento, humilhação e/ou depreciação deste.
Com o intuito de enriquecer as discussões sobre o conceito bullying procura-se neste trabalho fazer uma descrição relacional sistêmica desse fenômeno. Esta compreensão está pautada no paradigma sistêmico, que, para Vasconcellos (2002), se fundamenta nos pressupostos complexidade, instabilidade e intersujetividade.
A complexidade refere-se à pluralidade de fatores envolvidos e à necessidade de contextualização dos fenômenos, assim como à causalidade recursiva ou circular, contrária à causalidade linear de causa-efeito. Relaciona-se a este pressuposto o princípio da totalidade, segundo o qual se considera que uma mudança ocorrida em uma parte/membro do sistema repercute em alterações em todo o sistema.
A instabilidade diz respeito à constante transformação do mundo, reconhecendo-se a indeterminação, imprevisibilidade e incontrolabilidade de alguns fenômenos, uma vez que a modificação em uma das partes gera modificações - por vezes imprevisíveis - no todo, que, por sua vez, afeta o curso de um sistema.
Intersubjetividade significa que não há uma realidade neutra, independente do observador.
Partindo do exposto acima, uma análise sistêmica do bullying precisa considerar a complexidade das relações entre os vários sistemas envolvidos na situação emergente: o alvo, o autor, as testemunhas, a(s) turma(s) envolvida(s), o/a(s) professor/a(s), a escola, as famílias dos envolvidos, a comunidade à qual pertence a escola, a cultura na qual estão inseridos, as regras, os valores e outros fatores.