Em outras palavras, é mais do que razoável admitir em Althusser o seguinte
paralelismo: a ideologia funciona para a sociedade do mesmo modo que o inconsciente
para o indivíduo, embora esse modo de colocar as coisas seja, de certo modo, velado pelo
autor ao, simplesmente, “deixá-lo de lado”.
Prosseguindo na caracterização da constituição dos indivíduos concretos em “sujeitos”,
o autor situa um ritual característico do aparelho ideológico, o reconhecimento,
cuja existência poderia ser percebida num simples cumprimento cotidiano, onde “você e
eu já somos sempre sujeitos e que, enquanto tais, praticamos ininterruptamente os rituais do reconhecimento ideológico, que nos garantem que somos de fato sujeitos concretos,
individuais, inconfundíveis e (obviamente) insubstituíveis”.