Texto 07
Zygmunt Bauman, o pensador da
modernidade liquida
Na época atual, o ritmo incessante das
transformações gera angústias e incertezas e dá
lugar a uma nova lógica, pautada pelo
individualismo e pelo consumo
“Fluidez é a qualidade de líquidos e gases. (...) Os
líquidos, diferentemente dos sólidos, não mantêm
sua forma com facilidade. (...) Os fluidos se movem
facilmente. Eles “fluem", “escorrem", “ esvaem-se”,
“respingam”, “transbordam", “vazam”, “inundam" (...)
Essas são razões para considerar “fluidez" ou
“liquidez” como metáforas adequadas quando
queremos captar a natureza da presente fase (...) na
história da humanidade.
’’
O trecho acima faz parte do prefácio de
Modernidade Líquida, uma das principais obras do
polonês Zygmunt Bauman (1925-), professor emérito
das universidades de Leeds (Inglaterra) e Varsóvia
(Polônia) e um dos mais importantes sociólogos da
atualidade. Com um olhar simples e crítico, Bauman
lança um olhar crítico para as transformações sociais
e econômicas trazidas pelo capitalismo globalizado.
Conceito central do pensamento do autor, a
"modernidade líquida” seria o momento histórico que
vivemos atualmente, em que as instituições, as ideias
e as relações estabelecidas entre as pessoas se
transformam de maneira muito rápida e imprevisível:
“Tudo é temporário, a modernidade (...)- tal como os
líquidos - caracteriza-se pela incapacidade de
manter a forma".
Para melhor compreender a modernidade
líquida, é preciso voltar ao período que a antecedeu,
chamado por Bauman de modernidade sólida, que
está associada aos conceitos de comunidade e laços
de identificação entre as pessoas, que trazem a ideia
de perenidade e a sensação de segurança. Na era
sólida, os valores se transformavam em ritmo lento e
previsível. Assim, tínhamos algumas certezas e a
sensação de controle sobre o mundo - sobre a
natureza, a tecnologia, a economia, por exemplo.
Alguns acontecimentos da segunda metade do
século XX, como a instabilidade econômica mundial,
o surgimento de novas tecnologias e a globalização,
contribuíram para a perda da ideia de controle sobre
os processos do mundo, trazendo incertezas quanto
a nossa capacidade de nos adequar aos novos
padrões sociais, que se liquefazem e mudam
constantemente. Nessa passagem do mundo sólido
ao líquido, Bauman chama atenção para a liquefação
das formas sociais: o trabalho, a família, o
engajamento político, o amor, a amizade e, por fim, a
própria identidade. Essa situação produz angústia,
ansiedade constante e o medo líquido: temor do
desemprego, da violência, do terrorismo, de ficar para trás, de não se encaixar nesse novo mundo, que
muda num ritmo hiperveloz.
Assim, duas das características da modernidade
líquida são a substituição da ideia de coletividade e de
solidariedade pelo individualismo; e a transformação
do cidadão em consumidor. Nesse contexto, as
relações afetivas se dão por meio de laços
momentâneos e volúveis e se tornam superficiais e
pouco seguras (amor líquido). No lugar da vida em
comunidade e do contato próximo e pessoal
privilegiam-se as chamadas conexões, relações
interpessoais que podem ser desfeitas com a mesma
facilidade com que são estabelecidas, assim como
mercadorias que podem ser adquiridas e
descartadas . Exemplos disso seriam os
relacionamentos virtuais em redes.
A modernidade líquida, no entanto, não se confunde
com a pós-modernidade, conceito do qual Bauman é
crítico. De acordo com ele, não há pós-modernidade
(no sentido de ruptura ou separação), mas sim uma
continuação da modernidade (o núcleo capitalista se
mantém) com uma lógica diferente - a fixidez da
época anterior é substituída pela volatilidade, sob o
domínio do imediato, do individualismo e do
consumo.
Fonte: Revista Guia do Estudante, Atualidades, ed.23, Editora
Abril. 1 “semestre 2016
A colocação pronominal proclítica é, em alguns
casos, motivada; em outros, pode ser considerada
opcional. A partir da análise do pronome nos
fragmentos a seguir, assinale a alternativa correta:
1. “Essa situação produz angústia, ansiedade
constante e o medo líquido: temor do
desemprego, da violência, do terrorismo, de ficar
para trás, de não SE encaixar nesse novo
mundo, que muda num ritmo hiperveloz.”
2. “Na era sólida, os valores SE transformavam em
ritmo lento e previsível."
3. “Tudo é temporário, a modernidade (...) - tal
como os líquidos - caracteriza-SE pela
incapacidade de manter a forma”.