‘O Apanhador no Campo de Centeio’ ganha nova roupagem nos 100 anos do autor
J.D. Salinger completaria 100 anos em 2019. Outras três obras serão lançadas pela editora Todavia com novas capa e tradução
18/06/2019
No ano em que o escritor J.D. Salinger completaria 100 anos, sua obra mais célebre, ‘O Apanhador no
Campo de Centeio’, ganhou uma nova roupagem. Com novas tradução e capa, a história do
adolescente Holden Caulfield, ícone da juventude rebelde do século XX, ganhou uma nova versão na
última segunda-feira, 17.
Relançado pela editora Todavia, o livro foi publicado em 1951, sendo trazido para o Brasil, em
português, apenas nos anos 1960. Na época, o livro era vinculado à Editora do Autor e fora traduzido
por diplomatas brasileiros. Agora, na Todavia, a tradução coube a Caetano W. Galindo.
De acordo com uma reportagem do Globo, a nova tradução renova a linguagem do livro. Voltado para
o público juvenil, o livro deixará de contar com expressões como “Coisa que o valha” e “no duro”, que
caíram em desuso, e passa a ter expressões como “pacas” e “sem brincadeira”.
“Se você quer mesmo ouvir a história toda, a primeira coisa que você deve querer saber é onde eu
nasci, e como que foi a porcaria da minha infância, e o que os meus pais faziam antes de eu nascer e
tal, e essa merda toda meio David Copperfield, mas eu não estou a fim de entrar nessa, se você quer
saber a verdade”, narra a nova abertura do livro. O trecho anterior, que pode ser conferido no fim desta
matéria do ‘Opinião e Notícia’, ganhou o mundo e se tornou uma das mais famosas sentenças da
literatura mundial.
De acordo com a editora Todavia, pelo menos outros três livros de J.D. Salinger também ganharão
nova roupagem: ‘Nove Histórias’, ‘Franny & Zooey’, e ‘Pra Cima com a Viga, Carpinteiros & Seymour –
Uma Introdução’ (título provisório). As obras, porém, ainda não tiveram as datas em que serão
relançadas/divulgadas.
Matt Salinger, filho do autor J.D. Salinger, direcionou uma carta aos leitores brasileiros falando da
felicidade do relançamento das obras no Brasil. Tendo voltado recentemente de uma viagem à China,
Matt Salinger afirmou que centenas de chineses o revelaram o quanto os livros de J.D. Salinger ainda
“soam relevantes e repletos de frescor”.
“É um imenso prazer convidar os leitores brasileiros a descobrir (ou redescobrir!) os quatro livros de
meu pai, J. D. Salinger. Pela primeira vez em décadas, eles serão publicados no Brasil por uma mesma
editora, e em novas traduções. […] São obras que não apenas os fizeram rir ou pensar: os livros
desempenharam um papel único e determinante na vida de cada um. Espero que você também se
sinta assim”, escreveu Matt Salinger.
Matt revelou ainda que textos inéditos de J.D. Salinger serão publicados, mas não deu detalhes sobre
quantidades de manuscritos e do que eles tratam. No entanto, admitiu que membros da família Glass,
que integram o livro ‘Franny & Zooey’, aparecem em alguns escritos inéditos. “Ele queria que os leitores
chegassem aos livros sem ideias pré-concebidas. Essa relação era muito importante para ele. Não
tenho o direito de me meter”, contou ao Globo.
O livro ‘O Apanhador no Campo de Centeio’ foi lançado em 1951, tendo mais de 70 milhões de cópias
vendidas desde a data de sua estreia. A obra conquistou milhões de fãs de diferentes idades,
principalmente adolescentes e jovens adultos. Como ponto forte, o livro retrata a visão crua da
adolescência, com prosa ágil e humor juvenil.
J.D. Salinger nasceu em 1919 em Nova York, nos Estados Unidos, e morreu em 2010, em Cornish,
New Hampshire, também nos EUA. Autor de dezenas de histórias, teve em ‘O Apanhador no Campo
de Centeio’ o seu maior sucesso. Sua última história foi publicada em 1965, na revista New Yorker.
Abertura de 1965, traduzida por Álvaro Alencar, Antônio Rocha e Jorio Dauster
“Se querem mesmo ouvir o que aconteceu, a primeira coisa que vão querer saber é onde eu nasci,
como passei a porcaria da minha infância, o que meus pais faziam (…), e toda essa lengalenga tipo
David Copperfield, mas, para dizer a verdade, não estou com vontade de falar sobre isso. Em primeiro
lugar, esse negócio me chateia e, além disso, meus pais teriam um troço se eu contasse qualquer coisa
íntima sobre eles. (…) E, afinal de contas, não vou contar toda a droga da minha autobiografia nem
nada. Só vou contar esse negócio de doido que me aconteceu”.
“‘O Apanhador no Campo de Centeio’ ganha nova roupagem nos 100 anos do autor”, Portal Opinião &
Notícia.
Disponível em: http://opiniaoenoticia.com.br/cultura/o-apanhador-no-campo-de-centeio-ganha-novaroupagem-nos-100-anos-do-autor/. Acesso em 25 ago. 2019.
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