- ID
- 3038665
- Banca
- IBFC
- Órgão
- Prefeitura de Divinópolis - MG
- Ano
- 2018
- Provas
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- IBFC - 2018 - Prefeitura de Divinópolis - MG - Advogado da Assistência Social
- IBFC - 2018 - Prefeitura de Divinópolis - MG - Analista Ambiental
- IBFC - 2018 - Prefeitura de Divinópolis - MG - Analista de Sistemas
- IBFC - 2018 - Prefeitura de Divinópolis - MG - Arquiteto
- IBFC - 2018 - Prefeitura de Divinópolis - MG - Assistente Social
- IBFC - 2018 - Prefeitura de Divinópolis - MG - Contador
- IBFC - 2018 - Prefeitura de Divinópolis - MG - Enfermeiro
- IBFC - 2018 - Prefeitura de Divinópolis - MG - Engenheiro Civil
- IBFC - 2018 - Prefeitura de Divinópolis - MG - Farmacêutico
- IBFC - 2018 - Prefeitura de Divinópolis - MG - Fiscal de Obras
- IBFC - 2018 - Prefeitura de Divinópolis - MG - Fiscal de Rendas
- IBFC - 2018 - Prefeitura de Divinópolis - MG - Fisioterapeuta
- IBFC - 2018 - Prefeitura de Divinópolis - MG - Nutricionista
- IBFC - 2018 - Prefeitura de Divinópolis - MG - Procurador do Município
- IBFC - 2018 - Prefeitura de Divinópolis - MG - Psicólogo
- IBFC - 2018 - Prefeitura
- Disciplina
- Português
- Assuntos
Texto
No Brasil, entre o “pode” e o “não pode”, encontramos um “jeito”, ou seja, uma forma de conciliar todos os interesses, criando uma relação aceitável entre o solicitante, o funcionário-autoridade e a lei universal. Geralmente, isso se dá quando as motivações profundas de ambas as partes são conhecidas; ou imediatamente, quando ambos descobrem um elo em comum banal (torcer pelo mesmo time) ou especial (um amigo comum, uma instituição pela qual ambos passaram ou o fato de se ter nascido na mesma cidade). A verdade é que a invocação da relação pessoal, da regionalidade, do gosto, da religião e de outros fatores externos àquela situação poderá provocar uma resolução satisfatória ou menos injusta. Essa é a forma típica do “jeitinho”. Uma de suas primeiras regras é não usar o argumento igualmente autoritário, o que também pode ocorrer, mas que leva a um reforço da má vontade do funcionário. De fato, quando se deseja utilizar o argumento da autoridade contra o funcionário, o jeitinho é um ato de força que no Brasil é conhecido como o “Sabe com quem está falando?”, em que não se busca uma igualdade simpática ou uma relação contínua com o agente da lei atrás do balcão, mas uma hierarquização inapelável entre o usuário e o atendente. De modo que, diante do “não pode” do funcionário, encontra-se um “não pode do não pode” feito pela invocação do “Sabe com quem você está falando?”. De qualquer modo, um jeito foi dado. “Jeitinho” e “Você sabe com quem está falando?” são os dois polos de uma mesma situação. Um é um modo harmonioso de resolver a disputa; o outro, um modo conflituoso e direto de realizar a mesma coisa. O “jeitinho” tem muito de cantada, de harmonização de interesses opostos, tal como quando uma mulher encontra um homem e ambos, interessados num encontro romântico, devem discutir a forma que o encontro deverá assumir. O “Sabe com quem está falando?”, por seu lado, afirma um estilo em que a autoridade é reafirmada , mas com a indicação de que o sistema é escalonado e não tem uma finalidade muito certa ou precisa. Há sempre outra autoridade, ainda mais alta, a quem se poderá recorrer. E assim as cartas são lançadas.
- (DAMATTA, Roberto. O modo de navegação social: a malandragem
- e o “jeitinho”. O que faz o brasil, Brasil?. Rio de Janeiro: Rocco, 1884. P79-89, (Adaptado) .