- ID
- 1164994
- Banca
- CRS - PMMG
- Órgão
- PM-MG
- Ano
- 2013
- Provas
- 
                - CRS - PMMG - 2013 - PM-MG - Soldado - Auxiliar de Comunicações
- CRS - PMMG - 2013 - PM-MG - Soldado - Auxiliar de Farmácia
- CRS - PMMG - 2013 - PM-MG - Soldado - Auxiliar em Saúde Bucal
- CRS - PMMG - 2013 - PM-MG - Soldado - Músico
- CRS - PMMG - 2013 - PM-MG - Soldado - Técnico em Enfermagem
- CRS - PMMG - 2013 - PM-MG - Soldado - Técnico em Patologia Clínica
- CRS - PMMG - 2015 - PM-MG - Soldado - Auxiliar de Comunicações
- CRS - PMMG - 2015 - PM-MG - Soldado - Auxiliar de farmácia
- CRS - PMMG - 2015 - PM-MG - Soldado - Técnico em enfermagem
 
- Disciplina
- Português
- Assuntos
                                                         A mulher do vizinho 
                                                                                                                                   Fernando Sabino
Contaram-me que na  rua onde mora  (ou morava) um conhecido e antipático general  de nosso Exército morava  (ou mora)  também um sueco cujos  filhos passavam o dia  jogando  futebol  com  bola  de meia. Ora,  às  vezes acontecia  cair a bola no  carro do  general e um dia o general acabou perdendo a paciência, pediu ao delegado do bairro  para dar um jeito nos filhos do sueco. 
O  delegado  resolveu  passar  uma  chamada  no  homem,  e  intimou-o  a  comparecer à  delegacia.
O  sueco  era  tímido, meio  descuidado  no  vestir  e  pelo  aspecto  não  parecia  ser  um  importante  industrial,  dono  de  grande  fabrica  de  papel  (ou  coisa  parecida),  que  realmente  ele  era.  Obedecendo  a  ordem  recebida,  compareceu  em  companhia  da  mulher à delegacia e ouviu calado tudo o que o delegado tinha a dizer-lhe. O delegado  tinha a dizer-lhe o seguinte:
- O senhor pensa que só porque o deixaram morar neste país pode logo ir fazendo o  que quer? Nunca ouviu falar numa coisa chamada AUTORIDADES CONSTITUÍDAS?  Não  sabe  que  tem  de  conhecer  as  leis  do  país?  Não  sabe  que  existe  uma  coisa  chamada  EXÉRCITO  BRASILEIRO  que  o  senhor  tem  de  respeitar? Que  negócio  é  este? Então é ir chegando assim sem mais nem menos e fazendo o que bem entende,  como  se  isso  aqui  fosse  casa  da  sogra? Eu  ensino  o  senhor  a  cumprir  a  lei, ali no  duro: dura lex! Seus filhos são uns moleques e outra vez que eu souber que andaram  incomodando  o  general,  vai  tudo  em  cana. Morou?  Sei  como  tratar  gringos  feito  o  senhor.
Tudo isso com voz pausada, reclinado para trás, sob o olhar de aprovação do escrivão  a um canto. O sueco pediu  (com delicadeza)  licença para se  retirar. Foi então que a  mulher do sueco interveio: 
-Era tudo que o senhor tinha a dizer a meu marido? 
O delegado apenas olhou-a espantado com o atrevimento. 
-  Pois  então  fique  sabendo  que  eu  também  sei  tratar  tipos  como  o  senhor. Meu  marido  não  e  gringo  nem meus  filhos  são moleques. Se  por  acaso  incomodaram  o  general ele que viesse falar comigo, pois o senhor também está nos incomodando. E  fique sabendo que sou brasileira, sou prima de um major do Exército, sobrinha de um  coronel, E FILHA DE UM GENERAL! Morou?  
Estarrecido,  o  delegado  só  teve  forças  para  engolir  em  seco  e  balbuciar  humildemente: 
- Da ativa, minha senhora? 
E ante a confirmação, voltou-se para o escrivão, erguendo os braços desalentado:  
- Da ativa, Motinha! Sai dessa... 
 
Conforme se vê no primeiro parágrafo do texto, o autor optou em iniciar a narrativa com um verbo na primeira pessoa do plural e depois pela colocação de verbos entre parênteses. Sobre o uso desse tipo de estrutura, é CORRETO afirmar que: