Leitura, escrita e oralidade
Uma primeira orientação para aprimorar as aulas de Língua
Portuguesa tem a ver com a definição de um programa de
prioridades, que é, sem dúvida, o desenvolvimento de
saberes em relação à leitura e à escrita. Na prática, o
desenvolvimento de competências em leitura e escrita
deveria vir antes de tudo. O que levaria a escola a promover,
todos os dias, e não apenas eventualmente, diferentes
atividades de leitura e de escrita.
A atenção do professor de Língua Portuguesa poderia,
assim, estar voltada para descobrir, no que acontece na
escola e em seu redor, motivações para essa prática de
ensino de leitura e escrita, que, assim, seriam
contextualmente diversificadas, pois cada dia é um novo dia.
O ensino da nomenclatura de certas categorias gramaticais
não deveria ocupar os primeiros interesses da criança no
ambiente educacional.
Dessa forma, nas primeiras séries do Ensino Fundamental,
não caberia o ensino de particularidades gramaticais, como,
por exemplo, as diferenças entre ditongo crescente e ditongo
decrescente, ou, pior ainda, o reconhecimento de dígrafos
nasais, ou a contagem de letras e fonemas de uma palavra.
A prioridade deve ser levar os alunos a lerem e escreverem.
Mas… ler e escrever o quê?
Textos, textos, textos. Inclusive os literários. Não frases
soltas, inventadas, descontextualizadas, vazias de sentido e
de função. Textos de diferentes gêneros (listas, avisos,
recomendações, recados, mensagens, notas, poemas,
resumos, bilhetes, cartas, provérbios, formulação de
perguntas, respostas a questões...). Basta ver o que circula à
nossa volta ou que está estampado em outdoors, cartazes,
paredes das escolas, dos estabelecimentos públicos, das
lojas, das igrejas. Basta estar atento à multiplicidade de
textos com os quais a gente convive no dia a dia.
O interesse por encontrar objetos de leitura e de escrita pode
ser também um cuidado dos alunos: eles podem passar a
enxergar a leitura e a escrita não como coisas restritas ao
mundo da escola, mas como coisas do seu dia a dia social,
como ações que fazem parte diretamente de sua vida como
participantes de grupos, de comunidades, com necessidades
que só serão atendidas pelas atividades da linguagem.
Concretamente, em face das novas configurações do mundo
virtual, as demandas pela ação da linguagem tornam-se
imperiosas e imprescindíveis. Portanto, textos: todos os dias.
Lidos, falados, entendidos e escritos. Exercitar a prática de
ensino. Sem pressa para a introdução das categorias
gramaticais. Não existem textos sem gramática.
Ou seja, a gramática está lá, compondo, com o vocabulário e
o contexto, os sentidos que os textos expressam. Sem
pressa na explanação de definições, categorias,
subcategorias, sobretudo aquelas da morfologia e da
sintaxe. Prioridade para a interpretabilidade da linguagem;
para os sentidos expressos e para as intenções pretendidas
pelos textos.
Uma terceira orientação para enriquecer as aulas de Língua
Portuguesa seria conceder espaço também à exploração
das atividades que envolvem a oralidade, em contextos mais
formais. Por exemplo, que os alunos tenham a oportunidade
de participar como debatedores ou como ouvintes de
discussões, de debates, defendendo ou refutando pontos de
vista, ligados às questões que mais de perto atingem suas
vidas. As normas que regulam e disciplinam a vida na escola
poderiam ser objeto dessas discussões, favorecendo a
participação de todos na promoção do bem comum e da
satisfação dos interesses da coletividade.
Adaptado. Disponível em: https://bit.ly/2FSZO4t.
Leia o texto 'Leitura, escrita e oralidade' e, em
seguida, analise as afirmativas abaixo:
I. O texto afirma que, quando as aulas de Língua Portuguesa
priorizam a leitura e a escrita, a gramática também está lá,
compondo, com o vocabulário e o contexto, os sentidos que
os textos expressam. Assim, não há pressa na explanação de
definições, categorias, subcategorias, sobretudo aquelas da
morfologia e da sintaxe, de acordo com o texto.
II. Na prática, o desenvolvimento de competências em leitura
e na escrita deve vir após a compreensão clara sobre as
normas e técnicas da língua, de acordo com o texto.
III. O interesse por encontrar objetos de leitura e de escrita
pode ser um cuidado dos alunos, afirma o texto. Assim, eles
podem passar a enxergar a leitura e a escrita não como
coisas restritas ao mundo da escola, mas como coisas do seu
dia a dia social, como ações que fazem parte diretamente de
sua vida como participantes de grupos, de comunidades, com
necessidades que só serão atendidas pelas atividades da
linguagem, de acordo com o texto.
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