A participação cidadã na gestão pública nunca foi oferecida pelos governos. Ela sempre foi uma
conquista da cidadania organizada. Essa ampliação da democracia, assim como a própria democracia, depende
da vitalidade e da iniciativa dos cidadãos. Ao se criarem leis e mecanismos que institucionalizam canais de
participação na gestão pública, a cidadania organizada cria um novo direito, o direito à participação cidadã na
governança pública. Mas, assim como os direitos sociais, o direito à participação não se efetiva por seu
reconhecimento formal. Na verdade, esse reconhecimento abre um novo campo de disputas, legitima e torna
visíveis novos atores que se empenham na conquista desses direitos.
Ao mesmo tempo em que essa inovação democrática – a participação cidadã na gestão pública – ganha
espaços, assistimos, paradoxalmente, à democracia liberal ser capturada pelo poder econômico, distanciar-se
dos interesses dos cidadãos e sujeitar-se aos interesses do mercado, isto é, das grandes corporações
transnacionais, especialmente as financeiras. O financiamento das campanhas eleitorais por empresas é um dos
meios de submeter o poder político ao econômico.
(BAVA, S. C. A reinvenção da democracia. Disponível em:
http://www.diplomatique.org.br/. Acesso em: 25/09/2016.)
Ao circularem socialmente, os textos realizam-se como práticas de linguagem, assumindo funções específicas,
formais e de conteúdo. O fragmento acima foi extraído de um editorial com a principal intencionalidade de