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Prova PUC-PR - 2012 - FEAES - PR - Psicólogo Clínico


ID
2496781
Banca
PUC-PR
Órgão
FEAES - PR
Ano
2012
Provas
Disciplina
Psicologia
Assuntos

A construção do campo profissional da psicologia da saúde tem uma historiografia recente. Mary Jane Spink (2003) nos apresenta alguns dados e considerações sobre a delimitação teórica da psicologia da saúde, a saber:


I. A tarefa de institucionalização da psicologia da saúde foi consolidada pelos presidentes da Divisão 38 da APA: Joseph Matarazzo, Stephen Weiss e Neal Miller. A definição de Matarazzo passou a ser amplamente aceita, sendo inclusive adotada pela Sociedade Europeia de Psicologia da Saúde.

II. Stphen Weiss definiu a psicologia da saúde como um campo interdisciplinar que se ocupa do desenvolvimento e integração do conhecimento científico e das técnicas precedentes tanto do âmbito comportamental como do biomédico, relacionadas com a saúde, a enfermidade e com a aplicação desse conhecimento e dessas técnicas à prevenção, diagnóstico, tratamento e reabilitação.

III. David Marks, diretor do Centro de Pesquisa em Saúde da Universidade de Middlesex , Londres, afirma que “as teorias da psicologia da saúde são geralmente elaboradas de forma a prover relatos sobre os processos cognitivo, emocional e motivacional presentes no nível pessoal”. Ou seja, ele denuncia o viés individualista.

IV. Neisse (1976) também concorda com a crítica do viés individualista e afirma ”Carecendo de validade ecológica, indiferente à cultura, e até mesmo desprezando os principais aspectos da percepção e da memória tais como ocorrem na vida cotidiana, tal psicologia pode vir a tornar-se um campo especializado estreito e pouco interessante”.


Está(ão) CORRETA(S):

Alternativas

ID
2496784
Banca
PUC-PR
Órgão
FEAES - PR
Ano
2012
Provas
Disciplina
Psicologia
Assuntos

A terceira historiografia da psicologia da saúde, apresentada por Mary Jane Spink (2003), trata especificamente da psicologia hospitalar e, mais precisamente, da experiência do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. A autora aponta o nome da pioneira da psicologia hospitalar no Brasil, que começou a atuar em 1957 no atual Instituto de Reabilitação do HC da USP. Quem foi essa pioneira?

Alternativas
Comentários
  • Mathilde Neder.

  • Mathilde Neder começou um trabalho no centro de reabilitação traumatológica da USP. Posteriormente Belkis Romano chegou a desenvolver um trabalho parecido num centro de reabilitação cardiovascular, mas na UNB (Universidade Nacional de Brasília).


ID
2496787
Banca
PUC-PR
Órgão
FEAES - PR
Ano
2012
Provas
Disciplina
Psicologia
Assuntos

Discutir a formação necessária para a inserção institucional do psicólogo na área da saúde exige reflexões sobre as especificidades dessa prática. Em relação à(s) prática(s) do psicólogo em instituições de saúde, afirma-se?


I. A teoria que melhor subsidia as ações junto a pacientes, família ou equipe é a psicanálise, uma vez que ela se ocupa da subjetividade.

II. A formação básica do psicólogo privilegia a atuação clínica, centrada no indivíduo e localizada no consultório. Nesse sentido, é comum a mera transferência do referencial teórico obtido na graduação, para o contexto institucional.

III. O trabalho em Instituições requer uma expansão do referencial teórico, no sentido de conseguir trabalhar com a alteridade, ou seja, com a perspectiva de um “outro” definido culturalmente como diferente.

IV. A convivência com a alteridade no contexto institucional, seja ela referente ao paciente ou ao trabalho conjunto com os demais profissionais, é um contínuo jogo de desconstrução e reconstrução de representações.


Está(ão) CORRETA(S):

Alternativas
Comentários
  • Gabarito D.

    I - Não há privilégio em abordagem quando as necessidades são múltiplas e díspares, o profissional atuará a luz de qualquer abordagem desde que haja motivos para isso;

    As demais alternativas seguem corretas na íntegra.


ID
2496790
Banca
PUC-PR
Órgão
FEAES - PR
Ano
2012
Provas
Disciplina
Psicologia
Assuntos

Uma vivência básica e significativa no processo de envelhecer são as perdas. Jerusalinski (2001) ao abordar a consequência das perdas, lista algumas, como a perda dos pais reais, a diminuição da potência, a perda dos pares, a degradação do corpo e o diálogo com a morte (a última perda, a perda de si mesmo). Esse referencial teórico está subsidiado por uma teoria psicológica do envelhecimento. Qual é essa teoria?

Alternativas
Comentários
  • Contextualizando...

     

       O envelhecimento deve ser encarado como um processo, como uma etapa do desenvolvimento humano, tal qual a adolescência e a puberdade que  tal qual a adolercência e a puberdade que como etapas do desenvolvimento são reconhecidos pelo outro, pela sociedade, pelo espelho, que mostram as marcas que o tempo produz. Pode ser também definido como um processo que ocorre durante o curso de vida do ser humano. Embora pareça estranho comparar a velhice com a dolescência, tal paralelo é possível, tendo em vista serem estes os períodos do desenvolvimento humano em que mais se evidenciam a presença dos processos biológicos e subjetivos. 

     

      O envelhecimento provoca modificações biológicas, psicológicas e sociais; porém é na velhice que esses processos se evidenciam. Esta é uma terapia da vida que implica em uma diversidade de sentidos e significados culturais decorrentes das particularidades dos contextos sociais em que o indivíduos são inseridos as alterações ocorridas no envelhecimento se acentuam, sendo a velhice, portanto, o resultado e o prolongamento do envelhecimento. 

     

    Fonte: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1677-29702008000100008

  • Boa questão no sentido de que o assunto é instigador, mas para se responder uma pergunta assim, na hora de uma prova de concurso público sem ter por base a leitura de determinado autor (nesse caso, Jerusalinsk) ou conhecimento sobre tal,  concerteza será bem complicado saber qual linha teórica e metodológica estará contida a resposta certa, pelo menos em relação as alternativas aí dadas, creio que a mais confiável (até mesmo pelo estilo linguístico do enunciado) para se marcar seria a psicanálise, mas, deve-se levar em consideração que este é um assunto universal no mundo de todas as abordagens psi. Por fim, a certa aí, é mesmo a Psicanálise.

  • Gabarito E) PSICANÁLISE. Jerusalinsck é uma das referências atuais e internacionais no campo da Psicanálise.

  • enunciado: são as perdas. Jerusalinski (2001) ao abordar a consequência das perdas, lista algumas, como a perda dos pais reais, a diminuição da potência, a perda dos pares, a degradação do corpo e o diálogo com a morte (a última perda, a perda de si mesmo).

    E. PSICANÁLISE


ID
2496793
Banca
PUC-PR
Órgão
FEAES - PR
Ano
2012
Provas
Disciplina
Psicologia
Assuntos

A cuidadosa avaliação da qualidade de vida de pacientes em estado avançado de doença é um dos elementos fundamentais para o bom funcionamento de programas de cuidados paliativos. Os critérios para a escolha de uma boa medida de qualidade de vida deve contemplar os seguintes pontos: definição clara do que está sendo medido; itens específicos para a doença do paciente; e clareza e precisão dos enunciados. Nesse sentido, as escalas devem contemplar aspectos imediatos e efeitos a longo prazo do tratamento. Qual é a escala que atende a esses critérios e que pode ser utilizada em pacientes terminais?

Alternativas
Comentários
  • A Escala Roterdã de Sintomas desenvolvida por De Haes é um instrumento válido e preciso, utilizado em pesquisas internacionais, fácil de ser aplicado e avaliado. É auto-administrável e passível de tradução em diversos idiomas. Possui trinta itens abrangendo aspectos físicos, psíquicos e sociais. 

    Fonte: Livro Psico-oncologia no Brasil 

  • Gabarito E.

    A - A escala de Hamilton se trata de uma escala de avaliação da depressão.

    B - A escala de Sintomas de Estresse é utilizada para avaliar os sintomas físicos e psicológicos relacionados ao estresse.

    C - A escala de Coping de Lazarus caracteriza-se na identificação das estratégias que o sujeito utiliza frente a um evento estressante específico.

    D - A escala de Endinburgo trata-se de uma escala utilizada nos quadros de depressão pós-parto.

    E - Escala Roterdã/Rotterdam de Sintomas é utilizada para avaliar a relação do sujeito com o seu quadro de saúde/sintomas, utilizado normalmente em ações de cuidado paliativo e assistência terminal.


ID
2496796
Banca
PUC-PR
Órgão
FEAES - PR
Ano
2012
Provas
Disciplina
Psicologia
Assuntos

A incidência do quadro de Delirium é alta na população idosa, sendo muito importante a realização diagnóstica. Os profissionais de saúde precisam saber da existência do quadro, conseguir reconhecê-lo e fazer o diagnóstico com eficácia, para que diminuam os casos não detectados. Com a correta realização diagnóstica, a causa orgânica poderá ser tratada, os riscos de mortalidade e morbidade diminuirão e os pacientes também ficarão menos tempo no hospital. De acordo com o DSM-IV, quais são os critérios diagnósticos para Delirium?


I. Distúrbio da consciência (redução da clareza de percepção do ambiente) em conjunção com reduzida habilidade para focalizar, sustentar ou desviar a atenção.

II. Desenvolvimento do distúrbio durante um breve período (usualmente horas e dias) e uma tendência à flutuação durante o dia.

III. Desenvolvimento de um distúrbio perceptível que não é explicado por demência preexistente, estabelecida ou em desenvolvimento (déficit de atenção, memória ou desorientação).

IV. Evidência baseada na história, no exame físico ou em achados laboratoriais de que o distúrbio é causado por uma condição médica geral; uma intoxicação medicamentosa ou efeito colateral; uma síndrome de abstinência; enfim, por múltiplos fatores.

Está(ão) CORRETA(S):

Alternativas
Comentários
  • Os critérios diagnósticos para delirium, segundo o DSM-5, são os seguintes: (1) Distúrbio na atenção e vigília, (2) mudança na cognição, não explicado por patologia prévia ou demência, (3) início subagudo (horas a dias) e tendência a flutuar durante o dia, (4) evidência a partir da história, do exame físico ou dos achados laboratoriais indicando que as alterações são causadas por uma condição médica geral. O estado confusional agudo possui três subtipos principais: hiperativo, hipoativo e misto. O estado hiperativo é facilmente diagnosticado, por cursar com aumento de atividade psicomotora, ansiedade e agitação2. O delirium hipoativo, entretanto, caracteriza-se por rebaixamento do sensório, sonolência e letargia. O subtipo misto é definido por agitação intercalada com rebaixamento do sensório. Os subtipos hipoativo e misto são os mais prevalentes em emergências.

ID
2496799
Banca
PUC-PR
Órgão
FEAES - PR
Ano
2012
Provas
Disciplina
Psicologia
Assuntos

De acordo com Neri (2001), que analisa os paradigmas contemporâneos sobre o desenvolvimento humano, afirma-se:


I. A expressão ciclo de vida pode significar sucessão de estágios ou repetição das experiências de desenvolvimento geração após geração.

II. A teoria de Erik Erikson não apresenta avanços em relação às teorias clássicas do desenvolvimento, apesar de considerar a vida humana em toda sua extensão.

III. A teoria de Erik Erikson foi definida por ele como epigenética, palavra que etimologicamente significa algo que se revela ou desdobra sucessivamente, sendo que os estágios mais avançados estão contidos nos anteriores.

IV. Uma coorte consiste num conjunto de pessoas nascidas na mesma época, que entram e saem juntas de seus sistemas ou instituições – como, por exemplo, a escola e o trabalho – e tendem a experimentar os mesmos eventos históricos.


Está(ão) CORRETA(S):

Alternativas
Comentários
  • sabendo que a questão 2 está errada, automaticamente só sobra uma correta.

ID
2496802
Banca
PUC-PR
Órgão
FEAES - PR
Ano
2012
Provas
Disciplina
Psicologia
Assuntos

Muitos fatores predispõem os pacientes geriátricos ao desenvolvimento de delírio, incluindo prejuízo do desempenho sensorial e privação sensorial, privação do sono, imobilização, transferência para um ambiente não familiar e estresses psicossociais, tais como perdas. Observações de pacientes geriátricos hospitalizados, apontam que vários fatores estão associados ao desenvolvimento de delírio, incluindo:


I. Sexo masculino e idade superior a 80 anos.

II. Desnutrição.

III. Fratura.

IV. Sondas vesicais.

V. Demência preexistente.


Está(ão) CORRETA(S):

Alternativas
Comentários
  • Não consegui achar nenhuma referência de relação entre sondas vesicais e delírios...


ID
2496805
Banca
PUC-PR
Órgão
FEAES - PR
Ano
2012
Provas
Disciplina
Psicologia
Assuntos

Uma das grandes dificuldades em saúde é a clara definição e avaliação do que é normal e do que considerado patológico. Na prática da psicologia hospitalar, essa dificuldade é ampliada, pois há necessidade de se considerarem fatores adicionais para o diagnóstico. Dai os quadros que se apresentarem serem considerados sob quatro categorias: normais, patológicos, reativos e esperados. Dado esse contexto, é correto afirmar:


I. Agitação psicomotora, depressão, choro compulsivo que se seguem ao luto por perda de ente querido não são parâmetros para se identificar a insanidade mental.

II. Privação sensorial por si só não é potente o suficiente para desencadear desorientação temporo-espacial que, quando se apresenta, conduz a um diagnóstico de psicose.

III. Perda de apetite, distúrbios de sono, decorrentes de ansiedade, que antecedem uma cirurgia não são psicopatológicos.


Está(ão) CORRETA(S):

Alternativas
Comentários
  • a III achei questionável. Depende do grau como elas acontecem pode ser considerado sintoma psicopatologico ou n...

  • Talvez, o enunciado esteja chamando de "psicopatológico" o que engloba o estudo nessa disciplina e não especificamente algum transtorno.

  • Compreendo, mas o que está sendo avaliado são os sintomas em si, não a intensidade.

    A questão só ficaria errada se falasse na intensidade/frequência. A sintomatologia em si, é normalmente apresentada por estes pacietes.


ID
2496808
Banca
PUC-PR
Órgão
FEAES - PR
Ano
2012
Provas
Disciplina
Psicologia
Assuntos

A psicoterapia breve ou de emergência é baseada em proposições derivadas da teoria psicanalítica e objetiva levar a mudanças relativamente extensivas e rapidamente atingidas. A respeito dessa técnica podemos afirmar que:


I. Consiste de uma série de intervenções, cuidadosamente formuladas, que buscam promover o processo terapêutico de uma maneira ordenada e previsível.

II. Cria condições adequadas, nas quais o paciente se torna consciente de distorções aperceptivas, de conflitos e de desejos.

III. Proporciona uma sequência ordenada para a aprendizagem, desaprendizagem e reaprendizagem, pela criação e manutenção de uma ótima motivação.

IV. Promove, dentro do setting terapêutico protegido, e através do uso de técnicas específicas, tanto o aumento da ansiedade quanto a sua total eliminação, de maneira que a aprendizagem por insight, por condicionamento e identificação possam levar a uma reestruturação da personalidade.


Está(ão) CORRETA(S):

Alternativas
Comentários
  • Gabarito D.

    IV - Devíamos desconsiderar esta alternativa de cara, pois ela fala a respeito de uma reestruturação da personalidade através da PB, o que não é possível.


ID
2496811
Banca
PUC-PR
Órgão
FEAES - PR
Ano
2012
Provas
Disciplina
Psicologia
Assuntos

Na população geriátrica, a depressão talvez seja o exemplo mais comum de uma doença com apresentação clínica inespecífica e atípica. Os sinais e sintomas de depressão podem ser causados por várias doenças físicas tratáveis, ou representar as manifestações clínicas iniciais de um episódio de depressão maior ou menor. Em muitos pacientes a depressão coexiste com doença(s) física(s).


Dado esse contexto, considere os fatores que predispõem os indivíduos idosos à depressão:


I. Perda de memória e demência.

II. Perda de função física.

III. Perda de familiares e amigos.

IV. Aposentadoria.

V. História familiar (predisposição genética).


Está(ão) CORRETA(S):

Alternativas
Comentários
  • Letra B. 

    Questionável esse gabarito em não incluir a Aposentadoria como um fator à depressão. Oras, ainda ele aponta I. Perda de memória e demência., mas não aponta V. História familiar (predisposição genética)., que no final, tratam de casos que influenciam a depressão endógena, no meu entender. Se não anulada, o gabarito deveria ser E.

  • APOSENTADORIA, pode sim conduzir a m quadro depressivo. poranto o item IV está incorreto ao meu ver.

  • A aposentadoria pode sim, levar à depressão

  • a literatura aponta que a depressão pode ser provocada pela Aposentadoria no caso do homem e pela Síndrome do Ninho vazio na mulher .. questão furadíssima !

  • Não concordo de forma alguma com esse gabarito. Uma vez que a aposentadoria está relacionada com a percepção do idoso da não produtividade, o que pode ocasionar ou intensificar o sentimento de invalidez, um dos fatores preponderantes da depressão em idosos.


ID
2496814
Banca
PUC-PR
Órgão
FEAES - PR
Ano
2012
Provas
Disciplina
Psicologia
Assuntos

A terapia cognitivo-comportamental tem como objetivos mudar pensamentos, ampliar estratégias de enfrentamento e modificar estados emocionais que contribuem para a psicopatologia. Trata-se de uma terapia ativa, com limite de tempo e com foco na redução de sintomas.


Em relação à terapia cognitivo-comportamental (TCC) no envelhecimento, afirma-se:


I. Na aplicação com idosos deprimidos, um estudo apontou que 70% dos clientes reduziram os sintomas e, numa reavaliação após dois anos, 70% seguiam com os ganhos do tratamento.

II. Na TCC de idosos é fundamental considerar déficits cognitivos, disfunções comportamentais graves ou transtorno de personalidade associado, motivação e responsabilidade pessoal para a mudança, bem como compreensão e aceitação de um tratamento psicoterápico.

III. É fundamental identificar as cognições chaves, especialmente as atitudes a respeito da idade e do envelhecimento.

IV. A velhice representa o tempo de transição de papéis assumidos socialmente e da autoavaliação, o que pode funcionar como um disparador de problemas emocionais.


Está(ão) CORRETA(S):

Alternativas
Comentários
  • "Um estudo..." agora vai você responder algo dizendo "de acordo com um estudo..." pra ver o que acontece

  • Uma banca da PUC e uma questão dessa?! Aff


ID
2496817
Banca
PUC-PR
Órgão
FEAES - PR
Ano
2012
Provas
Disciplina
Psicologia
Assuntos

De acordo com Elisabeth Kubler-Ross (2005), em nosso inconsciente, a morte nunca é possível quando se trata se nós mesmos. É inconcebível para o inconsciente imaginar um fim real para nossa vida na Terra. A autora listou estágios no processo do morrer, a saber:

Alternativas
Comentários
  • As cinco fases do luto (ou da perspectiva da morte) são:

    Fase 1) Negação

    Seria uma defesa psíquica que faz com que o indivíduo acaba negando o problema, tenta encontrar algum jeito de não entrar em contato com a realidade seja da morte de um ente querido ou da perda de emprego. É comum a pessoa também não querer falar sobre o assunto.

    Fase 2) Raiva

    Nessa fase o indivíduo se revolta com o mundo, se sente injustiçada e não se conforma por estar passando por isso.

     

    Fase 3) Barganha

    Essa é fase que o indivíduo começa a negociar, começando com si mesmo, acaba querendo dizer que será uma pessoa melhor se sair daquela situação, faz promessas a Deus. É como o discurso “Vou ser uma pessoa melhor, serei mais gentil e simpático com as pessoas, irei ter uma vida saudável.”

    Fase 4) Depressão

    Já nessa fase a pessoa se retira para seu mundo interno, se isolando, melancólica e se sentindo impotente diante da situação.

    Fase 5) Aceitação

    É o estágio em que o indivíduo não tem desespero e consegue enxergar a realidade como realmente é, ficando pronto pra enfrentar a perda ou a morte.

  • Nossa própria morte é da ordem do inominável, do real, impossível de simbolizar = inconcebível para o inconsciente.


ID
2496820
Banca
PUC-PR
Órgão
FEAES - PR
Ano
2012
Provas
Disciplina
Psicologia
Assuntos

A humanização tem sido estudada no âmbito da saúde visando proporcionar uma assistência que considere o indivíduo na sua totalidade. A humanização em saúde objetiva resgatar o respeito da vida humana. Nesse sentido, cada profissional, equipe e instituição terá seu processo singular de humanização. Segundo Deslandes (2004), os gestores definem humanização com os seguintes indicadores:


I. Reconhecimento dos direitos do paciente.

II. Maior democratização das relações de poder entre profissionais e pacientes.

III. Diálogo e melhoria da comunicação entre profissionais de saúde e o paciente.

IV. Qualidade da relação interpessoal entre profissionais e usuários (cuidados pautados pelo acolhimento, escuta, empatia e respeito).


Está(ão) CORRETA(S):

Alternativas

ID
2496823
Banca
PUC-PR
Órgão
FEAES - PR
Ano
2012
Provas
Disciplina
Psicologia
Assuntos

De acordo com Ligia PY (2004), o aumento da longevidade, sonho dos humanos há tempos, surpreende nos tempos atuais, prenunciando uma nova era que transgride o padrão vigente da cronologia das idades. Tornar-se velho é alcançar uma forma de adiar a morte. Segundo a autora, os esforços que vêm sendo realizados para investigar, sistematizar e aplicar conhecimentos de vários campos sobre a morte e o morrer e os fenômenos a ela relacionados denominam-se:

Alternativas
Comentários
  • Tanatologia é o estudo científico da morte. Ele investiga os mecanismos e aspectos forenses da morte, tais como mudanças corporais que acompanham o período após a morte, bem como os aspectos sociais e legais mais amplos. É, principalmente, um estudo interdisciplinar.

    A palavra é derivada de Tânato (em grego, θάνατος: "morte"), deus da mitologia grega que personificava a morte, mais o sufixo logia, que deriva do grego legein (Λογια: "falar") e significa estudo.

    O estudo da morte tem vários ramos e aplicações, atualmente vem se destacando na área policial, com os trabalhos do médico legista e do tanatologista policial, que vem ganhando mais notoriedade na atualidade por conta dos casos de homicídios de grande repercussão que esta ciência vem ajudando a desvendar.

    O termo Tanatologista Policial é um conceito moderno e pouco conhecido, mas que vem ganhando força devido a especialização desses profissionais, grandes aliados dos médicos legistas.


ID
2496826
Banca
PUC-PR
Órgão
FEAES - PR
Ano
2012
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

                      O Legado da Doutora Zilda Arns

                                                                                                     Frei Betto

      Se milhares de jovens e adultos brasileiros e estrangeiros sobrevivem, hoje, às condições de extrema pobreza em que nasceram, devem isso em especial à doutora Zilda Arns. Conheci-a através de seu irmão, o cardeal Dom Paulo Evaristo Arns, hoje arcebispo emérito de São Paulo. Trazia sempre nos lábios um sorriso tímido, a fala mansa, suave, e, apesar dos gestos contidos, manifestava profunda firmeza de caráter.

      Na virada das décadas 1970-1980, o Brasil se redemocratizava e a sociedade civil se reorganizava. Fundada em 1983, hoje a Pastoral da Criança atua em 20 países, principalmente junto a famílias de baixa renda, onde acompanha as gestantes, os partos, o desenvolvimento das crianças de zero a 6 anos de idade.

      Inspirada na metodologia de Paulo Freire – os pobres como sujeitos sociais e políticos de sua emancipação da pobreza – a Pastoral da Criança criou uma extensa rede de voluntários a partir da capacitação dos pais das crianças atendidas. O beneficiário de hoje é o agente multiplicador de amanhã, responsável por acompanhar de 10 a 15 famílias vizinhas prestes a ter bebê, orientando-as em ações básicas de saúde, vacinas, cuidados pré e pós-natais, nutrição, educação e cidadania.

      Em 2004, Zilda Arns criou a Pastoral da Pessoa Idosa, hoje integrada por milhares de homens e mulheres com mais de 60 anos de idade, rejuvenescidos por descobrirem que velhice não é doença, nem ociosa espera da morte.

      No Brasil, já foram atendidas pela Pastoral da Criança, em 27 anos de atuação, 1,6 milhão de crianças e 1,2 milhão de famílias pobres, em 4.063 municípios, graças à dedicação de 260 mil voluntários, dos quais 141 mil são líderes que vivem em comunidades pobres. Zilda Arns fez, sim, o milagre da multiplicação dos pães, ou seja, da vida. Aonde a Pastoral da Criança chega, no primeiro ano o índice de mortalidade infantil cai em torno de 20%.

      Estima-se que, no exterior, a Pastoral da Criança já salvou a vida de ao menos 200 mil bebês. Na América Latina ela se faz presente no Paraguai, Argentina, Honduras, México, Venezuela, Bolívia, Uruguai, Peru, Panamá, República Dominicana, Colômbia, Guatemala e também no Haiti, onde sua fundadora encontrou a morte – em plena trincheira de trabalho para salvar vidas – a 12 de janeiro último, em decorrência do terremoto que arruinou aquele país do Caribe. Na África, a Pastoral atua na Guiné-Bissau, Moçambique e Guiné; e na Ásia, nas Filipinas e Timor Leste.

      Trabalhei com Zilda Arns em 2003/2004, quando a Pastoral da Criança se fez parceira, de primeira hora, do Fome Zero. Ela tinha muito a nos ensinar. Crianças nascidas em situação de extrema pobreza são salvas da desnutrição e da diarreia graças a medidas simples, como a pesagem periódica de bebês, o soro caseiro e a farinha multimistura, preparada com sementes e “restos” de alimentos, como talos de verduras, cascas de frutas e ovos. O custo criança/mês é inferior a R$ 1,7.

      Graças à intensa mobilização suscitada pelo apelo de combate à desnutrição, o Fome Zero recebia inúmeras doações. Certo dia ligou um empresário de Birigui (SP), disposto a doar 100 mil pares de calçados para crianças. E, como tantos doadores, queria visibilizar o gesto em Brasília, em vez de destinar a doação diretamente aos municípios priorizados pelo programa. Logramos convencê-lo do contrário.

      Roberto Guimarães, que trabalhava com Oded Grajew e comigo no gabinete de Mobilização Social da Presidência da República, ficou encarregado de monitorar a operação. Qualificado em consultoria de processos, contatou os Correios, que se prontificaram a despachar os sapatos. Mas... a que endereços? Sugeri que recorresse à Pastoral da Criança. Duas semanas depois, ela nos enviou nome e sobrenome de 100 mil crianças, os respectivos endereços e – acreditem! – o número do pezinho de cada uma, especificando se era do sexo masculino ou feminino. Ficamos admirados frente à tamanha capilaridade e eficiência do movimento criado por Zilda Arns. Roberto Guimarães comentou que nem o acervo de presentes de Papai Noel era tão organizado...

      No lançamento do Fome Zero, em 2003, Zilda Arns discordou de se exigir, dos beneficiários, comprovantes de gastos em alimentos, de modo a garantir que o dinheiro não se destinasse a outras compras. Oded Grajew e eu a apoiamos, concordamos que apresentar comprovantes não era relevante, valia apenas como forma de se verificar resultados. Haveria que confiar na palavra dos beneficiários.

      Em março de 2004, o governo decidiu esvaziar o Fome Zero, que tinha caráter emancipatório, e introduzir o Bolsa Família, de caráter compensatório. Zilda Arns, preocupada, convocou-me a Curitiba, sede da Pastoral da Criança, para reunião com ela, José Tubino, da FAO, e dom Aloysio Penna, então arcebispo de Botucatu (SP), que representava a CNBB. Tratamos das mudanças na área social do governo, em especial da decisão de se acabar com os Comitês Gestores do Fome Zero, já implantados em cerca de 2 mil municípios, pelos quais a sociedade civil atuava junto à gestão pública. 

      Zilda Arns temia que o Bolsa Família priorizasse a mera transferência de renda, submetendo-se à orientação que propõe tratar a pobreza com políticas compensatórias, sem tocar nas estruturas que promovem e asseguram a desigualdade social. Acreditava que as políticas sociais do governo só teriam êxito consolidado ao combinarem políticas de transferência de renda e mudanças estruturantes, ações emergenciais e educativas, como qualificação profissional.

      Em artigo que divulgou por ocasião da II Conferência Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional, em Olinda, a criadora da Pastoral da Criança alertou que a política social “não deve estar sujeita à política econômica. É hora de mudar esse paradigma. É a política econômica que deve estar sujeita ao combate à fome e à miséria.” E manifestou claramente a sua opinião: “Erradicar os Comitês Gestores seria um grave erro, por destruir uma capilaridade popular que fortalece o empoderamento da sociedade civil; (...) por reforçar o poder de prefeitos e vereadores, que nem sempre primam pela ética e lisura no trato com os recursos públicos. O governo não deve temer a parceria da sociedade civil, representada pelos Comitês Gestores.” 

      Seu apelo não teve eco. Os Comitês Gestores foram erradicados e, assim, a participação da sociedade civil nas políticas sociais do governo federal. Apesar de tudo, o ministro Patrus Ananias logrou aprimorar o Bolsa Família e o índice de redução da miséria absoluta no país, conforme dados recentes do Ipea. Falta encontrar a porta de saída aos beneficiários, de modo a produzirem a própria renda. 

      Zilda Arns nos deixa, de herança, o exemplo de que é possível mudar o perfil de uma nação com ações comunitárias, voluntárias, enfim, através da mobilização da sociedade civil. Não a mobilização que isenta o poder público de suas responsabilidades ou procura substituí-lo em suas obrigações. As instituições governamentais mantêm parcerias com a Pastoral da Criança e, esta, exige-lhes recursos, participa de comissões e eventos convocados pelo governo, critica-o quando necessário, sem se deixar instrumentalizar por interesses partidários e eleitorais.  

      “Estou convencida” – disse ao público que a escutava numa igreja de Porto Príncipe, pouco antes de falecer, sob os escombros de uma igreja no Haiti, em decorrência do terremoto – “de que a solução da maioria dos problemas sociais está relacionada com a redução urgente das desigualdades sociais, a eliminação da corrupção, a promoção da justiça social, o acesso à saúde e à educação de qualidade, ajuda mútua financeira e técnica entre as nações, para a preservação e restauração do meio ambiente.” E acrescentou: “Devemos nos esforçar para que nossos legisladores elaborem leis e os governos executem políticas públicas que incentivem a qualidade da educação integral das crianças e saúde, como prioridade absoluta”. 

      O mesmo ocorre em relação à iniciativa privada. A Pastoral não compactua com simulacros de responsabilidade social, que mais visam ao marketing do que à promoção humana, porém aceita parcerias se resguardados os princípios éticos e metodológicos que lhe definem o caráter. 

      Zilda Arns ensinou que, em se tratando de reduzir as causas da pobreza, deve ser a mais curta possível a distância entre intenção e ação. “A fome é ontem”, dizia Betinho, o sociólogo Herbert de Souza. E, na contramão daqueles que, cheios de bons propósitos, quase nada fazem por se enredarem no cipoal das fontes financiadoras, ela primeiro agia para, em seguida, buscar os recursos.

      Fez da Pastoral da Criança uma extensa e intensa rede de solidariedade. Acreditou na generosidade e na capacidade das famílias beneficiárias, transformou os pobres, de objetos da ação social, em sujeitos multiplicadores de pequenas e capilares iniciativas que produzem grandes e eficientes resultados. 

      Ela não repassava dinheiro às famílias atendidas, não fazia promessas, não pedia atestado de pertença religiosa ou preferência política. Seu objetivo era salvar vidas precocemente ameaçadas pela injustiça da desigualdade social que marca a nossa sociedade. Soube confiar no saber popular, na eficácia de recursos domésticos e das práticas tradicionais que dispensam compras em farmácias e supermercados. Infundiu nos beneficiários e agentes multiplicadores da Pastoral a convicção de que a emancipação da pobreza não reside apenas no poder de consumo, mas sobretudo no dever de solidariedade. 

      “Como os pássaros, que cuidam de seus filhos ao fazer um ninho no alto das árvores e nas montanhas, longe dos predadores, das ameaças e dos perigos, e mais perto de Deus, devemos cuidar de nossas crianças como um bem sagrado, promover o respeito a seus direitos e protegê-las”, declarou Zilda Arns ao encerrar a última palestra que proferiu, junto ao povo sofrido do Haiti.

      O Prêmio Nobel da Paz merecia esta mulher.  

Fonte: Sítio da Pastoral da Criançawww.pastoraldacriança.org.br (Texto adaptado)  

Com base na leitura do texto de Frei Betto, assinale a alternativa CORRETA:

Alternativas
Comentários
  • "Em artigo que divulgou por ocasião da II Conferência Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional, em Olinda, a criadora da Pastoral da Criança alertou que a política social “não deve estar sujeita à política econômica."

    Gabarito: B

  • Só de ver o tamanho do texto desanima.


ID
2496829
Banca
PUC-PR
Órgão
FEAES - PR
Ano
2012
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

                      O Legado da Doutora Zilda Arns

                                                                                                     Frei Betto

      Se milhares de jovens e adultos brasileiros e estrangeiros sobrevivem, hoje, às condições de extrema pobreza em que nasceram, devem isso em especial à doutora Zilda Arns. Conheci-a através de seu irmão, o cardeal Dom Paulo Evaristo Arns, hoje arcebispo emérito de São Paulo. Trazia sempre nos lábios um sorriso tímido, a fala mansa, suave, e, apesar dos gestos contidos, manifestava profunda firmeza de caráter.

      Na virada das décadas 1970-1980, o Brasil se redemocratizava e a sociedade civil se reorganizava. Fundada em 1983, hoje a Pastoral da Criança atua em 20 países, principalmente junto a famílias de baixa renda, onde acompanha as gestantes, os partos, o desenvolvimento das crianças de zero a 6 anos de idade.

      Inspirada na metodologia de Paulo Freire – os pobres como sujeitos sociais e políticos de sua emancipação da pobreza – a Pastoral da Criança criou uma extensa rede de voluntários a partir da capacitação dos pais das crianças atendidas. O beneficiário de hoje é o agente multiplicador de amanhã, responsável por acompanhar de 10 a 15 famílias vizinhas prestes a ter bebê, orientando-as em ações básicas de saúde, vacinas, cuidados pré e pós-natais, nutrição, educação e cidadania.

      Em 2004, Zilda Arns criou a Pastoral da Pessoa Idosa, hoje integrada por milhares de homens e mulheres com mais de 60 anos de idade, rejuvenescidos por descobrirem que velhice não é doença, nem ociosa espera da morte.

      No Brasil, já foram atendidas pela Pastoral da Criança, em 27 anos de atuação, 1,6 milhão de crianças e 1,2 milhão de famílias pobres, em 4.063 municípios, graças à dedicação de 260 mil voluntários, dos quais 141 mil são líderes que vivem em comunidades pobres. Zilda Arns fez, sim, o milagre da multiplicação dos pães, ou seja, da vida. Aonde a Pastoral da Criança chega, no primeiro ano o índice de mortalidade infantil cai em torno de 20%.

      Estima-se que, no exterior, a Pastoral da Criança já salvou a vida de ao menos 200 mil bebês. Na América Latina ela se faz presente no Paraguai, Argentina, Honduras, México, Venezuela, Bolívia, Uruguai, Peru, Panamá, República Dominicana, Colômbia, Guatemala e também no Haiti, onde sua fundadora encontrou a morte – em plena trincheira de trabalho para salvar vidas – a 12 de janeiro último, em decorrência do terremoto que arruinou aquele país do Caribe. Na África, a Pastoral atua na Guiné-Bissau, Moçambique e Guiné; e na Ásia, nas Filipinas e Timor Leste.

      Trabalhei com Zilda Arns em 2003/2004, quando a Pastoral da Criança se fez parceira, de primeira hora, do Fome Zero. Ela tinha muito a nos ensinar. Crianças nascidas em situação de extrema pobreza são salvas da desnutrição e da diarreia graças a medidas simples, como a pesagem periódica de bebês, o soro caseiro e a farinha multimistura, preparada com sementes e “restos” de alimentos, como talos de verduras, cascas de frutas e ovos. O custo criança/mês é inferior a R$ 1,7.

      Graças à intensa mobilização suscitada pelo apelo de combate à desnutrição, o Fome Zero recebia inúmeras doações. Certo dia ligou um empresário de Birigui (SP), disposto a doar 100 mil pares de calçados para crianças. E, como tantos doadores, queria visibilizar o gesto em Brasília, em vez de destinar a doação diretamente aos municípios priorizados pelo programa. Logramos convencê-lo do contrário.

      Roberto Guimarães, que trabalhava com Oded Grajew e comigo no gabinete de Mobilização Social da Presidência da República, ficou encarregado de monitorar a operação. Qualificado em consultoria de processos, contatou os Correios, que se prontificaram a despachar os sapatos. Mas... a que endereços? Sugeri que recorresse à Pastoral da Criança. Duas semanas depois, ela nos enviou nome e sobrenome de 100 mil crianças, os respectivos endereços e – acreditem! – o número do pezinho de cada uma, especificando se era do sexo masculino ou feminino. Ficamos admirados frente à tamanha capilaridade e eficiência do movimento criado por Zilda Arns. Roberto Guimarães comentou que nem o acervo de presentes de Papai Noel era tão organizado...

      No lançamento do Fome Zero, em 2003, Zilda Arns discordou de se exigir, dos beneficiários, comprovantes de gastos em alimentos, de modo a garantir que o dinheiro não se destinasse a outras compras. Oded Grajew e eu a apoiamos, concordamos que apresentar comprovantes não era relevante, valia apenas como forma de se verificar resultados. Haveria que confiar na palavra dos beneficiários.

      Em março de 2004, o governo decidiu esvaziar o Fome Zero, que tinha caráter emancipatório, e introduzir o Bolsa Família, de caráter compensatório. Zilda Arns, preocupada, convocou-me a Curitiba, sede da Pastoral da Criança, para reunião com ela, José Tubino, da FAO, e dom Aloysio Penna, então arcebispo de Botucatu (SP), que representava a CNBB. Tratamos das mudanças na área social do governo, em especial da decisão de se acabar com os Comitês Gestores do Fome Zero, já implantados em cerca de 2 mil municípios, pelos quais a sociedade civil atuava junto à gestão pública. 

      Zilda Arns temia que o Bolsa Família priorizasse a mera transferência de renda, submetendo-se à orientação que propõe tratar a pobreza com políticas compensatórias, sem tocar nas estruturas que promovem e asseguram a desigualdade social. Acreditava que as políticas sociais do governo só teriam êxito consolidado ao combinarem políticas de transferência de renda e mudanças estruturantes, ações emergenciais e educativas, como qualificação profissional.

      Em artigo que divulgou por ocasião da II Conferência Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional, em Olinda, a criadora da Pastoral da Criança alertou que a política social “não deve estar sujeita à política econômica. É hora de mudar esse paradigma. É a política econômica que deve estar sujeita ao combate à fome e à miséria.” E manifestou claramente a sua opinião: “Erradicar os Comitês Gestores seria um grave erro, por destruir uma capilaridade popular que fortalece o empoderamento da sociedade civil; (...) por reforçar o poder de prefeitos e vereadores, que nem sempre primam pela ética e lisura no trato com os recursos públicos. O governo não deve temer a parceria da sociedade civil, representada pelos Comitês Gestores.” 

      Seu apelo não teve eco. Os Comitês Gestores foram erradicados e, assim, a participação da sociedade civil nas políticas sociais do governo federal. Apesar de tudo, o ministro Patrus Ananias logrou aprimorar o Bolsa Família e o índice de redução da miséria absoluta no país, conforme dados recentes do Ipea. Falta encontrar a porta de saída aos beneficiários, de modo a produzirem a própria renda. 

      Zilda Arns nos deixa, de herança, o exemplo de que é possível mudar o perfil de uma nação com ações comunitárias, voluntárias, enfim, através da mobilização da sociedade civil. Não a mobilização que isenta o poder público de suas responsabilidades ou procura substituí-lo em suas obrigações. As instituições governamentais mantêm parcerias com a Pastoral da Criança e, esta, exige-lhes recursos, participa de comissões e eventos convocados pelo governo, critica-o quando necessário, sem se deixar instrumentalizar por interesses partidários e eleitorais.  

      “Estou convencida” – disse ao público que a escutava numa igreja de Porto Príncipe, pouco antes de falecer, sob os escombros de uma igreja no Haiti, em decorrência do terremoto – “de que a solução da maioria dos problemas sociais está relacionada com a redução urgente das desigualdades sociais, a eliminação da corrupção, a promoção da justiça social, o acesso à saúde e à educação de qualidade, ajuda mútua financeira e técnica entre as nações, para a preservação e restauração do meio ambiente.” E acrescentou: “Devemos nos esforçar para que nossos legisladores elaborem leis e os governos executem políticas públicas que incentivem a qualidade da educação integral das crianças e saúde, como prioridade absoluta”. 

      O mesmo ocorre em relação à iniciativa privada. A Pastoral não compactua com simulacros de responsabilidade social, que mais visam ao marketing do que à promoção humana, porém aceita parcerias se resguardados os princípios éticos e metodológicos que lhe definem o caráter. 

      Zilda Arns ensinou que, em se tratando de reduzir as causas da pobreza, deve ser a mais curta possível a distância entre intenção e ação. “A fome é ontem”, dizia Betinho, o sociólogo Herbert de Souza. E, na contramão daqueles que, cheios de bons propósitos, quase nada fazem por se enredarem no cipoal das fontes financiadoras, ela primeiro agia para, em seguida, buscar os recursos.

      Fez da Pastoral da Criança uma extensa e intensa rede de solidariedade. Acreditou na generosidade e na capacidade das famílias beneficiárias, transformou os pobres, de objetos da ação social, em sujeitos multiplicadores de pequenas e capilares iniciativas que produzem grandes e eficientes resultados. 

      Ela não repassava dinheiro às famílias atendidas, não fazia promessas, não pedia atestado de pertença religiosa ou preferência política. Seu objetivo era salvar vidas precocemente ameaçadas pela injustiça da desigualdade social que marca a nossa sociedade. Soube confiar no saber popular, na eficácia de recursos domésticos e das práticas tradicionais que dispensam compras em farmácias e supermercados. Infundiu nos beneficiários e agentes multiplicadores da Pastoral a convicção de que a emancipação da pobreza não reside apenas no poder de consumo, mas sobretudo no dever de solidariedade. 

      “Como os pássaros, que cuidam de seus filhos ao fazer um ninho no alto das árvores e nas montanhas, longe dos predadores, das ameaças e dos perigos, e mais perto de Deus, devemos cuidar de nossas crianças como um bem sagrado, promover o respeito a seus direitos e protegê-las”, declarou Zilda Arns ao encerrar a última palestra que proferiu, junto ao povo sofrido do Haiti.

      O Prêmio Nobel da Paz merecia esta mulher.  

Fonte: Sítio da Pastoral da Criançawww.pastoraldacriança.org.br (Texto adaptado)  

A partir da leitura do texto de Frei Betto, assinale a alternativa INCORRETA:

Alternativas
Comentários
  • GAB C

     

    . Acreditava que as políticas sociais do governo só teriam êxito consolidado ao combinarem políticas de transferência de renda e mudanças estruturantes, ações emergenciais e educativas, como qualificação profissional.

    Zilda Arns ensinou que, em se tratando de reduzir as causas da pobreza, deve ser a mais curta possível a distância entre intenção e ação. 

     

    Coloca logo a Bíblia toda na prova para lermos, haha.. 


ID
2496832
Banca
PUC-PR
Órgão
FEAES - PR
Ano
2012
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

                      O Legado da Doutora Zilda Arns

                                                                                                     Frei Betto

      Se milhares de jovens e adultos brasileiros e estrangeiros sobrevivem, hoje, às condições de extrema pobreza em que nasceram, devem isso em especial à doutora Zilda Arns. Conheci-a através de seu irmão, o cardeal Dom Paulo Evaristo Arns, hoje arcebispo emérito de São Paulo. Trazia sempre nos lábios um sorriso tímido, a fala mansa, suave, e, apesar dos gestos contidos, manifestava profunda firmeza de caráter.

      Na virada das décadas 1970-1980, o Brasil se redemocratizava e a sociedade civil se reorganizava. Fundada em 1983, hoje a Pastoral da Criança atua em 20 países, principalmente junto a famílias de baixa renda, onde acompanha as gestantes, os partos, o desenvolvimento das crianças de zero a 6 anos de idade.

      Inspirada na metodologia de Paulo Freire – os pobres como sujeitos sociais e políticos de sua emancipação da pobreza – a Pastoral da Criança criou uma extensa rede de voluntários a partir da capacitação dos pais das crianças atendidas. O beneficiário de hoje é o agente multiplicador de amanhã, responsável por acompanhar de 10 a 15 famílias vizinhas prestes a ter bebê, orientando-as em ações básicas de saúde, vacinas, cuidados pré e pós-natais, nutrição, educação e cidadania.

      Em 2004, Zilda Arns criou a Pastoral da Pessoa Idosa, hoje integrada por milhares de homens e mulheres com mais de 60 anos de idade, rejuvenescidos por descobrirem que velhice não é doença, nem ociosa espera da morte.

      No Brasil, já foram atendidas pela Pastoral da Criança, em 27 anos de atuação, 1,6 milhão de crianças e 1,2 milhão de famílias pobres, em 4.063 municípios, graças à dedicação de 260 mil voluntários, dos quais 141 mil são líderes que vivem em comunidades pobres. Zilda Arns fez, sim, o milagre da multiplicação dos pães, ou seja, da vida. Aonde a Pastoral da Criança chega, no primeiro ano o índice de mortalidade infantil cai em torno de 20%.

      Estima-se que, no exterior, a Pastoral da Criança já salvou a vida de ao menos 200 mil bebês. Na América Latina ela se faz presente no Paraguai, Argentina, Honduras, México, Venezuela, Bolívia, Uruguai, Peru, Panamá, República Dominicana, Colômbia, Guatemala e também no Haiti, onde sua fundadora encontrou a morte – em plena trincheira de trabalho para salvar vidas – a 12 de janeiro último, em decorrência do terremoto que arruinou aquele país do Caribe. Na África, a Pastoral atua na Guiné-Bissau, Moçambique e Guiné; e na Ásia, nas Filipinas e Timor Leste.

      Trabalhei com Zilda Arns em 2003/2004, quando a Pastoral da Criança se fez parceira, de primeira hora, do Fome Zero. Ela tinha muito a nos ensinar. Crianças nascidas em situação de extrema pobreza são salvas da desnutrição e da diarreia graças a medidas simples, como a pesagem periódica de bebês, o soro caseiro e a farinha multimistura, preparada com sementes e “restos” de alimentos, como talos de verduras, cascas de frutas e ovos. O custo criança/mês é inferior a R$ 1,7.

      Graças à intensa mobilização suscitada pelo apelo de combate à desnutrição, o Fome Zero recebia inúmeras doações. Certo dia ligou um empresário de Birigui (SP), disposto a doar 100 mil pares de calçados para crianças. E, como tantos doadores, queria visibilizar o gesto em Brasília, em vez de destinar a doação diretamente aos municípios priorizados pelo programa. Logramos convencê-lo do contrário.

      Roberto Guimarães, que trabalhava com Oded Grajew e comigo no gabinete de Mobilização Social da Presidência da República, ficou encarregado de monitorar a operação. Qualificado em consultoria de processos, contatou os Correios, que se prontificaram a despachar os sapatos. Mas... a que endereços? Sugeri que recorresse à Pastoral da Criança. Duas semanas depois, ela nos enviou nome e sobrenome de 100 mil crianças, os respectivos endereços e – acreditem! – o número do pezinho de cada uma, especificando se era do sexo masculino ou feminino. Ficamos admirados frente à tamanha capilaridade e eficiência do movimento criado por Zilda Arns. Roberto Guimarães comentou que nem o acervo de presentes de Papai Noel era tão organizado...

      No lançamento do Fome Zero, em 2003, Zilda Arns discordou de se exigir, dos beneficiários, comprovantes de gastos em alimentos, de modo a garantir que o dinheiro não se destinasse a outras compras. Oded Grajew e eu a apoiamos, concordamos que apresentar comprovantes não era relevante, valia apenas como forma de se verificar resultados. Haveria que confiar na palavra dos beneficiários.

      Em março de 2004, o governo decidiu esvaziar o Fome Zero, que tinha caráter emancipatório, e introduzir o Bolsa Família, de caráter compensatório. Zilda Arns, preocupada, convocou-me a Curitiba, sede da Pastoral da Criança, para reunião com ela, José Tubino, da FAO, e dom Aloysio Penna, então arcebispo de Botucatu (SP), que representava a CNBB. Tratamos das mudanças na área social do governo, em especial da decisão de se acabar com os Comitês Gestores do Fome Zero, já implantados em cerca de 2 mil municípios, pelos quais a sociedade civil atuava junto à gestão pública. 

      Zilda Arns temia que o Bolsa Família priorizasse a mera transferência de renda, submetendo-se à orientação que propõe tratar a pobreza com políticas compensatórias, sem tocar nas estruturas que promovem e asseguram a desigualdade social. Acreditava que as políticas sociais do governo só teriam êxito consolidado ao combinarem políticas de transferência de renda e mudanças estruturantes, ações emergenciais e educativas, como qualificação profissional.

      Em artigo que divulgou por ocasião da II Conferência Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional, em Olinda, a criadora da Pastoral da Criança alertou que a política social “não deve estar sujeita à política econômica. É hora de mudar esse paradigma. É a política econômica que deve estar sujeita ao combate à fome e à miséria.” E manifestou claramente a sua opinião: “Erradicar os Comitês Gestores seria um grave erro, por destruir uma capilaridade popular que fortalece o empoderamento da sociedade civil; (...) por reforçar o poder de prefeitos e vereadores, que nem sempre primam pela ética e lisura no trato com os recursos públicos. O governo não deve temer a parceria da sociedade civil, representada pelos Comitês Gestores.” 

      Seu apelo não teve eco. Os Comitês Gestores foram erradicados e, assim, a participação da sociedade civil nas políticas sociais do governo federal. Apesar de tudo, o ministro Patrus Ananias logrou aprimorar o Bolsa Família e o índice de redução da miséria absoluta no país, conforme dados recentes do Ipea. Falta encontrar a porta de saída aos beneficiários, de modo a produzirem a própria renda. 

      Zilda Arns nos deixa, de herança, o exemplo de que é possível mudar o perfil de uma nação com ações comunitárias, voluntárias, enfim, através da mobilização da sociedade civil. Não a mobilização que isenta o poder público de suas responsabilidades ou procura substituí-lo em suas obrigações. As instituições governamentais mantêm parcerias com a Pastoral da Criança e, esta, exige-lhes recursos, participa de comissões e eventos convocados pelo governo, critica-o quando necessário, sem se deixar instrumentalizar por interesses partidários e eleitorais.  

      “Estou convencida” – disse ao público que a escutava numa igreja de Porto Príncipe, pouco antes de falecer, sob os escombros de uma igreja no Haiti, em decorrência do terremoto – “de que a solução da maioria dos problemas sociais está relacionada com a redução urgente das desigualdades sociais, a eliminação da corrupção, a promoção da justiça social, o acesso à saúde e à educação de qualidade, ajuda mútua financeira e técnica entre as nações, para a preservação e restauração do meio ambiente.” E acrescentou: “Devemos nos esforçar para que nossos legisladores elaborem leis e os governos executem políticas públicas que incentivem a qualidade da educação integral das crianças e saúde, como prioridade absoluta”. 

      O mesmo ocorre em relação à iniciativa privada. A Pastoral não compactua com simulacros de responsabilidade social, que mais visam ao marketing do que à promoção humana, porém aceita parcerias se resguardados os princípios éticos e metodológicos que lhe definem o caráter. 

      Zilda Arns ensinou que, em se tratando de reduzir as causas da pobreza, deve ser a mais curta possível a distância entre intenção e ação. “A fome é ontem”, dizia Betinho, o sociólogo Herbert de Souza. E, na contramão daqueles que, cheios de bons propósitos, quase nada fazem por se enredarem no cipoal das fontes financiadoras, ela primeiro agia para, em seguida, buscar os recursos.

      Fez da Pastoral da Criança uma extensa e intensa rede de solidariedade. Acreditou na generosidade e na capacidade das famílias beneficiárias, transformou os pobres, de objetos da ação social, em sujeitos multiplicadores de pequenas e capilares iniciativas que produzem grandes e eficientes resultados. 

      Ela não repassava dinheiro às famílias atendidas, não fazia promessas, não pedia atestado de pertença religiosa ou preferência política. Seu objetivo era salvar vidas precocemente ameaçadas pela injustiça da desigualdade social que marca a nossa sociedade. Soube confiar no saber popular, na eficácia de recursos domésticos e das práticas tradicionais que dispensam compras em farmácias e supermercados. Infundiu nos beneficiários e agentes multiplicadores da Pastoral a convicção de que a emancipação da pobreza não reside apenas no poder de consumo, mas sobretudo no dever de solidariedade. 

      “Como os pássaros, que cuidam de seus filhos ao fazer um ninho no alto das árvores e nas montanhas, longe dos predadores, das ameaças e dos perigos, e mais perto de Deus, devemos cuidar de nossas crianças como um bem sagrado, promover o respeito a seus direitos e protegê-las”, declarou Zilda Arns ao encerrar a última palestra que proferiu, junto ao povo sofrido do Haiti.

      O Prêmio Nobel da Paz merecia esta mulher.  

Fonte: Sítio da Pastoral da Criançawww.pastoraldacriança.org.br (Texto adaptado)  

Sobre os dados presentes no texto de Frei Betto, assinale a alternativa CORRETA:

Alternativas
Comentários
  • "No Brasil, já foram atendidas pela Pastoral da Criança, em 27 anos de atuação, 1,6 milhão de crianças e 1,2 milhão de famílias pobres, em 4.063 municípios, graças à dedicação de 260 mil voluntários, dos quais 141 mil são líderes que vivem em comunidades pobres."

    Gabarito: A

  • Texto pequeno! Já vi maiores, haha..


ID
2496835
Banca
PUC-PR
Órgão
FEAES - PR
Ano
2012
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

                      O Legado da Doutora Zilda Arns

                                                                                                     Frei Betto

      Se milhares de jovens e adultos brasileiros e estrangeiros sobrevivem, hoje, às condições de extrema pobreza em que nasceram, devem isso em especial à doutora Zilda Arns. Conheci-a através de seu irmão, o cardeal Dom Paulo Evaristo Arns, hoje arcebispo emérito de São Paulo. Trazia sempre nos lábios um sorriso tímido, a fala mansa, suave, e, apesar dos gestos contidos, manifestava profunda firmeza de caráter.

      Na virada das décadas 1970-1980, o Brasil se redemocratizava e a sociedade civil se reorganizava. Fundada em 1983, hoje a Pastoral da Criança atua em 20 países, principalmente junto a famílias de baixa renda, onde acompanha as gestantes, os partos, o desenvolvimento das crianças de zero a 6 anos de idade.

      Inspirada na metodologia de Paulo Freire – os pobres como sujeitos sociais e políticos de sua emancipação da pobreza – a Pastoral da Criança criou uma extensa rede de voluntários a partir da capacitação dos pais das crianças atendidas. O beneficiário de hoje é o agente multiplicador de amanhã, responsável por acompanhar de 10 a 15 famílias vizinhas prestes a ter bebê, orientando-as em ações básicas de saúde, vacinas, cuidados pré e pós-natais, nutrição, educação e cidadania.

      Em 2004, Zilda Arns criou a Pastoral da Pessoa Idosa, hoje integrada por milhares de homens e mulheres com mais de 60 anos de idade, rejuvenescidos por descobrirem que velhice não é doença, nem ociosa espera da morte.

      No Brasil, já foram atendidas pela Pastoral da Criança, em 27 anos de atuação, 1,6 milhão de crianças e 1,2 milhão de famílias pobres, em 4.063 municípios, graças à dedicação de 260 mil voluntários, dos quais 141 mil são líderes que vivem em comunidades pobres. Zilda Arns fez, sim, o milagre da multiplicação dos pães, ou seja, da vida. Aonde a Pastoral da Criança chega, no primeiro ano o índice de mortalidade infantil cai em torno de 20%.

      Estima-se que, no exterior, a Pastoral da Criança já salvou a vida de ao menos 200 mil bebês. Na América Latina ela se faz presente no Paraguai, Argentina, Honduras, México, Venezuela, Bolívia, Uruguai, Peru, Panamá, República Dominicana, Colômbia, Guatemala e também no Haiti, onde sua fundadora encontrou a morte – em plena trincheira de trabalho para salvar vidas – a 12 de janeiro último, em decorrência do terremoto que arruinou aquele país do Caribe. Na África, a Pastoral atua na Guiné-Bissau, Moçambique e Guiné; e na Ásia, nas Filipinas e Timor Leste.

      Trabalhei com Zilda Arns em 2003/2004, quando a Pastoral da Criança se fez parceira, de primeira hora, do Fome Zero. Ela tinha muito a nos ensinar. Crianças nascidas em situação de extrema pobreza são salvas da desnutrição e da diarreia graças a medidas simples, como a pesagem periódica de bebês, o soro caseiro e a farinha multimistura, preparada com sementes e “restos” de alimentos, como talos de verduras, cascas de frutas e ovos. O custo criança/mês é inferior a R$ 1,7.

      Graças à intensa mobilização suscitada pelo apelo de combate à desnutrição, o Fome Zero recebia inúmeras doações. Certo dia ligou um empresário de Birigui (SP), disposto a doar 100 mil pares de calçados para crianças. E, como tantos doadores, queria visibilizar o gesto em Brasília, em vez de destinar a doação diretamente aos municípios priorizados pelo programa. Logramos convencê-lo do contrário.

      Roberto Guimarães, que trabalhava com Oded Grajew e comigo no gabinete de Mobilização Social da Presidência da República, ficou encarregado de monitorar a operação. Qualificado em consultoria de processos, contatou os Correios, que se prontificaram a despachar os sapatos. Mas... a que endereços? Sugeri que recorresse à Pastoral da Criança. Duas semanas depois, ela nos enviou nome e sobrenome de 100 mil crianças, os respectivos endereços e – acreditem! – o número do pezinho de cada uma, especificando se era do sexo masculino ou feminino. Ficamos admirados frente à tamanha capilaridade e eficiência do movimento criado por Zilda Arns. Roberto Guimarães comentou que nem o acervo de presentes de Papai Noel era tão organizado...

      No lançamento do Fome Zero, em 2003, Zilda Arns discordou de se exigir, dos beneficiários, comprovantes de gastos em alimentos, de modo a garantir que o dinheiro não se destinasse a outras compras. Oded Grajew e eu a apoiamos, concordamos que apresentar comprovantes não era relevante, valia apenas como forma de se verificar resultados. Haveria que confiar na palavra dos beneficiários.

      Em março de 2004, o governo decidiu esvaziar o Fome Zero, que tinha caráter emancipatório, e introduzir o Bolsa Família, de caráter compensatório. Zilda Arns, preocupada, convocou-me a Curitiba, sede da Pastoral da Criança, para reunião com ela, José Tubino, da FAO, e dom Aloysio Penna, então arcebispo de Botucatu (SP), que representava a CNBB. Tratamos das mudanças na área social do governo, em especial da decisão de se acabar com os Comitês Gestores do Fome Zero, já implantados em cerca de 2 mil municípios, pelos quais a sociedade civil atuava junto à gestão pública. 

      Zilda Arns temia que o Bolsa Família priorizasse a mera transferência de renda, submetendo-se à orientação que propõe tratar a pobreza com políticas compensatórias, sem tocar nas estruturas que promovem e asseguram a desigualdade social. Acreditava que as políticas sociais do governo só teriam êxito consolidado ao combinarem políticas de transferência de renda e mudanças estruturantes, ações emergenciais e educativas, como qualificação profissional.

      Em artigo que divulgou por ocasião da II Conferência Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional, em Olinda, a criadora da Pastoral da Criança alertou que a política social “não deve estar sujeita à política econômica. É hora de mudar esse paradigma. É a política econômica que deve estar sujeita ao combate à fome e à miséria.” E manifestou claramente a sua opinião: “Erradicar os Comitês Gestores seria um grave erro, por destruir uma capilaridade popular que fortalece o empoderamento da sociedade civil; (...) por reforçar o poder de prefeitos e vereadores, que nem sempre primam pela ética e lisura no trato com os recursos públicos. O governo não deve temer a parceria da sociedade civil, representada pelos Comitês Gestores.” 

      Seu apelo não teve eco. Os Comitês Gestores foram erradicados e, assim, a participação da sociedade civil nas políticas sociais do governo federal. Apesar de tudo, o ministro Patrus Ananias logrou aprimorar o Bolsa Família e o índice de redução da miséria absoluta no país, conforme dados recentes do Ipea. Falta encontrar a porta de saída aos beneficiários, de modo a produzirem a própria renda. 

      Zilda Arns nos deixa, de herança, o exemplo de que é possível mudar o perfil de uma nação com ações comunitárias, voluntárias, enfim, através da mobilização da sociedade civil. Não a mobilização que isenta o poder público de suas responsabilidades ou procura substituí-lo em suas obrigações. As instituições governamentais mantêm parcerias com a Pastoral da Criança e, esta, exige-lhes recursos, participa de comissões e eventos convocados pelo governo, critica-o quando necessário, sem se deixar instrumentalizar por interesses partidários e eleitorais.  

      “Estou convencida” – disse ao público que a escutava numa igreja de Porto Príncipe, pouco antes de falecer, sob os escombros de uma igreja no Haiti, em decorrência do terremoto – “de que a solução da maioria dos problemas sociais está relacionada com a redução urgente das desigualdades sociais, a eliminação da corrupção, a promoção da justiça social, o acesso à saúde e à educação de qualidade, ajuda mútua financeira e técnica entre as nações, para a preservação e restauração do meio ambiente.” E acrescentou: “Devemos nos esforçar para que nossos legisladores elaborem leis e os governos executem políticas públicas que incentivem a qualidade da educação integral das crianças e saúde, como prioridade absoluta”. 

      O mesmo ocorre em relação à iniciativa privada. A Pastoral não compactua com simulacros de responsabilidade social, que mais visam ao marketing do que à promoção humana, porém aceita parcerias se resguardados os princípios éticos e metodológicos que lhe definem o caráter. 

      Zilda Arns ensinou que, em se tratando de reduzir as causas da pobreza, deve ser a mais curta possível a distância entre intenção e ação. “A fome é ontem”, dizia Betinho, o sociólogo Herbert de Souza. E, na contramão daqueles que, cheios de bons propósitos, quase nada fazem por se enredarem no cipoal das fontes financiadoras, ela primeiro agia para, em seguida, buscar os recursos.

      Fez da Pastoral da Criança uma extensa e intensa rede de solidariedade. Acreditou na generosidade e na capacidade das famílias beneficiárias, transformou os pobres, de objetos da ação social, em sujeitos multiplicadores de pequenas e capilares iniciativas que produzem grandes e eficientes resultados. 

      Ela não repassava dinheiro às famílias atendidas, não fazia promessas, não pedia atestado de pertença religiosa ou preferência política. Seu objetivo era salvar vidas precocemente ameaçadas pela injustiça da desigualdade social que marca a nossa sociedade. Soube confiar no saber popular, na eficácia de recursos domésticos e das práticas tradicionais que dispensam compras em farmácias e supermercados. Infundiu nos beneficiários e agentes multiplicadores da Pastoral a convicção de que a emancipação da pobreza não reside apenas no poder de consumo, mas sobretudo no dever de solidariedade. 

      “Como os pássaros, que cuidam de seus filhos ao fazer um ninho no alto das árvores e nas montanhas, longe dos predadores, das ameaças e dos perigos, e mais perto de Deus, devemos cuidar de nossas crianças como um bem sagrado, promover o respeito a seus direitos e protegê-las”, declarou Zilda Arns ao encerrar a última palestra que proferiu, junto ao povo sofrido do Haiti.

      O Prêmio Nobel da Paz merecia esta mulher.  

Fonte: Sítio da Pastoral da Criançawww.pastoraldacriança.org.br (Texto adaptado)  

Leia o seguinte trecho, destacado do texto de Frei Betto, e assinale a alternativa CORRETA:

Zilda Arns nos deixa, de herança, o exemplo de que é possível mudar o perfil de uma nação com ações comunitárias, voluntárias, enfim, através da mobilização da sociedade civil. Não a mobilização que isenta o poder público de suas responsabilidades ou procura substituí-lo em suas obrigações. As instituições governamentais mantêm parcerias com a Pastoral da Criança e, esta, exige-lhes recursos, participa de comissões e eventos convocados pelo governo, critica-o quando necessário, sem se deixar instrumentalizar por interesses partidários e eleitorais.

Alternativas
Comentários
  • Pronomes demonstrativos situam alguém ou alguma coisa no tempo, no espaço e no discurso, em relação às próprias pessoas do discurso: quem fala, com quem se fala, de quem se fala. Podem ser invariáveis ou variáveis em gênero (masculino e feminino) e número (plural e singular). Possuem ainda uma finalidade expressiva, reforçando algum termo anteriormente mencionado.

    Pronomes demonstrativos variáveis:
    1.ª pessoa: este, esta, estes, estas
    2.ª pessoa: esse, essa, esses, essas
    3.ª pessoa: aquele, aquela, aqueles, aquelas

    Pronomes demonstrativos invariáveis:
    1.ª pessoa: isto
    2.ª pessoa: isso
    3.ª pessoa: aquilo

     

    Gabarito: E

     

  • GABARITO: LETRA E

    FUNÇÃO REFENCIAL

    ESSE(S), ESSA(S), ISSO - ELEMENTO COESIVO REFERENCIAL ANAFÓRICO (ALGO JÁ DITO OU APRESENTADO)

    ESTE(S), ESTA(S), ISTO - ELEMENTO COESIVO REFERENCIAL CATAFÓRICO (CONSECUTIVO): ALGO QUE SERÁ DITO OU APRESENTADO.

    *PODE TAMBÉM RETOMAR UM TERMO OU IDEIA ANTECEDENTE (EVANILDO BECHARA E CELSO CUNHA).

    FONTE: A Gramática para Concursos - Fernando Pestana.

  • Qual o erro da alternativa A?


ID
2496838
Banca
PUC-PR
Órgão
FEAES - PR
Ano
2012
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

                      O Legado da Doutora Zilda Arns

                                                                                                     Frei Betto

      Se milhares de jovens e adultos brasileiros e estrangeiros sobrevivem, hoje, às condições de extrema pobreza em que nasceram, devem isso em especial à doutora Zilda Arns. Conheci-a através de seu irmão, o cardeal Dom Paulo Evaristo Arns, hoje arcebispo emérito de São Paulo. Trazia sempre nos lábios um sorriso tímido, a fala mansa, suave, e, apesar dos gestos contidos, manifestava profunda firmeza de caráter.

      Na virada das décadas 1970-1980, o Brasil se redemocratizava e a sociedade civil se reorganizava. Fundada em 1983, hoje a Pastoral da Criança atua em 20 países, principalmente junto a famílias de baixa renda, onde acompanha as gestantes, os partos, o desenvolvimento das crianças de zero a 6 anos de idade.

      Inspirada na metodologia de Paulo Freire – os pobres como sujeitos sociais e políticos de sua emancipação da pobreza – a Pastoral da Criança criou uma extensa rede de voluntários a partir da capacitação dos pais das crianças atendidas. O beneficiário de hoje é o agente multiplicador de amanhã, responsável por acompanhar de 10 a 15 famílias vizinhas prestes a ter bebê, orientando-as em ações básicas de saúde, vacinas, cuidados pré e pós-natais, nutrição, educação e cidadania.

      Em 2004, Zilda Arns criou a Pastoral da Pessoa Idosa, hoje integrada por milhares de homens e mulheres com mais de 60 anos de idade, rejuvenescidos por descobrirem que velhice não é doença, nem ociosa espera da morte.

      No Brasil, já foram atendidas pela Pastoral da Criança, em 27 anos de atuação, 1,6 milhão de crianças e 1,2 milhão de famílias pobres, em 4.063 municípios, graças à dedicação de 260 mil voluntários, dos quais 141 mil são líderes que vivem em comunidades pobres. Zilda Arns fez, sim, o milagre da multiplicação dos pães, ou seja, da vida. Aonde a Pastoral da Criança chega, no primeiro ano o índice de mortalidade infantil cai em torno de 20%.

      Estima-se que, no exterior, a Pastoral da Criança já salvou a vida de ao menos 200 mil bebês. Na América Latina ela se faz presente no Paraguai, Argentina, Honduras, México, Venezuela, Bolívia, Uruguai, Peru, Panamá, República Dominicana, Colômbia, Guatemala e também no Haiti, onde sua fundadora encontrou a morte – em plena trincheira de trabalho para salvar vidas – a 12 de janeiro último, em decorrência do terremoto que arruinou aquele país do Caribe. Na África, a Pastoral atua na Guiné-Bissau, Moçambique e Guiné; e na Ásia, nas Filipinas e Timor Leste.

      Trabalhei com Zilda Arns em 2003/2004, quando a Pastoral da Criança se fez parceira, de primeira hora, do Fome Zero. Ela tinha muito a nos ensinar. Crianças nascidas em situação de extrema pobreza são salvas da desnutrição e da diarreia graças a medidas simples, como a pesagem periódica de bebês, o soro caseiro e a farinha multimistura, preparada com sementes e “restos” de alimentos, como talos de verduras, cascas de frutas e ovos. O custo criança/mês é inferior a R$ 1,7.

      Graças à intensa mobilização suscitada pelo apelo de combate à desnutrição, o Fome Zero recebia inúmeras doações. Certo dia ligou um empresário de Birigui (SP), disposto a doar 100 mil pares de calçados para crianças. E, como tantos doadores, queria visibilizar o gesto em Brasília, em vez de destinar a doação diretamente aos municípios priorizados pelo programa. Logramos convencê-lo do contrário.

      Roberto Guimarães, que trabalhava com Oded Grajew e comigo no gabinete de Mobilização Social da Presidência da República, ficou encarregado de monitorar a operação. Qualificado em consultoria de processos, contatou os Correios, que se prontificaram a despachar os sapatos. Mas... a que endereços? Sugeri que recorresse à Pastoral da Criança. Duas semanas depois, ela nos enviou nome e sobrenome de 100 mil crianças, os respectivos endereços e – acreditem! – o número do pezinho de cada uma, especificando se era do sexo masculino ou feminino. Ficamos admirados frente à tamanha capilaridade e eficiência do movimento criado por Zilda Arns. Roberto Guimarães comentou que nem o acervo de presentes de Papai Noel era tão organizado...

      No lançamento do Fome Zero, em 2003, Zilda Arns discordou de se exigir, dos beneficiários, comprovantes de gastos em alimentos, de modo a garantir que o dinheiro não se destinasse a outras compras. Oded Grajew e eu a apoiamos, concordamos que apresentar comprovantes não era relevante, valia apenas como forma de se verificar resultados. Haveria que confiar na palavra dos beneficiários.

      Em março de 2004, o governo decidiu esvaziar o Fome Zero, que tinha caráter emancipatório, e introduzir o Bolsa Família, de caráter compensatório. Zilda Arns, preocupada, convocou-me a Curitiba, sede da Pastoral da Criança, para reunião com ela, José Tubino, da FAO, e dom Aloysio Penna, então arcebispo de Botucatu (SP), que representava a CNBB. Tratamos das mudanças na área social do governo, em especial da decisão de se acabar com os Comitês Gestores do Fome Zero, já implantados em cerca de 2 mil municípios, pelos quais a sociedade civil atuava junto à gestão pública. 

      Zilda Arns temia que o Bolsa Família priorizasse a mera transferência de renda, submetendo-se à orientação que propõe tratar a pobreza com políticas compensatórias, sem tocar nas estruturas que promovem e asseguram a desigualdade social. Acreditava que as políticas sociais do governo só teriam êxito consolidado ao combinarem políticas de transferência de renda e mudanças estruturantes, ações emergenciais e educativas, como qualificação profissional.

      Em artigo que divulgou por ocasião da II Conferência Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional, em Olinda, a criadora da Pastoral da Criança alertou que a política social “não deve estar sujeita à política econômica. É hora de mudar esse paradigma. É a política econômica que deve estar sujeita ao combate à fome e à miséria.” E manifestou claramente a sua opinião: “Erradicar os Comitês Gestores seria um grave erro, por destruir uma capilaridade popular que fortalece o empoderamento da sociedade civil; (...) por reforçar o poder de prefeitos e vereadores, que nem sempre primam pela ética e lisura no trato com os recursos públicos. O governo não deve temer a parceria da sociedade civil, representada pelos Comitês Gestores.” 

      Seu apelo não teve eco. Os Comitês Gestores foram erradicados e, assim, a participação da sociedade civil nas políticas sociais do governo federal. Apesar de tudo, o ministro Patrus Ananias logrou aprimorar o Bolsa Família e o índice de redução da miséria absoluta no país, conforme dados recentes do Ipea. Falta encontrar a porta de saída aos beneficiários, de modo a produzirem a própria renda. 

      Zilda Arns nos deixa, de herança, o exemplo de que é possível mudar o perfil de uma nação com ações comunitárias, voluntárias, enfim, através da mobilização da sociedade civil. Não a mobilização que isenta o poder público de suas responsabilidades ou procura substituí-lo em suas obrigações. As instituições governamentais mantêm parcerias com a Pastoral da Criança e, esta, exige-lhes recursos, participa de comissões e eventos convocados pelo governo, critica-o quando necessário, sem se deixar instrumentalizar por interesses partidários e eleitorais.  

      “Estou convencida” – disse ao público que a escutava numa igreja de Porto Príncipe, pouco antes de falecer, sob os escombros de uma igreja no Haiti, em decorrência do terremoto – “de que a solução da maioria dos problemas sociais está relacionada com a redução urgente das desigualdades sociais, a eliminação da corrupção, a promoção da justiça social, o acesso à saúde e à educação de qualidade, ajuda mútua financeira e técnica entre as nações, para a preservação e restauração do meio ambiente.” E acrescentou: “Devemos nos esforçar para que nossos legisladores elaborem leis e os governos executem políticas públicas que incentivem a qualidade da educação integral das crianças e saúde, como prioridade absoluta”. 

      O mesmo ocorre em relação à iniciativa privada. A Pastoral não compactua com simulacros de responsabilidade social, que mais visam ao marketing do que à promoção humana, porém aceita parcerias se resguardados os princípios éticos e metodológicos que lhe definem o caráter. 

      Zilda Arns ensinou que, em se tratando de reduzir as causas da pobreza, deve ser a mais curta possível a distância entre intenção e ação. “A fome é ontem”, dizia Betinho, o sociólogo Herbert de Souza. E, na contramão daqueles que, cheios de bons propósitos, quase nada fazem por se enredarem no cipoal das fontes financiadoras, ela primeiro agia para, em seguida, buscar os recursos.

      Fez da Pastoral da Criança uma extensa e intensa rede de solidariedade. Acreditou na generosidade e na capacidade das famílias beneficiárias, transformou os pobres, de objetos da ação social, em sujeitos multiplicadores de pequenas e capilares iniciativas que produzem grandes e eficientes resultados. 

      Ela não repassava dinheiro às famílias atendidas, não fazia promessas, não pedia atestado de pertença religiosa ou preferência política. Seu objetivo era salvar vidas precocemente ameaçadas pela injustiça da desigualdade social que marca a nossa sociedade. Soube confiar no saber popular, na eficácia de recursos domésticos e das práticas tradicionais que dispensam compras em farmácias e supermercados. Infundiu nos beneficiários e agentes multiplicadores da Pastoral a convicção de que a emancipação da pobreza não reside apenas no poder de consumo, mas sobretudo no dever de solidariedade. 

      “Como os pássaros, que cuidam de seus filhos ao fazer um ninho no alto das árvores e nas montanhas, longe dos predadores, das ameaças e dos perigos, e mais perto de Deus, devemos cuidar de nossas crianças como um bem sagrado, promover o respeito a seus direitos e protegê-las”, declarou Zilda Arns ao encerrar a última palestra que proferiu, junto ao povo sofrido do Haiti.

      O Prêmio Nobel da Paz merecia esta mulher.  

Fonte: Sítio da Pastoral da Criançawww.pastoraldacriança.org.br (Texto adaptado)  

Leia o seguinte trecho, destacado do texto de Frei Betto, e assinale a alternativa CORRETA:

Roberto Guimarães, que trabalhava com Oded Grajew e comigo no gabinete de Mobilização Social da Presidência da República, ficou encarregado de monitorar a operação. Qualificado em consultoria de processos, contatou os Correios, que se prontificaram a despachar os sapatos. Mas... a que endereços? Sugeri que recorresse à Pastoral da Criança. Duas semanas depois, ela nos enviou nome e sobrenome de 100 mil crianças, os respectivos endereços e – acreditem! – o número do pezinho de cada uma, especificando se era do sexo masculino ou feminino. Ficamos admirados frente à tamanha capilaridade e eficiência do movimento criado por Zilda Arns. Roberto Guimarães comentou que nem o acervo de presentes de Papai Noel era tão organizado...

Alternativas
Comentários
  • GAB E


ID
2496841
Banca
PUC-PR
Órgão
FEAES - PR
Ano
2012
Provas
Disciplina
Direito Sanitário
Assuntos

A Constituição Federal assinala, no Capítulo 2, dos Direitos Sociais, artigo 6, que a saúde é um direito. O conceito de saúde, de acordo com a Lei n. 8080, de 19 de setembro de 1990, é:

Alternativas
Comentários
  • Letra C

    Art. 2 : A saúde é um direito fundamental do ser humano, devendo o estado promover as consições indispensáveis ao seu pleno exercício.

    Art 3 : ... tendo a saúde como fatores condicionantes e determinantes, entre outros, a alimentação, a moradia, o saneamento básico, o meio ambiente, o trabalho, a renda, a educação, a atividade física, o transposte o lazer e o acesso aos bens e serviços essenciais.

  • Questão desatualizada, pois em 2013 a Atividade física foi adicionada como fatores condicionantes e determinantes a saúde


ID
2496844
Banca
PUC-PR
Órgão
FEAES - PR
Ano
2012
Provas
Disciplina
Legislação Federal
Assuntos

A Política Nacional do Idoso, a fim de assegurar os direitos sociais do idoso, criando condições para promover sua autonomia, integração e participação efetiva na sociedade, deve:


I. Estimular a criação de incentivos e de alternativas de atendimento ao idoso, como centros de convivência, centros de cuidados diurnos, casas-lares, oficinas abrigadas de trabalho, atendimentos domiciliares e outros.

II. Desenvolver formas de cooperação entre as Secretarias de Saúde dos estados, do Distrito Federal e dos municípios e entre os centros de referência em geriatria e gerontologia para treinamento de equipes multiprofissionais.

III. Prestar serviços e desenvolver ações voltadas para o atendimento das necessidades básicas do idoso, mediante a participação das famílias, da sociedade e de entidades governamentais e não governamentais.

Está(ão) CORRETA(S):

Alternativas
Comentários
  •  Art 10. II. e) Desenvolver formas de cooperação entre as Secretarias de Saúde dos estados, do Distrito Federal e dos municípios e entre os centros de referência em geriatria e gerontologia para treinamento de equipes multiprofissionais.

    Na lei a equipe é interprofissional e não multiprofissional. 

  • OPÇÃO D-TODAS AS AFIRMATIVAS ESTÃO CORRETAS, COPIA LETRA DA LEI.

    DAS ÇÕES GOVERNAMENTAIS       
     Art. 10. Na implementação da política nacional do idoso, são competências dos órgãos e entidades públicos:

            I - na área de promoção e assistência social:

            a) prestar serviços e desenvolver ações voltadas para o atendimento das necessidades básicas do idoso, mediante a participação das famílias, da sociedade e de entidades governamentais e não-governamentais.

    b) estimular a criação de incentivos e de alternativas de atendimento ao idoso, como centros de convivência, centros de cuidados diurnos, casas-lares, oficinas abrigadas de trabalho, atendimentos domiciliares e outros;
    ...

            II - na área de saúde:
    e) desenvolver formas de cooperação entre as Secretarias de Saúde dos Estados, do Distrito Federal, e dos Municípios e entre os Centros de Referência em Geriatria e Gerontologia para treinamento de equipes interprofissionais;

  • Tipo de questão para entrar com recursos.

    Item correto A.

    Na lei a equipe é interprofissional e não multiprofissional.

  •   e) desenvolver formas de cooperação entre as Secretarias de Saúde dos Estados, do Distrito Federal, e dos Municípios e entre os Centros de Referência em Geriatria e Gerontologia para treinamento de equipes interprofissionais; (questão II errada)


ID
2496847
Banca
PUC-PR
Órgão
FEAES - PR
Ano
2012
Provas
Disciplina
Direito Sanitário
Assuntos

O Conselho de Saúde é um órgão colegiado, deliberativo e permanente do Sistema Único de Saúde, que atua na formulação e proposição de estratégias e no controle da execução das Políticas de Saúde, inclusive nos seus aspectos econômicos e financeiros. Sobre a criação e a organização dos Conselhos de Saúde, considere as afirmações a seguir:


I. A criação dos Conselhos de Saúde é estabelecida por lei municipal, estadual ou federal, com base na Lei n. 8.142/90.

II. O número de conselheiros será indicado pelos Plenários dos Conselhos de Saúde e das Conferências de Saúde, devendo ser definido em lei.

III. As vagas do Conselho de Saúde deverão ser distribuídas da seguinte forma: 50% de entidades de usuários; 25% de entidades dos trabalhadores de saúde; e 25% de representação de governo, de prestadores de serviços privados conveniados, ou sem fins lucrativos.


Está(ão) CORRETA(S):

Alternativas
Comentários
  • De onde a banca tirou isso?

  • gostaria de saber de onde saiu essa informação

  • A questão foi baseada na Resolução 453 de 2012

  • I - O número de conselheiros será definido pelos Conselhos de Saúde e constituído em lei.

    II - Mantendo o que propôs as Resoluções nos 33/92 e 333/03 do CNS e consoante com as Recomendações da 10a e 11a Conferências Nacionais de Saúde, as vagas deverão ser distribuídas da seguinte forma:

    a)50% de entidades e movimentos representativos de usuários;

    b)25% de entidades representativas dos trabalhadores da área de saúde;

    c)25% de representação de governo e prestadores de serviços privados conveniados, ou sem fins lucrativos.

    III - A participação de órgãos, entidades e movimentos sociais terá como critério a representatividade, a abrangência e a complementaridade do conjunto da sociedade, no âmbito de atuação do Conselho de Saúde. De acordo com as especificidades locais, aplicando o princípio da paridade, serão contempladas, dentre outras, as seguintes representações:



    http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/cns/2012/res0453_10_05_2012.html

  • Caberia recurso, pois na resolução 453/12 diz o seguinte:

    I - O número de conselheiros será definido pelos Conselhos de Saúde e constituído em lei.

    E não aponta nada sobre conferência no número de conselheiros ou o Qconcursos errou no sistema ou a banca errou.


ID
2496850
Banca
PUC-PR
Órgão
FEAES - PR
Ano
2012
Provas
Disciplina
Direito Sanitário
Assuntos

Em relação à Política Nacional de Atenção Básica aprovada pela Portaria n. 648/GM/2006, afirma-se:


I. A Saúde da Família como estratégia prioritária para sua organização de acordo com os preceitos do Sistema Único de Saúde.

II. O Ministério da Saúde, em setembro de 2006, definiu a Agenda de Compromisso pela Saúde que agrega três eixos: (i) o Pacto em Defesa do Sistema Único de Saúde (SUS), (ii) o Pacto em Defesa da Vida e (iii) o Pacto de Gestão.

III. Considera o sujeito em sua singularidade, complexidade, integralidade e inserção sociocultural e busca a promoção de sua saúde, a prevenção e tratamento de doenças, bem como a redução de danos ou de sofrimentos que possam comprometer suas possibilidades de viver de modo saudável.


Está(ão) CORRETA(S):

Alternativas
Comentários
  • Gabarito A

    Todas as assertivas


ID
2496853
Banca
PUC-PR
Órgão
FEAES - PR
Ano
2012
Provas
Disciplina
Direito Sanitário
Assuntos

As ações e serviços de saúde, implementadas pelos estados, municípios e Distrito Federal são financiados com recursos da União, próprios e de outras fontes suplementares de financiamento, todos devidamente contemplados no orçamento da Seguridade Social. Os recursos são repassados por alguns mecanismos entre os quais:


I. Transferências regulares e automáticas.

II. Remuneração por serviços produzidos.

III. Convênios.


Está(ão) CORRETA(S):

Alternativas
Comentários
  • Gab B - art 195 CF



ID
2496856
Banca
PUC-PR
Órgão
FEAES - PR
Ano
2012
Provas
Disciplina
Psicologia
Assuntos

Em relação ao Código de Ética dos Psicólogos (2005), afirma-se:


I. O psicólogo deve atuar com responsabilidade social, analisando crítica e historicamente a realidade política, econômica, social e cultural.

II. O psicólogo deve responsabilizar-se somente por atividades para as quais esteja capacitado pessoal, teórica e tecnicamente.

III. É vedado ao psicólogo induzir qualquer pessoa ou organização a recorrer a seus serviços.

IV. É vedado ao psicólogo desviar para serviço particular ou de outra instituição visando benefício próprio, pessoas ou organizações atendidas por instituição com a qual mantenha qualquer tipo de vínculo profissional.

V. O psicólogo, no relacionamento com profissionais de outras áreas, compartilhará somente informações relevantes para qualificar os serviços prestados, resguardando o caráter confidencial das comunicações, garantindo responsabilidade de preservar sigilo por quem as receber.


Está(ão) CORRETA(S):

Alternativas
Comentários
  • a redação da assertiva V está deixando margem para dúvidas, pois, segundo o disposto no referido CEPP:

     

    Art. 6º – ...

    b) Compartilhará somente informações relevantes para qualificar o serviço prestado, resguardando o caráter confidencial das comunicações, assinalando a responsabilidade, de quem as receber, de preservar o sigilo;

     

    A assertiva traz "garantindo responsabilidade de preservar sigilo por quem as receber." Não tem como o psicólogo garantir, mas, assim como está no Código, assinalar a responsabilidade. Semanticamente são coisas distintas. Caberia recurso.


ID
2496859
Banca
PUC-PR
Órgão
FEAES - PR
Ano
2012
Provas
Disciplina
Psicologia
Assuntos

Os princípios do Relatório Belmont são três: autonomia, beneficência e justiça. Sobre esses princípios, afirma-se:


I. Segundo o princípio da autonomia, o médico ou outro profissional da saúde deve respeitar a vontade, os valores morais, as crenças do paciente ou de seu representante. Os fundamentos filosóficos desse princípio são encontrados em autores como Locke, Kant e J. S. Mill.

II. Na bioética particularmente, o princípio da beneficência visa ao bem-estar e aos interesses do paciente por meio da ciência médica e de seus representantes e agentes.

III. O princípio da justiça exige equidade na distribuição de bens e benefícios na área de saúde, no exercício de todos os profissionais nela envolvidos.

IV. O princípio da autonomia prevê o respeito às pessoas tanto por suas escolhas, quanto por seus atos.


Está(ão) CORRETA(S):

Alternativas
Comentários
  • Relatório de Belmont foi promulgado em 1978, numa reação institucional aos escândalos causados pelos experimentos da medicina desde o início da 2ª. Guerra Mundial. Em particular, três casos foram de notável relevância para sua criação: 1) em 1963, no Hospital Israelita de doenças crônicas de Nova York, foram injetadas células cancerosas vivas em idosos doentes; 2) entre 1950 e 1970, no hospital estatal de Willowbrook (NY), injetaram hepatite viral em crianças retardadas mentais; 3) desde os anos 40, mas descoberto apenas em 1972, no caso de Tuskegee study no Estado de Alabama, foram deixados sem tratamento quatrocentos negros sifilíticos para pesquisar a história natural da doença.

     

    Pelos fatos acima descritos, o Governo e o Congresso norte-americano constituíram, em 1974, a National Comission for the Protection of Human Subjects of Biomedical and Behavioral Research. Foi estabelecido, como objetivo principal da Comissão, identificar os princípios éticos “básicos” que deveriam conduzir a experimentação em seres humanos, o que ficou conhecido como Belmont Report

     

    O Relatório de Belmont apresenta os princípios éticos, considerados básicos, que deveriam nortear a pesquisa biomédica com seres humanos: a) o princípio do respeito às pessoas; b) o princípio da beneficência; c) o princípio da justiça. 

     

    Segundo Leo Passini e Christian de Paul de Barchifontaine, o princípio do respeito ás pessoas ou autonomia, incorpora pelo menos duas convicções éticas: 1) as pessoas deveriam ser tratadas com autonomia; 2) as pessoas cuja autonomia está diminuída devem ser protegidas.[1] 

     

    O princípio da beneficiência, é entendido como atos de bondade e caridade que vão além da restrita obrigação. A beneficência é muito mais que um simples ato de bondade e caridade, pois ela deve estar ligada a um sentimento muito mais forte, sentimento este de não causar nenhum dano a outrem, ou sendo estes inevitáveis, que pelo menos sejam minimizados, buscando ainda o máximo de benefícios.

     

    O princípio da justiça por sua vez, está ligado ao fato da preponderação e equilíbrio dos benefícios e malefícios sobre cada indivíduo em suas diversas necessidades, tratando-se os iguais como iguais e os diferentes como diferentes, na proporção de suas desigualdades.

     

    FONTE: http://www.conteudojuridico.com.br/artigo,relatorio-de-belmont-1978,42516.html

     

    Gabarito: A


ID
2496862
Banca
PUC-PR
Órgão
FEAES - PR
Ano
2012
Provas
Disciplina
Psicologia
Assuntos

A resolução n.196/96 sobre pesquisas envolvendo seres humanos incorpora os referenciais básicos da bioética: respeito à pessoa, beneficência e justiça, visando assegurar os direitos e deveres que dizem respeito à comunidade científica, aos sujeitos da pesquisa e ao Estado. Uma pesquisa com humanos somente poderá começar após o consentimento livre e esclarecido (TCLE) ser assinado pelo participante ou pelo seu responsável/representante legal. Em relação ao TCLE , afirma-se:


I. O TCLE deve ser elaborado em linguagem acessível e incluir a justificativa, os objetivos, os procedimentos, os riscos, os benefícios e a garantia de esclarecimento antes e durante o curso da pesquisa.

II. No TCLE deve constar a liberdade de o sujeito recusar sua participação ou retirar o seu consentimento, em qualquer fase da pesquisa, sem penalização alguma e sem prejuízo ao seu cuidado.

III. O TCLE deve dar garanta de sigilo que assegure a privacidade do sujeito quanto aos dados confidenciais envolvidos na pesquisa.

IV. O TCLE deve ser preparado em via única, que deverá ser entregue ao participante, e nela constar a assinatura do responsável pela pesquisa e o seu número de telefone.

V. O TCLE, parte do projeto de pesquisa deverá ser aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa.


Está(ão) CORRETA(S):

Alternativas
Comentários
  • Item IV errado pois tem que haver 2 vias do TCLE: 1 a ser entregue ao participante e outra para ficar com o pesquisador.

    Resposta correta: item B


ID
2496865
Banca
PUC-PR
Órgão
FEAES - PR
Ano
2012
Provas
Disciplina
Psicologia
Assuntos

No exercício da geriatria/gerontologia convive-se, às vezes, durante meses e anos, com pacientes sem perspectivas de cura, que necessitam de cuidados, apoio para contornar suas limitações e manter o mínimo de dignidade possível. Para promover o bem-estar e a qualidade de vida do paciente fora de possibilidades terapêuticas, a inglesa Cecily Saunders propôs uma filosofia de cuidados. Esses cuidados foram denominados:

Alternativas
Comentários
  • A Organização Mundial da Saúde, originalmente em 1990 e em revisão de 2002, definiu cuidados paliativos como cuidados ativos e totais aos pacientes quando a doença não responde às terapêuticas curativas, quando o controle da dor e dos sintomas psicológicos, sociais e espirituais é prioridade, e cujo objetivo é melhorar a qualidade de vida dos pacientes. Trata-se de abordagem multidisciplinar que abrange cuidado ao paciente, à família e à comunidade.

    O conceito de cuidado paliativo teve origem no movimento hospice, organizado por Cicely Saunders e seus colegas, que difundiram pelo mundo uma filosofia sobre o cuidar com duas noções fundamentais: o controle efetivo da dor e de outros sintomas, e o cuidado com as dimensões psicológicas, sociais e espirituais de pacientes e suas famílias. Com esse movimento propaga-se o conceito de cuidar, e não só curar, e de manter-se centrado nas necessidades do paciente, até a sua finitude. Com isso, um novo saber foi criado: o dos cuidados paliativos.


ID
2496868
Banca
PUC-PR
Órgão
FEAES - PR
Ano
2012
Provas
Disciplina
Psicologia
Assuntos

O Comitê do American College of Phsysicians e da American Society of Internal Medicine identificou sete mitos, sobre o cuidado ao final de vida que podem prejudicá-lo. A seguir apresentam algumas ocorrências:


I. Manter ou retirar líquidos e nutrição artificiais dos pacientes terminalmente doentes ou permanentemente inconscientes é ilegal.

II. O pessoal de tratamento de risco deve ser consultado antes de ser concluído o tratamento.

III. Privar do tratamento de suporte de vida os pacientes que não têm capacidade para tomada de decisão requer evidências de que era o verdadeiro desejo do paciente.

IV. Se um médico prescrever ou administrar doses altas de medicação para aliviar a dor ou o desconforto de um doente terminal e isso resultar na morte do paciente, o médico responderá criminalmente.


De acordo com o Comitê, qual(is) constitui(em)-se mitos:

Alternativas
Comentários
  • Mitos:

    1) Deixar de administrar de tratamentos de suporte à vida para pacientes sem capacidade de tomar decisões exige evidências de que esse era o desejo do paciente

    2) Recusar ou suspender líquidos ou nutrição artificiais para pacientes com doença terminal ou permanentemente inconscientes é ilegal.

    3) A equipe de manejo de riscos deve ser consultada antes da suspensão de tratamentos de suporte à vida.

    4) As DAVs devem constar em formulários específicos, não são transferíveis entre os estados e governam todas as decisões de tratamento no futuro; DAVs orais não são exequíveis. 

    5) Se o médico prescreve altas doses de medicamentos para analgesia ou alívio do desconforto em um paciente terminal, o que resulta em morte, o médico será criminalmente processado. 

    6) Quando o sofrimento de um paciente com doença terminal está demasiado apesar do cuidado paliativo e o paciente solicita que se acelere a morte, não há opções legalmente permissíveis de aliviar o sofrimento. 

    7) As decisões de 97 da U.S. Supreme Court tornou ilegal o suicídio medicalmente assistido. 

     

    FONTE: Fundamentos de geriatria clínica - 3 edição 

     

    GABARITO: LETRA D


ID
2496871
Banca
PUC-PR
Órgão
FEAES - PR
Ano
2012
Provas
Disciplina
Psicologia
Assuntos

Múltiplas estratégias de pesquisas são utilizadas na produção do conhecimento científico em Psicologia - pesquisas correlacionais, de laboratório, de campo, etc. Existem também pesquisas denominadas na comunidade científica de modelo experimentalmente valorizadas e de uso frequente. A parte básica do planejamento, segundo esse modelo, é decidir quais fatores o pesquisador manipulará diretamente e quais serão examinados para possíveis alterações


Como se denomina a variável, que é um comportamento mensurável mostrado pelo participante, segundo o modelo experimental?

Alternativas
Comentários
  • Numa experiência, as variáveis independentes são os fatores que o experimentador controla. A variável dependente é o resultado de interesse — o resultado que depende do instrumento de medida. As experiências são feitas para aprender como a variável independente influencia ou não influencia a variável dependente. Por exemplo, se está a fazer uma experiência para testar um novo medicamento para tratar a doença de Alzheimer, a variável independente pode ser se o paciente recebeu ou não o novo químico, e a variável dependente pode ser a performance dos participantes em testes de memória. Por outro lado, para estudar como a temperatura, volume, e pressão de um gás estão relacionados uns com os outros, você poderia construir uma experiência em que variava o volume enquanto mantinha a temperatura constante, e media como isto afetava a pressão do gás, e nesse caso a variável dependente seria a pressão do gás. A temperatura do gás é, neste caso, uma variável controlada

     

    Fonte: https://alemdasaulas.wordpress.com/tag/variavel-dependente/

  • "Olá meus colegas psicólogos. Não vou fazer nenhum comentário sobre a questão. Só vou pedir que cada um de vocês ao acabar de resolver as questões indiquem as questões referentes a psicologia pra comentário do professor. Assim quando o site receber inúmeras indicações para comentário se sentirá na obrigação de colocar professores para nos aulxiliarem facilitando nossos estudos. Vamos nos unir e continuar estudando, pois nossa aprovação estará cada vez mais perto. Agradeço e bons estudos a todos(as).

    Forte abraço!

    Jady Almeida"

  • Olá meus colegas psicólogos. Não vou fazer nenhum comentário sobre a questão. Só vou pedir que cada um de vocês ao acabar de resolver as questões indiquem as questões referentes a psicologia pra comentário do professor. Assim quando o site receber inúmeras indicações para comentário se sentirá na obrigação de colocar professores para nos aulxiliarem facilitando nossos estudos. Vamos nos unir e continuar estudando, pois nossa aprovação estará cada vez mais perto. Agradeço e bons estudos a todos(as).

    Forte abraço!

    Jady Almeida


ID
2496874
Banca
PUC-PR
Órgão
FEAES - PR
Ano
2012
Provas
Disciplina
Psicologia
Assuntos

Podemos conceituar memória como sendo um processo pelo qual aquilo que é aprendido persiste ao longo do tempo, do mesmo modo que se caracteriza como um sistema ativo que recebe, armazena, organiza e recupera a informação. Em relação à memória, afirma-se:


I. Apresenta três sistemas distintos de armazenamento: memória sensorial, memória de curto prazo e de longo prazo.

II. Memória sensorial é subdividida em duas formas: icônica e ecoica.

III. A memória de curto prazo contém as informações nas quais estamos pensando ou das quais estamos plenamente conscientes.

IV. A memória de longo prazo pode permanecer por toda a nossa vida e nunca ficamos sem espaço para armazenar nova informação.

V. Parte do trabalho de organização e arquivamento da memória aparentemente ocorre durante o sono. Alguns estudos têm demonstrado que ocorre o aumento da MLP durante o sono.


Está(ão) CORRETA(S):

Alternativas
Comentários
  • Letra C. Todas as afirmativas.

  • E nunca ficamos sem espaço para armazenar nova informação?

    Alguém possui alguma referência que aponte a coerência disso?


ID
2496877
Banca
PUC-PR
Órgão
FEAES - PR
Ano
2012
Provas
Disciplina
Psicologia
Assuntos

Ao analisarmos os processos de sensação e de percepção, afirma-se:

I. A sensação se refere às informações sensoriais que o cérebro recebe dos sentidos da visão, audição, paladar, olfato, toque, equilíbrio e dor. A percepção, que ocorre no cérebro, é o processo de organizar, interpretar e dar significado para essas informações a fim de compreender o que acontece ao redor.

II. As ilusões visuais ocorrem quando empregamos diversas pistas sensoriais para gerar experiências perceptivas que na verdade não existem. Podem ser ilusões físicas ou em alguns casos ilusões perceptivas, que ocorrem porque um estímulo contém pistas enganosas que levam a percepções imprecisas.

III. A constância perceptiva é a tendência que temos de perceber os objetos como inalteráveis diante de mudança do estímulo sensorial. Uma vez formada a percepção estável de um objeto, somos capazes de reconhecê-lo a partir de praticamente qualquer ângulo.

IV. A ilusão autocinética, percepção de movimento criada por um único objeto estacionário é um exemplo de movimento aparente, bem como o movimento estroboscópico que ocorre quando luzes acesas em sequência são vistas como se estivessem em movimento.

V. Nossa percepção é influenciada por nossa maneira individual de nos relacionarmos com o ambiente que nos cerca e por nossa cultura, valores, motivação, personalidade e estilo cognitivo.


Está(ão) CORRETA(S):

Alternativas
Comentários
  • Efeito autocinético é um fenômeno que ocorre quando o olho fixa uma luz estacionária e brilhante no escuro por um longo tempo. Após um período de tempo, a luz parece se mover, mas realmente não se move. Este longo tempo olhando faz com que os músculos dos olhos para tornem-se cansados, causando um leve movimento involuntário do globo ocular.

     

    Efeito estroboscópico

    O que é: Efeito que ocorre quando uma fonte de luz pulsante ilumina um objeto em movimento.

    Usos: medida de velocidade de rotação de objetos, efeitos decorativos, paralisação de imagens.

    Imagine um ambiente completamente escuro em que existe uma lâmpada comum que pisque numa determinada freqüência. Se você pedir para uma pessoa caminhar neste ambiente, você só vai conseguir vê-la nos breves instantes em que a lâmpada estiver acesa. Isso significa que você não vai ver a pessoa caminhando-a mas vai vê-la como se ela tivesse sido "fotografada" em locais que mudam sucessivamente à medida que ela se desloca no ambiente.

    http://psicoativo.com/2016/01/efeito-autocinetico.html

    http://www.newtoncbraga.com.br/index.php/almanaque/1829-alm248.html


ID
2496880
Banca
PUC-PR
Órgão
FEAES - PR
Ano
2012
Provas
Disciplina
Psicologia
Assuntos

A emoção envolve mudanças na forma como pensamos e também como agimos. Para compreender esse complexo processo existem várias teorias. Como se denomina a teoria segundo a qual as emoções ocorrem a partir de nossas reações corporais?

Alternativas
Comentários
  • A teoria de James-Lange propõe que um indivíduo, após perceber um estímulo que, de alguma forma o afeta, sofre alterações fisiológicas perturbadoras, como palpitações, falta de ar, angústia, etc. E é precisamente o reconhecimento desses sintomas (pelo cérebro) que gera a emoção. Em outras palavras, as sensações físicas são a emoção.


ID
2496883
Banca
PUC-PR
Órgão
FEAES - PR
Ano
2012
Provas
Disciplina
Psicologia
Assuntos

A inteligência diz respeito a um conjunto de características cognitivas e habilidades que não podem ser diretamente observadas. Teorias sobre inteligência modificaram-se ao longo do tempo. e mesmo hoje variam grandemente. Três delas compõem as chamadas teorias contemporâneas, a saber:

Alternativas
Comentários
  • Teoria triárquica - Robert Sternberg. A inteligência compreende capacidades analíticas, criativas e práticas. No pensamento analítico, tentamos resolver problemas conhecidos, usando estratégias que manipulem os elementos de um problema ou as relações entre os elementos (p. ex., comparar, analisar); no pensamento criativo, tentamos resolver novos tipos de problemas que nos exijam ponderar o problema e seus elementos em uma nova maneira (p. ex., inventar, planejar); no pensamento prático, tentamos resolver problemas que apliquem o que sabemos aos contextos cotidianos (p. ex., aplicar, usar).

     

    Teoria das inteligências múltiplas - Gardner concluiu que o cérebro do homem possui oito tipos de inteligência. Porém, a maioria das pessoas possui uma ou duas inteligências desenvolvidas. As inteligências são: lógica; linguística; corporal; naturalista; intrapessoal; interpessoal; espacial; musical.

     

    Inteligência emocional - Goleman ensina que o controle das emoções é essencial para o desenvolvimento da inteligência de um indivíduo. Daniel Goleman define a Inteligência Emocional como a “capacidade de identificar os nossos próprios sentimentos e os dos outros, de nos motivarmos e de gerir bem as emoções dentro de nós e nos nossos relacionamentos.”.

     


ID
2496886
Banca
PUC-PR
Órgão
FEAES - PR
Ano
2012
Provas
Disciplina
Psicologia
Assuntos

De acordo com a teoria psicanalítica, mecanismos de defesa são empregados pelo ego para proteger a pessoa da ansiedade. No início da década de 1890, Freud formulou sua teoria do mecanismo de defesa, considerada por ele como a pedra angular ou princípio básico da psicanálise. Ainda hoje é considerado o mecanismo mais básico e consiste em excluir da consciência o que ela mesma não pode aceitar. Como se denomina esse mecanismo de defesa do ego?

Alternativas
Comentários
  • Gabarito: "e" repressão.


ID
2496889
Banca
PUC-PR
Órgão
FEAES - PR
Ano
2012
Provas
Disciplina
Psicologia
Assuntos

Psicodinâmica significa o estudo da energia psíquica e de sua transformação e manifestação no comportamento. As teorias psicodinâmicas da personalidade vêem o comportamento como o produto de forças psicológicas que interagem dentro do indivíduo, frequentemente fora de seu estado de consciência.


Qual dos autores abaixo é um dos representantes da teoria psicodinâmica?

Alternativas
Comentários
  • Conforme Hall, Lindzey e Campbell (2007), eles dividiram seu livro Teoria da Personalidade de acordo com as características de cada abordagem. A Karen Honey pertence ao grupo da Ênfase Psicodinâmica, a qual foi iniciada por Sigmund Freud com a Psicanálise Clássica.

    A Horney desenvolveu o conceito de "ansiedade básica", bem como contestou Freud e sua teoria psicanalítica, mesmo que ao final tenha conservado grande parte de seu bojo central. Ela afirmava que sua teoria era "complementar" à Psicanálise freudiana, mesmo com as críticas. A sua ênfase era social e não pulsional.

  • Rogers - Psicologia Humanista (abordagem centrada na pessoa)

    Fred Keller - Psicólogo experimental

    Albert Bandura - Behaviorista


ID
2496892
Banca
PUC-PR
Órgão
FEAES - PR
Ano
2012
Provas
Disciplina
Psicologia
Assuntos

Um dos transtornos de ansiedade é caracterizado por episódios recorrentes de um medo ou pavor repentino, imprevisível e incontrolável, acompanhados por sentimentos de fracasso iminente, dor no peito, tontura ou desmaio, sudorese ou medo de perder o controle ou morrer. Como se classifica esse distúrbio?

Alternativas
Comentários
  • De acordo com o DSM-V:

     

    Transtorno de Pânico

    A. Ataques de pânico recorrentes e inesperados. Um ataque de pânico é um surto abrupto de medo intenso ou desconforto intenso que alcança um pico em minutos e durante o qual ocorrem quatro (ou mais) dos seguintes sintomas:

    1. Palpitações, coração acelerado, taquicardia.
    2. Sudorese.
    3. Tremores ou abalos.
    4. Sensações de falta de ar ou sufocamento.
    5. Sensações de asfixia.
    6. Dor ou desconforto torácico.
    7. Náusea ou desconforto abdominal.
    8. Sensação de tontura, instabilidade, vertigem ou desmaio.
    9. Calafrios ou ondas de calor.
    10. Parestesias (anestesia ou sensações de formigamento).
    11. Desrealização (sensações de irrealidade) ou despersonalização (sensação de estar distanciado de si mesmo).
    12. Medo de perder o controle ou “enlouquecer”.
    13. Medo de morrer.

     

    GABARITO - SÍNDROME DO PÂNICO  (F41.0)

  • Como o comentário com os critérios diagnósticos já foi feito, vou trazer apenas um adendo, lembrando que "Síndrome do Pânico" e "Ataques de Pânico" são coisas diferentes.

    Gabarito: A


ID
2496895
Banca
PUC-PR
Órgão
FEAES - PR
Ano
2012
Provas
Disciplina
Psicologia
Assuntos

O distúrbio do humor mais comum é a depressão, um estado em que a pessoa se sente dominada pela tristeza. Em relação aos conceitos descritivos da depressão, afirma-se:


I. Alteração específica no humor: tristeza, solidão, apatia.

II. Autoconceito negativo associado à autorrecriminações e autoacusações.

III. Desejos regressivos e autopunitivos: desejos de fugir e esconder-se ou morrer.

IV. Alterações vegetativas: anorexia, insônia e perda da libido.

V. Alterações no nível de atividade: retardo psicomotor ou agitação.


Está(ão) CORRETA(S):

Alternativas
Comentários
  • Anorexia pode descrever a Depressão? Sei que ocorre a perda do apetite, mas nunca vi fonte que afirmasse a depressão causando anorexia...

  • Gabarito: Item B

  • Também não entendi anorexia como característica da depressão.

  • Anorexia não é o termo mais adequado, já que os critérios diagnósticos do DSM-V colocam que pode haver um aumento ou rebaixaemnto do apetite.

    Contudo, marquei letra B por acreditar que era mais condizente com o que a banca queria.

  • Questão estranha. Essa alternativa da anorexia não ocorre em todos os casos.


ID
2496898
Banca
PUC-PR
Órgão
FEAES - PR
Ano
2012
Provas
Disciplina
Psicologia
Assuntos

Entre os eixos norteadores das terapias cognitivas, podem ser listados:


I. O ser humano é um sistema auto-organizado.

II. A construção da personalidade acontece até o fim da vida adulta.

III. A cognição pode ser acompanhada, investigada, avaliada e medida.

IV. Os esquemas cognitivos possuem permeabilidade, amplitude, flexibilidade e carga emocional.

V. O ser humano não é dissociado do seu contexto sócio-histórico.


Está(ão) CORRETA(S):’

Alternativas
Comentários
  • Item B) I, III, IV e V

  • A TCC aponta que o desenvolvimento é continuo, ou seja, não termina na fase adulta, mas perdura durante toda a existência da pessoa.