Leia o texto a seguir e responda a questão:
Como agricultores que fugiram dos vikings
criaram a culinária tradicional da Islândia
Bert Archer da BBC Cultura
Quando os primeiros escandinavos desembarcaram
na costa da Islândia, por volta de 871, encontraram
uma terra densamente arborizada que parecia
pronta para ser cultivada.
Porém, por volta do ano 1000, eles perceberam
que todas aquelas florestas de bétulas que
estavam derrubando para construir e aquecer suas
casas não cresceriam novamente - especialmente
porque suas ovelhas também pastavam na região,
comendo folhas e sementes.
Sem as árvores, a camada superficial do solo
começou a entrar em erosão, tornando difícil, e
muitas vezes impossível, cultivar ou utilizar a terra
para o pasto.
Como estava longe do continente europeu para
importar alimentos, a sociedade islandesa evoluiu
para um estado de fome quase constante, tendo
que se contentar com o que encontrasse pela
frente para comer - e a usar esterco na ausência de
madeira para se aquecer e cozinhar.
“Agora digamos que haja uma tempestade em meio
a esse cenário”, diz Byock.
“Uma baleia morre, explode devido aos gases que
carrega, flutua até a costa e você se depara com
toneladas e toneladas de carne. O que você faz?
Bom, primeiro, vocês se matam para ver quem vai
ficar com a carne; depois você separa alguns barris
de soro de leite e joga os pedaços de baleia dentro”,acrescenta.
Os ancestrais dos islandeses eram fortes, mas não
eram vikings. Eles eram agricultores famintos que
lutavam de todas as maneiras para sobreviver.
Embora os islandeses não comam mais baleias
encalhadas (hvalreki), esse conceito de alimentação
deu origem ao hákarl, uma versão mais leve da
arraia que eu comi em Akureyri.
A carne do tubarão da Groenlândia, por exemplo, é
tóxica para o consumo humano. A alta concentração
de ureia pode ter efeitos nocivos na pele, nos olhos
e no sistema respiratório. Mas quando a carne é
deixada apodrecendo por um tempo - seja em um
buraco na areia ou em recipientes plásticos (como
é feito hoje em dia) - se torna uma valiosa fonte de
proteína.
As arraias e outras espécies de tubarões também
são tóxicas, mas igualmente comestíveis quando
fermentadas ou apodrecidas. E, como já estão
podres, ficam muito bem conservadas.
Assim, durante séculos, essa comida de sabor
desagradável foi a diferença entre a vida e a morte na região. A capacidade dos islandeses de lidar
com esse gosto horrível foi vital para a existência e
eventual sucesso do país, assim como a habilidade
dos vikings para lutar e enfrentar obstáculos
relacionados às expedições, principalmente na
parte continental da Escandinávia.
Com uma média de dois milhões de turistas por ano,
o país viu sua alimentação mudar nas últimas três
décadas. Hambúrgueres, pizzas e outras massas
passaram a ganhar mais espaço nos cardápios
locais.
No entanto, a Islândia ainda é uma nação pequena
- tem aproximadamente 330 mil habitantes - e
suas tradições não são apenas atrações turísticas:
simbolizam a forma como os islandeses se
conectam entre si e com o passado escandinavo.
(Trecho. Disponível em: https://www.bbc.com/
portuguese/vert-tra-44034959)
“A capacidade dos islandeses de lidar com
esse gosto horrível foi vital para a existência e
eventual sucesso do país, assim como a habilidade
dos vikings para lutar e enfrentar obstáculos
relacionados às expedições, principalmente na
parte continental da Escandinávia.”
No trecho acima, há uma figura de linguagem de: