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Prova CÁSPER LÍBERO - 2012 - CÁSPER LÍBERO - Vestibular


ID
4148920
Banca
CÁSPER LÍBERO
Órgão
CÁSPER LÍBERO
Ano
2012
Provas
Disciplina
Literatura
Assuntos

Sobre Lembrança do mundo antigo, apresentado a seguir, que integra Sentimento do mundo, de Carlos Drummond de Andrade, é correto afirmar que o poema:


Clara passeava no jardim com as crianças.
O céu era verde sobre o gramado,
a água era dourada sob as pontes,
outros elementos eram azuis, róseos, alaranjados,
o guarda-civil sorria, passavam bicicletas,
a menina pisou a relva para pegar um pássaro,
o mundo inteiro, a Alemanha, a China, tudo era tranquilo em redor de Clara.
As crianças olhavam para o céu: não era proibido.
A boca, o nariz, os olhos estavam abertos.Não havia perigo.
Os perigos que Clara temia eram a gripe, o calor, os insetos.
Clara tinha medo de perder o bonde das 11 horas,
esperava cartas que custavam a chegar,
nem sempre podia usar vestido novo. Mas passeava no jardim, pela manhã!!!
Havia jardins, havia manhãs naquele tempo!!!

Alternativas

ID
4148923
Banca
CÁSPER LÍBERO
Órgão
CÁSPER LÍBERO
Ano
2012
Provas
Disciplina
Literatura
Assuntos

Assinale a opção que caracteriza corretamente Sentimento do mundo, de Carlos Drummond de Andrade:

Alternativas

ID
4148926
Banca
CÁSPER LÍBERO
Órgão
CÁSPER LÍBERO
Ano
2012
Provas
Disciplina
Literatura
Assuntos

Sobre Til, de José de Alencar, é correto afirmar que:

Alternativas

ID
4148929
Banca
CÁSPER LÍBERO
Órgão
CÁSPER LÍBERO
Ano
2012
Provas
Disciplina
Literatura
Assuntos

Assinale a opção que apresenta corretamente a análise crítica do romance Til, de José de Alencar:

Alternativas

ID
4148932
Banca
CÁSPER LÍBERO
Órgão
CÁSPER LÍBERO
Ano
2012
Provas
Disciplina
Literatura
Assuntos

Sobre Memórias póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis, é correto afirmar que:

Alternativas

ID
4148935
Banca
CÁSPER LÍBERO
Órgão
CÁSPER LÍBERO
Ano
2012
Provas
Disciplina
Literatura
Assuntos

Sobre Memórias póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis, é correto afirmar que:

Alternativas

ID
4148938
Banca
CÁSPER LÍBERO
Órgão
CÁSPER LÍBERO
Ano
2012
Provas
Disciplina
Literatura
Assuntos

Sobre O cortiço, de Aluísio Azevedo, é correto afirmar que:

Alternativas

ID
4148941
Banca
CÁSPER LÍBERO
Órgão
CÁSPER LÍBERO
Ano
2012
Provas
Disciplina
Literatura
Assuntos

Sobre o naturalismo brasileiro, escola literária a que se filia O cortiço, de Aluísio Azevedo, é correto afirmar que:

Alternativas
Comentários
  • GAB B

    Menos psicológico do que o Realismo, o Naturalismo analisa a força de fatores DETERMINISMO) como hereditariedade e meio sobre o comportamento humano. 


ID
4148944
Banca
CÁSPER LÍBERO
Órgão
CÁSPER LÍBERO
Ano
2012
Provas
Disciplina
Literatura
Assuntos

Assinale a opção cujo conteúdo é incoerente com o romance Leite derramado, de Chico Buarque:

Alternativas

ID
4148947
Banca
CÁSPER LÍBERO
Órgão
CÁSPER LÍBERO
Ano
2012
Provas
Disciplina
Literatura
Assuntos

Sobre Leite derramado, de Chico Buarque, é correto afirmar que:

Alternativas

ID
4148950
Banca
CÁSPER LÍBERO
Órgão
CÁSPER LÍBERO
Ano
2012
Provas
Disciplina
Literatura
Assuntos

Assinale a opção cujo conteúdo é incoerente com O fio das missangas, de Mia Couto:

Alternativas

ID
4148953
Banca
CÁSPER LÍBERO
Órgão
CÁSPER LÍBERO
Ano
2012
Provas
Disciplina
Literatura
Assuntos

A personagem-narradora de O cesto, que integra O fio das missangas, de Mia Couto, era desprezada pelo marido. Assinale a opção em que a passagem do texto NÃO caracteriza o estado de submissão e passividade vivido por ela:

Alternativas

ID
4148956
Banca
CÁSPER LÍBERO
Órgão
CÁSPER LÍBERO
Ano
2012
Provas
Disciplina
Conhecimentos Gerais
Assuntos

Sobre Jogo de cena, de Eduardo Coutinho, é correto afirmar que o filme discute:

Alternativas

ID
4148959
Banca
CÁSPER LÍBERO
Órgão
CÁSPER LÍBERO
Ano
2012
Provas
Disciplina
Conhecimentos Gerais
Assuntos

Sobre A montanha dos sete abutres, de Billy Wilder, é correto afirmar que o filme:

Alternativas

ID
4148962
Banca
CÁSPER LÍBERO
Órgão
CÁSPER LÍBERO
Ano
2012
Provas
Disciplina
Conhecimentos Gerais
Assuntos

Assinale a opção cujo conteúdo é incoerente com São Paulo S.A., de Luís Sérgio Person:

Alternativas

ID
4148965
Banca
CÁSPER LÍBERO
Órgão
CÁSPER LÍBERO
Ano
2012
Provas
Disciplina
Conhecimentos Gerais
Assuntos

A abolição do trabalho escravo no Brasil, oficializada com a promulgação da Lei Áurea, em 13 de maio de 1888, significou:

Alternativas

ID
4148968
Banca
CÁSPER LÍBERO
Órgão
CÁSPER LÍBERO
Ano
2012
Provas
Disciplina
História
Assuntos

“O governo de Juscelino Kubitschek ficou associado à instalação da indústria automobilística no País. Isso não quer dizer que antes dele não tivessem existido montadoras e fábricas de autopeças no Brasil. Suas proporções eram, porém, limitadas. A empresa nacional mais importante era a Fábrica Nacional de Motores (FNM), instalada em 1942 como sociedade de economia mista em que o Estado tinha o controle acionário. A FNM foi criada com o objetivo não alcançado de fabricar motores de avião. A partir de 1946 começou a produzir tratores e, em 1952, caminhões, com um índice de nacionalização de 35% do peso do veículo”. (Boris Fausto. História do Brasil. São Paulo: Edusp, 1995). É correto afirmar que a política industrial do governo de Juscelino Kubitschek, com base na indústria automobilística, efetivou-se:

Alternativas

ID
4148971
Banca
CÁSPER LÍBERO
Órgão
CÁSPER LÍBERO
Ano
2012
Provas
Disciplina
Geografia
Assuntos

Em Sob a névoa da guerra, de Errol Morris, o ex-secretário de Defesa dos Estados Unidos, Robert S. McNamara, é retratado como:

Alternativas

ID
4148977
Banca
CÁSPER LÍBERO
Órgão
CÁSPER LÍBERO
Ano
2012
Provas
Disciplina
Atualidades
Assuntos

O fato que desencadeou a aprovação, em julho deste ano, da entrada oficial da Venezuela no Mercosul – Mercado Comum do Sul – como membro pleno foi:

Alternativas

ID
4148986
Banca
CÁSPER LÍBERO
Órgão
CÁSPER LÍBERO
Ano
2012
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Leia o texto a seguir e responda à questão.


Jeitinho e jeitão: uma tentativa de interpretação do caráter brasileiro


Nascido inicialmente das contradições entre uma ordem liberal formal e uma realidade escravista, o jeitinho transformou-se em código geral de sociabilidade.
Recordo um caso pessoal, passado há muito tempo. Eu trabalhava com Celso Furtado (rigorosamente antijeitinho), que recebia um diretor do Banco Interamericano de Desenvolvimento, por sinal um conterrâneo seu. Este, vendo-me por perto, e julgando que eu não era parte da conversa, pediu-me água. Pediu a primeira, a segunda e a terceira vez. Fui obrigado a dizer-lhe que não confundisse gentileza com servilismo, e que da próxima vez ele mesmo se servisse. Não ocorria àquele senhor que alguém que não fosse da sua grei pudesse tomar parte de uma conversa com altos representantes da banca interamericana. A origem do jeitinho, assim como a da cordialidade teorizada por Sérgio Buarque, se explica pela incompletude das relações mercantis capitalistas. Parece sempre que as pessoas estão “sobrando”. Elas são como que resquícios de relações não mercantis, não cabem no universo da civilidade. E às pessoas que sobram pode ser pedida qualquer coisa, já que é obrigação do dominado servir ao dominante.
Qualquer reunião brasileira está cheia de batidinhas nas costas na hora do cumprimento, impondo logo de saída uma intimidade que é intimatória e intimidatória. Um dos cumprimentos mais característicos de Luiz Inácio Lula da Silva, por exemplo, é bater com as costas da mão na barriga dos interlocutores. Mesmo em encontros formais, o primeiro gesto de Lula ao se aproximar de qualquer pessoa é tocar-lhe a barriga.
A matriz desses gestos encontra-se evidentemente no longo período escravagista. Nele, o corpo dos negros era propriedade, podia ser tocado e usado. O surpreendente é que esses gestos e costumes tenham persistido ao longo de 100 anos de vigência de um capitalismo pleno. O escravismo e a escravidão não explicam inteiramente a “longa duração” da informalidade generalizada e dos hábitos que a acompanham. Os Estados Unidos tiveram um sistema escravista que chegou até a organizar fazendas de criação de negros. A ruptura com o escravismo custou à nação norte-americana uma guerra civil que deixou marcas até hoje. Mas o jeitinho não foi o expediente que usaram para superar os problemas colocados pelo capitalismo que avança.
Aqui, o jeitinho das classes dominantes se impôs na abolição da escravatura. Primeiro veio a Lei do Ventre Livre: garotos e garotas negros eram libertados em meio à escravidão. Mas como inexistia a perspectiva de terem terra, emprego ou salário, a libertação não lhes servia para quase nada. 
Depois veio a Lei dos Sexagenários. Aos 60 anos, os negros que ainda estivessem vivos eram libertados. Ora, já se sabia que a vida média de um escravo não alcançava os 40 anos. Como mostrou Luiz Felipe de Alencastro em O Tratado dos Viventes, depois de décadas de labuta no eito, o consumo do trabalho pelo capital não era uma metáfora: o negro era um molambo de gente, e não um homem livre, mesmo quando libertado pela Lei dos Sexagenários.
O que parecia cautela e previsão era, na verdade, o jeitinho (e o jeitão) em movimento. Gradualmente, até a chamada Lei Áurea, a escravidão persistiu. Isso criou uma superpopulação trabalhadora que o sistema produtivo não tinha como incorporar. Com a industrialização, tão sonhada pelos modernos, o problema se agravou. Tendo que copiar uma industrialização de matriz exógena, que tende sempre à economia do trabalho, os excedentes populacionais cresceram exponencialmente.
Assim, o chamado trabalho informal tornou-se estrutural no capitalismo brasileiro. É ele que regula a taxa de salários, e não as normas trabalhistas fundadas por Vargas. A partir daí todas as burlas são permitidas e estimuladas. A pergunta que um candidato a emprego mais ouve é: com carteira ou sem carteira? O funcionário com carteira resulta em descontos para a Previdência. Ou, se o salário for um pouquinho melhor, até para o Imposto de Renda. A resposta do candidato ao emprego é óbvia: sem carteira.
Quando o trabalhador ou trabalhadora que têm consciência dos seus direitos recusam o emprego sem carteira, às vezes, escutam “malandro, não quer trabalhar”.
Em qualquer setor, em qualquer atividade, o jeitinho se impõe. O executivo de terno italiano de grife, o apresentador da televisão e a atriz de um musical não são assalariados. São pessoas jurídicas, PJs, unicamente para que empresas paguem menos impostos. Advogados, dentistas e prestadores de serviços oferecem seus préstimos com ou sem recibo, e esse último é mais barato. Bancários, telefonistas, vendedores e outras tantas categorias viram sua profissão periclitar: eles são agora atendentes de call centers, terceirizados por grandes empresas. O jeitinho é a regra não escrita, sem exigência legal, mas seguida ao pé da letra nas relações micro e macrossociais. Está tão estabelecido, é tão natural que estranhá-lo (hoje menos do que ontem, reconheça-se) pode ser entendido como pedantismo, arrogância ou ignorância: “Nego metido a besta”, é a sentença. A não resolução da questão do trabalho, o seu estatuto social, é no fundo a matriz do jeitinho. Simpático, ele é uma das maiores marcas do moderno atraso brasileiro. (Francisco de Oliveira, revista piauí n. 73, outubro 2012, excerto). 

Quanto ao texto, trata-se de:

Alternativas

ID
4148989
Banca
CÁSPER LÍBERO
Órgão
CÁSPER LÍBERO
Ano
2012
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Leia o texto a seguir e responda à questão.


Jeitinho e jeitão: uma tentativa de interpretação do caráter brasileiro


Nascido inicialmente das contradições entre uma ordem liberal formal e uma realidade escravista, o jeitinho transformou-se em código geral de sociabilidade.
Recordo um caso pessoal, passado há muito tempo. Eu trabalhava com Celso Furtado (rigorosamente antijeitinho), que recebia um diretor do Banco Interamericano de Desenvolvimento, por sinal um conterrâneo seu. Este, vendo-me por perto, e julgando que eu não era parte da conversa, pediu-me água. Pediu a primeira, a segunda e a terceira vez. Fui obrigado a dizer-lhe que não confundisse gentileza com servilismo, e que da próxima vez ele mesmo se servisse. Não ocorria àquele senhor que alguém que não fosse da sua grei pudesse tomar parte de uma conversa com altos representantes da banca interamericana. A origem do jeitinho, assim como a da cordialidade teorizada por Sérgio Buarque, se explica pela incompletude das relações mercantis capitalistas. Parece sempre que as pessoas estão “sobrando”. Elas são como que resquícios de relações não mercantis, não cabem no universo da civilidade. E às pessoas que sobram pode ser pedida qualquer coisa, já que é obrigação do dominado servir ao dominante.
Qualquer reunião brasileira está cheia de batidinhas nas costas na hora do cumprimento, impondo logo de saída uma intimidade que é intimatória e intimidatória. Um dos cumprimentos mais característicos de Luiz Inácio Lula da Silva, por exemplo, é bater com as costas da mão na barriga dos interlocutores. Mesmo em encontros formais, o primeiro gesto de Lula ao se aproximar de qualquer pessoa é tocar-lhe a barriga.
A matriz desses gestos encontra-se evidentemente no longo período escravagista. Nele, o corpo dos negros era propriedade, podia ser tocado e usado. O surpreendente é que esses gestos e costumes tenham persistido ao longo de 100 anos de vigência de um capitalismo pleno. O escravismo e a escravidão não explicam inteiramente a “longa duração” da informalidade generalizada e dos hábitos que a acompanham. Os Estados Unidos tiveram um sistema escravista que chegou até a organizar fazendas de criação de negros. A ruptura com o escravismo custou à nação norte-americana uma guerra civil que deixou marcas até hoje. Mas o jeitinho não foi o expediente que usaram para superar os problemas colocados pelo capitalismo que avança.
Aqui, o jeitinho das classes dominantes se impôs na abolição da escravatura. Primeiro veio a Lei do Ventre Livre: garotos e garotas negros eram libertados em meio à escravidão. Mas como inexistia a perspectiva de terem terra, emprego ou salário, a libertação não lhes servia para quase nada. 
Depois veio a Lei dos Sexagenários. Aos 60 anos, os negros que ainda estivessem vivos eram libertados. Ora, já se sabia que a vida média de um escravo não alcançava os 40 anos. Como mostrou Luiz Felipe de Alencastro em O Tratado dos Viventes, depois de décadas de labuta no eito, o consumo do trabalho pelo capital não era uma metáfora: o negro era um molambo de gente, e não um homem livre, mesmo quando libertado pela Lei dos Sexagenários.
O que parecia cautela e previsão era, na verdade, o jeitinho (e o jeitão) em movimento. Gradualmente, até a chamada Lei Áurea, a escravidão persistiu. Isso criou uma superpopulação trabalhadora que o sistema produtivo não tinha como incorporar. Com a industrialização, tão sonhada pelos modernos, o problema se agravou. Tendo que copiar uma industrialização de matriz exógena, que tende sempre à economia do trabalho, os excedentes populacionais cresceram exponencialmente.
Assim, o chamado trabalho informal tornou-se estrutural no capitalismo brasileiro. É ele que regula a taxa de salários, e não as normas trabalhistas fundadas por Vargas. A partir daí todas as burlas são permitidas e estimuladas. A pergunta que um candidato a emprego mais ouve é: com carteira ou sem carteira? O funcionário com carteira resulta em descontos para a Previdência. Ou, se o salário for um pouquinho melhor, até para o Imposto de Renda. A resposta do candidato ao emprego é óbvia: sem carteira.
Quando o trabalhador ou trabalhadora que têm consciência dos seus direitos recusam o emprego sem carteira, às vezes, escutam “malandro, não quer trabalhar”.
Em qualquer setor, em qualquer atividade, o jeitinho se impõe. O executivo de terno italiano de grife, o apresentador da televisão e a atriz de um musical não são assalariados. São pessoas jurídicas, PJs, unicamente para que empresas paguem menos impostos. Advogados, dentistas e prestadores de serviços oferecem seus préstimos com ou sem recibo, e esse último é mais barato. Bancários, telefonistas, vendedores e outras tantas categorias viram sua profissão periclitar: eles são agora atendentes de call centers, terceirizados por grandes empresas. O jeitinho é a regra não escrita, sem exigência legal, mas seguida ao pé da letra nas relações micro e macrossociais. Está tão estabelecido, é tão natural que estranhá-lo (hoje menos do que ontem, reconheça-se) pode ser entendido como pedantismo, arrogância ou ignorância: “Nego metido a besta”, é a sentença. A não resolução da questão do trabalho, o seu estatuto social, é no fundo a matriz do jeitinho. Simpático, ele é uma das maiores marcas do moderno atraso brasileiro. (Francisco de Oliveira, revista piauí n. 73, outubro 2012, excerto). 

Assinale a opção que identifica corretamente o argumento central do texto:

Alternativas

ID
4148992
Banca
CÁSPER LÍBERO
Órgão
CÁSPER LÍBERO
Ano
2012
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Leia o texto a seguir e responda à questão.


Jeitinho e jeitão: uma tentativa de interpretação do caráter brasileiro


Nascido inicialmente das contradições entre uma ordem liberal formal e uma realidade escravista, o jeitinho transformou-se em código geral de sociabilidade.
Recordo um caso pessoal, passado há muito tempo. Eu trabalhava com Celso Furtado (rigorosamente antijeitinho), que recebia um diretor do Banco Interamericano de Desenvolvimento, por sinal um conterrâneo seu. Este, vendo-me por perto, e julgando que eu não era parte da conversa, pediu-me água. Pediu a primeira, a segunda e a terceira vez. Fui obrigado a dizer-lhe que não confundisse gentileza com servilismo, e que da próxima vez ele mesmo se servisse. Não ocorria àquele senhor que alguém que não fosse da sua grei pudesse tomar parte de uma conversa com altos representantes da banca interamericana. A origem do jeitinho, assim como a da cordialidade teorizada por Sérgio Buarque, se explica pela incompletude das relações mercantis capitalistas. Parece sempre que as pessoas estão “sobrando”. Elas são como que resquícios de relações não mercantis, não cabem no universo da civilidade. E às pessoas que sobram pode ser pedida qualquer coisa, já que é obrigação do dominado servir ao dominante.
Qualquer reunião brasileira está cheia de batidinhas nas costas na hora do cumprimento, impondo logo de saída uma intimidade que é intimatória e intimidatória. Um dos cumprimentos mais característicos de Luiz Inácio Lula da Silva, por exemplo, é bater com as costas da mão na barriga dos interlocutores. Mesmo em encontros formais, o primeiro gesto de Lula ao se aproximar de qualquer pessoa é tocar-lhe a barriga.
A matriz desses gestos encontra-se evidentemente no longo período escravagista. Nele, o corpo dos negros era propriedade, podia ser tocado e usado. O surpreendente é que esses gestos e costumes tenham persistido ao longo de 100 anos de vigência de um capitalismo pleno. O escravismo e a escravidão não explicam inteiramente a “longa duração” da informalidade generalizada e dos hábitos que a acompanham. Os Estados Unidos tiveram um sistema escravista que chegou até a organizar fazendas de criação de negros. A ruptura com o escravismo custou à nação norte-americana uma guerra civil que deixou marcas até hoje. Mas o jeitinho não foi o expediente que usaram para superar os problemas colocados pelo capitalismo que avança.
Aqui, o jeitinho das classes dominantes se impôs na abolição da escravatura. Primeiro veio a Lei do Ventre Livre: garotos e garotas negros eram libertados em meio à escravidão. Mas como inexistia a perspectiva de terem terra, emprego ou salário, a libertação não lhes servia para quase nada. 
Depois veio a Lei dos Sexagenários. Aos 60 anos, os negros que ainda estivessem vivos eram libertados. Ora, já se sabia que a vida média de um escravo não alcançava os 40 anos. Como mostrou Luiz Felipe de Alencastro em O Tratado dos Viventes, depois de décadas de labuta no eito, o consumo do trabalho pelo capital não era uma metáfora: o negro era um molambo de gente, e não um homem livre, mesmo quando libertado pela Lei dos Sexagenários.
O que parecia cautela e previsão era, na verdade, o jeitinho (e o jeitão) em movimento. Gradualmente, até a chamada Lei Áurea, a escravidão persistiu. Isso criou uma superpopulação trabalhadora que o sistema produtivo não tinha como incorporar. Com a industrialização, tão sonhada pelos modernos, o problema se agravou. Tendo que copiar uma industrialização de matriz exógena, que tende sempre à economia do trabalho, os excedentes populacionais cresceram exponencialmente.
Assim, o chamado trabalho informal tornou-se estrutural no capitalismo brasileiro. É ele que regula a taxa de salários, e não as normas trabalhistas fundadas por Vargas. A partir daí todas as burlas são permitidas e estimuladas. A pergunta que um candidato a emprego mais ouve é: com carteira ou sem carteira? O funcionário com carteira resulta em descontos para a Previdência. Ou, se o salário for um pouquinho melhor, até para o Imposto de Renda. A resposta do candidato ao emprego é óbvia: sem carteira.
Quando o trabalhador ou trabalhadora que têm consciência dos seus direitos recusam o emprego sem carteira, às vezes, escutam “malandro, não quer trabalhar”.
Em qualquer setor, em qualquer atividade, o jeitinho se impõe. O executivo de terno italiano de grife, o apresentador da televisão e a atriz de um musical não são assalariados. São pessoas jurídicas, PJs, unicamente para que empresas paguem menos impostos. Advogados, dentistas e prestadores de serviços oferecem seus préstimos com ou sem recibo, e esse último é mais barato. Bancários, telefonistas, vendedores e outras tantas categorias viram sua profissão periclitar: eles são agora atendentes de call centers, terceirizados por grandes empresas. O jeitinho é a regra não escrita, sem exigência legal, mas seguida ao pé da letra nas relações micro e macrossociais. Está tão estabelecido, é tão natural que estranhá-lo (hoje menos do que ontem, reconheça-se) pode ser entendido como pedantismo, arrogância ou ignorância: “Nego metido a besta”, é a sentença. A não resolução da questão do trabalho, o seu estatuto social, é no fundo a matriz do jeitinho. Simpático, ele é uma das maiores marcas do moderno atraso brasileiro. (Francisco de Oliveira, revista piauí n. 73, outubro 2012, excerto). 

Assinale a opção em cuja frase a palavra “caráter” tem o mesmo sentido daquele empregado no título do texto:

Alternativas

ID
4148995
Banca
CÁSPER LÍBERO
Órgão
CÁSPER LÍBERO
Ano
2012
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Leia o texto a seguir e responda à questão.


Jeitinho e jeitão: uma tentativa de interpretação do caráter brasileiro


Nascido inicialmente das contradições entre uma ordem liberal formal e uma realidade escravista, o jeitinho transformou-se em código geral de sociabilidade.
Recordo um caso pessoal, passado há muito tempo. Eu trabalhava com Celso Furtado (rigorosamente antijeitinho), que recebia um diretor do Banco Interamericano de Desenvolvimento, por sinal um conterrâneo seu. Este, vendo-me por perto, e julgando que eu não era parte da conversa, pediu-me água. Pediu a primeira, a segunda e a terceira vez. Fui obrigado a dizer-lhe que não confundisse gentileza com servilismo, e que da próxima vez ele mesmo se servisse. Não ocorria àquele senhor que alguém que não fosse da sua grei pudesse tomar parte de uma conversa com altos representantes da banca interamericana. A origem do jeitinho, assim como a da cordialidade teorizada por Sérgio Buarque, se explica pela incompletude das relações mercantis capitalistas. Parece sempre que as pessoas estão “sobrando”. Elas são como que resquícios de relações não mercantis, não cabem no universo da civilidade. E às pessoas que sobram pode ser pedida qualquer coisa, já que é obrigação do dominado servir ao dominante.
Qualquer reunião brasileira está cheia de batidinhas nas costas na hora do cumprimento, impondo logo de saída uma intimidade que é intimatória e intimidatória. Um dos cumprimentos mais característicos de Luiz Inácio Lula da Silva, por exemplo, é bater com as costas da mão na barriga dos interlocutores. Mesmo em encontros formais, o primeiro gesto de Lula ao se aproximar de qualquer pessoa é tocar-lhe a barriga.
A matriz desses gestos encontra-se evidentemente no longo período escravagista. Nele, o corpo dos negros era propriedade, podia ser tocado e usado. O surpreendente é que esses gestos e costumes tenham persistido ao longo de 100 anos de vigência de um capitalismo pleno. O escravismo e a escravidão não explicam inteiramente a “longa duração” da informalidade generalizada e dos hábitos que a acompanham. Os Estados Unidos tiveram um sistema escravista que chegou até a organizar fazendas de criação de negros. A ruptura com o escravismo custou à nação norte-americana uma guerra civil que deixou marcas até hoje. Mas o jeitinho não foi o expediente que usaram para superar os problemas colocados pelo capitalismo que avança.
Aqui, o jeitinho das classes dominantes se impôs na abolição da escravatura. Primeiro veio a Lei do Ventre Livre: garotos e garotas negros eram libertados em meio à escravidão. Mas como inexistia a perspectiva de terem terra, emprego ou salário, a libertação não lhes servia para quase nada. 
Depois veio a Lei dos Sexagenários. Aos 60 anos, os negros que ainda estivessem vivos eram libertados. Ora, já se sabia que a vida média de um escravo não alcançava os 40 anos. Como mostrou Luiz Felipe de Alencastro em O Tratado dos Viventes, depois de décadas de labuta no eito, o consumo do trabalho pelo capital não era uma metáfora: o negro era um molambo de gente, e não um homem livre, mesmo quando libertado pela Lei dos Sexagenários.
O que parecia cautela e previsão era, na verdade, o jeitinho (e o jeitão) em movimento. Gradualmente, até a chamada Lei Áurea, a escravidão persistiu. Isso criou uma superpopulação trabalhadora que o sistema produtivo não tinha como incorporar. Com a industrialização, tão sonhada pelos modernos, o problema se agravou. Tendo que copiar uma industrialização de matriz exógena, que tende sempre à economia do trabalho, os excedentes populacionais cresceram exponencialmente.
Assim, o chamado trabalho informal tornou-se estrutural no capitalismo brasileiro. É ele que regula a taxa de salários, e não as normas trabalhistas fundadas por Vargas. A partir daí todas as burlas são permitidas e estimuladas. A pergunta que um candidato a emprego mais ouve é: com carteira ou sem carteira? O funcionário com carteira resulta em descontos para a Previdência. Ou, se o salário for um pouquinho melhor, até para o Imposto de Renda. A resposta do candidato ao emprego é óbvia: sem carteira.
Quando o trabalhador ou trabalhadora que têm consciência dos seus direitos recusam o emprego sem carteira, às vezes, escutam “malandro, não quer trabalhar”.
Em qualquer setor, em qualquer atividade, o jeitinho se impõe. O executivo de terno italiano de grife, o apresentador da televisão e a atriz de um musical não são assalariados. São pessoas jurídicas, PJs, unicamente para que empresas paguem menos impostos. Advogados, dentistas e prestadores de serviços oferecem seus préstimos com ou sem recibo, e esse último é mais barato. Bancários, telefonistas, vendedores e outras tantas categorias viram sua profissão periclitar: eles são agora atendentes de call centers, terceirizados por grandes empresas. O jeitinho é a regra não escrita, sem exigência legal, mas seguida ao pé da letra nas relações micro e macrossociais. Está tão estabelecido, é tão natural que estranhá-lo (hoje menos do que ontem, reconheça-se) pode ser entendido como pedantismo, arrogância ou ignorância: “Nego metido a besta”, é a sentença. A não resolução da questão do trabalho, o seu estatuto social, é no fundo a matriz do jeitinho. Simpático, ele é uma das maiores marcas do moderno atraso brasileiro. (Francisco de Oliveira, revista piauí n. 73, outubro 2012, excerto). 

Assinale a opção que apresenta, respectivamente, o significado das palavras “grei”, “exógena” e “periclitar”, conforme elas são empregadas no texto:

Alternativas

ID
4148998
Banca
CÁSPER LÍBERO
Órgão
CÁSPER LÍBERO
Ano
2012
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Leia o texto a seguir e responda à questão.


Jeitinho e jeitão: uma tentativa de interpretação do caráter brasileiro


Nascido inicialmente das contradições entre uma ordem liberal formal e uma realidade escravista, o jeitinho transformou-se em código geral de sociabilidade.
Recordo um caso pessoal, passado há muito tempo. Eu trabalhava com Celso Furtado (rigorosamente antijeitinho), que recebia um diretor do Banco Interamericano de Desenvolvimento, por sinal um conterrâneo seu. Este, vendo-me por perto, e julgando que eu não era parte da conversa, pediu-me água. Pediu a primeira, a segunda e a terceira vez. Fui obrigado a dizer-lhe que não confundisse gentileza com servilismo, e que da próxima vez ele mesmo se servisse. Não ocorria àquele senhor que alguém que não fosse da sua grei pudesse tomar parte de uma conversa com altos representantes da banca interamericana. A origem do jeitinho, assim como a da cordialidade teorizada por Sérgio Buarque, se explica pela incompletude das relações mercantis capitalistas. Parece sempre que as pessoas estão “sobrando”. Elas são como que resquícios de relações não mercantis, não cabem no universo da civilidade. E às pessoas que sobram pode ser pedida qualquer coisa, já que é obrigação do dominado servir ao dominante.
Qualquer reunião brasileira está cheia de batidinhas nas costas na hora do cumprimento, impondo logo de saída uma intimidade que é intimatória e intimidatória. Um dos cumprimentos mais característicos de Luiz Inácio Lula da Silva, por exemplo, é bater com as costas da mão na barriga dos interlocutores. Mesmo em encontros formais, o primeiro gesto de Lula ao se aproximar de qualquer pessoa é tocar-lhe a barriga.
A matriz desses gestos encontra-se evidentemente no longo período escravagista. Nele, o corpo dos negros era propriedade, podia ser tocado e usado. O surpreendente é que esses gestos e costumes tenham persistido ao longo de 100 anos de vigência de um capitalismo pleno. O escravismo e a escravidão não explicam inteiramente a “longa duração” da informalidade generalizada e dos hábitos que a acompanham. Os Estados Unidos tiveram um sistema escravista que chegou até a organizar fazendas de criação de negros. A ruptura com o escravismo custou à nação norte-americana uma guerra civil que deixou marcas até hoje. Mas o jeitinho não foi o expediente que usaram para superar os problemas colocados pelo capitalismo que avança.
Aqui, o jeitinho das classes dominantes se impôs na abolição da escravatura. Primeiro veio a Lei do Ventre Livre: garotos e garotas negros eram libertados em meio à escravidão. Mas como inexistia a perspectiva de terem terra, emprego ou salário, a libertação não lhes servia para quase nada. 
Depois veio a Lei dos Sexagenários. Aos 60 anos, os negros que ainda estivessem vivos eram libertados. Ora, já se sabia que a vida média de um escravo não alcançava os 40 anos. Como mostrou Luiz Felipe de Alencastro em O Tratado dos Viventes, depois de décadas de labuta no eito, o consumo do trabalho pelo capital não era uma metáfora: o negro era um molambo de gente, e não um homem livre, mesmo quando libertado pela Lei dos Sexagenários.
O que parecia cautela e previsão era, na verdade, o jeitinho (e o jeitão) em movimento. Gradualmente, até a chamada Lei Áurea, a escravidão persistiu. Isso criou uma superpopulação trabalhadora que o sistema produtivo não tinha como incorporar. Com a industrialização, tão sonhada pelos modernos, o problema se agravou. Tendo que copiar uma industrialização de matriz exógena, que tende sempre à economia do trabalho, os excedentes populacionais cresceram exponencialmente.
Assim, o chamado trabalho informal tornou-se estrutural no capitalismo brasileiro. É ele que regula a taxa de salários, e não as normas trabalhistas fundadas por Vargas. A partir daí todas as burlas são permitidas e estimuladas. A pergunta que um candidato a emprego mais ouve é: com carteira ou sem carteira? O funcionário com carteira resulta em descontos para a Previdência. Ou, se o salário for um pouquinho melhor, até para o Imposto de Renda. A resposta do candidato ao emprego é óbvia: sem carteira.
Quando o trabalhador ou trabalhadora que têm consciência dos seus direitos recusam o emprego sem carteira, às vezes, escutam “malandro, não quer trabalhar”.
Em qualquer setor, em qualquer atividade, o jeitinho se impõe. O executivo de terno italiano de grife, o apresentador da televisão e a atriz de um musical não são assalariados. São pessoas jurídicas, PJs, unicamente para que empresas paguem menos impostos. Advogados, dentistas e prestadores de serviços oferecem seus préstimos com ou sem recibo, e esse último é mais barato. Bancários, telefonistas, vendedores e outras tantas categorias viram sua profissão periclitar: eles são agora atendentes de call centers, terceirizados por grandes empresas. O jeitinho é a regra não escrita, sem exigência legal, mas seguida ao pé da letra nas relações micro e macrossociais. Está tão estabelecido, é tão natural que estranhá-lo (hoje menos do que ontem, reconheça-se) pode ser entendido como pedantismo, arrogância ou ignorância: “Nego metido a besta”, é a sentença. A não resolução da questão do trabalho, o seu estatuto social, é no fundo a matriz do jeitinho. Simpático, ele é uma das maiores marcas do moderno atraso brasileiro. (Francisco de Oliveira, revista piauí n. 73, outubro 2012, excerto). 

Assinale a opção que caracteriza corretamente a regra de concordância nominal empregada em “garotos e garotas negros”:

Alternativas

ID
4149001
Banca
CÁSPER LÍBERO
Órgão
CÁSPER LÍBERO
Ano
2012
Provas
Disciplina
Português

Leia o texto a seguir e responda à questão.


Jeitinho e jeitão: uma tentativa de interpretação do caráter brasileiro


Nascido inicialmente das contradições entre uma ordem liberal formal e uma realidade escravista, o jeitinho transformou-se em código geral de sociabilidade.
Recordo um caso pessoal, passado há muito tempo. Eu trabalhava com Celso Furtado (rigorosamente antijeitinho), que recebia um diretor do Banco Interamericano de Desenvolvimento, por sinal um conterrâneo seu. Este, vendo-me por perto, e julgando que eu não era parte da conversa, pediu-me água. Pediu a primeira, a segunda e a terceira vez. Fui obrigado a dizer-lhe que não confundisse gentileza com servilismo, e que da próxima vez ele mesmo se servisse. Não ocorria àquele senhor que alguém que não fosse da sua grei pudesse tomar parte de uma conversa com altos representantes da banca interamericana. A origem do jeitinho, assim como a da cordialidade teorizada por Sérgio Buarque, se explica pela incompletude das relações mercantis capitalistas. Parece sempre que as pessoas estão “sobrando”. Elas são como que resquícios de relações não mercantis, não cabem no universo da civilidade. E às pessoas que sobram pode ser pedida qualquer coisa, já que é obrigação do dominado servir ao dominante.
Qualquer reunião brasileira está cheia de batidinhas nas costas na hora do cumprimento, impondo logo de saída uma intimidade que é intimatória e intimidatória. Um dos cumprimentos mais característicos de Luiz Inácio Lula da Silva, por exemplo, é bater com as costas da mão na barriga dos interlocutores. Mesmo em encontros formais, o primeiro gesto de Lula ao se aproximar de qualquer pessoa é tocar-lhe a barriga.
A matriz desses gestos encontra-se evidentemente no longo período escravagista. Nele, o corpo dos negros era propriedade, podia ser tocado e usado. O surpreendente é que esses gestos e costumes tenham persistido ao longo de 100 anos de vigência de um capitalismo pleno. O escravismo e a escravidão não explicam inteiramente a “longa duração” da informalidade generalizada e dos hábitos que a acompanham. Os Estados Unidos tiveram um sistema escravista que chegou até a organizar fazendas de criação de negros. A ruptura com o escravismo custou à nação norte-americana uma guerra civil que deixou marcas até hoje. Mas o jeitinho não foi o expediente que usaram para superar os problemas colocados pelo capitalismo que avança.
Aqui, o jeitinho das classes dominantes se impôs na abolição da escravatura. Primeiro veio a Lei do Ventre Livre: garotos e garotas negros eram libertados em meio à escravidão. Mas como inexistia a perspectiva de terem terra, emprego ou salário, a libertação não lhes servia para quase nada. 
Depois veio a Lei dos Sexagenários. Aos 60 anos, os negros que ainda estivessem vivos eram libertados. Ora, já se sabia que a vida média de um escravo não alcançava os 40 anos. Como mostrou Luiz Felipe de Alencastro em O Tratado dos Viventes, depois de décadas de labuta no eito, o consumo do trabalho pelo capital não era uma metáfora: o negro era um molambo de gente, e não um homem livre, mesmo quando libertado pela Lei dos Sexagenários.
O que parecia cautela e previsão era, na verdade, o jeitinho (e o jeitão) em movimento. Gradualmente, até a chamada Lei Áurea, a escravidão persistiu. Isso criou uma superpopulação trabalhadora que o sistema produtivo não tinha como incorporar. Com a industrialização, tão sonhada pelos modernos, o problema se agravou. Tendo que copiar uma industrialização de matriz exógena, que tende sempre à economia do trabalho, os excedentes populacionais cresceram exponencialmente.
Assim, o chamado trabalho informal tornou-se estrutural no capitalismo brasileiro. É ele que regula a taxa de salários, e não as normas trabalhistas fundadas por Vargas. A partir daí todas as burlas são permitidas e estimuladas. A pergunta que um candidato a emprego mais ouve é: com carteira ou sem carteira? O funcionário com carteira resulta em descontos para a Previdência. Ou, se o salário for um pouquinho melhor, até para o Imposto de Renda. A resposta do candidato ao emprego é óbvia: sem carteira.
Quando o trabalhador ou trabalhadora que têm consciência dos seus direitos recusam o emprego sem carteira, às vezes, escutam “malandro, não quer trabalhar”.
Em qualquer setor, em qualquer atividade, o jeitinho se impõe. O executivo de terno italiano de grife, o apresentador da televisão e a atriz de um musical não são assalariados. São pessoas jurídicas, PJs, unicamente para que empresas paguem menos impostos. Advogados, dentistas e prestadores de serviços oferecem seus préstimos com ou sem recibo, e esse último é mais barato. Bancários, telefonistas, vendedores e outras tantas categorias viram sua profissão periclitar: eles são agora atendentes de call centers, terceirizados por grandes empresas. O jeitinho é a regra não escrita, sem exigência legal, mas seguida ao pé da letra nas relações micro e macrossociais. Está tão estabelecido, é tão natural que estranhá-lo (hoje menos do que ontem, reconheça-se) pode ser entendido como pedantismo, arrogância ou ignorância: “Nego metido a besta”, é a sentença. A não resolução da questão do trabalho, o seu estatuto social, é no fundo a matriz do jeitinho. Simpático, ele é uma das maiores marcas do moderno atraso brasileiro. (Francisco de Oliveira, revista piauí n. 73, outubro 2012, excerto). 

Em “Quando o trabalhador ou trabalhadora (...) recusam o emprego sem carteira...”, o verbo “recusar” não estaria flexionado no plural se a conjunção “ou” criasse uma relação de:

Alternativas

ID
4149004
Banca
CÁSPER LÍBERO
Órgão
CÁSPER LÍBERO
Ano
2012
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

A propósito do nascimento da imprensa no Brasil, pode-se afirmar corretamente que ela:

Alternativas

ID
4149007
Banca
CÁSPER LÍBERO
Órgão
CÁSPER LÍBERO
Ano
2012
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

“Tanto a exposição crua das mazelas sociais presente na obra de Aluísio Azevedo, como a tentativa de representar literariamente as contradições de tal sociedade, desenvolvida por Machado, evidenciavam, porém, que a literatura produzida no Brasil tomara definitivamente novo rumo (...). Fosse por choque ou reflexão, ficava claro que os literatos brasileiros ostensivamente voltavam seu olhar para as ruas, tirando delas matéria para sua arte”. Leonardo Affonso Pereira. A realidade como vocação. In: Keila Grinberg & Ricardo Salles [orgs.] O Brasil imperial v.III. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2009.

As “mazelas sociais”, assim como as “contradições de tal sociedade” às quais o texto se refere têm, dentre seus denominadores comuns:

Alternativas

ID
4149010
Banca
CÁSPER LÍBERO
Órgão
CÁSPER LÍBERO
Ano
2012
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

“O modelo político de desenvolvimento que hoje se esboça no Brasil poderia ser chamado de tecnoburocrático-capitalista. Está baseado em uma aliança entre a tecnoburocracia militar e civil de um lado, e o capitalismo internacional e nacional do outro. Esta aliança apoia-se, por sua vez, em um modelo econômico de desenvolvimento que se caracteriza pela modernização da economia, pela concentração de renda nas classes altas e médias e pela marginalização da classe baixa”. (Luiz Carlos Bresser Pereira. Desenvolvimento e crise no Brasil. São Paulo: Brasiliense, 1972). No texto acima, publicado em 1972, entende-se que:

Alternativas

ID
4149013
Banca
CÁSPER LÍBERO
Órgão
CÁSPER LÍBERO
Ano
2012
Provas
Disciplina
História
Assuntos

O recurso do coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, reconhecido como responsável por praticar torturas no período do regime militar, foi negado por unanimidade pela 1ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça de São Paulo nesta terça-feira (14). O coronel Brilhante Ustra comandou o Doi-Codi (Destacamento de Operações de Informações - Centro de Operações de Defesa Interna), em São Paulo, no período de 29 de setembro de 1970 a 23 de janeiro de 1974. Em 1972 Maria Teles, o marido, Cesar Teles e a irmã Crimeia foram presos e torturados no Doi-Codi. Os filhos do casal também ficaram em poder dos militares. (Jornal do Brasil on-line, 21/10/2012). A notícia acima e os fatos a que ela se refere permitem a identificação de uma característica não só da ditadura militar vigente no Brasil durante a década de 1970, mas também da ditadura que vigorou em países como Chile e Argentina, a saber:

Alternativas

ID
4149016
Banca
CÁSPER LÍBERO
Órgão
CÁSPER LÍBERO
Ano
2012
Provas
Disciplina
Conhecimentos Gerais
Assuntos

A organização de uma homenagem ao ex-presidente Augusto Pinochet (1973- 1990) no próximo dia 10 gerou protestos no Chile e reações de movimentos sociais e de defesa dos direitos humanos, assim como protestos no Parlamento. A organização não governamental (ONG) Corporação para a Defesa dos Direitos do Povo fez uma manifestação em frente ao Teatro Caupolicán de Santiago, capital chilena, onde o evento deve ocorrer. O governo do general Pinochet foi considerado um dos mais duros na América Latina. Por 23 anos, o Chile ficou sob uma ditadura. Os casos de mortos e desaparecidos políticos são temas presentes na política nacional. A ex-presidenta chilena Michelle Bachelet, que antecedeu o atual presidente Sebastián Piñera, perdeu o pai, assassinado durante a ditadura Pinochet. (CartaCapital, 30/5/2012).


A partir da notícia, é correto afirmar que:

Alternativas

ID
4149019
Banca
CÁSPER LÍBERO
Órgão
CÁSPER LÍBERO
Ano
2012
Provas
Disciplina
Atualidades
Assuntos

“Uma polêmica ronda a América Latina. Ela toca em pontos sensíveis e várias ordens de interesses. Trata-se das propostas envolvendo a elaboração de novas legislações para os meios de comunicação em alguns países do continente. Isso acontece especialmente na Venezuela, Argentina, Equador e Bolívia. No Brasil ainda não há uma decisão de governo a respeito” (Revista do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada - IPEA, n. 71).

Na Argentina, a nova regulamentação da área de comunicações levada a cabo pelo governo de Cristina Kirchner tem gerado amplo debate nacional, envolvendo disputas jurídicas.

Assinale a afirmação correta sobre esse debate:

Alternativas

ID
4149028
Banca
CÁSPER LÍBERO
Órgão
CÁSPER LÍBERO
Ano
2012
Provas
Disciplina
Física
Assuntos

O austríaco Felix Baumgartner se tornou neste domingo (14) o primeiro humano a quebrar a barreira do som em queda livre, em um salto realizado a partir da estratosfera. O paraquedista atingiu o máximo de 1.342 km/h nos 4 minutos e 20 segundos antes da abertura do paraquedas. (Folha de S. Paulo) A expressão analítica abaixo relaciona a velocidade V atingida por um corpo em queda livre em função do tempo t de queda.

V(t)=Vo+gt


Vo é a velocidade inicial do corpo e g é a aceleração da gravidade. Essa expressão despreza a resistência do ar ou qualquer outra força atuante que desacelere o corpo, situação que o saltador experimentou nos primeiros instantes da queda, ainda bem distante de reentrar na troposfera. Aproximando g=10m/s2, podemos dizer que a velocidade máxima (lembre-se: 1m/s = 3,6km/h) atingida pelo austríaco, citada no texto acima, aconteceu:

Alternativas

ID
4149031
Banca
CÁSPER LÍBERO
Órgão
CÁSPER LÍBERO
Ano
2012
Provas
Disciplina
Conhecimentos Gerais
Assuntos

Sobre a eclosão do movimento grevista no ABC paulista, no final da década de setenta, é correto afirmar:

Alternativas

ID
4149034
Banca
CÁSPER LÍBERO
Órgão
CÁSPER LÍBERO
Ano
2012
Provas
Disciplina
História
Assuntos

Sobre a Revolução Francesa iniciada em 1789, é correto afirmar que:

Alternativas

ID
4149037
Banca
CÁSPER LÍBERO
Órgão
CÁSPER LÍBERO
Ano
2012
Provas
Disciplina
História
Assuntos

Levantamentos históricos estimam que cerca de 3 milhões e 600 mil africanos desembarcaram no Brasil, entre os séculos XVI e XIX, na condição de escravos vendidos para trabalhar em regiões e setores produtivos muito variados. Segundo a escala temporal e humana desse fenômeno, pode-se- dizer que ela:

Alternativas
Comentários
  • Lembrando que o Brasil foi o último país da América do Sul a acabar com a escravidão.

    .


ID
4149040
Banca
CÁSPER LÍBERO
Órgão
CÁSPER LÍBERO
Ano
2012
Provas
Disciplina
História
Assuntos

Os conflitos armados, responsáveis, dentre outros fatores, pela consolidação de Estados nacionais no continente americano, ao longo do século XIX, são:

Alternativas
Comentários
  • Se você apenas lembrar da guerra do pacífico mata


ID
4149043
Banca
CÁSPER LÍBERO
Órgão
CÁSPER LÍBERO
Ano
2012
Provas
Disciplina
História
Assuntos

“Nunca, portanto, os europeus dominaram o mundo de forma tão completa e inquestionável como em nosso período de estudo, de 1848 a 1875. Para ser mais preciso, nunca brancos de origem europeia dominaram com menos desafio, pois o mundo da economia e do poder capitalista incluía pelo menos um estado não-europeu, ou melhor, uma federação, os Estados Unidos da América”. (Eric J. Hobsbawm. A Era do capital, 1848-1875. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1982). Exemplos dessa dominação referida pelo texto são as presenças coloniais:

Alternativas
Comentários
  • E os juros sobre capital próprio?


ID
4149046
Banca
CÁSPER LÍBERO
Órgão
CÁSPER LÍBERO
Ano
2012
Provas
Disciplina
História
Assuntos

“Foi principalmente no governo JK que começou a ganhar evidência um dos mais novos atores na cena política brasileira, o campesinato. Até então restritos ao interior das propriedades, sujeitos à dominação dos grandes senhores, os camponeses começaram a se mobilizar, e a se organizar, lutando por direitos e por terra. É certo que esse processo se iniciou bem anteriormente, pelo menos nos anos 1940. Contudo, foi apenas na segunda metade da década de 1950 que passou a ter maior visibilidade, ocupando as primeiras páginas dos jornais, impondo-se ao debate político, projetando os camponeses nas cidades, nos centros de tomadas de decisão”. (Mario Grynszpan, “O Brasil de JK - Movimentos sociais no campo”) Fatores diretamente ligados à emergência do campesinato como ator político durante o governo de Juscelino Kubitschek são:

Alternativas
Comentários
  • As Ligas Camponesas surgiram em 1946 


ID
4149049
Banca
CÁSPER LÍBERO
Órgão
CÁSPER LÍBERO
Ano
2012
Provas
Disciplina
Geografia
Assuntos

”O desenvolvimento da primeira metade do século XX apresenta-se basicamente como um processo de articulação das distintas regiões do país [o Brasil] em um sistema com um mínimo de integração. O rápido crescimento da economia cafeeira – durante o meio século compreendido entre 1880 e 1930 – se, por um lado, criou fortes discrepâncias regionais de níveis de renda per capita, por outro, dotou o Brasil de um sólido núcleo em torno do qual as demais regiões tiveram necessariamente de articular-se. Esse processo de articulação começou, conforme já indicamos, com a região sul do país”. (Celso Furtado. Formação econômica do Brasil. São Paulo: Editora Nacional, 1986).
Considerando o texto acima e os desenvolvimentos posteriores do tema nele tratado, pode-se afirmar que o Brasil atual:

Alternativas

ID
4149052
Banca
CÁSPER LÍBERO
Órgão
CÁSPER LÍBERO
Ano
2012
Provas
Disciplina
Atualidades
Assuntos

Em 1º de outubro deste ano, o jornal digital RFI publicou artigo afirmando que “segundo vários economistas, o governo francês assume uma política que vai na contramão da adotada pelos vizinhos para reduzir os efeitos da crise econômica mundial.” Sobre a particularidade da política econômica adotada pelo governo de François Hollande para contornar os efeitos da crise mundial, é correto afirmar que:

Alternativas

ID
4149055
Banca
CÁSPER LÍBERO
Órgão
CÁSPER LÍBERO
Ano
2012
Provas
Disciplina
Geografia
Assuntos

Foi aprovada este ano pelo governo de Honduras a criação de Regiões Especiais de Desenvolvimento, que ficaram conhecidas como “cidades modelo” (“charter cities”, em inglês), ou ainda, “cidades privadas”. Sobre esse projeto, é correto afirmar que:

Alternativas

ID
4149058
Banca
CÁSPER LÍBERO
Órgão
CÁSPER LÍBERO
Ano
2012
Provas
Disciplina
Inglês
Assuntos

Leia o texto a seguir e responda à questão.


A schematic summary would say as follows: At a founding time, romantic fiction saw the peculiarities of the Brazilian family life under the picturesque and the national identity signs, over which it laid some more or less feuilletonist fabling. The combination, in line with the needs of the young country, was very successful. Although irreverent, the emphasis on mirroring and its somewhat regressive accomplice character formed a positive sign on our particular traits. One generation later, Machado used in a different manner the same thematic, ideological, and aesthetic complexity, this time without the covering mists of local color and patriotic self-congratulation. The large Brazilian family was now observed from the point of view of the enlightened dependent, who was part of it and transformed it into a problem. This is a special system of relationships, with its own structure, resources and problems, which needed to be analyzed. Its difference was a sign of primitiveness, because the tacit measure of the dependent was the Rights of Man, which were effective, in principle, in other regions. The narrator’s fondness shifted to the heroine’s struggles against injustice, which was also portrayed in a feuilletonist fashion. As for the opposing side, it was inevitable that the conflict arrangement, as it developed from book to book, made more visible the negative traits of the landowner. These traits absorbed and reflected precisely, as a fault, the absurd lack of balance between the classes. Using the consequences of this very lack of balance, which gave no signs of internal regeneration, Machado invented the formula that would characterize his mature works and make him a great writer. He did not surrender to the easy delights of romantic picturesqueness. Likewise, he now renounced the unanimous fondness towards the moderate narrator and his good causes.
The new artistic device dealt indirectly with dependents’ frustrations and directly with their abandonment by landowners – the peripheral society incapable of integration resonated. The scope of the formal arrangement, which challenged the secular spirit’s superstitions, especially the trust in progress and in benevolence, is uncomfortable to this day. The insinuating personification of an elite narrator enviably civilized and deeply involved in oppressive relationships, which he arranges and judges himself, is a chess move that disarranges the narrative board, making the game more real. The process challenges readers in every line: it teaches them to think by themselves; to discuss not only the issues, but also their presentation; to consider the narrators and authorities – always the interested party – from a distance, even if they are eloquent; to doubt the civilizing and national commitment of the privileged, particularly in young countries, where this intention plays a major role; to feel an aversion to the imaginary consolations of romanticism, manipulated by the narrative authority to its own benefit. The process teaches, above all, that the combination of the cosmopolitan and the excluded spheres may be stable, without a feasible solution. This demonstration is a juicy one because it illustrates and examines the nation’s “delicious” mechanisms – to use the Machadian term – of the non-bourgeois reproduction of the bourgeois order. However, the demonstration is also universal to some extent, because globally, unlike what it seems, this reproduction is the rule, not the exception.
The heroines of the first novels are not very interesting because their precarious social status is distorted by the romantic cliché. Their vicissitudes, however, stress the antagonistic class traits, whose figure has literary originality. In the novels of the second phase, once the angle is inverted, it is the poor who appear in the subjective mirror of owners, where the prisms are either that of bourgeois individualism or of paternalistic domination, according to the selfish convenience impudence. The dependent becomes extraordinarily relevant in that light. They are portraits of the powerless that get no recognition for the value of work, no rights protected, and no compensation by divine providence. It is the social vacuum generated by modern slavery to freedom without possessions, another issue that, mutatis mutandis, lives on.
In the same line of advanced resonance of the primitiveness, notice how the extra bourgeois aspect of local issues works, and also the narrative relationship itself: at times it is only a shift in the rule; at times it is a movement in its own right, which escapes the dominating definitions and discovers unknown land. To give an idea, compare the part of authority in the definition and dissolution of characters, themselves or others; the relationships between personal separation and the experience of time, between command and insanity – often by the ones in charge; the extra scientific dimensions of science, with its authoritarian and sadistic roles; the overall difference that generates a point of view, etc. In this manner, Machadian fiction and the advanced literature of his time converged – both tried to release other realities under the bourgeois reality. As a mere indication, it is worth mentioning a few similarities, rather at random, in the innovative field, such as Dostoievski, Baudelaire, Henry James, Tchekov, Proust, Kafka, and Borges. Machado’s classical derivations are countless and have led critics to find his merit there, which hinders the understanding of the up-todateness and advanced character of his experimentation. 

“The romantic fiction saw the peculiarities of the Brazilian family life under the picturesque and the national identity signs, over which it laid some more or less feuilletonist fabling”. By this proposition we could deduce that:

Alternativas

ID
4149061
Banca
CÁSPER LÍBERO
Órgão
CÁSPER LÍBERO
Ano
2012
Provas
Disciplina
Inglês
Assuntos

Leia o texto a seguir e responda à questão.


A schematic summary would say as follows: At a founding time, romantic fiction saw the peculiarities of the Brazilian family life under the picturesque and the national identity signs, over which it laid some more or less feuilletonist fabling. The combination, in line with the needs of the young country, was very successful. Although irreverent, the emphasis on mirroring and its somewhat regressive accomplice character formed a positive sign on our particular traits. One generation later, Machado used in a different manner the same thematic, ideological, and aesthetic complexity, this time without the covering mists of local color and patriotic self-congratulation. The large Brazilian family was now observed from the point of view of the enlightened dependent, who was part of it and transformed it into a problem. This is a special system of relationships, with its own structure, resources and problems, which needed to be analyzed. Its difference was a sign of primitiveness, because the tacit measure of the dependent was the Rights of Man, which were effective, in principle, in other regions. The narrator’s fondness shifted to the heroine’s struggles against injustice, which was also portrayed in a feuilletonist fashion. As for the opposing side, it was inevitable that the conflict arrangement, as it developed from book to book, made more visible the negative traits of the landowner. These traits absorbed and reflected precisely, as a fault, the absurd lack of balance between the classes. Using the consequences of this very lack of balance, which gave no signs of internal regeneration, Machado invented the formula that would characterize his mature works and make him a great writer. He did not surrender to the easy delights of romantic picturesqueness. Likewise, he now renounced the unanimous fondness towards the moderate narrator and his good causes.
The new artistic device dealt indirectly with dependents’ frustrations and directly with their abandonment by landowners – the peripheral society incapable of integration resonated. The scope of the formal arrangement, which challenged the secular spirit’s superstitions, especially the trust in progress and in benevolence, is uncomfortable to this day. The insinuating personification of an elite narrator enviably civilized and deeply involved in oppressive relationships, which he arranges and judges himself, is a chess move that disarranges the narrative board, making the game more real. The process challenges readers in every line: it teaches them to think by themselves; to discuss not only the issues, but also their presentation; to consider the narrators and authorities – always the interested party – from a distance, even if they are eloquent; to doubt the civilizing and national commitment of the privileged, particularly in young countries, where this intention plays a major role; to feel an aversion to the imaginary consolations of romanticism, manipulated by the narrative authority to its own benefit. The process teaches, above all, that the combination of the cosmopolitan and the excluded spheres may be stable, without a feasible solution. This demonstration is a juicy one because it illustrates and examines the nation’s “delicious” mechanisms – to use the Machadian term – of the non-bourgeois reproduction of the bourgeois order. However, the demonstration is also universal to some extent, because globally, unlike what it seems, this reproduction is the rule, not the exception.
The heroines of the first novels are not very interesting because their precarious social status is distorted by the romantic cliché. Their vicissitudes, however, stress the antagonistic class traits, whose figure has literary originality. In the novels of the second phase, once the angle is inverted, it is the poor who appear in the subjective mirror of owners, where the prisms are either that of bourgeois individualism or of paternalistic domination, according to the selfish convenience impudence. The dependent becomes extraordinarily relevant in that light. They are portraits of the powerless that get no recognition for the value of work, no rights protected, and no compensation by divine providence. It is the social vacuum generated by modern slavery to freedom without possessions, another issue that, mutatis mutandis, lives on.
In the same line of advanced resonance of the primitiveness, notice how the extra bourgeois aspect of local issues works, and also the narrative relationship itself: at times it is only a shift in the rule; at times it is a movement in its own right, which escapes the dominating definitions and discovers unknown land. To give an idea, compare the part of authority in the definition and dissolution of characters, themselves or others; the relationships between personal separation and the experience of time, between command and insanity – often by the ones in charge; the extra scientific dimensions of science, with its authoritarian and sadistic roles; the overall difference that generates a point of view, etc. In this manner, Machadian fiction and the advanced literature of his time converged – both tried to release other realities under the bourgeois reality. As a mere indication, it is worth mentioning a few similarities, rather at random, in the innovative field, such as Dostoievski, Baudelaire, Henry James, Tchekov, Proust, Kafka, and Borges. Machado’s classical derivations are countless and have led critics to find his merit there, which hinders the understanding of the up-todateness and advanced character of his experimentation. 

According to the text, Machado de Assis’ prose might be considered different because:

Alternativas

ID
4149064
Banca
CÁSPER LÍBERO
Órgão
CÁSPER LÍBERO
Ano
2012
Provas
Disciplina
Inglês
Assuntos

Leia o texto a seguir e responda à questão.


A schematic summary would say as follows: At a founding time, romantic fiction saw the peculiarities of the Brazilian family life under the picturesque and the national identity signs, over which it laid some more or less feuilletonist fabling. The combination, in line with the needs of the young country, was very successful. Although irreverent, the emphasis on mirroring and its somewhat regressive accomplice character formed a positive sign on our particular traits. One generation later, Machado used in a different manner the same thematic, ideological, and aesthetic complexity, this time without the covering mists of local color and patriotic self-congratulation. The large Brazilian family was now observed from the point of view of the enlightened dependent, who was part of it and transformed it into a problem. This is a special system of relationships, with its own structure, resources and problems, which needed to be analyzed. Its difference was a sign of primitiveness, because the tacit measure of the dependent was the Rights of Man, which were effective, in principle, in other regions. The narrator’s fondness shifted to the heroine’s struggles against injustice, which was also portrayed in a feuilletonist fashion. As for the opposing side, it was inevitable that the conflict arrangement, as it developed from book to book, made more visible the negative traits of the landowner. These traits absorbed and reflected precisely, as a fault, the absurd lack of balance between the classes. Using the consequences of this very lack of balance, which gave no signs of internal regeneration, Machado invented the formula that would characterize his mature works and make him a great writer. He did not surrender to the easy delights of romantic picturesqueness. Likewise, he now renounced the unanimous fondness towards the moderate narrator and his good causes.
The new artistic device dealt indirectly with dependents’ frustrations and directly with their abandonment by landowners – the peripheral society incapable of integration resonated. The scope of the formal arrangement, which challenged the secular spirit’s superstitions, especially the trust in progress and in benevolence, is uncomfortable to this day. The insinuating personification of an elite narrator enviably civilized and deeply involved in oppressive relationships, which he arranges and judges himself, is a chess move that disarranges the narrative board, making the game more real. The process challenges readers in every line: it teaches them to think by themselves; to discuss not only the issues, but also their presentation; to consider the narrators and authorities – always the interested party – from a distance, even if they are eloquent; to doubt the civilizing and national commitment of the privileged, particularly in young countries, where this intention plays a major role; to feel an aversion to the imaginary consolations of romanticism, manipulated by the narrative authority to its own benefit. The process teaches, above all, that the combination of the cosmopolitan and the excluded spheres may be stable, without a feasible solution. This demonstration is a juicy one because it illustrates and examines the nation’s “delicious” mechanisms – to use the Machadian term – of the non-bourgeois reproduction of the bourgeois order. However, the demonstration is also universal to some extent, because globally, unlike what it seems, this reproduction is the rule, not the exception.
The heroines of the first novels are not very interesting because their precarious social status is distorted by the romantic cliché. Their vicissitudes, however, stress the antagonistic class traits, whose figure has literary originality. In the novels of the second phase, once the angle is inverted, it is the poor who appear in the subjective mirror of owners, where the prisms are either that of bourgeois individualism or of paternalistic domination, according to the selfish convenience impudence. The dependent becomes extraordinarily relevant in that light. They are portraits of the powerless that get no recognition for the value of work, no rights protected, and no compensation by divine providence. It is the social vacuum generated by modern slavery to freedom without possessions, another issue that, mutatis mutandis, lives on.
In the same line of advanced resonance of the primitiveness, notice how the extra bourgeois aspect of local issues works, and also the narrative relationship itself: at times it is only a shift in the rule; at times it is a movement in its own right, which escapes the dominating definitions and discovers unknown land. To give an idea, compare the part of authority in the definition and dissolution of characters, themselves or others; the relationships between personal separation and the experience of time, between command and insanity – often by the ones in charge; the extra scientific dimensions of science, with its authoritarian and sadistic roles; the overall difference that generates a point of view, etc. In this manner, Machadian fiction and the advanced literature of his time converged – both tried to release other realities under the bourgeois reality. As a mere indication, it is worth mentioning a few similarities, rather at random, in the innovative field, such as Dostoievski, Baudelaire, Henry James, Tchekov, Proust, Kafka, and Borges. Machado’s classical derivations are countless and have led critics to find his merit there, which hinders the understanding of the up-todateness and advanced character of his experimentation. 

“These traits absorbed and reflected precisely, as a fault, the absurd lack of balance between the classes.” This statement taken from the text might be interpreted as:

Alternativas

ID
4149067
Banca
CÁSPER LÍBERO
Órgão
CÁSPER LÍBERO
Ano
2012
Provas
Disciplina
Inglês
Assuntos

Leia o texto a seguir e responda à questão.


A schematic summary would say as follows: At a founding time, romantic fiction saw the peculiarities of the Brazilian family life under the picturesque and the national identity signs, over which it laid some more or less feuilletonist fabling. The combination, in line with the needs of the young country, was very successful. Although irreverent, the emphasis on mirroring and its somewhat regressive accomplice character formed a positive sign on our particular traits. One generation later, Machado used in a different manner the same thematic, ideological, and aesthetic complexity, this time without the covering mists of local color and patriotic self-congratulation. The large Brazilian family was now observed from the point of view of the enlightened dependent, who was part of it and transformed it into a problem. This is a special system of relationships, with its own structure, resources and problems, which needed to be analyzed. Its difference was a sign of primitiveness, because the tacit measure of the dependent was the Rights of Man, which were effective, in principle, in other regions. The narrator’s fondness shifted to the heroine’s struggles against injustice, which was also portrayed in a feuilletonist fashion. As for the opposing side, it was inevitable that the conflict arrangement, as it developed from book to book, made more visible the negative traits of the landowner. These traits absorbed and reflected precisely, as a fault, the absurd lack of balance between the classes. Using the consequences of this very lack of balance, which gave no signs of internal regeneration, Machado invented the formula that would characterize his mature works and make him a great writer. He did not surrender to the easy delights of romantic picturesqueness. Likewise, he now renounced the unanimous fondness towards the moderate narrator and his good causes.
The new artistic device dealt indirectly with dependents’ frustrations and directly with their abandonment by landowners – the peripheral society incapable of integration resonated. The scope of the formal arrangement, which challenged the secular spirit’s superstitions, especially the trust in progress and in benevolence, is uncomfortable to this day. The insinuating personification of an elite narrator enviably civilized and deeply involved in oppressive relationships, which he arranges and judges himself, is a chess move that disarranges the narrative board, making the game more real. The process challenges readers in every line: it teaches them to think by themselves; to discuss not only the issues, but also their presentation; to consider the narrators and authorities – always the interested party – from a distance, even if they are eloquent; to doubt the civilizing and national commitment of the privileged, particularly in young countries, where this intention plays a major role; to feel an aversion to the imaginary consolations of romanticism, manipulated by the narrative authority to its own benefit. The process teaches, above all, that the combination of the cosmopolitan and the excluded spheres may be stable, without a feasible solution. This demonstration is a juicy one because it illustrates and examines the nation’s “delicious” mechanisms – to use the Machadian term – of the non-bourgeois reproduction of the bourgeois order. However, the demonstration is also universal to some extent, because globally, unlike what it seems, this reproduction is the rule, not the exception.
The heroines of the first novels are not very interesting because their precarious social status is distorted by the romantic cliché. Their vicissitudes, however, stress the antagonistic class traits, whose figure has literary originality. In the novels of the second phase, once the angle is inverted, it is the poor who appear in the subjective mirror of owners, where the prisms are either that of bourgeois individualism or of paternalistic domination, according to the selfish convenience impudence. The dependent becomes extraordinarily relevant in that light. They are portraits of the powerless that get no recognition for the value of work, no rights protected, and no compensation by divine providence. It is the social vacuum generated by modern slavery to freedom without possessions, another issue that, mutatis mutandis, lives on.
In the same line of advanced resonance of the primitiveness, notice how the extra bourgeois aspect of local issues works, and also the narrative relationship itself: at times it is only a shift in the rule; at times it is a movement in its own right, which escapes the dominating definitions and discovers unknown land. To give an idea, compare the part of authority in the definition and dissolution of characters, themselves or others; the relationships between personal separation and the experience of time, between command and insanity – often by the ones in charge; the extra scientific dimensions of science, with its authoritarian and sadistic roles; the overall difference that generates a point of view, etc. In this manner, Machadian fiction and the advanced literature of his time converged – both tried to release other realities under the bourgeois reality. As a mere indication, it is worth mentioning a few similarities, rather at random, in the innovative field, such as Dostoievski, Baudelaire, Henry James, Tchekov, Proust, Kafka, and Borges. Machado’s classical derivations are countless and have led critics to find his merit there, which hinders the understanding of the up-todateness and advanced character of his experimentation. 

Choose the alternative that best answers the question: Does the Machadian prose reflect any kind of social criticism?

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