Perspectivas para a saúde em 2014
Florisval Meinão
O ano de 2013 foi marcado por intenso debate
sobre a saúde pública, encerrando com a aprovação de uma
lei que interferiu fortemente no setor. Foi modificado o
processo de formação de médicos e o processo de
especialização profissional, permitindo o ingresso de
formados no exterior sem passar por um processo de
revalidação de seus diplomas. Também se desrespeitou a
legislação trabalhista, ao contratá-los sem a garantia de seus
direitos. Para agravar ainda mais a situação, a mesma lei
permitiu a abertura de um grande número de escolas
médicas, apesar da falta de corpo docente e de hospitais
apropriados para ensino de medicina.
Essas modificações foram feitas sem uma discussão
mais profunda com os diversos setores envolvidos e
certamente coloca em risco a qualidade do atendimento
prestado à população por meio do Sistema Único de Saúde.
O debate sobre o financiamento da saúde foi
deliberadamente esquecido, em especial o projeto de lei de
iniciativa popular que visa garantir mais recursos para o SUS,
anexado a outros projetos em tramitação com forte
sinalização de que não será aprovado em sua proposta
original. Ou seja, mais uma vez é dado um passo atrás
consolidando o subfinanciamento do setor por parte do
governo federal.
Na área da saúde suplementar também o cenário
demonstrou problemas. Pesquisa feita pela Associação
Paulista de Medicina, através do Instituto Data Folha,
revelou enormes dificuldades enfrentadas pelos usuários de
planos de saúde, notadamente quanto à marcação de
consultas com especialistas, falta de leitos hospitalares e
sérios problemas no atendimento de emergências.
O ano de 2014 deverá ser decisivo para nosso
sistema de saúde. As eleições em nível federal e estadual
vão acirrar os debates sobre quais os melhores caminhos
para se garantir o acesso a serviços de saúde de qualidade a
toda a população. Os médicos, por sua posição estratégica
no sistema de saúde, têm a possibilidade de contribuir de
maneira significativa para tanto e a APM, juntamente com
as demais entidades médicas, tem o dever de se envolver
decisivamente nesse debate, colocando com clareza suas
críticas e. principalmente, suas propostas para se atingir tal
objetivo.
http://www.bahianoticias.com.br/saude/artigo/552-perspectivas-
para-a-saude-em-2014.html
*Florisval Meinão é presidente da Associação Paulista de Medicina
De acordo com o texto: