TEXTO 1
Irás a divertir-te na floresta,
Sustentada, Marília, no meu braço,
Aqui descansarei a quente sesta
Dormindo um leve sono em teu regaço;
Enquanto a luta jogam os pastores,
e emparelhados correm nas campinas,
toucarei teus cabelos de boninas,
nos troncos gravarei os teus louvores
Graças, Marília bela,
graças à minha estrela!
(Tomás Antônio Gonzaga)
TEXTO 2
UM SONETO PARA MARÍLIA
À maneira de Dirceu
Eis que um dia na mata se banhava
Enquanto o deus as costas lhe voltava.
Cupido... e estava nu, inteiramente,
Pois que deixara à margem da corrente
O arco terrível e a repleta aljava.
Só aguardava ocasião... E, de repente
As armas furta sorrateiramente,
Surgem então as fauces escarninhas
Dos silvanos e sátiros astutos.
Põem-se a vaiar o Amor, sem mais cautelas
Marília que, às ocultas, o espreitava
—Ah! Temíeis as frechas quando minhas!
(E o deus sorri) Vereis agora, ó brutos,
O que Marília há de fazer com elas!
(MARIO QUINTANA)
A respeito dos dois textos, observe os seguintes comentários:
I. Quanto ao gênero literário, o TEXTO 1 revela, encoberto na cena descritiva, um lirismo
confessional, através do qual o eu poético expressa o seu amor, sua paixão.
II. O TEXTO 2 se constitui como paráfrase do TEXTO I, ao reproduzir as mesmas ideias deste.
III. O TEXTO 2 mostra um locutor mais distanciado dos sentimentos e do confessionalismo
amoroso; quanto ao gênero literário, este texto traz uma tendência dominante do gênero
narrativo.
IV. O TEXTO 2 contém insinuações humorísticas e sensuais que ‘desconstroem’ o clima lírico
e confessional, presente na cena do TEXTO 1.
V. O TEXTO 2 centraliza seu foco de atenção à personagem Marília, numa tentativa de
recuperar o confessionalismo amoroso escamoteado no TEXTO 1
VI. O TEXTO 2 desconstrói e dessacraliza a cena e o sentimento amoroso do TEXTO 1,
constituindo-se como paródia deste.
Está CORRETO o que se afirmou