- ID
- 1861546
- Banca
- Nosso Rumo
- Órgão
- Prefeitura de Mairinque - SP
- Ano
- 2011
- Provas
-
- Nosso Rumo - 2011 - Prefeitura de Mairinque - SP - Advogado
- Nosso Rumo - 2011 - Prefeitura de Mairinque - SP - Enfermeiro
- Nosso Rumo - 2011 - Prefeitura de Mairinque - SP - Engenheiro
- Nosso Rumo - 2011 - Prefeitura de Mairinque - SP - Farmacêutico
- Nosso Rumo - 2011 - Prefeitura de Mairinque - SP - Médico Cardiologista
- Nosso Rumo - 2011 - Prefeitura de Mairinque - SP - Técnico em Edificações
- Nosso Rumo - 2011 - Prefeitura de Mairinque - SP - Técnico em Segurança do Trabalho
- Disciplina
- Português
- Assuntos
Crônica
Viagem no tempo (texto adaptado)
Ivan Angelo – 11/05/2011
Falávamos sobre viagens e seus modernos
confortos quando alguém se lembrou do tempo em que os
viajantes levavam toalha e sabonete na mala. Não faz
tanto tempo assim. Uma sobrinha, há poucos anos,
chegou a minha casa com toalha de banho e caixinha de
sabonete na mala. “Coisa da minha mãe", explicou
constrangida, sinal de que a mãe dela, que tem menos de
60 anos, levava toalha e sabonete quando viajava. Hotéis
e hospedarias eram precários, tirando os melhores das
capitais; e, ao pousar na casa de alguém, evitava-se “dar
trabalho".
Lembram-se do quebra-vento nos carros? Coisa
anterior à difusão do ar-condicionado, pouco antes de o
presidente Collor dizer que os automóveis brasileiros eram
umas carroças. O quebra-vento era um vidro giratório
colocado à frente das janelas dianteiras; quebrava o vento
que entrava quando os vidros das portas estavam
abaixados, ou permitia que o ar entrasse quando a janela
estivesse fechada. Girando-o todo, direcionava-se o vento
para dentro, a fim de refrescar a pessoa acalorada. Até há
pouco tempo, no Nordeste, carro sem quebra-vento
encalhava.
Carros não tinham luz piscante para o motorista
indicar que ia entrar à esquerda ou à direita, nem luz de
freio. Todos os sinais eram feitos pelo motorista com o
braço esquerdo para fora do carro. Sinal de parar: mão
espalmada para trás, baixa; sinal para entrar à esquerda:
braço reto estendido; entrar à direita, braço alto dobrado
para a direita. Quase não havia sinais luminosos de
trânsito, o guarda apitava em códigos obrigatoriamente
conhecidos.
Ah, meninos, as fotos que se tiravam não se viam no
mesmo instante, como agora. Só dias mais tarde, após
reveladas e copiadas em laboratório. Depois veio a grande
novidade das cópias em 24 horas, em duas horas, em
uma hora e na hora. A fotografia popularizou-se. Com as
câmeras nos telefones celulares, os fotógrafos amadores
tornaram-se bilhões.
Calculadora? Era a tabuada, que os estudantes
sabiam de cor, e baseados nela faziam contas
complicadíssimas das quatro operações, na ponta do
lápis. Nos escritórios, e só lá, havia as famosas máquinas
de calcular manuais Facit, que tinham um teclado de
algarismos e uma manivela que os craques do cálculo
viravam para a frente e para trás, produzindo exatidões
mostradas em um pequeno visor. Não demorou e vieram
as elétricas, as eletrônicas digitais...
Máquinas de escrever ainda se veem em delegacias
e cartórios do interior. Num hospital da Zona Leste, um
amigo me chamou: “Quer ver um flashback?". E me levou
a uma recepcionista de um dos consultórios, que
datilografava impávida os dados dos clientes. Nas
redações de jornais e revistas, com suas dezenas de
máquinas de escrever batucando ao mesmo tempo, o
encerramento de uma edição era uma zoeira. O alívio veio
com o silêncio dos computadores.
Cartão amarelo, cartão vermelho? No futebol do
tempo do beque e do centeralfe, cartão era o dedo do juiz,
primeiro apontando o nariz do abusado, depois apontando
o olho da rua. Os cartões derrotaram o dedo em riste
porque são mais civilizados, impessoais e fáceis de
entender em qualquer língua. Você pensa que eram coisas da juventude do seu avô, ou do seu bisavô, mas
não, são do tempo do seu pai. Um tempo em que as
crianças tinham bons modos, obedeciam até a olhares,
não abriam a geladeira dos outros, contentavam-se em
ganhar apenas três presentes por ano, nas ocasiões
propícias, e eram felizes.
O ritmo está cada vez mais rápido.
O autor do texto relembra costumes e instrumentos que já
estão em desuso. Ao dizer: “Um tempo em que as
crianças tinham bons modos, obedeciam até a olhares,
não abriam a geladeira dos outros, contentavam-se em
ganhar apenas três presentes por ano, nas ocasiões
propícias, e eram felizes."
Pode-se afirmar que o autor