A questão é, de fato, um pouco dúbia ao misturar dois conceitos diferentes (aterro controlado x aterro sanitário), o que configura uma primeira razão para marcá-la como errada. Não obstante, há ainda outros problemas com a questão, conforme explicarei abaixo.
Três tipos de destino. Existem três tipos de destino final para resíduos sólidos: lixão, aterro controlado e aterro sanitário. O aterro controlado é um estágio intermediário entre o lixão (ou vazadouro a céu aberto ou depósito a céu aberto) e o aterro sanitário. No aterro sanitário, temos a impermeabilização do solo, para evitar que o chorume (líquido poluente da decomposição de matéria orgânica; mais de 50% do lixo no Brasil é orgânico) contamine o lençol freático.
1) depósito a céu aberto (lixão): forma inadequada de disposição final de resíduos e rejeitos, que consiste na descarga do material no solo sem qualquer técnica ou medida de controle; sem controle;
2) aterro controlado: forma inadequada de disposição final de resíduos e rejeitos, no qual o único cuidado realizado é o recobrimento da massa e resíduos e rejeitos com terra; controle inadequado;
3) aterro sanitário: técnica de disposição de resíduos sólidos urbanos no solo, sem causar danos à saúde pública e à sua segurança, minimizando os impactos ambientais, método este que utiliza os princípios de engenharia (impermeabilização do solo, cercamento, ausência de catadores, sistema de drenagem de gases, águas pluviais e lixiviado) para confinar os resíduos e rejeitos à menor área possível e reduzi-los ao menor volume permissível, cobrindo-o com uma camada de terra na conclusão de cada jornada de trabalho, ou a intervalos menores, se necessário; controle adequado;
Regulação nacional. Em 2005, ano da aplicação dessa prova/questão, ainda não havia uma lei para regular o tratamento e a disposição final dos resíduos sólidos no Brasil. Somente em 2010 é que teremos a aprovação da LNRS (Lei Nacional de Resíduos Sólidos), a qual obriga os municípios a acabarem com os lixões até 2014. Temos aqui, portanto, um importante elemento para corroborar a ideia de que, em 2005, ainda não havia uma ação nacional voltada para "sanar" o problema dos resíduos sólidos no país.
Dados de 2008. Se alguém ainda tiver alguma resistência em considerar a afirmativa errada, basta consultar os dados oficiais do governo levantados em 2008. Nesse ano, o governo confirmou que a maior parte do lixo brasileiro ainda era destinado a depósitos a céu aberto: lixões (50,8%); aterro controlado (22,5%); aterro sanitário (27,7%). Esses dados demonstram que, três anos após a aplicação da prova, o Brasil ainda estava longe de sanar o problema da disposição final de resíduos sólidos.
ERRADO.
Não se pode falar que, no Brasil, a maioria dos aterros seja controlada. Pode-se dividir em três os tipos de locais destinados a receber a deposição final dos resíduos resultantes da ação humana: o aterro não controlado, que é popularmente conhecido como lixão e constitui o sistema menos desejado, pois não há tratamento para o chorume que sai do lixo nem preparação do solo para receber os resíduos; o aterro controlado, onde os resíduos são jogados diretamente no solo sem que este tenha sido impermeabilizado, mas em que há um sistema de controle mínimo para reduzir os impactos negativos do lixo no meio ambiente; e o aterro sanitário, onde o solo que recebe o lixo é impermeabilizado e há um sistema de caneletas para coletar o chorume a fim de enviá-lo para uma estação de tratamento de esgoto. No Brasil, dados apontam que por volta de 76% de todo o lixo acaba nos aterros não controlados, 13% nos aterros controlados e apenas 10% estão nos aterros sanitários; somente o 1% restante passa por tratamento.
Fonte: 7000 Questões Comentadas do CESPE.