Leia o texto a seguir:
O Meu Guri – Chico Buarque (1981)
Quando, seu moço, nasceu meu rebento
Não era o momento dele rebentar
Já foi nascendo com cara de fome
E eu não tinha nem nome pra lhe dar
Como fui levando não sei lhe explicar
Fui assim levando, ele a me levar
E na sua meninice, ele um dia me disse
Que chegava lá
Olha aí! Olha aí!
Olha aí!
Ai, o meu guri, olha aí!
Olha aí!
É o meu guri e ele chega
Chega suado e veloz do batente
Traz sempre um presente pra me encabular
Tanta corrente de ouro, seu moço
Que haja pescoço pra enfiar
Me trouxe uma bolsa já com tudo dentro
Chave, caderneta, terço e patuá
Um lenço e uma penca de documentos
Pra finalmente eu me identificar
Olha aí!
Olha aí!
Ai, o meu guri, olha aí!
Olha aí!
É o meu guri e ele chega
Chega no morro com carregamento
Pulseira, cimento, relógio, pneu, gravador
Rezo até ele chegar cá no alto
Essa onda de assaltos está um horror
Eu consolo ele, ele me consola
Boto ele no colo pra ele me ninar
De repente acordo, olho pro lado
E o danado já foi trabalhar
Olha aí!
Olha aí!
Ai, o meu guri, olha aí!
Olha aí!
É o meu guri e ele chega
Chega estampado, manchete, retrato
Com venda nos olhos, legenda e as iniciais
Eu não entendo essa gente, seu moço
Fazendo alvoroço demais
O guri no mato, acho que tá rindo
Acho que tá lindo de papo pro ar
Desde o começo eu não disse, seu moço!
Ele disse que chegava lá
Olha aí! Olha aí!
Olha aí!
Ai, o meu guri, olha aí!
Olha aí!
É o meu guri
Olha aí!
Ai, o meu guri, olha aí!
Leia um trecho da obra “Capitães da Areia” (1937), de
Jorge Amado e responda a questão 4.
“Já por várias vezes o nosso jornal, que é sem dúvida
o órgão das mais legítimas aspirações da população
baiana, tem trazido notícias sobre a atividade
criminosa dos “Capitães da Areia”, nome pelo qual é
conhecido o grupo de meninos assaltantes e ladrões
que infestam a nossa urbe. Essas crianças que tão
cedo se dedicaram à tenebrosa carreira do crime não
têm moradia certa ou pelo menos a sua moradia ainda
não foi localizada. Como também ainda não foi
localizado o local onde escondem o produto dos seus
assaltos, que se tornam diários, fazendo Jus a unia
Imediata providência do Juiz de Menores e do dr.
Chefe de Polícia.
Esse bando que vive da rapina se compõe, pelo que se
sabe, de um número superior a 100 crianças das mais
diversas idades, indo desde os 8 aos 16 anos.
Crianças que, naturalmente devido ao desprezo dado
à sua educação por pais pouco servidos de
sentimentos cristãos, se entregaram no verdor dos
anos a uma vida criminosa. São chamados de
“Capitães da Areia” porque o cais é o seu quartel-general. E têm por comandante um mascote dos seus
14 anos, que é o mais terrível de todos, não só ladrão,
como já autor de um crime de ferimentos graves,
praticado na tarde de ontem. Infelizmente a Identidade
deste chefe é desconhecida.”
Podemos identificar na obra “O meu Guri” - (1981),
e na obra “Capitães da Areia” – (1937), a mesma
temática: o abandono de crianças a própria sorte, que
seguem o caminho do crime fazendo furtos, desde
muito novos a delinquência está bem próxima, o
futuro deles é de incertezas.
Quando há influência de um texto sobre outro criado
anteriormente, a esse recurso damos o nome de: