Leia atentamente o texto abaixo, extraído do jornal O TEMPO - 16/02/20, de modo a responder à questão.
O PESO DO MOSQUITO (LAURA MEDIOLE)
"Convidei meu vizinho para fazer um mutirão da limpeza em seu quintal, e ele só me enrola. Já
denunciei, e nada. Ele só aparece a cada 15 dias. Mato e entulho tomaram conta de tudo.”
“Por que o jornal não vem filmar o criadouro dos mosquitos aqui, no vizinho? As calhas da sua casa
estão todas entupidas, e a água da chuva desce em cima do muro, que vai cair a qualquer momento. Já
denunciei aí no jornal a proliferação do mosquito da dengue, e ninguém faz nada...”
Pois é; as internautas têm razão, é o fim da picada!!! Ou melhor, o início, quando os vizinhos ignoram
um dos maiores problemas enfrentados pela população nos últimos anos. Impressionante a falta de
consciência (ou de vergonha na cara mesmo) dessas pessoas (felizmente, uma minoria), que põem em
risco a saúde e até a vida dos moradores.
Custa dar uma olhada nos seus quintais? Não entendem que uma simples tampinha de Coca-Cola com
água pode vir a ser um criadouro de larvas do Aedes aegypti? Que, ao crescerem, viram mosquitos
capazes de causar danos enormes às pessoas? Quem já teve dengue sabe disso. [...] Como se não bastasse
a incapacidade de reação, correm o risco de sofrer a dengue hemorrágica, que pode ser fatal.
Explico isso em pormenores acreditando que algum leitor menos esclarecido, que ainda não se deu conta
da situação, se atente ao problema. E, antes de fazer pouco-caso das campanhas, mutirões ou pedidos
dos vizinhos, pense nisso, pense num filho seu acometido pela doença. Se para um adulto já é pesado,
imagina para uma criança?
Pesquisas confirmam que 80% dos focos são residenciais. Ou seja, estão no lixo acumulado nos quintais,
na latinha com água de chuva, na calha entupida, e por aí vai. Como exemplo da irresponsabilidade, cito
as caixas-d’água. O fiscal chega na casa, vasculha o terreno minuciosamente, explica os riscos, deixa
um panfleto sobre o tema, notifica quando necessário e, para finalizar, pergunta sobre a caixa-d’água. O
morador, já sem muita paciência com aquela “invasão domiciliar”, diz que a caixa está ok, que se
encontra fechada. O fiscal sai, e entra o drone, que, do alto, mostra que aquela caixa-d’água, além de
não ter tampa, é um criadouro de mosquitos.
Há vários meses a Prefeitura de Betim (cito ela porque é a que estou mais próxima) vem fazendo
campanhas e mutirões de casa em casa, envolvendo escolas, pais de alunos, moradores de modo geral,
além de um trabalho intensivo de capina e retirada de lixo e entulhos, espalhados pela população. [...]
Vejo que, além do lixo, temos aí um problema educacional. Talvez o país ainda demore décadas para
que a população se conscientize disso. [...] Em cada regional há um local destinado aos entulhos, o que
muitos caminhões clandestinos, vindos até de cidades vizinhas, ignoram. Mesmo com o risco de serem
multados, na calada da noite, continuam descarregando materiais nas calçadas ou em locais indevidos,
apesar de a prefeitura disponibilizar caçambas próprias para isso, distribuídas em pontos estratégicos da
cidade. Nas escolas, as crianças desde cedo são conscientizadas sobre a importância da reciclagem. E,
numa espécie de gincana ecológica, envolvendo também os pais, elas cumprem o que lhes é ensinado.
Um trabalho de formiguinha, até chegar o dia em que não serão mais necessários fiscais e tantos outros
custos para o município, que poderiam ser evitados. Até chegar o dia em que não morrerão mais pessoas
de dengue.
Analise as proposições acerca da estruturação do texto jornalístico acima, e as classifique como (V) para verdadeiras ou (F) para falsas:
( ) A menção aos depoimentos no início do texto, culminando na pergunta destinada ao leitor, constitui a chamada introdução para
chamar a atenção, recurso que reforça o apelo da autora para a necessidade de evitar o lixo, que contribui para a proliferação do
mosquito da dengue.
( ) O gênero a que pertence o texto é a notícia, o que se comprova pelos depoimentos citados e pelas pesquisas, relativos a uma cidade
específica (Betim), que denunciam a dificuldade para controlar os focos do mosquito da dengue.
( ) O gênero a que pertence o texto é o artigo de opinião, e do ponto de vista tipológico, classifica-se como dissertativoargumentativo, apresentando sequências linguísticas expositivas, opinativas e conversacionais.
( ) A estratégia usada pela autora, de inserir depoimentos bem como comentários avaliativos entre parênteses, tem o propósito de
sensibilizar diretamente os gestores (prefeitos, em especial) para o problema de saúde pública que afeta as cidades brasileiras.
A sequência que responde CORRETAMENTE é: