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Prova CONTEMAX - 2019 - Prefeitura de Orobó - PE - Médico - PSF


ID
4868740
Banca
CONTEMAX
Órgão
Prefeitura de Orobó - PE
Ano
2019
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

TEXTO I

Uma galinha



       Era uma galinha de domingo. Ainda viva porque não passava de nove horas da manhã.
      Parecia calma. Desde sábado encolhera-se num canto da cozinha. Não olhava para ninguém, ninguém olhava para ela. Mesmo quando a escolheram, apalpando sua intimidade com indiferença, não souberam dizer se era gorda ou magra. Nunca se adivinharia nela um anseio.
      Foi pois uma surpresa quando a viram abrir as asas de curto voo, inchar o peito e, em dois ou três lances, alcançar a murada do terraço. Um instante ainda vacilou — o tempo da cozinheira dar um grito — e em breve estava no terraço do vizinho, de onde, em outro voo desajeitado, alcançou um telhado. Lá ficou em adorno deslocado, hesitando ora num, ora noutro pé. A família foi chamada com urgência e consternada viu o almoço junto de uma chaminé. O dono da casa lembrando-se da dupla necessidade de fazer esporadicamente algum esporte e de almoçar vestiu radiante um calção de banho e resolveu seguir o itinerário da galinha: em pulos cautelosos alcançou o telhado onde esta hesitante e trêmula escolhia com urgência outro rumo. A perseguição tornou-se mais intensa. De telhado a telhado foi percorrido mais de um quarteirão da rua. Pouco afeita a uma luta mais selvagem pela vida a galinha tinha que decidir por si mesma os caminhos a tomar sem nenhum auxílio de sua raça. O rapaz, porém, era um caçador adormecido. E por mais ínfima que fosse a presa o grito de conquista havia soado.
       Sozinha no mundo, sem pai nem mãe, ela corria, arfava, muda, concentrada. Às vezes, na fuga, pairava ofegante num beiral de telhado e enquanto o rapaz galgava outros com dificuldade tinha tempo de se refazer por um momento. E então parecia tão livre.
      Estúpida, tímida e livre. Não vitoriosa como seria um galo em fuga. Que é que havia nas suas vísceras que fazia dela um ser? A galinha é um ser. É verdade que não se poderia contar com ela para nada. Nem ela própria contava consigo, como o galo crê na sua crista. Sua única vantagem é que havia tantas galinhas que morrendo uma surgiria no mesmo instante outra tão igual como se fora a mesma.
      Afinal, numa das vezes em que parou para gozar sua fuga, o rapaz alcançou-a. Entre gritos e penas, ela foi presa. Em seguida carregada em triunfo por um asa através das telhas e pousada no chão da cozinha com certa violência. Ainda tonta, sacudiu-se um pouco, em cacarejos roucos e indecisos.
      Foi então que aconteceu. De pura afobação a galinha pôs um ovo. Surpreendida, exausta. Talvez fosse prematuro. Mas logo depois, nascida que fora para a maternidade, parecia uma velha mãe habituada. Sentou-se sobre o ovo e assim ficou respirando, abotoando e desabotoando os olhos. Seu coração tão pequeno num prato solevava e abaixava as penas enchendo de tepidez aquilo que nunca passaria de um ovo. Só a menina estava perto e assistiu a tudo estarrecida. Mal porém conseguiu desvencilhar-se do acontecimento despregou-se do chão e saiu aos gritos:
        — Mamãe, mamãe, não mate mais a galinha, ela pôs um ovo! Ela quer o nosso bem!
      Todos correram de novo à cozinha e rodearam mudos a jovem parturiente. Esquentando seu filho, esta não era nem suave nem arisca, nem alegre nem triste, não era nada, era uma galinha. O que não sugeria nenhum sentimento especial. O pai, a mãe e a filha olhavam já há algum tempo, sem propriamente um pensamento qualquer.
       Nunca ninguém acariciou uma cabeça de galinha. O pai afinal decidiu-se com certa brusquidão:  
     — Se você mandar matar esta galinha nunca mais comerei galinha na minha vida!
     — Eu também!, jurou a menina com ardor.
      A mãe, cansada, deu de ombros.
     Inconsciente da vida que lhe fora entregue, a galinha passou a morar com a família. A menina, de volta do colégio, jogava a pasta longe sem interromper a corrida para a cozinha. O pai de vez em quando ainda se lembrava: ―E dizer que a obriguei a correr naquele estado!‖ A galinha tornara-se a rainha da casa. Todos, menos ela, o sabiam. Continuou entre a cozinha e o terraço dos fundos, usando suas duas capacidades: a de apatia e a do sobressalto.
      Mas quando todos estavam quietos na casa e pareciam tê-la esquecido, enchia-se de uma pequena coragem, resquícios da grande fuga — e circulava pelo ladrilho, o corpo avançando atrás da cabeça, pausado como num campo, embora a pequena cabeça a traísse: mexendo-se rápida e vibrátil, com o velho susto de sua espécie já mecanizado.
        Uma vez ou outra, sempre mais raramente, lembrava de novo a galinha que se recortara contra o ar à beira do telhado, prestes a anunciar. Nesses momentos enchia os pulmões com o ar impuro da cozinha e, se fosse dado a fêmeas cantar, ela não cantaria mas ficaria muito mais contente. Embora nem nesses instantes a expressão de sua vazia cabeça se alterasse. Na fuga, no descanso, quando deu à luz ou bicando milho — era uma cabeça de galinha, a mesma que fora desenhada no começo dos séculos.
        Até que um dia mataram-na, comeram-na e passaram-se anos.



Fonte: Os Cem Melhores Contos do Século.

Em relação ao elemento textual “galinha”, no primeiro parágrafo, fica implícito que ela estava:

Alternativas
Comentários
  • Era uma galinha de domingo. Ainda viva porque não passava de nove horas da manhã.

    Eminência= superioridade moral e/ou intelectual; excelência.

    Iminência= qualidade, condição ou característica do que está iminente; ameaça, aproximação, urgência.

    Logo, gabarito letra A.


ID
4868743
Banca
CONTEMAX
Órgão
Prefeitura de Orobó - PE
Ano
2019
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

TEXTO I

Uma galinha



       Era uma galinha de domingo. Ainda viva porque não passava de nove horas da manhã.
      Parecia calma. Desde sábado encolhera-se num canto da cozinha. Não olhava para ninguém, ninguém olhava para ela. Mesmo quando a escolheram, apalpando sua intimidade com indiferença, não souberam dizer se era gorda ou magra. Nunca se adivinharia nela um anseio.
      Foi pois uma surpresa quando a viram abrir as asas de curto voo, inchar o peito e, em dois ou três lances, alcançar a murada do terraço. Um instante ainda vacilou — o tempo da cozinheira dar um grito — e em breve estava no terraço do vizinho, de onde, em outro voo desajeitado, alcançou um telhado. Lá ficou em adorno deslocado, hesitando ora num, ora noutro pé. A família foi chamada com urgência e consternada viu o almoço junto de uma chaminé. O dono da casa lembrando-se da dupla necessidade de fazer esporadicamente algum esporte e de almoçar vestiu radiante um calção de banho e resolveu seguir o itinerário da galinha: em pulos cautelosos alcançou o telhado onde esta hesitante e trêmula escolhia com urgência outro rumo. A perseguição tornou-se mais intensa. De telhado a telhado foi percorrido mais de um quarteirão da rua. Pouco afeita a uma luta mais selvagem pela vida a galinha tinha que decidir por si mesma os caminhos a tomar sem nenhum auxílio de sua raça. O rapaz, porém, era um caçador adormecido. E por mais ínfima que fosse a presa o grito de conquista havia soado.
       Sozinha no mundo, sem pai nem mãe, ela corria, arfava, muda, concentrada. Às vezes, na fuga, pairava ofegante num beiral de telhado e enquanto o rapaz galgava outros com dificuldade tinha tempo de se refazer por um momento. E então parecia tão livre.
      Estúpida, tímida e livre. Não vitoriosa como seria um galo em fuga. Que é que havia nas suas vísceras que fazia dela um ser? A galinha é um ser. É verdade que não se poderia contar com ela para nada. Nem ela própria contava consigo, como o galo crê na sua crista. Sua única vantagem é que havia tantas galinhas que morrendo uma surgiria no mesmo instante outra tão igual como se fora a mesma.
      Afinal, numa das vezes em que parou para gozar sua fuga, o rapaz alcançou-a. Entre gritos e penas, ela foi presa. Em seguida carregada em triunfo por um asa através das telhas e pousada no chão da cozinha com certa violência. Ainda tonta, sacudiu-se um pouco, em cacarejos roucos e indecisos.
      Foi então que aconteceu. De pura afobação a galinha pôs um ovo. Surpreendida, exausta. Talvez fosse prematuro. Mas logo depois, nascida que fora para a maternidade, parecia uma velha mãe habituada. Sentou-se sobre o ovo e assim ficou respirando, abotoando e desabotoando os olhos. Seu coração tão pequeno num prato solevava e abaixava as penas enchendo de tepidez aquilo que nunca passaria de um ovo. Só a menina estava perto e assistiu a tudo estarrecida. Mal porém conseguiu desvencilhar-se do acontecimento despregou-se do chão e saiu aos gritos:
        — Mamãe, mamãe, não mate mais a galinha, ela pôs um ovo! Ela quer o nosso bem!
      Todos correram de novo à cozinha e rodearam mudos a jovem parturiente. Esquentando seu filho, esta não era nem suave nem arisca, nem alegre nem triste, não era nada, era uma galinha. O que não sugeria nenhum sentimento especial. O pai, a mãe e a filha olhavam já há algum tempo, sem propriamente um pensamento qualquer.
       Nunca ninguém acariciou uma cabeça de galinha. O pai afinal decidiu-se com certa brusquidão:  
     — Se você mandar matar esta galinha nunca mais comerei galinha na minha vida!
     — Eu também!, jurou a menina com ardor.
      A mãe, cansada, deu de ombros.
     Inconsciente da vida que lhe fora entregue, a galinha passou a morar com a família. A menina, de volta do colégio, jogava a pasta longe sem interromper a corrida para a cozinha. O pai de vez em quando ainda se lembrava: ―E dizer que a obriguei a correr naquele estado!‖ A galinha tornara-se a rainha da casa. Todos, menos ela, o sabiam. Continuou entre a cozinha e o terraço dos fundos, usando suas duas capacidades: a de apatia e a do sobressalto.
      Mas quando todos estavam quietos na casa e pareciam tê-la esquecido, enchia-se de uma pequena coragem, resquícios da grande fuga — e circulava pelo ladrilho, o corpo avançando atrás da cabeça, pausado como num campo, embora a pequena cabeça a traísse: mexendo-se rápida e vibrátil, com o velho susto de sua espécie já mecanizado.
        Uma vez ou outra, sempre mais raramente, lembrava de novo a galinha que se recortara contra o ar à beira do telhado, prestes a anunciar. Nesses momentos enchia os pulmões com o ar impuro da cozinha e, se fosse dado a fêmeas cantar, ela não cantaria mas ficaria muito mais contente. Embora nem nesses instantes a expressão de sua vazia cabeça se alterasse. Na fuga, no descanso, quando deu à luz ou bicando milho — era uma cabeça de galinha, a mesma que fora desenhada no começo dos séculos.
        Até que um dia mataram-na, comeram-na e passaram-se anos.



Fonte: Os Cem Melhores Contos do Século.

De acordo com a organização interna do texto, pode-se afirmar que ele se constitui de uma sequência de:

Alternativas
Comentários
  • Vários fatos ocorreram em sequencia durante o texto. Desde a fuga inesperada da galinha, quanto a reação da família ao resgatá-la.

    Nada pode lhe parar!!


ID
4868746
Banca
CONTEMAX
Órgão
Prefeitura de Orobó - PE
Ano
2019
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

TEXTO I

Uma galinha



       Era uma galinha de domingo. Ainda viva porque não passava de nove horas da manhã.
      Parecia calma. Desde sábado encolhera-se num canto da cozinha. Não olhava para ninguém, ninguém olhava para ela. Mesmo quando a escolheram, apalpando sua intimidade com indiferença, não souberam dizer se era gorda ou magra. Nunca se adivinharia nela um anseio.
      Foi pois uma surpresa quando a viram abrir as asas de curto voo, inchar o peito e, em dois ou três lances, alcançar a murada do terraço. Um instante ainda vacilou — o tempo da cozinheira dar um grito — e em breve estava no terraço do vizinho, de onde, em outro voo desajeitado, alcançou um telhado. Lá ficou em adorno deslocado, hesitando ora num, ora noutro pé. A família foi chamada com urgência e consternada viu o almoço junto de uma chaminé. O dono da casa lembrando-se da dupla necessidade de fazer esporadicamente algum esporte e de almoçar vestiu radiante um calção de banho e resolveu seguir o itinerário da galinha: em pulos cautelosos alcançou o telhado onde esta hesitante e trêmula escolhia com urgência outro rumo. A perseguição tornou-se mais intensa. De telhado a telhado foi percorrido mais de um quarteirão da rua. Pouco afeita a uma luta mais selvagem pela vida a galinha tinha que decidir por si mesma os caminhos a tomar sem nenhum auxílio de sua raça. O rapaz, porém, era um caçador adormecido. E por mais ínfima que fosse a presa o grito de conquista havia soado.
       Sozinha no mundo, sem pai nem mãe, ela corria, arfava, muda, concentrada. Às vezes, na fuga, pairava ofegante num beiral de telhado e enquanto o rapaz galgava outros com dificuldade tinha tempo de se refazer por um momento. E então parecia tão livre.
      Estúpida, tímida e livre. Não vitoriosa como seria um galo em fuga. Que é que havia nas suas vísceras que fazia dela um ser? A galinha é um ser. É verdade que não se poderia contar com ela para nada. Nem ela própria contava consigo, como o galo crê na sua crista. Sua única vantagem é que havia tantas galinhas que morrendo uma surgiria no mesmo instante outra tão igual como se fora a mesma.
      Afinal, numa das vezes em que parou para gozar sua fuga, o rapaz alcançou-a. Entre gritos e penas, ela foi presa. Em seguida carregada em triunfo por um asa através das telhas e pousada no chão da cozinha com certa violência. Ainda tonta, sacudiu-se um pouco, em cacarejos roucos e indecisos.
      Foi então que aconteceu. De pura afobação a galinha pôs um ovo. Surpreendida, exausta. Talvez fosse prematuro. Mas logo depois, nascida que fora para a maternidade, parecia uma velha mãe habituada. Sentou-se sobre o ovo e assim ficou respirando, abotoando e desabotoando os olhos. Seu coração tão pequeno num prato solevava e abaixava as penas enchendo de tepidez aquilo que nunca passaria de um ovo. Só a menina estava perto e assistiu a tudo estarrecida. Mal porém conseguiu desvencilhar-se do acontecimento despregou-se do chão e saiu aos gritos:
        — Mamãe, mamãe, não mate mais a galinha, ela pôs um ovo! Ela quer o nosso bem!
      Todos correram de novo à cozinha e rodearam mudos a jovem parturiente. Esquentando seu filho, esta não era nem suave nem arisca, nem alegre nem triste, não era nada, era uma galinha. O que não sugeria nenhum sentimento especial. O pai, a mãe e a filha olhavam já há algum tempo, sem propriamente um pensamento qualquer.
       Nunca ninguém acariciou uma cabeça de galinha. O pai afinal decidiu-se com certa brusquidão:  
     — Se você mandar matar esta galinha nunca mais comerei galinha na minha vida!
     — Eu também!, jurou a menina com ardor.
      A mãe, cansada, deu de ombros.
     Inconsciente da vida que lhe fora entregue, a galinha passou a morar com a família. A menina, de volta do colégio, jogava a pasta longe sem interromper a corrida para a cozinha. O pai de vez em quando ainda se lembrava: ―E dizer que a obriguei a correr naquele estado!‖ A galinha tornara-se a rainha da casa. Todos, menos ela, o sabiam. Continuou entre a cozinha e o terraço dos fundos, usando suas duas capacidades: a de apatia e a do sobressalto.
      Mas quando todos estavam quietos na casa e pareciam tê-la esquecido, enchia-se de uma pequena coragem, resquícios da grande fuga — e circulava pelo ladrilho, o corpo avançando atrás da cabeça, pausado como num campo, embora a pequena cabeça a traísse: mexendo-se rápida e vibrátil, com o velho susto de sua espécie já mecanizado.
        Uma vez ou outra, sempre mais raramente, lembrava de novo a galinha que se recortara contra o ar à beira do telhado, prestes a anunciar. Nesses momentos enchia os pulmões com o ar impuro da cozinha e, se fosse dado a fêmeas cantar, ela não cantaria mas ficaria muito mais contente. Embora nem nesses instantes a expressão de sua vazia cabeça se alterasse. Na fuga, no descanso, quando deu à luz ou bicando milho — era uma cabeça de galinha, a mesma que fora desenhada no começo dos séculos.
        Até que um dia mataram-na, comeram-na e passaram-se anos.



Fonte: Os Cem Melhores Contos do Século.

A atitude da galinha, que aparentava calma, foi, para a família:

Alternativas
Comentários
  •   Inconsciente da vida que lhe fora entregue, a galinha passou a morar com a família.

    Inesperado, imprevisível.

    Gabarito Letra E.


ID
4868749
Banca
CONTEMAX
Órgão
Prefeitura de Orobó - PE
Ano
2019
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

TEXTO I

Uma galinha



       Era uma galinha de domingo. Ainda viva porque não passava de nove horas da manhã.
      Parecia calma. Desde sábado encolhera-se num canto da cozinha. Não olhava para ninguém, ninguém olhava para ela. Mesmo quando a escolheram, apalpando sua intimidade com indiferença, não souberam dizer se era gorda ou magra. Nunca se adivinharia nela um anseio.
      Foi pois uma surpresa quando a viram abrir as asas de curto voo, inchar o peito e, em dois ou três lances, alcançar a murada do terraço. Um instante ainda vacilou — o tempo da cozinheira dar um grito — e em breve estava no terraço do vizinho, de onde, em outro voo desajeitado, alcançou um telhado. Lá ficou em adorno deslocado, hesitando ora num, ora noutro pé. A família foi chamada com urgência e consternada viu o almoço junto de uma chaminé. O dono da casa lembrando-se da dupla necessidade de fazer esporadicamente algum esporte e de almoçar vestiu radiante um calção de banho e resolveu seguir o itinerário da galinha: em pulos cautelosos alcançou o telhado onde esta hesitante e trêmula escolhia com urgência outro rumo. A perseguição tornou-se mais intensa. De telhado a telhado foi percorrido mais de um quarteirão da rua. Pouco afeita a uma luta mais selvagem pela vida a galinha tinha que decidir por si mesma os caminhos a tomar sem nenhum auxílio de sua raça. O rapaz, porém, era um caçador adormecido. E por mais ínfima que fosse a presa o grito de conquista havia soado.
       Sozinha no mundo, sem pai nem mãe, ela corria, arfava, muda, concentrada. Às vezes, na fuga, pairava ofegante num beiral de telhado e enquanto o rapaz galgava outros com dificuldade tinha tempo de se refazer por um momento. E então parecia tão livre.
      Estúpida, tímida e livre. Não vitoriosa como seria um galo em fuga. Que é que havia nas suas vísceras que fazia dela um ser? A galinha é um ser. É verdade que não se poderia contar com ela para nada. Nem ela própria contava consigo, como o galo crê na sua crista. Sua única vantagem é que havia tantas galinhas que morrendo uma surgiria no mesmo instante outra tão igual como se fora a mesma.
      Afinal, numa das vezes em que parou para gozar sua fuga, o rapaz alcançou-a. Entre gritos e penas, ela foi presa. Em seguida carregada em triunfo por um asa através das telhas e pousada no chão da cozinha com certa violência. Ainda tonta, sacudiu-se um pouco, em cacarejos roucos e indecisos.
      Foi então que aconteceu. De pura afobação a galinha pôs um ovo. Surpreendida, exausta. Talvez fosse prematuro. Mas logo depois, nascida que fora para a maternidade, parecia uma velha mãe habituada. Sentou-se sobre o ovo e assim ficou respirando, abotoando e desabotoando os olhos. Seu coração tão pequeno num prato solevava e abaixava as penas enchendo de tepidez aquilo que nunca passaria de um ovo. Só a menina estava perto e assistiu a tudo estarrecida. Mal porém conseguiu desvencilhar-se do acontecimento despregou-se do chão e saiu aos gritos:
        — Mamãe, mamãe, não mate mais a galinha, ela pôs um ovo! Ela quer o nosso bem!
      Todos correram de novo à cozinha e rodearam mudos a jovem parturiente. Esquentando seu filho, esta não era nem suave nem arisca, nem alegre nem triste, não era nada, era uma galinha. O que não sugeria nenhum sentimento especial. O pai, a mãe e a filha olhavam já há algum tempo, sem propriamente um pensamento qualquer.
       Nunca ninguém acariciou uma cabeça de galinha. O pai afinal decidiu-se com certa brusquidão:  
     — Se você mandar matar esta galinha nunca mais comerei galinha na minha vida!
     — Eu também!, jurou a menina com ardor.
      A mãe, cansada, deu de ombros.
     Inconsciente da vida que lhe fora entregue, a galinha passou a morar com a família. A menina, de volta do colégio, jogava a pasta longe sem interromper a corrida para a cozinha. O pai de vez em quando ainda se lembrava: ―E dizer que a obriguei a correr naquele estado!‖ A galinha tornara-se a rainha da casa. Todos, menos ela, o sabiam. Continuou entre a cozinha e o terraço dos fundos, usando suas duas capacidades: a de apatia e a do sobressalto.
      Mas quando todos estavam quietos na casa e pareciam tê-la esquecido, enchia-se de uma pequena coragem, resquícios da grande fuga — e circulava pelo ladrilho, o corpo avançando atrás da cabeça, pausado como num campo, embora a pequena cabeça a traísse: mexendo-se rápida e vibrátil, com o velho susto de sua espécie já mecanizado.
        Uma vez ou outra, sempre mais raramente, lembrava de novo a galinha que se recortara contra o ar à beira do telhado, prestes a anunciar. Nesses momentos enchia os pulmões com o ar impuro da cozinha e, se fosse dado a fêmeas cantar, ela não cantaria mas ficaria muito mais contente. Embora nem nesses instantes a expressão de sua vazia cabeça se alterasse. Na fuga, no descanso, quando deu à luz ou bicando milho — era uma cabeça de galinha, a mesma que fora desenhada no começo dos séculos.
        Até que um dia mataram-na, comeram-na e passaram-se anos.



Fonte: Os Cem Melhores Contos do Século.

O texto apresenta em vários momentos uma humanização da galinha; assinale a alternativa que indica o parágrafo em que isso fica mais evidente:

Alternativas
Comentários
  • 4° Paragrafo: Sozinha no mundo, sem pai nem mãe, ela corria, arfava, muda, concentrada. Às vezes, na fuga, pairava ofegante num beiral de telhado e enquanto o rapaz galgava outros com dificuldade tinha tempo de se refazer por um momento. E então parecia tão livre.

    Neste trecho vemos várias caracteristicas humanas utilizadas para a galinha. EX: Sozinha no mundo, sme pai nem mãe, muda, concentrada e etc.

    Desistir jamais !!!


ID
4868752
Banca
CONTEMAX
Órgão
Prefeitura de Orobó - PE
Ano
2019
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

TEXTO I

Uma galinha



       Era uma galinha de domingo. Ainda viva porque não passava de nove horas da manhã.
      Parecia calma. Desde sábado encolhera-se num canto da cozinha. Não olhava para ninguém, ninguém olhava para ela. Mesmo quando a escolheram, apalpando sua intimidade com indiferença, não souberam dizer se era gorda ou magra. Nunca se adivinharia nela um anseio.
      Foi pois uma surpresa quando a viram abrir as asas de curto voo, inchar o peito e, em dois ou três lances, alcançar a murada do terraço. Um instante ainda vacilou — o tempo da cozinheira dar um grito — e em breve estava no terraço do vizinho, de onde, em outro voo desajeitado, alcançou um telhado. Lá ficou em adorno deslocado, hesitando ora num, ora noutro pé. A família foi chamada com urgência e consternada viu o almoço junto de uma chaminé. O dono da casa lembrando-se da dupla necessidade de fazer esporadicamente algum esporte e de almoçar vestiu radiante um calção de banho e resolveu seguir o itinerário da galinha: em pulos cautelosos alcançou o telhado onde esta hesitante e trêmula escolhia com urgência outro rumo. A perseguição tornou-se mais intensa. De telhado a telhado foi percorrido mais de um quarteirão da rua. Pouco afeita a uma luta mais selvagem pela vida a galinha tinha que decidir por si mesma os caminhos a tomar sem nenhum auxílio de sua raça. O rapaz, porém, era um caçador adormecido. E por mais ínfima que fosse a presa o grito de conquista havia soado.
       Sozinha no mundo, sem pai nem mãe, ela corria, arfava, muda, concentrada. Às vezes, na fuga, pairava ofegante num beiral de telhado e enquanto o rapaz galgava outros com dificuldade tinha tempo de se refazer por um momento. E então parecia tão livre.
      Estúpida, tímida e livre. Não vitoriosa como seria um galo em fuga. Que é que havia nas suas vísceras que fazia dela um ser? A galinha é um ser. É verdade que não se poderia contar com ela para nada. Nem ela própria contava consigo, como o galo crê na sua crista. Sua única vantagem é que havia tantas galinhas que morrendo uma surgiria no mesmo instante outra tão igual como se fora a mesma.
      Afinal, numa das vezes em que parou para gozar sua fuga, o rapaz alcançou-a. Entre gritos e penas, ela foi presa. Em seguida carregada em triunfo por um asa através das telhas e pousada no chão da cozinha com certa violência. Ainda tonta, sacudiu-se um pouco, em cacarejos roucos e indecisos.
      Foi então que aconteceu. De pura afobação a galinha pôs um ovo. Surpreendida, exausta. Talvez fosse prematuro. Mas logo depois, nascida que fora para a maternidade, parecia uma velha mãe habituada. Sentou-se sobre o ovo e assim ficou respirando, abotoando e desabotoando os olhos. Seu coração tão pequeno num prato solevava e abaixava as penas enchendo de tepidez aquilo que nunca passaria de um ovo. Só a menina estava perto e assistiu a tudo estarrecida. Mal porém conseguiu desvencilhar-se do acontecimento despregou-se do chão e saiu aos gritos:
        — Mamãe, mamãe, não mate mais a galinha, ela pôs um ovo! Ela quer o nosso bem!
      Todos correram de novo à cozinha e rodearam mudos a jovem parturiente. Esquentando seu filho, esta não era nem suave nem arisca, nem alegre nem triste, não era nada, era uma galinha. O que não sugeria nenhum sentimento especial. O pai, a mãe e a filha olhavam já há algum tempo, sem propriamente um pensamento qualquer.
       Nunca ninguém acariciou uma cabeça de galinha. O pai afinal decidiu-se com certa brusquidão:  
     — Se você mandar matar esta galinha nunca mais comerei galinha na minha vida!
     — Eu também!, jurou a menina com ardor.
      A mãe, cansada, deu de ombros.
     Inconsciente da vida que lhe fora entregue, a galinha passou a morar com a família. A menina, de volta do colégio, jogava a pasta longe sem interromper a corrida para a cozinha. O pai de vez em quando ainda se lembrava: ―E dizer que a obriguei a correr naquele estado!‖ A galinha tornara-se a rainha da casa. Todos, menos ela, o sabiam. Continuou entre a cozinha e o terraço dos fundos, usando suas duas capacidades: a de apatia e a do sobressalto.
      Mas quando todos estavam quietos na casa e pareciam tê-la esquecido, enchia-se de uma pequena coragem, resquícios da grande fuga — e circulava pelo ladrilho, o corpo avançando atrás da cabeça, pausado como num campo, embora a pequena cabeça a traísse: mexendo-se rápida e vibrátil, com o velho susto de sua espécie já mecanizado.
        Uma vez ou outra, sempre mais raramente, lembrava de novo a galinha que se recortara contra o ar à beira do telhado, prestes a anunciar. Nesses momentos enchia os pulmões com o ar impuro da cozinha e, se fosse dado a fêmeas cantar, ela não cantaria mas ficaria muito mais contente. Embora nem nesses instantes a expressão de sua vazia cabeça se alterasse. Na fuga, no descanso, quando deu à luz ou bicando milho — era uma cabeça de galinha, a mesma que fora desenhada no começo dos séculos.
        Até que um dia mataram-na, comeram-na e passaram-se anos.



Fonte: Os Cem Melhores Contos do Século.

O pronome destacado na passagem "Só a menina estava perto e assistiu a tudo estarrecida." (7º parágrafo) faz referência a um acontecimento no texto. Quanto a seu papel coesivo, ele apresenta uma função:

Alternativas
Comentários
  • "Só a menina estava perto e assistiu a tudo estarrecida." (7º parágrafo) 

    O termo anafórico retoma um termo anterior, total ou parcialmente, de modo que, para compreendê-lo dependemos do termo antecedente.

    Deus é Pai !!


ID
4868755
Banca
CONTEMAX
Órgão
Prefeitura de Orobó - PE
Ano
2019
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

TEXTO I

Uma galinha



       Era uma galinha de domingo. Ainda viva porque não passava de nove horas da manhã.
      Parecia calma. Desde sábado encolhera-se num canto da cozinha. Não olhava para ninguém, ninguém olhava para ela. Mesmo quando a escolheram, apalpando sua intimidade com indiferença, não souberam dizer se era gorda ou magra. Nunca se adivinharia nela um anseio.
      Foi pois uma surpresa quando a viram abrir as asas de curto voo, inchar o peito e, em dois ou três lances, alcançar a murada do terraço. Um instante ainda vacilou — o tempo da cozinheira dar um grito — e em breve estava no terraço do vizinho, de onde, em outro voo desajeitado, alcançou um telhado. Lá ficou em adorno deslocado, hesitando ora num, ora noutro pé. A família foi chamada com urgência e consternada viu o almoço junto de uma chaminé. O dono da casa lembrando-se da dupla necessidade de fazer esporadicamente algum esporte e de almoçar vestiu radiante um calção de banho e resolveu seguir o itinerário da galinha: em pulos cautelosos alcançou o telhado onde esta hesitante e trêmula escolhia com urgência outro rumo. A perseguição tornou-se mais intensa. De telhado a telhado foi percorrido mais de um quarteirão da rua. Pouco afeita a uma luta mais selvagem pela vida a galinha tinha que decidir por si mesma os caminhos a tomar sem nenhum auxílio de sua raça. O rapaz, porém, era um caçador adormecido. E por mais ínfima que fosse a presa o grito de conquista havia soado.
       Sozinha no mundo, sem pai nem mãe, ela corria, arfava, muda, concentrada. Às vezes, na fuga, pairava ofegante num beiral de telhado e enquanto o rapaz galgava outros com dificuldade tinha tempo de se refazer por um momento. E então parecia tão livre.
      Estúpida, tímida e livre. Não vitoriosa como seria um galo em fuga. Que é que havia nas suas vísceras que fazia dela um ser? A galinha é um ser. É verdade que não se poderia contar com ela para nada. Nem ela própria contava consigo, como o galo crê na sua crista. Sua única vantagem é que havia tantas galinhas que morrendo uma surgiria no mesmo instante outra tão igual como se fora a mesma.
      Afinal, numa das vezes em que parou para gozar sua fuga, o rapaz alcançou-a. Entre gritos e penas, ela foi presa. Em seguida carregada em triunfo por um asa através das telhas e pousada no chão da cozinha com certa violência. Ainda tonta, sacudiu-se um pouco, em cacarejos roucos e indecisos.
      Foi então que aconteceu. De pura afobação a galinha pôs um ovo. Surpreendida, exausta. Talvez fosse prematuro. Mas logo depois, nascida que fora para a maternidade, parecia uma velha mãe habituada. Sentou-se sobre o ovo e assim ficou respirando, abotoando e desabotoando os olhos. Seu coração tão pequeno num prato solevava e abaixava as penas enchendo de tepidez aquilo que nunca passaria de um ovo. Só a menina estava perto e assistiu a tudo estarrecida. Mal porém conseguiu desvencilhar-se do acontecimento despregou-se do chão e saiu aos gritos:
        — Mamãe, mamãe, não mate mais a galinha, ela pôs um ovo! Ela quer o nosso bem!
      Todos correram de novo à cozinha e rodearam mudos a jovem parturiente. Esquentando seu filho, esta não era nem suave nem arisca, nem alegre nem triste, não era nada, era uma galinha. O que não sugeria nenhum sentimento especial. O pai, a mãe e a filha olhavam já há algum tempo, sem propriamente um pensamento qualquer.
       Nunca ninguém acariciou uma cabeça de galinha. O pai afinal decidiu-se com certa brusquidão:  
     — Se você mandar matar esta galinha nunca mais comerei galinha na minha vida!
     — Eu também!, jurou a menina com ardor.
      A mãe, cansada, deu de ombros.
     Inconsciente da vida que lhe fora entregue, a galinha passou a morar com a família. A menina, de volta do colégio, jogava a pasta longe sem interromper a corrida para a cozinha. O pai de vez em quando ainda se lembrava: ―E dizer que a obriguei a correr naquele estado!‖ A galinha tornara-se a rainha da casa. Todos, menos ela, o sabiam. Continuou entre a cozinha e o terraço dos fundos, usando suas duas capacidades: a de apatia e a do sobressalto.
      Mas quando todos estavam quietos na casa e pareciam tê-la esquecido, enchia-se de uma pequena coragem, resquícios da grande fuga — e circulava pelo ladrilho, o corpo avançando atrás da cabeça, pausado como num campo, embora a pequena cabeça a traísse: mexendo-se rápida e vibrátil, com o velho susto de sua espécie já mecanizado.
        Uma vez ou outra, sempre mais raramente, lembrava de novo a galinha que se recortara contra o ar à beira do telhado, prestes a anunciar. Nesses momentos enchia os pulmões com o ar impuro da cozinha e, se fosse dado a fêmeas cantar, ela não cantaria mas ficaria muito mais contente. Embora nem nesses instantes a expressão de sua vazia cabeça se alterasse. Na fuga, no descanso, quando deu à luz ou bicando milho — era uma cabeça de galinha, a mesma que fora desenhada no começo dos séculos.
        Até que um dia mataram-na, comeram-na e passaram-se anos.



Fonte: Os Cem Melhores Contos do Século.

Na passagem "O dono da casa lembrando-se da dupla necessidade de fazer esporadicamente algum esporte (...)" (3º parágrafo), o advérbio em destaque indica uma circunstância de:

Alternativas
Comentários
  • alternativa d: circunstancia de tempo.
  • GABARITO LETRA D

    Esporadicamente é um advérbio que se refere ao que ocorre poucas vezes, raramente ou de modo aleatório, entre um longo espaço de tempo.

    sinônimos de esporadicamente : ocasionalmente, pontualmente, raramente, raro, isoladamente, circunstancialmente, eventualmente, casualmente, fortuitamente, espaçadamente, espalhadamente, dispersamente, esparsamente.

  • Quando ele vai fazer? Esporadicamente.

    Tempo.


ID
4868758
Banca
CONTEMAX
Órgão
Prefeitura de Orobó - PE
Ano
2019
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

TEXTO I

Uma galinha



       Era uma galinha de domingo. Ainda viva porque não passava de nove horas da manhã.
      Parecia calma. Desde sábado encolhera-se num canto da cozinha. Não olhava para ninguém, ninguém olhava para ela. Mesmo quando a escolheram, apalpando sua intimidade com indiferença, não souberam dizer se era gorda ou magra. Nunca se adivinharia nela um anseio.
      Foi pois uma surpresa quando a viram abrir as asas de curto voo, inchar o peito e, em dois ou três lances, alcançar a murada do terraço. Um instante ainda vacilou — o tempo da cozinheira dar um grito — e em breve estava no terraço do vizinho, de onde, em outro voo desajeitado, alcançou um telhado. Lá ficou em adorno deslocado, hesitando ora num, ora noutro pé. A família foi chamada com urgência e consternada viu o almoço junto de uma chaminé. O dono da casa lembrando-se da dupla necessidade de fazer esporadicamente algum esporte e de almoçar vestiu radiante um calção de banho e resolveu seguir o itinerário da galinha: em pulos cautelosos alcançou o telhado onde esta hesitante e trêmula escolhia com urgência outro rumo. A perseguição tornou-se mais intensa. De telhado a telhado foi percorrido mais de um quarteirão da rua. Pouco afeita a uma luta mais selvagem pela vida a galinha tinha que decidir por si mesma os caminhos a tomar sem nenhum auxílio de sua raça. O rapaz, porém, era um caçador adormecido. E por mais ínfima que fosse a presa o grito de conquista havia soado.
       Sozinha no mundo, sem pai nem mãe, ela corria, arfava, muda, concentrada. Às vezes, na fuga, pairava ofegante num beiral de telhado e enquanto o rapaz galgava outros com dificuldade tinha tempo de se refazer por um momento. E então parecia tão livre.
      Estúpida, tímida e livre. Não vitoriosa como seria um galo em fuga. Que é que havia nas suas vísceras que fazia dela um ser? A galinha é um ser. É verdade que não se poderia contar com ela para nada. Nem ela própria contava consigo, como o galo crê na sua crista. Sua única vantagem é que havia tantas galinhas que morrendo uma surgiria no mesmo instante outra tão igual como se fora a mesma.
      Afinal, numa das vezes em que parou para gozar sua fuga, o rapaz alcançou-a. Entre gritos e penas, ela foi presa. Em seguida carregada em triunfo por um asa através das telhas e pousada no chão da cozinha com certa violência. Ainda tonta, sacudiu-se um pouco, em cacarejos roucos e indecisos.
      Foi então que aconteceu. De pura afobação a galinha pôs um ovo. Surpreendida, exausta. Talvez fosse prematuro. Mas logo depois, nascida que fora para a maternidade, parecia uma velha mãe habituada. Sentou-se sobre o ovo e assim ficou respirando, abotoando e desabotoando os olhos. Seu coração tão pequeno num prato solevava e abaixava as penas enchendo de tepidez aquilo que nunca passaria de um ovo. Só a menina estava perto e assistiu a tudo estarrecida. Mal porém conseguiu desvencilhar-se do acontecimento despregou-se do chão e saiu aos gritos:
        — Mamãe, mamãe, não mate mais a galinha, ela pôs um ovo! Ela quer o nosso bem!
      Todos correram de novo à cozinha e rodearam mudos a jovem parturiente. Esquentando seu filho, esta não era nem suave nem arisca, nem alegre nem triste, não era nada, era uma galinha. O que não sugeria nenhum sentimento especial. O pai, a mãe e a filha olhavam já há algum tempo, sem propriamente um pensamento qualquer.
       Nunca ninguém acariciou uma cabeça de galinha. O pai afinal decidiu-se com certa brusquidão:  
     — Se você mandar matar esta galinha nunca mais comerei galinha na minha vida!
     — Eu também!, jurou a menina com ardor.
      A mãe, cansada, deu de ombros.
     Inconsciente da vida que lhe fora entregue, a galinha passou a morar com a família. A menina, de volta do colégio, jogava a pasta longe sem interromper a corrida para a cozinha. O pai de vez em quando ainda se lembrava: ―E dizer que a obriguei a correr naquele estado!‖ A galinha tornara-se a rainha da casa. Todos, menos ela, o sabiam. Continuou entre a cozinha e o terraço dos fundos, usando suas duas capacidades: a de apatia e a do sobressalto.
      Mas quando todos estavam quietos na casa e pareciam tê-la esquecido, enchia-se de uma pequena coragem, resquícios da grande fuga — e circulava pelo ladrilho, o corpo avançando atrás da cabeça, pausado como num campo, embora a pequena cabeça a traísse: mexendo-se rápida e vibrátil, com o velho susto de sua espécie já mecanizado.
        Uma vez ou outra, sempre mais raramente, lembrava de novo a galinha que se recortara contra o ar à beira do telhado, prestes a anunciar. Nesses momentos enchia os pulmões com o ar impuro da cozinha e, se fosse dado a fêmeas cantar, ela não cantaria mas ficaria muito mais contente. Embora nem nesses instantes a expressão de sua vazia cabeça se alterasse. Na fuga, no descanso, quando deu à luz ou bicando milho — era uma cabeça de galinha, a mesma que fora desenhada no começo dos séculos.
        Até que um dia mataram-na, comeram-na e passaram-se anos.



Fonte: Os Cem Melhores Contos do Século.

Todas as palavras abaixo retiradas do texto apresentam ditongo; a EXCEÇÃO encontra-se na alternativa:

Alternativas
Comentários
  • letra A- A-in-da - divisão silábica A é hiato- correto.

    B- Ninguém, ditongo decrescente nasal, como em porém e também ( eim)

    C-pei-to

    D-dois monossílabo átono

    E- enquanto ( ua)

  • LETRA A

    Tritongo é 3 vogais na mesma sílaba = paraguai, uruguai

    ditongo = 2 vogais na mesma sílaba

    "A-in-da"=hiato

    "nin-guém"= gu=é dígrafo pq n pronuncia, fica só o ém= ditongo

    "pei-to"= ditongo

    "dois"= n separa

    "en-quan-to"= qu pronuncia, por isso é ditongo crescente

    :)

  • GABARITO: LETRA A

    ____________________________________________________________________________________________________________________

    MONOSSÍLABA = palavras compostas por 1 sílaba. Ex: Sol, Lá, Pá;

    DISSÍLABA = palavras compostas por 2 sílabas. Ex: Blusa, Casa, Creme;

    TRISSÍLABA = palavras compostas por 3 sílabas. Ex: Sorvete, Caneta, Banana;

    POLISSÍLABA = palavras compostas por mais de 3 sílabas. Ex: Bicicleta, Televisão, Mundialmente.

    ____________________________________________________________________________________________________________________

    SEPARAÇÃO SILÁBICA

    A) NÃO SE SEPARAM OS DITONGOS E TRITONGOS:

    AU-LAS = ditongo decrescente oral.

    GUAR-DA = ditongo crescente oral.

    A-GUEI = tritongo ora

    B) SEPARAM-SE AS VOGAIS DOS HIATOS:

    PI-A-DA (i/a)

    CA-IR (a/i)

    C) NÃO SE SEPARAM OS DÌGRAFOS CH, LH, NH, QU, GU:

    CHO-CA-LHO / CH, LH = dígrafos inseparáveis.

    QUI-NHÃO / QU, NH = dígrafos inseparáveis.

    GUI-SA-DO / GU = dígrafo inseparável.

    D) SEPARAM-SE OS DÍGRAFOS RR, SS, SC, SÇ, XC E XS:

    EX-CES-SO / XC, SS = dígrafos separáveis.

    FLO-RES-CER / SC = dígrafo separável.

    CAR-RO-ÇA / RR = dígrafo separável.

    DES-ÇO / SÇ = dígrafo separável.

    E) A CONSOANTE INICIAL NÃO SEGUIDA DE VOGAL PERMANECE NA SÍLABA QUE A SEGUE:

    CNI-DO-SE | DZE-TA | GNO-MA | MNE-MÙ-NI-CO | PNEU-M·-TI-CO

    F) NO INTERIOR DO VOCÁBULO, SEMPRE SE CONSERVA NA SÍLABA QUE A PRECEDE A CONSOANTE NÃO SEGUIDA DE VOGAL:

    AB-DI-CAR | AC-NE | BET-SA-MI-TA DAF-NE DRAC-MA | ÈT-NI-CO | NUP-CI-AL OB-FIR-MAR

    G) O “S” FORMA SÍLABA COM O PREFIXO ANTECEDENTE QUE PRECEDE CONSOANTES (O “S” NÃO FAZ PARTE DO PREFIXO):

    ABS-TRA-IR | ADS-CRE-VER | INS-CRI-ÇÃO | INS-PE-TOR | INS-TRU-IR | IN-TERS-TÍ-CIO 

    H) PREFIXOS TERMINADOS EM CONSOANTE:

    1) Ligados a palavras iniciadas por consoante, cada uma fica em sílabas diferentes.

    BIS-NE-TO | CIS-PLA-TI-NO | DES-LI-GAR | DIS-TRA-ÇÃO | TRANS-POR-TAR

    2) Ligados a palavras iniciadas por vogal, a consoante do prefixo se liga à vogal da palavra.

    BI-SA-VÔ | CI-SAN-DI-NO | DE-SES-PE-RAR | DI-SEN-TÈ-RI-CO | TRAN-SA-TLÂN-TI-CO

    MEUS RESUMOS DAS AULAS DO PROF. DÉCIO TERROR.

  • NINGUÉM NÃO É TRITONGO? SE O EM É DITONGO NASAL, A LETRA M É UMA SEMIVOGAL!

    NIN GUÉM??

    U>>> SEMIVOGAL

    E>>>VOGAL

    M>>>>SEMIVOGAL

    SÓ EU APRENDI ASSIM?


ID
4868761
Banca
CONTEMAX
Órgão
Prefeitura de Orobó - PE
Ano
2019
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

TEXTO I

Uma galinha



       Era uma galinha de domingo. Ainda viva porque não passava de nove horas da manhã.
      Parecia calma. Desde sábado encolhera-se num canto da cozinha. Não olhava para ninguém, ninguém olhava para ela. Mesmo quando a escolheram, apalpando sua intimidade com indiferença, não souberam dizer se era gorda ou magra. Nunca se adivinharia nela um anseio.
      Foi pois uma surpresa quando a viram abrir as asas de curto voo, inchar o peito e, em dois ou três lances, alcançar a murada do terraço. Um instante ainda vacilou — o tempo da cozinheira dar um grito — e em breve estava no terraço do vizinho, de onde, em outro voo desajeitado, alcançou um telhado. Lá ficou em adorno deslocado, hesitando ora num, ora noutro pé. A família foi chamada com urgência e consternada viu o almoço junto de uma chaminé. O dono da casa lembrando-se da dupla necessidade de fazer esporadicamente algum esporte e de almoçar vestiu radiante um calção de banho e resolveu seguir o itinerário da galinha: em pulos cautelosos alcançou o telhado onde esta hesitante e trêmula escolhia com urgência outro rumo. A perseguição tornou-se mais intensa. De telhado a telhado foi percorrido mais de um quarteirão da rua. Pouco afeita a uma luta mais selvagem pela vida a galinha tinha que decidir por si mesma os caminhos a tomar sem nenhum auxílio de sua raça. O rapaz, porém, era um caçador adormecido. E por mais ínfima que fosse a presa o grito de conquista havia soado.
       Sozinha no mundo, sem pai nem mãe, ela corria, arfava, muda, concentrada. Às vezes, na fuga, pairava ofegante num beiral de telhado e enquanto o rapaz galgava outros com dificuldade tinha tempo de se refazer por um momento. E então parecia tão livre.
      Estúpida, tímida e livre. Não vitoriosa como seria um galo em fuga. Que é que havia nas suas vísceras que fazia dela um ser? A galinha é um ser. É verdade que não se poderia contar com ela para nada. Nem ela própria contava consigo, como o galo crê na sua crista. Sua única vantagem é que havia tantas galinhas que morrendo uma surgiria no mesmo instante outra tão igual como se fora a mesma.
      Afinal, numa das vezes em que parou para gozar sua fuga, o rapaz alcançou-a. Entre gritos e penas, ela foi presa. Em seguida carregada em triunfo por um asa através das telhas e pousada no chão da cozinha com certa violência. Ainda tonta, sacudiu-se um pouco, em cacarejos roucos e indecisos.
      Foi então que aconteceu. De pura afobação a galinha pôs um ovo. Surpreendida, exausta. Talvez fosse prematuro. Mas logo depois, nascida que fora para a maternidade, parecia uma velha mãe habituada. Sentou-se sobre o ovo e assim ficou respirando, abotoando e desabotoando os olhos. Seu coração tão pequeno num prato solevava e abaixava as penas enchendo de tepidez aquilo que nunca passaria de um ovo. Só a menina estava perto e assistiu a tudo estarrecida. Mal porém conseguiu desvencilhar-se do acontecimento despregou-se do chão e saiu aos gritos:
        — Mamãe, mamãe, não mate mais a galinha, ela pôs um ovo! Ela quer o nosso bem!
      Todos correram de novo à cozinha e rodearam mudos a jovem parturiente. Esquentando seu filho, esta não era nem suave nem arisca, nem alegre nem triste, não era nada, era uma galinha. O que não sugeria nenhum sentimento especial. O pai, a mãe e a filha olhavam já há algum tempo, sem propriamente um pensamento qualquer.
       Nunca ninguém acariciou uma cabeça de galinha. O pai afinal decidiu-se com certa brusquidão:  
     — Se você mandar matar esta galinha nunca mais comerei galinha na minha vida!
     — Eu também!, jurou a menina com ardor.
      A mãe, cansada, deu de ombros.
     Inconsciente da vida que lhe fora entregue, a galinha passou a morar com a família. A menina, de volta do colégio, jogava a pasta longe sem interromper a corrida para a cozinha. O pai de vez em quando ainda se lembrava: ―E dizer que a obriguei a correr naquele estado!‖ A galinha tornara-se a rainha da casa. Todos, menos ela, o sabiam. Continuou entre a cozinha e o terraço dos fundos, usando suas duas capacidades: a de apatia e a do sobressalto.
      Mas quando todos estavam quietos na casa e pareciam tê-la esquecido, enchia-se de uma pequena coragem, resquícios da grande fuga — e circulava pelo ladrilho, o corpo avançando atrás da cabeça, pausado como num campo, embora a pequena cabeça a traísse: mexendo-se rápida e vibrátil, com o velho susto de sua espécie já mecanizado.
        Uma vez ou outra, sempre mais raramente, lembrava de novo a galinha que se recortara contra o ar à beira do telhado, prestes a anunciar. Nesses momentos enchia os pulmões com o ar impuro da cozinha e, se fosse dado a fêmeas cantar, ela não cantaria mas ficaria muito mais contente. Embora nem nesses instantes a expressão de sua vazia cabeça se alterasse. Na fuga, no descanso, quando deu à luz ou bicando milho — era uma cabeça de galinha, a mesma que fora desenhada no começo dos séculos.
        Até que um dia mataram-na, comeram-na e passaram-se anos.



Fonte: Os Cem Melhores Contos do Século.

Em todas as alternativas abaixo estão destacados pronomes, EXCETO na opção:

Alternativas
Comentários
  • B) "E dizer que a obriguei a correr naquele estado!" (13º parágrafo)

    → O que é uma conjunção subordinativa integrante.

    GABARITO. B

  • Gab. ''B''

    Trata-se de uma conjunção integrante e não pronome.

    *E dizer ISSO (''que a obriguei a correr naquele estado!")

    Neste período temos uma oração subordinada substantiva subjetiva.

  • GABARITO B

    Quando trocamos o "que" por "isso" conjunção integrante.

    "E dizer que ( Isso )  a obriguei a correr naquele estado!" (13º parágrafo

  • alguém poderia comentar a letra D? não entendi

  • Me, te , se , nos, vos= Pronome oblíquo átono

    Na letra ''d''

    "Mas quando todos estavam quietos na casa e pareciam tê-la esquecido. QUEM TEM TEM ALGO OU ALGUMA , o pronome oblíquo átono ''LA'' está na frase como objeto direto , espero ter ajudado Juliana Cordeiro.


ID
4868764
Banca
CONTEMAX
Órgão
Prefeitura de Orobó - PE
Ano
2019
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

TEXTO II


Por não estarem distraídos


     Havia a levíssima embriaguez de andarem juntos, a alegria como quando se sente a garganta um pouco seca e se vê que por admiração se estava de boca entreaberta: eles respiravam de antemão o ar que estava à frente, e ter esta sede era a própria água deles. Andavam por ruas e ruas falando e rindo, falavam e riam para dar matéria e peso à levíssima embriaguez que era a alegria da sede deles. Por causa de carros e pessoas, às vezes eles se tocavam, e ao toque – a sede é a graça, mas as águas são uma beleza de escuras – e ao toque brilhava o brilho da água deles, a boca ficando um pouco mais seca de admiração. Como eles admiravam estarem juntos!

      Até que tudo se transformou em não. Tudo se transformou em não quando eles quiseram essa mesma alegria deles. Então a grande dança dos erros. O cerimonial das palavras desacertadas. Ele procurava e não via, ela não via que ele não vira, ela que estava ali, no entanto. No entanto ele que estava ali. Tudo errou, e havia a grande poeira das ruas, e quanto mais erravam, mais com aspereza queriam, sem um sorriso. Tudo só porque tinham prestado atenção, só porque não estavam bastante distraídos. Só porque, de súbito exigentes e duros, quiseram ter o que já tinham. Tudo porque quiseram dar um nome; porque quiseram ser, eles que eram. Foram então aprender que, não se estando distraído, o telefone não toca, e é preciso sair de casa para que a carta chegue, e quando o telefone finalmente toca, o deserto da espera já cortou os fios. Tudo, tudo por não estarem mais distraídos. 


(LISPECTOR, Clarice. Para não esquecer. São Paulo: Siciliano, 1992.)

O título do texto – Por não estarem distraídos – expressa a causa do insucesso da relação amorosa apresentada pelo narrador. A passagem do texto que funciona como uma consequência dessa causa contida no título está presente na alternativa:

Alternativas
Comentários
  • Segundo a banca GAB. D.

    Achei a E certa também.

    Alguém saberia explicar?


ID
4868767
Banca
CONTEMAX
Órgão
Prefeitura de Orobó - PE
Ano
2019
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

TEXTO II


Por não estarem distraídos


     Havia a levíssima embriaguez de andarem juntos, a alegria como quando se sente a garganta um pouco seca e se vê que por admiração se estava de boca entreaberta: eles respiravam de antemão o ar que estava à frente, e ter esta sede era a própria água deles. Andavam por ruas e ruas falando e rindo, falavam e riam para dar matéria e peso à levíssima embriaguez que era a alegria da sede deles. Por causa de carros e pessoas, às vezes eles se tocavam, e ao toque – a sede é a graça, mas as águas são uma beleza de escuras – e ao toque brilhava o brilho da água deles, a boca ficando um pouco mais seca de admiração. Como eles admiravam estarem juntos!

      Até que tudo se transformou em não. Tudo se transformou em não quando eles quiseram essa mesma alegria deles. Então a grande dança dos erros. O cerimonial das palavras desacertadas. Ele procurava e não via, ela não via que ele não vira, ela que estava ali, no entanto. No entanto ele que estava ali. Tudo errou, e havia a grande poeira das ruas, e quanto mais erravam, mais com aspereza queriam, sem um sorriso. Tudo só porque tinham prestado atenção, só porque não estavam bastante distraídos. Só porque, de súbito exigentes e duros, quiseram ter o que já tinham. Tudo porque quiseram dar um nome; porque quiseram ser, eles que eram. Foram então aprender que, não se estando distraído, o telefone não toca, e é preciso sair de casa para que a carta chegue, e quando o telefone finalmente toca, o deserto da espera já cortou os fios. Tudo, tudo por não estarem mais distraídos. 


(LISPECTOR, Clarice. Para não esquecer. São Paulo: Siciliano, 1992.)

As relações semânticas podem ser estabelecidas entre orações, períodos e parágrafos em um texto. Nesse sentido, o texto clariceano é estrategicamente estruturado em apenas dois parágrafos, que estabelecem entre si uma determinada relação semântica fundamental, a qual está corretamente apontada no item:

Alternativas
Comentários
  • GAB:B

    CONTRAPOSIÇÃO OU A FAMOSA ADVERSIDADE !

    ISSO É VISTO EM ALGUNS TRECHOS DO TEXTO: "...no entanto. No entanto ele que estava ali. Tudo errou, e havia a grande poeira das ruas, e quanto mais erravam, mais com aspereza queriam, sem um sorriso. Tudo só porque tinham prestado atenção, só porque não estavam bastante distraídos. Só porque, de súbito exigentes e duros, quiseram ter o que já tinham. ".

  • Entendi a questão dessa forma: no começo estava tudo bem ( primeiro parágrafo), no segundo parágrafo, brigas. Ideias opostas que não se atraem, oposição, adversidade, ressalva, contraposição, todos esses nomes são sinônimos que podem cair na prova.


ID
4868770
Banca
CONTEMAX
Órgão
Prefeitura de Orobó - PE
Ano
2019
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

TEXTO II


Por não estarem distraídos


     Havia a levíssima embriaguez de andarem juntos, a alegria como quando se sente a garganta um pouco seca e se vê que por admiração se estava de boca entreaberta: eles respiravam de antemão o ar que estava à frente, e ter esta sede era a própria água deles. Andavam por ruas e ruas falando e rindo, falavam e riam para dar matéria e peso à levíssima embriaguez que era a alegria da sede deles. Por causa de carros e pessoas, às vezes eles se tocavam, e ao toque – a sede é a graça, mas as águas são uma beleza de escuras – e ao toque brilhava o brilho da água deles, a boca ficando um pouco mais seca de admiração. Como eles admiravam estarem juntos!

      Até que tudo se transformou em não. Tudo se transformou em não quando eles quiseram essa mesma alegria deles. Então a grande dança dos erros. O cerimonial das palavras desacertadas. Ele procurava e não via, ela não via que ele não vira, ela que estava ali, no entanto. No entanto ele que estava ali. Tudo errou, e havia a grande poeira das ruas, e quanto mais erravam, mais com aspereza queriam, sem um sorriso. Tudo só porque tinham prestado atenção, só porque não estavam bastante distraídos. Só porque, de súbito exigentes e duros, quiseram ter o que já tinham. Tudo porque quiseram dar um nome; porque quiseram ser, eles que eram. Foram então aprender que, não se estando distraído, o telefone não toca, e é preciso sair de casa para que a carta chegue, e quando o telefone finalmente toca, o deserto da espera já cortou os fios. Tudo, tudo por não estarem mais distraídos. 


(LISPECTOR, Clarice. Para não esquecer. São Paulo: Siciliano, 1992.)

Sobre o emprego dos travessões na passagem

"Por causa de carros e pessoas, às vezes eles se tocavam, e ao toque – a sede é a graça, mas as águas são uma beleza de escuras – e ao toque brilhava o brilho da água deles, a boca ficando um pouco mais seca de admiração." (1º parágrafo), assinale a opção INCORRETA:

Alternativas
Comentários
  • travessão [ — ] é um sinal de pontuação usado, maioritariamente, no início das falas no discurso direto. É também usado para substituir a vírgula ou os parênteses em orações intercaladas ou no destaque de alguma parte da frase.

  • GABARITO C

    Segundo a gramatica , Um dos usos de travessões é para isolar orações intercaladas ou inferentes

    ( Elas existem, sim, no sentido de fazer uma advertência, inserir uma opinião, observação ou ressalva )

    É possível a permuta entre travessões , vírgulas , parênteses. Uso não facultativo.

    "Por causa de carros e pessoas, às vezes eles se tocavam, e ao toque a sede é a graça, mas as águas são uma beleza de escuras e ao toque brilhava o brilho da água deles, a boca ficando um pouco mais seca de admiração."

    ou

    "Por causa de carros e pessoas, às vezes eles se tocavam, e ao toque ( a sede é a graça, mas as águas são uma beleza de escuras ) e ao toque brilhava o brilho da água deles, a boca ficando um pouco mais seca de admiração."

    ou

    "Por causa de carros e pessoas, às vezes eles se tocavam, e ao toque , a sede é a graça, mas as águas são uma beleza de escuras , e ao toque brilhava o brilho da água deles, a boca ficando um pouco mais seca de admiração."

    As fontes consultadas foram:

    F. Pestana

    José Maria, pontuação.

    Gramática Normativa, FTD.

    https://www.portugues.com.br/gramatica/oracoes-intercaladas-ou-interferentes.html#:~:text=Demarcada%20tamb%C3%A9m%20pelo%20travess%C3%

    A3o%2C%20a,que%20precisava%20mudar%20de%20opini%C3%A3o.

    ______________________________________________________________-

    Eventuais equívocos ou discussões sobre a questão... comunique-me!

    Bons estudos!!!!

  • Assertiva C INCORRETA:

    foram empregados meramente por questões estilísticas;

  • PS:

    Escorreita é o mesmo que: apurada, perfeita, correta, límpida.


ID
4868773
Banca
CONTEMAX
Órgão
Prefeitura de Orobó - PE
Ano
2019
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

TEXTO II


Por não estarem distraídos


     Havia a levíssima embriaguez de andarem juntos, a alegria como quando se sente a garganta um pouco seca e se vê que por admiração se estava de boca entreaberta: eles respiravam de antemão o ar que estava à frente, e ter esta sede era a própria água deles. Andavam por ruas e ruas falando e rindo, falavam e riam para dar matéria e peso à levíssima embriaguez que era a alegria da sede deles. Por causa de carros e pessoas, às vezes eles se tocavam, e ao toque – a sede é a graça, mas as águas são uma beleza de escuras – e ao toque brilhava o brilho da água deles, a boca ficando um pouco mais seca de admiração. Como eles admiravam estarem juntos!

      Até que tudo se transformou em não. Tudo se transformou em não quando eles quiseram essa mesma alegria deles. Então a grande dança dos erros. O cerimonial das palavras desacertadas. Ele procurava e não via, ela não via que ele não vira, ela que estava ali, no entanto. No entanto ele que estava ali. Tudo errou, e havia a grande poeira das ruas, e quanto mais erravam, mais com aspereza queriam, sem um sorriso. Tudo só porque tinham prestado atenção, só porque não estavam bastante distraídos. Só porque, de súbito exigentes e duros, quiseram ter o que já tinham. Tudo porque quiseram dar um nome; porque quiseram ser, eles que eram. Foram então aprender que, não se estando distraído, o telefone não toca, e é preciso sair de casa para que a carta chegue, e quando o telefone finalmente toca, o deserto da espera já cortou os fios. Tudo, tudo por não estarem mais distraídos. 


(LISPECTOR, Clarice. Para não esquecer. São Paulo: Siciliano, 1992.)

Das orações destacadas nas passagens abaixo retiradas do texto, a única com função adjetiva encontra-se na alternativa:

Alternativas
Comentários
  • Na literal definição de Domingos P. Cegalla, eduzida de sua Novíssima Gramática da Língua Portuguesa, p.390, as orações subordinadas adjetivas são as que exercem, como os adjetivos, a função de adjunto adnominal.

    Na mais das vezes, são introduzidas por pronomes relativos (que, quanto, quem, cujo, etc.) e se subdividem em dois tipos:

    Restritivas: não apresentam, na escrita, a marcação da pausa e referem-se a um termo antecedente, que pode ser um pronome ou um substantivo. Exs.:

    I – “Era fatal a dor que respondia na cacunda.” (Monteiro Lobato);

    II – É teu tudo quanto aqui existe;

    III – “Foi o cavalo de Mauro que boleou, isto é, caiu para trás.” (Fernando Sabino)

    Explicativas: normalmente, apresentam, na escrita, a marcação da pausa e explicam ou esclarecem o termo antecedente, conferindo-lhes uma característica ou trazendo uma informação. Exs.:

    I – “Olhou a caatinga, que o poente amarelava.” (Graciliano Ramos)

    II – “Vicente, que também rira com Mariinha, notou que a moça tinha uns lindos olhos e uma curiosa graça no riso.” (Raquel de Queirós)

    III – “Mariana sentou-se no catre, ao lado do qual estava o baú de roupas.” (Ana Miranda)

    Inspecionemos os itens:

    a) "(...) eles respiravam de antemão o ar que estava à frente, (...)" (1º parágrafo)

    Correto. Trata-se de uma oração subordinada adjetiva restritiva, consoante se verifica na explicação acima;

    b) "Andavam por ruas e ruas falando e rindo, (...)" (1º parágrafo)

    Incorreto. Trata-se duas orações subordinadas adverbiais conformativas reduzidas de gerúndio. Desenvolvendo-as, ou seja, inserindo uma conjunção do bloco verbal "falando e rindo", origina-se esta redação: "Andavam por ruas e ruas conforme falavam e riam";

    c) "Como eles admiravam estarem juntos!" (1º parágrafo)

    Incorreto. Trata-se de uma oração subordinada substantiva objetiva direta reduzida de infinitivo. Desenvolvendo-a, resulta-se esta redação: "Como eles admiravam que estivessem juntos!";

    d) "Tudo se transformou em não quando eles quiseram essa mesma alegria deles." (2º parágrafo)

    Incorreto. A oração destacada é subordinada adverbial temporal, ou seja, de advérbio de tempo;

    e) "(...) e quanto mais erravam, mais com aspereza queriam, sem um sorriso." (2º parágrafo)

    Incorreto. A oração destacada é subordinada adverbial proporcional, ou seja, confere à estrutura noção de proporcionalidade.

    Letra A

  • Resposta: A -

    Recebe o nome de adjetiva porque exerce função sintática tipicamente exercida por adjetivos.

  • O '' QUE'' na frase, eles respiravam de antemão o ar que estava à frente, O ar o qual estava a frente, quando o ''que '' puder ser substituído por o qual e flexão se torna um pronome relativo = PR, ganhando OSA= PROSA= Pronome Relativo Oração Subordinada Adjetiva Restritiva, pois não tem vírgulas.

    RESPOSTA A.


ID
4868782
Banca
CONTEMAX
Órgão
Prefeitura de Orobó - PE
Ano
2019
Provas
Disciplina
Matemática
Assuntos

Cinco alunos leem 10 livros em 3 semanas. Quantos livros 10 alunos leem em 6 semanas?

Alternativas
Comentários
  • GABARITO C

    5 A----------------- 10 l ---------------------3 sem

    10 A---------------- X -----------------------6 sem

    ____________________________________

    = 10 X 6 X 10

    -----------------------

    3 X 5

    ________________________

    600

    ------

    15

    600/ 15 = 40

    _________________________

    Bons estudos!


ID
4868788
Banca
CONTEMAX
Órgão
Prefeitura de Orobó - PE
Ano
2019
Provas
Disciplina
Atualidades
Assuntos

Leia a notícia jornalística a seguir, publicada em outubro deste ano, e marque a opção que preenche corretamente a lacuna.

“A atual onda de protestos violentos que atinge o ________ ganhou contornos mais dramáticos neste domingo, quando dois incêndios na capital deixaram ao menos sete mortos. A onda de manifestações e confrontos já se espalhou por diversas partes do país, mesmo após o presidente Sebastián Piñera ter cancelado o aumento nas tarifas de metrô, estopim para a crise atual”.


(Fonte: Folha de São Paulo, 20/10/2019, com adaptações).

Alternativas
Comentários
  • Presidentes:

    a) Brasil - Jair Bolsonaro

    b) Chile - Sebastián Piñera

    c) Mexico - Andrés Manuel López Obrador

    d) Uruguai- Luis Lacalle Pou

    e) Paraguai - Mario Abdo Benítez

    gab: B

  • GAB-B

    CHILE


ID
4868791
Banca
CONTEMAX
Órgão
Prefeitura de Orobó - PE
Ano
2019
Provas
Disciplina
Atualidades
Assuntos

Em setembro deste ano, o Presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, sancionou a chamada Lei da Liberdade Econômica. Marque a alternativa que NÃO apresenta uma das medidas propostas nessa lei.

Alternativas
Comentários
  • O objetivo dessa lei é a redução da burocracia nas atividades econômicas e incentivar a criação de novos empregos. Sabendo disso ja daria pra ir por eliminação.

    Pra quem quer ler os pontos principais, segue o link da matéria:

    https://g1.globo.com/economia/noticia/2019/09/20/entenda-o-que-muda-com-a-lei-da-liberdade-economica.ghtml

    gabarito C

  • Que legal..


ID
4868794
Banca
CONTEMAX
Órgão
Prefeitura de Orobó - PE
Ano
2019
Provas
Disciplina
Atualidades
Assuntos

Considere a descrição a seguir, a respeito de uma importante personalidade da literatura brasileira, e assinale a alternativa que indica de quem se trata.

“Foi um dos mais importantes escritores brasileiros do século XX. Teve vários livros adaptados ao cinema e à televisão, alguns mais de uma vez, como „Gabriela‟, ' Dona Flor e Seus Dois Maridos' e „Tieta do Agreste‟. Natural da Bahia, testemunhou desde jovem a injustiça social, bem como o folclore da região”.

(Fonte: Correio da Manhã, 16/08/2019, com adaptações).

Alternativas
Comentários
  • Pode-se dizer que Jorge Amado é o escritor com mais adaptações pro cinema, televisão. A globo, por exemplo, adora as obras dele.

    gabarito C

  • Gabarito: B

  • "Jorge Leal Amado de Faria (1912-2001) foi o mais importante escritor brasileiro do século XX. Teve vários livros adaptados ao cinema e à televisão, alguns mais de uma vez, como ‘Gabriela’, ‘Dona Flor e Seus Dois Maridos’, ‘Tereza Batista Cansada de Guerra’ ou ‘Tieta do Agreste’. Natural da Baía, testemunhou desde jovem a injustiça social, bem como o folclore da região. Em 1935 formou-se em Direito na Universidade do Rio de Janeiro, onde também aderiu ao comunismo, que propagandeou em livros como ‘Capitães de Areia’, ‘Os Subterrâneos da Liberdade’ e ‘O Cavaleiro da Esperança’, biografia romanceada do histórico líder comunista brasileiro Luiz Carlos Prestes."

    Fonte: Correio da Manhã - Jorge Amado: do comunismo ao erotismo <https://www.cmjornal.pt/mais-cm/domingo/detalhe/jorge-amado-do-comunismo-ao-erotismo>

    GABARITO: ALTERNATIVA "B"


ID
4868797
Banca
CONTEMAX
Órgão
Prefeitura de Orobó - PE
Ano
2019
Provas
Disciplina
Conhecimentos Gerais
Assuntos

Em relação ao conceito de "desenvolvimento sustentável ", assinale a alternativa INCORRETA.

Alternativas

ID
4935610
Banca
CONTEMAX
Órgão
Prefeitura de Orobó - PE
Ano
2019
Provas
Disciplina
Medicina
Assuntos

Fabiana procura atendimento médico com queixa de prurido, hiperemia e edema vulvar, disúria e corrimento branco espesso e sem odor. Essas características são as principais manifestações clínicas de:

Alternativas

ID
4935613
Banca
CONTEMAX
Órgão
Prefeitura de Orobó - PE
Ano
2019
Provas
Disciplina
Medicina
Assuntos

O tratamento para tricomoníase em gestante consiste na prescrição de:

Alternativas
Comentários
  • O tratamento para tricomoníase em gestante é sempre sistêmico. Todas as gestantes sintomáticas devem ser tratadas com metronidazol 2g VO em dose única em qualquer estágio da gestação.

  • Para pacientes que não responderam ao tratamento com metronidazol em dose única, recomenda-se como tratamento alternativo, metronidazol 500 mg VO a cada 12 horas por 7 dias ou metronidazol 250mg VO a cada 8 horas por 7 dias.


ID
4935616
Banca
CONTEMAX
Órgão
Prefeitura de Orobó - PE
Ano
2019
Provas
Disciplina
Medicina
Assuntos

Paciente, 23 anos, diagnosticado com fenômeno de Raynaud. Este possui 3 fases, são elas:

Alternativas

ID
4935619
Banca
CONTEMAX
Órgão
Prefeitura de Orobó - PE
Ano
2019
Provas
Disciplina
Medicina
Assuntos

A frequência de suplementação de vitamina A em crianças com tal hipovitaminose é:

Alternativas

ID
4935622
Banca
CONTEMAX
Órgão
Prefeitura de Orobó - PE
Ano
2019
Provas
Disciplina
Medicina
Assuntos

É uma característica peculiar da mola hidatiforme parcial:

Alternativas

ID
4935625
Banca
CONTEMAX
Órgão
Prefeitura de Orobó - PE
Ano
2019
Provas
Disciplina
Psiquiatria
Assuntos

O Paciente comparece para consulta médica queixando-se de ―insônia, tristeza, perda da energia para realizar atividades diárias e baixa capacidade para se concentrar‖, todos esses sintomas aparecerem após o término do namoro há 3 semanas. O diagnóstico provável é:

Alternativas

ID
4935628
Banca
CONTEMAX
Órgão
Prefeitura de Orobó - PE
Ano
2019
Provas
Disciplina
Medicina
Assuntos

Sobre a triagem de avaliação tireoidiana, é CORRETO afirmar:

Alternativas

ID
4935631
Banca
CONTEMAX
Órgão
Prefeitura de Orobó - PE
Ano
2019
Provas
Disciplina
Medicina
Assuntos

É uma doença relacionada à cardiopatia congênita cianogênica:

Alternativas

ID
4935634
Banca
CONTEMAX
Órgão
Prefeitura de Orobó - PE
Ano
2019
Provas
Disciplina
Psiquiatria
Assuntos

Durante a consulta de hipertenso, quando um paciente informa utilizar bebidas alcoólicas, o médico poderá utilizar qual ferramenta para mensuração do consumo de álcool e, consequentemente, o desenvolvimento alcoolismo?

Alternativas
Comentários
  • Alcohol Use Disorder Identification Test (AUDIT) se configura como uma das medidas mais empregadas em todo o mundo para a identificação de grupos de risco e rastreamento do uso inadequado de álcool em amostras clínicas e da população geral (Meneses-Gaya, Zuardi, Loureiro, & Crippa, 2009; Rist, Glöckner-Rist, & Demmel, 2009; Selin, 2006).

    Esse instrumento foi originalmente desenvolvido pela Organização Mundial de Saúde no final da década de 1980, com base em um projeto que envolveu seis países (Austrália, Bulgária, Kênia, México, Noruega e Estados Unidos). O estudo contou com uma amostra de 1.888 participantes classificados, a partir de entrevistas prévias, em três grupos: "não bebedores" (36%), indivíduos abstêmios ou que consumiam bebida alcoólica até três vezes por ano; "bebedores" (48%), aqueles que consumiam álcool ao menos quatro vezes por ano; e "alcoolistas" (16%), pessoas com diagnóstico de alcoolismo, já submetidas ou que estavam em busca de tratamento especializado (Saunders, Aasland, Babor, Fuente, & Grant, 1993).

    Referência: https://doi.org/10.1590/S1413-82712013000100013


ID
4935637
Banca
CONTEMAX
Órgão
Prefeitura de Orobó - PE
Ano
2019
Provas
Disciplina
Medicina
Assuntos

São manejos relacionados aos pacientes com lesão renal aguda 1 na presença de cirrose, EXCETO:

Alternativas

ID
4935640
Banca
CONTEMAX
Órgão
Prefeitura de Orobó - PE
Ano
2019
Provas
Disciplina
Medicina
Assuntos

Analise o texto a seguir:


A importância da Relação Médico-Paciente. A relação médico-paciente é uma interação que envolve confiança e responsabilidade. Caracteriza-se pelos compromissos e deveres de ambos os atores, permeados pela sinceridade e pelo amor. Sem essa interação verdadeira, não existe Medicina. Trata-se de uma relação humana que, como qualquer uma do gênero, não está livre das complicações. Muitas vezes o indivíduo que está doente já procurou diversos profissionais que, em inúmeros casos, sequer olharam em seu rosto. É uma das dificuldades que precisam ser enfrentadas no momento da abordagem inicial. A Medicina não é apenas ciência. É também arte. (...) É tempo de recuperar nossas raízes, de resgatar o bom e velho médico e suas principais qualidades, sem, é claro, abrir mão de toda a modernidade a que temos direito. O resgate da humanização tão bem inserida naquele contexto de antigamente, deve pautar sempre a prática da Medicina, com principal objetivo de oferecer assistência digna e de qualidade à população. (Fonte: Adaptado. Sociedade Brasileira de Clínica Médica. Disponível em: sbcm.org.br. Acesso em: 14 de out. 2019).

Considerando a relação com os pacientes e familiares, assinale (V) ou (F) nos parênteses, conforme a assertiva seja verdadeira ou falsa, respectivamente, de cima para baixo:


(___) Salvo por motivo justo, comunicado ao paciente ou à sua família, o médico não o abandonará por este ter doença crônica ou incurável e continuará a assisti-lo e a propiciar-lhe os cuidados necessários, inclusive os paliativos.


(___) Ocorrendo fatos que, a seu critério, prejudiquem o bom relacionamento com o paciente ou o pleno desempenho profissional, será vedado ao médico o direito de renunciar ao atendimento, exceto quando comunicar previamente ao paciente ou a seu representante legal, assegurando-se da continuidade dos cuidados e fornecendo todas as informações necessárias ao médico que o suceder.

(___) Será vedado abreviar a vida do paciente, salvo quando a pedido deste ou de seu representante legal.

(___) É permitido ao médico opor-se à realização de junta médica ou segunda opinião solicitada pelo paciente ou por seu representante legal.

(___) Em caso de iminente risco de morte poderá o medico desrespeitar o direito do paciente ou de seu representante legal de decidir livremente sobre a execução de práticas diagnósticas ou terapêuticas.

Assinale a sequência CORRETA:

Alternativas

ID
4935643
Banca
CONTEMAX
Órgão
Prefeitura de Orobó - PE
Ano
2019
Provas
Disciplina
Medicina
Assuntos

Shirley, internada em estado grave, necessitava com urgência de ventilação mecânica, motivo pelo qual o médico foi chamado para intubar à cliente. Contudo, faltava apenas 5 minutos para trocar o plantão e o médico afirmou que o procedimento seria realizado pelo colega que estava próximo a lhe render no plantão, pediu então que a equipe de Enfermagem chamasse então o seu colega. Nesse contexto, analise as afirmativas abaixo e marque a assertiva que NÂO ESTÁ RELACIONADA à responsabilidade profissional do médico previsto no Código de Ética Médica.

Alternativas

ID
4935646
Banca
CONTEMAX
Órgão
Prefeitura de Orobó - PE
Ano
2019
Provas
Disciplina
Medicina
Assuntos

O Código de Ética Médica tem como premissa estabelecer um conjunto de normas que nortearão a conduta dos médicos no exercício profissional, inclusive nas atividades relativas a ensino, pesquisa e administração de serviços de saúde, bem como em quaisquer outras que utilizem o conhecimento advindo do estudo da medicina.

De acordo com o Código de Ética Médica analise os casos abaixo:


I. Dr. Pedro, funcionário efetivo da Unidade de Saúde no cargo de médico recebeu um paciente com evisceração, que foi proveniente de um ferimento por arma branca. Na ocasião, Dr. Pedro que também ministrava aulas na Faculdade de Medicina percebeu que seria interessante demonstrar o caso do paciente em uma palestra ao qual foi convidado. Diante da situação, Dr. Pedro tirou fotos da evisceração identificando o paciente e tornando-o reconhecível, mas com autorização deste, para expor no momento da palestra. Nesse caso, a conduta do médico não viola o Sigilo Profissional, tendo em vista restar comprovado a autorização do paciente.
II. João, internado há 15 dias, solicitou acesso ao prontuário médico para verificar todos os exames que já realizou. Nesse caso, é vedado ao médico negar ao paciente ou, na sua impossibilidade, a seu representante legal, acesso a seu prontuário, deixar de lhe fornecer cópia quando solicitada, bem como deixar de lhe dar explicações necessárias à sua compreensão, salvo quando ocasionarem riscos ao próprio paciente ou a terceiros.
III. Dra. Laura trabalha como médica na Unidade de Saúde, após longos anos estudando decidiu que era o momento de realizar pesquisas em seres humanos, ocasião em que iniciou o procedimento solicitando o termo de consentimento livre do paciente ou de seu representante legal, prescindindo das devidas explicações sobre a natureza e as consequências da pesquisa. Analisando o caso ora exposto, a conduta de Dra. Laura não infringiu o Código de Ética.
IV. Dra. Marília exerce atividade como médica e também como professora na Faculdade de Medicina e foi convidada por um aluno para ser supervisionar um trabalho de pesquisa científica. Nesse caso, em virtude da orientação realizada, Dra. Marília publicou o trabalho atribuindo a si a autoria exclusiva do trabalho. Nessa situação, a médica não ofendeu o Código de Ética, uma vez que estava orientando o aluno, tendo assim o direito de publicar o trabalho como de sua autoria.
V. Joana, uma criança de 9 anos de idade com transtorno mental que diminuiu a sua capacidade de discernir foi participar de uma pesquisa. Nessa hipótese, a médica responsável pela pesquisa além do consentimento de seu representante legal, também necessitará do assentimento livre da criança que será esclarecido na medida de sua compreensão.

Está(ao) INCORRETAS as afirmativas:

Alternativas
Comentários
  • É vedado ao médico: 

    I. Art. 75. Fazer referência a casos clínicos identificáveis, exibir pacientes ou imagens que os tornem reconhecíveis em anúncios profissionais ou na divulgação de assuntos médicos em meios de comunicação em geral, mesmo com autorização do paciente.

    II. Art. 88. Negar ao paciente ou a seu representante, acesso a seu prontuário, deixar de lhe fornecer cópia quando solicitada, bem como deixar de lhe dar explicações necessárias à sua compreensão, salvo quando ocasionarem riscos ao próprio paciente ou a terceiros.

    III. Art. 101. Deixar de obter do paciente ou de seu representante legal o termo de consentimento livre e esclarecido para a realização de pesquisa envolvendo seres humanos, após as devidas explicações sobre a natureza e as consequências da pesquisa.

    IV. Art. 107. Publicar em seu nome trabalho científico do qual não tenha participado; atribuir a si mesmo autoria exclusiva de trabalho realizado por seus subordinados ou outros profissionais, mesmo quando executados sob sua orientação, bem como omitir do artigo científico o nome de quem dele tenha participado.

    V. Art. 101. §1º No caso de o paciente participante de pesquisa ser criança, adolescente, pessoa com transtorno ou doença mental, em situação de diminuição de sua capacidade de discernir, além do consentimento de seu representante legal, é necessário seu assentimento livre e esclarecido na medida de sua compreensão.

    Gabarito: D


ID
4935649
Banca
CONTEMAX
Órgão
Prefeitura de Orobó - PE
Ano
2019
Provas
Disciplina
Medicina
Assuntos

São vedações no tocante a publicidade médica, EXCETO:

Alternativas
Comentários
  • Capítulo XIII

    PUBLICIDADE MÉDICA

    Art. 117. Deixar de incluir, em anúncios profissionais de

    qualquer ordem, seu nome, seu número no Conselho Regional

    de Medicina, com o estado da Federação no qual foi inscrito e

    Registro de Qualificação de Especialista (RQE) quando anunciar

    a especialidade.

    Parágrafo único. Nos anúncios de estabelecimentos de saúde,

    devem constar o nome e o número de registro, no Conselho Regional

    de Medicina, do diretor técnico.


ID
4935652
Banca
CONTEMAX
Órgão
Prefeitura de Orobó - PE
Ano
2019
Provas
Disciplina
Medicina
Assuntos

Francisco, exercendo sua função de médico plantonista percebeu que seu colega João cometeu um erro em sua conduta. Nesse caso, é CORRETO afirmar que:

Alternativas

ID
4935655
Banca
CONTEMAX
Órgão
Prefeitura de Orobó - PE
Ano
2019
Provas
Disciplina
Direito Sanitário
Assuntos

De acordo com a Lei nº 8.142, de 28 de dezembro de 1990, que estabelece a participação da comunidade na gestão do Sistema Único de Saúde (SUS) e sobre as transferências intergovernamentais de recursos financeiros na área da saúde, analise as afirmativas a seguir:

I. O Ministério da Saúde é autorizado a estabelecer as condições para aplicação da Lei nº 8. 142/1990, mediante portaria do Ministro de Estado.
II. As Conferências de Saúde e os Conselhos de Saúde terão sua organização e normas de funcionamento definidas em regimento das Comissões Bipartite, aprovadas pelo respectivo Conselho Nacional.
III. Os recursos referente à cobertura das ações e serviços de saúde a serem implementados pelos Municípios, Estados e Distrito Federal destinar-se-ão a investimentos na rede de serviços, à cobertura assistencial ambulatorial e hospitalar e às demais ações de saúde.
IV. Os Municípios poderão estabelecer consórcio para execução de ações e serviços de saúde, remanejando, entre si, parcelas de recursos previstos a cobertura das ações e serviços de saúde.
V. Os recursos referentes à cobertura das ações e serviços de saúde serão destinados, pelo menos oitenta por cento, aos Municípios, afetando-se o restante aos Estados.

Está(ao) INCORRETAS as afirmativas:

Alternativas
Comentários
  • GAB: B

    II)

    ART. 1 - § 5° As Conferências de Saúde e os Conselhos de Saúde terão sua organização e normas de funcionamento definidas em regimento próprio, aprovadas pelo respectivo conselho.

    III)

    Art. 2° Os recursos do Fundo Nacional de Saúde (FNS) serão alocados como:

    IV - cobertura das ações e serviços de saúde a serem implementados pelos Municípios, Estados e Distrito Federal.

    Parágrafo único. Os recursos referidos no inciso IV deste artigo destinar-se-ão a investimentos na rede de serviços, à cobertura assistencial ambulatorial e hospitalar e às demais ações de saúde.

    IV)

    ART. 3 - § 3° Os Municípios poderão estabelecer consórcio para execução de ações e serviços de saúde, remanejando, entre si, parcelas de recursos previstos no inciso IV do art. 2° desta lei.

    V)

    ART. 3 - § 2° Os recursos referidos neste artigo serão destinados, pelo menos setenta por cento, aos Municípios, afetando-se o restante aos Estados.


ID
4935658
Banca
CONTEMAX
Órgão
Prefeitura de Orobó - PE
Ano
2019
Provas
Disciplina
Direito Sanitário
Assuntos

Assinale (V) ou (F) nos parênteses, conforme a assertiva seja verdadeira ou falsa, respectivamente, de cima para baixo, a respeito do Decreto nº 7.508, de 28 de junho de 2011:

(___) Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão adotar relações específicas e complementares de ações e serviços de saúde, em consonância com a RENASES, respeitadas as responsabilidades dos entes pelo seu financiamento, de acordo com o pactuado nas Comissões Intergestores.
(___) O Ministério da Saúde consolidará e publicará as atualizações da RENASES a cada quatro anos.
(___) A integralidade da assistência à saúde se inicia e se completa na Rede de Atenção à Saúde, mediante referenciamento do usuário na rede regional e interestadual, conforme pactuado nas Comissões Intergestores.
(___) O planejamento da saúde é obrigatório para os entes públicos e será indutor de políticas para a iniciativa privada.
(___) O processo de planejamento da saúde será descendente e integrado, do nível local até o federal, ouvidos os respectivos Conselhos de Saúde, compatibilizando-se as necessidades das políticas de saúde com a disponibilidade de recursos financeiros.

Assinale a sequência CORRETA:

Alternativas
Comentários
  • Gab a

    • 2 anos
    • Ascendente
  • A cada dois anos, o Ministério da Saúde consolidará e publicará as atualizações da RENASES.

    O processo de planejamento da saúde será ascendente e integrado, do nível local até o federal, ouvidos os respectivos Conselhos de Saúde, compatibilizando-se as necessidades das políticas de saúde com a disponibilidade de recursos financeiro


ID
4935661
Banca
CONTEMAX
Órgão
Prefeitura de Orobó - PE
Ano
2019
Provas
Disciplina
Direito Sanitário
Assuntos

De acordo com o Decreto nº 7.508, de 28 de junho de 2011, analise o trecho a seguir: “conjunto de ações e serviços de saúde articulados em níveis de complexidade crescente, com a finalidade de garantir a integralidade da assistência à saúde”, é CORRETO afirmar que o conceito traduz:

Alternativas
Comentários
  • Art. 2º Para efeito deste Decreto, considera-se:

    VI - Rede de Atenção à Saúde - conjunto de ações e serviços de saúde articulados em níveis de complexidade crescente, com a finalidade de garantir a integralidade da assistência à saúde;

  • GAB C

    • MAPA: DESCRIÇÃO GEOGRÁFICA
    • REGIÃO = ESPAÇO GEOGRÁFICO

    CONFORME O COLEGA Garçom Concurseiro:

    • MApA - DISTRIbUIÇÃO


ID
4935667
Banca
CONTEMAX
Órgão
Prefeitura de Orobó - PE
Ano
2019
Provas
Disciplina
Enfermagem
Assuntos

A Organização Mundial de Saúde (OMS, 1946) define a saúde como ―um estado de completo bemestar físico, mental e social entre os indivíduos não apenas ausência de enfermidade‖. Contudo, a condição de saúde de um indivíduo pode ser analisada por meio de diversos fatores, que são chamados de ―determinantes de saúde‖ (GEORGE, 2011). Nesse contexto, é INCORRETO afirmar que constitui fator determinante e/ou condicionante previsto na Lei Orgânica de Saúde:

Alternativas

ID
4936969
Banca
CONTEMAX
Órgão
Prefeitura de Orobó - PE
Ano
2019
Provas
Disciplina
Saúde Pública
Assuntos

De acordo com a Lei Orgânica da Saúde, é CORRETO afirmar que são reconhecidas como foros de negociação e pactuação entre gestores, quanto aos aspectos operacionais do Sistema Único de Saúde (SUS).

Alternativas