Como o coronavírus está transformando as relações humanas
Como um símbolo de confirmação, confiança e amizade
entre duas pessoas, o aperto de mãos remonta aos
primórdios da humanidade. Trata-se de gestual
inconfundível: uma mão espalmada é estendida, apontada
na direção da pessoa com quem se quer selar tais
sentimentos – que segura de volta a mão ofertada,
balançando o encaixe das palmas para cima e para baixo.
Registros do gesto são encontrados em antigos hieróglifos
egípcios, mas historiadores garantem que a origem do
aperto de mão está nas cavernas do passado, entre os
remotos homo sapiens: era uma maneira de mostrar ao
interlocutor que não se estava carregando nenhuma arma –
já como um símbolo de boa vontade. Os apertos de mão
aparecem diversas vezes, por exemplo, na “Ilíada” e
“Odisseia” do poeta grego Homero, escritas por volta do
século VIII a.C., e já eram usados como uma forma de
acordo entre duas partes desde então.
Em suma, a cultura e as circunstâncias pautam o
surgimento dos gestos que depois se tornam tão familiares,
como se fossem naturais, feito respirar ou caminhar – e,
num salto de alguns bons milhares de anos, a atual epidemia
do coronavírus pode estar não só tornando o aperto de mãos
obsoleto, como fazendo nascer novos códigos e
cumprimentos, alterando a maneira com que diretamente
nos relacionamos. No lugar do apertar das palmas, entram
em cena saudações tocando os pés, os cotovelos, ou
mesmo somente com acenos ou gestos ao longe – sem que
as mãos se encostem.
Com o avanço da epidemia, além da recomendação de se
lavar as mãos por 20 segundos, alguns hábitos costumeiros
e calorosos passam a ter de ser evitados. As mãos, afinal,
podem carregar restos de tudo que tocamos entre uma e
outra lavagem – inclusive o vírus. Evitar encostar uma mão
em outra passou a ser recomendação da Organização
Mundial de Saúde, mas nem por isso devemos perder as
boas maneiras e as demonstrações de afeto e felicidade ao
encontrar alguém. [...]
(Adaptado. Trecho extraído de PAIVA, V. Como o coronavírus
está transformando as relações humanas. Disponível em:
https://bit.ly/39O5Nk2. Acesso em: mar 2020.)
Leia o texto 'Como o coronavírus está
transformando as relações humanas' e, em seguida,
analise as afirmativas abaixo:
I. Para o autor do texto, o fato de a humanidade estar
encontrando novas maneiras de saudar o outro, em meio a
uma pandemia, é uma alternativa à disseminação mais
enérgica do vírus da família corona.
II. O autor justifica, por meio de uma perspectiva histórica, a
importância de se manter hábitos rotineiros, como apertar as
mãos, para que as pessoas não se sintam tão isoladas e
distantes, em um momento tão crítico como o de pandemias.
III. Pode-se deduzir, a partir do texto, que a conversão de uma
forma de interação por outra, a fim de evitar o contato físico,
por recomendação da Organização Mundial da Saúde, não
deve fazer com que as pessoas não encontrem uma
alternativa de demonstração de afeto e felicidade ao se
depararem com alguém.
Marque a alternativa CORRETA: