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Prova CONSULPLAN - 2017 - Prefeitura de Sabará - MG - Assistente Administrativo


ID
2592748
Banca
CONSULPLAN
Órgão
Prefeitura de Sabará - MG
Ano
2017
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

                            Dona Valentina e sua dor


      Dona Valentina conseguiu cochilar um pouquinho. O relógio marcava quase cinco da manhã quando ela abriu os olhos. Estava ligeiramente feliz. Sonhou com as goiabeiras de sua casa na roça; ela, menina, correndo de pés no chão e brincando com os irmãos que apanhavam goiabas maduras no pé. Goiabas vermelhas, suculentas, sem bichos. O sonho foi tão real que ela acordou com gostinho de goiaba na boca.

      Fazia um pouco de frio porque chovera à noite, chuvinha fina, boba. Porém, dona Valentina era prevenida: levara na sacola a capa e a sombrinha desmilinguida – mas que ainda serviam. A fila crescera durante a madrugada, e o falatório dos que acordaram cedo, como ela, misturava-se com o ronco de dois ou três que ainda dormiam.

      Fila de hospital até que era divertida – pensava ela. O povo conversava pra passar o tempo; cada um contava suas doenças; falavam sobre médicos e remédios; a conversa esticava, e aí vinham os assuntos de família, casos de filhos, maridos, noras e genros. Valia a distração. Mas ruim mesmo era aquela dor nos quadris. Bastou dona Valentina virar-se na almofada que lhe servia de apoio no muro para a fincada voltar. Ui! De novo!

      Dona Valentina já estava acostumada. Afinal, ela e sua dor nas cadeiras já tinham ido e voltado e esperado e retornado e remarcado naquela fila há quase um ano. O hospital ficava longe; precisava pegar o primeiro ônibus, descer no centro; andar até o ponto do segundo ônibus; viajar mais meia hora nele; e andar mais quatro quarteirões. Por isso, no último mês passou a dormir na fila, era mais fácil e mais barato. Ela e sua dor. A almofada velha ajudava; aprendera a encaixá-la de um jeito sob a coxa e a esticar a perna. Nesta posição meio torta e esquisita, a dor também dormia, dava um alívio.

      O funcionário, sonolento, abriu a porta de vidro; deu um “bom dia” quase inaudível e pediu ordem na calçada:

      – Pessoal, respeitem quem chegou primeiro. A fila é deste lado, vamos lá.

      Não demorou muito, e a mocinha sorridente, de uniforme branco, passou distribuindo as senhas. Todos gostavam dela. Alegre, animada, até cumprimentava alguns pelo nome, de tanta convivência. Dona Valentina recebeu a ficha 03, seria uma das primeiras no atendimento. Quem sabe a coisa resolveria desta vez?

      – Senha número três!

      Dona Valentina ergueu-se da cadeira com a ajuda de um rapaz e caminhou até a sala. O doutor – jovem, simpático – cumprimentou-a e pediu que ela se sentasse. Em seguida, correu os olhos pela ficha, fez algumas perguntas sobre a evolução da dor e os remédios que ela tomava. Daí, preencheu uma nova receita, carimbou e assinou:

      – Olha, dona Valentina, vamos mudar a medicação, essa aqui é mais forte. Mas seu caso é mesmo cirúrgico. O problema é que o hospital não tem condições de fazer a cirurgia de imediato. A senhora sabe: muitos pacientes, falta verba, equipamento, dinheiro curto...

      Ela sentiu um aperto no coração. E um pouco de raiva, raivinha, coisa passageira. Mas o doutor era tão simpático, de olheiras, de uniforme amarrotado, que ela sorriu, decepcionada:

      – Posso marcar meu retorno?

      – Claro, claro, fala com a moça da portaria.

      Dona Valentina e sua dor pegaram os dois ônibus de volta. Pelo menos a chuva havia parado, um sol gostoso aquecia seus ombros através da janela. Fazer o quê? – pensava ela. Esperar mais, claro. Quem sabe um dia os poderosos, os políticos, os engravatados davam um jeito no hospital? E agendavam a cirurgia? E ela se livrava da dor? E poderia brincar com os netos, carregá-los no colo, sem a maldita fincada nas costas?

      De noite, dona Valentina se acomodou no velho sofá esburacado para ver a novela – sua distração favorita que a fazia se esquecer da dor. No intervalo, veio a propaganda: crianças sorrindo, jovens se abraçando, pessoas felizes de todo tipo. A voz poderosa do locutor disse à dona Valentina que tudo ia muito bem, que a vida era boa, que o governo era bonzinho, que trabalhava pelo povo acima de tudo. E que a saúde das pessoas, dos mais pobres, era o mais importante! E que para todo mundo ficar sabendo, o governo preferiu usar a dinheirama nas propagandas em vez de comprar remédios ou equipamentos que faltavam no hospital, por exemplo. Questão de prioridade estratégica da área da Comunicação. O resto poderia esperar – como esperavam, dóceis e conformadas, dona Valentina e sua dor.

(FABBRINI, Fernando. Disponível em: http://www.otempo.com.br/opini%C3%A3o/fernando-fabbrini/dona-valentina-e-sua-dor-1.1412175. Acesso em: 16/12/2016.)

Segundo o texto, dona Valentina

Alternativas
Comentários
  • A) “Dona Valentina já estava acostumada. Afinal, ela e sua dor nas cadeiras já tinham ido e voltado e esperado e retornado e remarcado naquela fila há quase um ano. (...)” (4° parágrafo)

    B) Vide alternativa A.

    C) “(...) O hospital ficava longe; precisava pegar o primeiro ônibus, descer no centro; (...)” (4° parágrafo)

    D) “Fila de hospital até que era divertida – pensava ela. O povo conversava pra passar o tempo; cada um contava suas doenças; falavam sobre médicos e remédios; a conversa esticava, e aí vinham os assuntos de família, casos de filhos, maridos, noras e genros. Valia a distração. (...)” (3° parágrafo)

  • além de não ser tão recente, a dor ainda era nos quadris, e não na coluna

     

     

    "Mas ruim mesmo era aquela dor nos quadris. Bastou dona Valentina virar-se na almofada que lhe servia de apoio no muro para a fincada voltar. Ui! De novo! Dona Valentina já estava acostumada. Afinal, ela e sua dor nas cadeiras já tinham ido e voltado..."

     

  • Quem dera se todas fossem assim rs

     


ID
2592751
Banca
CONSULPLAN
Órgão
Prefeitura de Sabará - MG
Ano
2017
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

                            Dona Valentina e sua dor


      Dona Valentina conseguiu cochilar um pouquinho. O relógio marcava quase cinco da manhã quando ela abriu os olhos. Estava ligeiramente feliz. Sonhou com as goiabeiras de sua casa na roça; ela, menina, correndo de pés no chão e brincando com os irmãos que apanhavam goiabas maduras no pé. Goiabas vermelhas, suculentas, sem bichos. O sonho foi tão real que ela acordou com gostinho de goiaba na boca.

      Fazia um pouco de frio porque chovera à noite, chuvinha fina, boba. Porém, dona Valentina era prevenida: levara na sacola a capa e a sombrinha desmilinguida – mas que ainda serviam. A fila crescera durante a madrugada, e o falatório dos que acordaram cedo, como ela, misturava-se com o ronco de dois ou três que ainda dormiam.

      Fila de hospital até que era divertida – pensava ela. O povo conversava pra passar o tempo; cada um contava suas doenças; falavam sobre médicos e remédios; a conversa esticava, e aí vinham os assuntos de família, casos de filhos, maridos, noras e genros. Valia a distração. Mas ruim mesmo era aquela dor nos quadris. Bastou dona Valentina virar-se na almofada que lhe servia de apoio no muro para a fincada voltar. Ui! De novo!

      Dona Valentina já estava acostumada. Afinal, ela e sua dor nas cadeiras já tinham ido e voltado e esperado e retornado e remarcado naquela fila há quase um ano. O hospital ficava longe; precisava pegar o primeiro ônibus, descer no centro; andar até o ponto do segundo ônibus; viajar mais meia hora nele; e andar mais quatro quarteirões. Por isso, no último mês passou a dormir na fila, era mais fácil e mais barato. Ela e sua dor. A almofada velha ajudava; aprendera a encaixá-la de um jeito sob a coxa e a esticar a perna. Nesta posição meio torta e esquisita, a dor também dormia, dava um alívio.

      O funcionário, sonolento, abriu a porta de vidro; deu um “bom dia” quase inaudível e pediu ordem na calçada:

      – Pessoal, respeitem quem chegou primeiro. A fila é deste lado, vamos lá.

      Não demorou muito, e a mocinha sorridente, de uniforme branco, passou distribuindo as senhas. Todos gostavam dela. Alegre, animada, até cumprimentava alguns pelo nome, de tanta convivência. Dona Valentina recebeu a ficha 03, seria uma das primeiras no atendimento. Quem sabe a coisa resolveria desta vez?

      – Senha número três!

      Dona Valentina ergueu-se da cadeira com a ajuda de um rapaz e caminhou até a sala. O doutor – jovem, simpático – cumprimentou-a e pediu que ela se sentasse. Em seguida, correu os olhos pela ficha, fez algumas perguntas sobre a evolução da dor e os remédios que ela tomava. Daí, preencheu uma nova receita, carimbou e assinou:

      – Olha, dona Valentina, vamos mudar a medicação, essa aqui é mais forte. Mas seu caso é mesmo cirúrgico. O problema é que o hospital não tem condições de fazer a cirurgia de imediato. A senhora sabe: muitos pacientes, falta verba, equipamento, dinheiro curto...

      Ela sentiu um aperto no coração. E um pouco de raiva, raivinha, coisa passageira. Mas o doutor era tão simpático, de olheiras, de uniforme amarrotado, que ela sorriu, decepcionada:

      – Posso marcar meu retorno?

      – Claro, claro, fala com a moça da portaria.

      Dona Valentina e sua dor pegaram os dois ônibus de volta. Pelo menos a chuva havia parado, um sol gostoso aquecia seus ombros através da janela. Fazer o quê? – pensava ela. Esperar mais, claro. Quem sabe um dia os poderosos, os políticos, os engravatados davam um jeito no hospital? E agendavam a cirurgia? E ela se livrava da dor? E poderia brincar com os netos, carregá-los no colo, sem a maldita fincada nas costas?

      De noite, dona Valentina se acomodou no velho sofá esburacado para ver a novela – sua distração favorita que a fazia se esquecer da dor. No intervalo, veio a propaganda: crianças sorrindo, jovens se abraçando, pessoas felizes de todo tipo. A voz poderosa do locutor disse à dona Valentina que tudo ia muito bem, que a vida era boa, que o governo era bonzinho, que trabalhava pelo povo acima de tudo. E que a saúde das pessoas, dos mais pobres, era o mais importante! E que para todo mundo ficar sabendo, o governo preferiu usar a dinheirama nas propagandas em vez de comprar remédios ou equipamentos que faltavam no hospital, por exemplo. Questão de prioridade estratégica da área da Comunicação. O resto poderia esperar – como esperavam, dóceis e conformadas, dona Valentina e sua dor.

(FABBRINI, Fernando. Disponível em: http://www.otempo.com.br/opini%C3%A3o/fernando-fabbrini/dona-valentina-e-sua-dor-1.1412175. Acesso em: 16/12/2016.)

Assinale a alternativa que apresenta um trecho do texto que contradiz a realidade apresentada pelo autor.

Alternativas
Comentários
  • GABARITO: letra D

     

    O texto apresenta a situação de uma senhora e de várias pessoas que tinham que enfrentar a morosidade do atendimento público e a falta de recursos de um hospital público, enquanto que a propaganda apresenta pessoas felizes e satisfeitas com o governo.

  • D. Valentina (personagem do texto) é o retrato de outras D. Marias, Joaquinas, Ivetes e tantas outras que precisam de um simples medicamento gratuito e não tem, que precisam dormir em filas para conseguir atendimento, que precisam aguardar meses e até anos para conseguir realizar uma cirurgia pelo SUS. E no fim, ainda se vê propagandas onde ouve-se que milhões foram "investidos" nisso e naquilo, que o povo é o mais importante, na verdade sabemos que tudo não passa de uma grande encenação, de uma grande mentira. E o sofrimento do povo continua...

    Esse texto é a realidade da saúde no nosso país! 

     


ID
2592754
Banca
CONSULPLAN
Órgão
Prefeitura de Sabará - MG
Ano
2017
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

                            Dona Valentina e sua dor


      Dona Valentina conseguiu cochilar um pouquinho. O relógio marcava quase cinco da manhã quando ela abriu os olhos. Estava ligeiramente feliz. Sonhou com as goiabeiras de sua casa na roça; ela, menina, correndo de pés no chão e brincando com os irmãos que apanhavam goiabas maduras no pé. Goiabas vermelhas, suculentas, sem bichos. O sonho foi tão real que ela acordou com gostinho de goiaba na boca.

      Fazia um pouco de frio porque chovera à noite, chuvinha fina, boba. Porém, dona Valentina era prevenida: levara na sacola a capa e a sombrinha desmilinguida – mas que ainda serviam. A fila crescera durante a madrugada, e o falatório dos que acordaram cedo, como ela, misturava-se com o ronco de dois ou três que ainda dormiam.

      Fila de hospital até que era divertida – pensava ela. O povo conversava pra passar o tempo; cada um contava suas doenças; falavam sobre médicos e remédios; a conversa esticava, e aí vinham os assuntos de família, casos de filhos, maridos, noras e genros. Valia a distração. Mas ruim mesmo era aquela dor nos quadris. Bastou dona Valentina virar-se na almofada que lhe servia de apoio no muro para a fincada voltar. Ui! De novo!

      Dona Valentina já estava acostumada. Afinal, ela e sua dor nas cadeiras já tinham ido e voltado e esperado e retornado e remarcado naquela fila há quase um ano. O hospital ficava longe; precisava pegar o primeiro ônibus, descer no centro; andar até o ponto do segundo ônibus; viajar mais meia hora nele; e andar mais quatro quarteirões. Por isso, no último mês passou a dormir na fila, era mais fácil e mais barato. Ela e sua dor. A almofada velha ajudava; aprendera a encaixá-la de um jeito sob a coxa e a esticar a perna. Nesta posição meio torta e esquisita, a dor também dormia, dava um alívio.

      O funcionário, sonolento, abriu a porta de vidro; deu um “bom dia” quase inaudível e pediu ordem na calçada:

      – Pessoal, respeitem quem chegou primeiro. A fila é deste lado, vamos lá.

      Não demorou muito, e a mocinha sorridente, de uniforme branco, passou distribuindo as senhas. Todos gostavam dela. Alegre, animada, até cumprimentava alguns pelo nome, de tanta convivência. Dona Valentina recebeu a ficha 03, seria uma das primeiras no atendimento. Quem sabe a coisa resolveria desta vez?

      – Senha número três!

      Dona Valentina ergueu-se da cadeira com a ajuda de um rapaz e caminhou até a sala. O doutor – jovem, simpático – cumprimentou-a e pediu que ela se sentasse. Em seguida, correu os olhos pela ficha, fez algumas perguntas sobre a evolução da dor e os remédios que ela tomava. Daí, preencheu uma nova receita, carimbou e assinou:

      – Olha, dona Valentina, vamos mudar a medicação, essa aqui é mais forte. Mas seu caso é mesmo cirúrgico. O problema é que o hospital não tem condições de fazer a cirurgia de imediato. A senhora sabe: muitos pacientes, falta verba, equipamento, dinheiro curto...

      Ela sentiu um aperto no coração. E um pouco de raiva, raivinha, coisa passageira. Mas o doutor era tão simpático, de olheiras, de uniforme amarrotado, que ela sorriu, decepcionada:

      – Posso marcar meu retorno?

      – Claro, claro, fala com a moça da portaria.

      Dona Valentina e sua dor pegaram os dois ônibus de volta. Pelo menos a chuva havia parado, um sol gostoso aquecia seus ombros através da janela. Fazer o quê? – pensava ela. Esperar mais, claro. Quem sabe um dia os poderosos, os políticos, os engravatados davam um jeito no hospital? E agendavam a cirurgia? E ela se livrava da dor? E poderia brincar com os netos, carregá-los no colo, sem a maldita fincada nas costas?

      De noite, dona Valentina se acomodou no velho sofá esburacado para ver a novela – sua distração favorita que a fazia se esquecer da dor. No intervalo, veio a propaganda: crianças sorrindo, jovens se abraçando, pessoas felizes de todo tipo. A voz poderosa do locutor disse à dona Valentina que tudo ia muito bem, que a vida era boa, que o governo era bonzinho, que trabalhava pelo povo acima de tudo. E que a saúde das pessoas, dos mais pobres, era o mais importante! E que para todo mundo ficar sabendo, o governo preferiu usar a dinheirama nas propagandas em vez de comprar remédios ou equipamentos que faltavam no hospital, por exemplo. Questão de prioridade estratégica da área da Comunicação. O resto poderia esperar – como esperavam, dóceis e conformadas, dona Valentina e sua dor.

(FABBRINI, Fernando. Disponível em: http://www.otempo.com.br/opini%C3%A3o/fernando-fabbrini/dona-valentina-e-sua-dor-1.1412175. Acesso em: 16/12/2016.)

O texto enfatiza

Alternativas
Comentários
  • GABARITO: letra D

     

    O texto é uma crítica ao descaso dos governantes com a saúde pública.

  • 2016

    PT

    CORRUPÇÃO


ID
2592757
Banca
CONSULPLAN
Órgão
Prefeitura de Sabará - MG
Ano
2017
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

                            Dona Valentina e sua dor


      Dona Valentina conseguiu cochilar um pouquinho. O relógio marcava quase cinco da manhã quando ela abriu os olhos. Estava ligeiramente feliz. Sonhou com as goiabeiras de sua casa na roça; ela, menina, correndo de pés no chão e brincando com os irmãos que apanhavam goiabas maduras no pé. Goiabas vermelhas, suculentas, sem bichos. O sonho foi tão real que ela acordou com gostinho de goiaba na boca.

      Fazia um pouco de frio porque chovera à noite, chuvinha fina, boba. Porém, dona Valentina era prevenida: levara na sacola a capa e a sombrinha desmilinguida – mas que ainda serviam. A fila crescera durante a madrugada, e o falatório dos que acordaram cedo, como ela, misturava-se com o ronco de dois ou três que ainda dormiam.

      Fila de hospital até que era divertida – pensava ela. O povo conversava pra passar o tempo; cada um contava suas doenças; falavam sobre médicos e remédios; a conversa esticava, e aí vinham os assuntos de família, casos de filhos, maridos, noras e genros. Valia a distração. Mas ruim mesmo era aquela dor nos quadris. Bastou dona Valentina virar-se na almofada que lhe servia de apoio no muro para a fincada voltar. Ui! De novo!

      Dona Valentina já estava acostumada. Afinal, ela e sua dor nas cadeiras já tinham ido e voltado e esperado e retornado e remarcado naquela fila há quase um ano. O hospital ficava longe; precisava pegar o primeiro ônibus, descer no centro; andar até o ponto do segundo ônibus; viajar mais meia hora nele; e andar mais quatro quarteirões. Por isso, no último mês passou a dormir na fila, era mais fácil e mais barato. Ela e sua dor. A almofada velha ajudava; aprendera a encaixá-la de um jeito sob a coxa e a esticar a perna. Nesta posição meio torta e esquisita, a dor também dormia, dava um alívio.

      O funcionário, sonolento, abriu a porta de vidro; deu um “bom dia” quase inaudível e pediu ordem na calçada:

      – Pessoal, respeitem quem chegou primeiro. A fila é deste lado, vamos lá.

      Não demorou muito, e a mocinha sorridente, de uniforme branco, passou distribuindo as senhas. Todos gostavam dela. Alegre, animada, até cumprimentava alguns pelo nome, de tanta convivência. Dona Valentina recebeu a ficha 03, seria uma das primeiras no atendimento. Quem sabe a coisa resolveria desta vez?

      – Senha número três!

      Dona Valentina ergueu-se da cadeira com a ajuda de um rapaz e caminhou até a sala. O doutor – jovem, simpático – cumprimentou-a e pediu que ela se sentasse. Em seguida, correu os olhos pela ficha, fez algumas perguntas sobre a evolução da dor e os remédios que ela tomava. Daí, preencheu uma nova receita, carimbou e assinou:

      – Olha, dona Valentina, vamos mudar a medicação, essa aqui é mais forte. Mas seu caso é mesmo cirúrgico. O problema é que o hospital não tem condições de fazer a cirurgia de imediato. A senhora sabe: muitos pacientes, falta verba, equipamento, dinheiro curto...

      Ela sentiu um aperto no coração. E um pouco de raiva, raivinha, coisa passageira. Mas o doutor era tão simpático, de olheiras, de uniforme amarrotado, que ela sorriu, decepcionada:

      – Posso marcar meu retorno?

      – Claro, claro, fala com a moça da portaria.

      Dona Valentina e sua dor pegaram os dois ônibus de volta. Pelo menos a chuva havia parado, um sol gostoso aquecia seus ombros através da janela. Fazer o quê? – pensava ela. Esperar mais, claro. Quem sabe um dia os poderosos, os políticos, os engravatados davam um jeito no hospital? E agendavam a cirurgia? E ela se livrava da dor? E poderia brincar com os netos, carregá-los no colo, sem a maldita fincada nas costas?

      De noite, dona Valentina se acomodou no velho sofá esburacado para ver a novela – sua distração favorita que a fazia se esquecer da dor. No intervalo, veio a propaganda: crianças sorrindo, jovens se abraçando, pessoas felizes de todo tipo. A voz poderosa do locutor disse à dona Valentina que tudo ia muito bem, que a vida era boa, que o governo era bonzinho, que trabalhava pelo povo acima de tudo. E que a saúde das pessoas, dos mais pobres, era o mais importante! E que para todo mundo ficar sabendo, o governo preferiu usar a dinheirama nas propagandas em vez de comprar remédios ou equipamentos que faltavam no hospital, por exemplo. Questão de prioridade estratégica da área da Comunicação. O resto poderia esperar – como esperavam, dóceis e conformadas, dona Valentina e sua dor.

(FABBRINI, Fernando. Disponível em: http://www.otempo.com.br/opini%C3%A3o/fernando-fabbrini/dona-valentina-e-sua-dor-1.1412175. Acesso em: 16/12/2016.)

Acerca do texto, assinale a afirmativa INCORRETA.

Alternativas
Comentários
  • GABARITO: letra C

     

    Na verdade, essa é uma realidade na qual muitos brasileiros vivem. Principalmente os mais pobres, que mais dependem dos serviços públicos.

  • ERREI A QUESTÃO POR FALTA DE ATENÇÃO E OLHA QUE O "INCORRETA" ESTÁ BEM ÓBVIO!


ID
2592760
Banca
CONSULPLAN
Órgão
Prefeitura de Sabará - MG
Ano
2017
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

                            Dona Valentina e sua dor


      Dona Valentina conseguiu cochilar um pouquinho. O relógio marcava quase cinco da manhã quando ela abriu os olhos. Estava ligeiramente feliz. Sonhou com as goiabeiras de sua casa na roça; ela, menina, correndo de pés no chão e brincando com os irmãos que apanhavam goiabas maduras no pé. Goiabas vermelhas, suculentas, sem bichos. O sonho foi tão real que ela acordou com gostinho de goiaba na boca.

      Fazia um pouco de frio porque chovera à noite, chuvinha fina, boba. Porém, dona Valentina era prevenida: levara na sacola a capa e a sombrinha desmilinguida – mas que ainda serviam. A fila crescera durante a madrugada, e o falatório dos que acordaram cedo, como ela, misturava-se com o ronco de dois ou três que ainda dormiam.

      Fila de hospital até que era divertida – pensava ela. O povo conversava pra passar o tempo; cada um contava suas doenças; falavam sobre médicos e remédios; a conversa esticava, e aí vinham os assuntos de família, casos de filhos, maridos, noras e genros. Valia a distração. Mas ruim mesmo era aquela dor nos quadris. Bastou dona Valentina virar-se na almofada que lhe servia de apoio no muro para a fincada voltar. Ui! De novo!

      Dona Valentina já estava acostumada. Afinal, ela e sua dor nas cadeiras já tinham ido e voltado e esperado e retornado e remarcado naquela fila há quase um ano. O hospital ficava longe; precisava pegar o primeiro ônibus, descer no centro; andar até o ponto do segundo ônibus; viajar mais meia hora nele; e andar mais quatro quarteirões. Por isso, no último mês passou a dormir na fila, era mais fácil e mais barato. Ela e sua dor. A almofada velha ajudava; aprendera a encaixá-la de um jeito sob a coxa e a esticar a perna. Nesta posição meio torta e esquisita, a dor também dormia, dava um alívio.

      O funcionário, sonolento, abriu a porta de vidro; deu um “bom dia” quase inaudível e pediu ordem na calçada:

      – Pessoal, respeitem quem chegou primeiro. A fila é deste lado, vamos lá.

      Não demorou muito, e a mocinha sorridente, de uniforme branco, passou distribuindo as senhas. Todos gostavam dela. Alegre, animada, até cumprimentava alguns pelo nome, de tanta convivência. Dona Valentina recebeu a ficha 03, seria uma das primeiras no atendimento. Quem sabe a coisa resolveria desta vez?

      – Senha número três!

      Dona Valentina ergueu-se da cadeira com a ajuda de um rapaz e caminhou até a sala. O doutor – jovem, simpático – cumprimentou-a e pediu que ela se sentasse. Em seguida, correu os olhos pela ficha, fez algumas perguntas sobre a evolução da dor e os remédios que ela tomava. Daí, preencheu uma nova receita, carimbou e assinou:

      – Olha, dona Valentina, vamos mudar a medicação, essa aqui é mais forte. Mas seu caso é mesmo cirúrgico. O problema é que o hospital não tem condições de fazer a cirurgia de imediato. A senhora sabe: muitos pacientes, falta verba, equipamento, dinheiro curto...

      Ela sentiu um aperto no coração. E um pouco de raiva, raivinha, coisa passageira. Mas o doutor era tão simpático, de olheiras, de uniforme amarrotado, que ela sorriu, decepcionada:

      – Posso marcar meu retorno?

      – Claro, claro, fala com a moça da portaria.

      Dona Valentina e sua dor pegaram os dois ônibus de volta. Pelo menos a chuva havia parado, um sol gostoso aquecia seus ombros através da janela. Fazer o quê? – pensava ela. Esperar mais, claro. Quem sabe um dia os poderosos, os políticos, os engravatados davam um jeito no hospital? E agendavam a cirurgia? E ela se livrava da dor? E poderia brincar com os netos, carregá-los no colo, sem a maldita fincada nas costas?

      De noite, dona Valentina se acomodou no velho sofá esburacado para ver a novela – sua distração favorita que a fazia se esquecer da dor. No intervalo, veio a propaganda: crianças sorrindo, jovens se abraçando, pessoas felizes de todo tipo. A voz poderosa do locutor disse à dona Valentina que tudo ia muito bem, que a vida era boa, que o governo era bonzinho, que trabalhava pelo povo acima de tudo. E que a saúde das pessoas, dos mais pobres, era o mais importante! E que para todo mundo ficar sabendo, o governo preferiu usar a dinheirama nas propagandas em vez de comprar remédios ou equipamentos que faltavam no hospital, por exemplo. Questão de prioridade estratégica da área da Comunicação. O resto poderia esperar – como esperavam, dóceis e conformadas, dona Valentina e sua dor.

(FABBRINI, Fernando. Disponível em: http://www.otempo.com.br/opini%C3%A3o/fernando-fabbrini/dona-valentina-e-sua-dor-1.1412175. Acesso em: 16/12/2016.)

No trecho “O funcionário, sonolento, abriu a porta de vidro; deu um ‘bom dia’ quase inaudível e pediu ordem na calçada:...” (5º§), a palavra “inaudível” pode ser substituída, sem alteração de sentido, por:

Alternativas
Comentários
  • A) Nítido = evidente, compreensível, explícito, legível.

    B) Audível = perceptível, límpido, nítido, reconhecível.

    C) Perceptível = nítido, manifesto, audível, visível.

    D) Imperceptível = impercebível, incompreensível, inaudível, invisível.

  • inaudível

    adjetivo de dois gêneros

    1. impossível de ouvir; não audível.

  • Que é inaudível?

    Que não pode ser ouvido. ... Imperceptível ao ouvido.


ID
2592763
Banca
CONSULPLAN
Órgão
Prefeitura de Sabará - MG
Ano
2017
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

                            Dona Valentina e sua dor


      Dona Valentina conseguiu cochilar um pouquinho. O relógio marcava quase cinco da manhã quando ela abriu os olhos. Estava ligeiramente feliz. Sonhou com as goiabeiras de sua casa na roça; ela, menina, correndo de pés no chão e brincando com os irmãos que apanhavam goiabas maduras no pé. Goiabas vermelhas, suculentas, sem bichos. O sonho foi tão real que ela acordou com gostinho de goiaba na boca.

      Fazia um pouco de frio porque chovera à noite, chuvinha fina, boba. Porém, dona Valentina era prevenida: levara na sacola a capa e a sombrinha desmilinguida – mas que ainda serviam. A fila crescera durante a madrugada, e o falatório dos que acordaram cedo, como ela, misturava-se com o ronco de dois ou três que ainda dormiam.

      Fila de hospital até que era divertida – pensava ela. O povo conversava pra passar o tempo; cada um contava suas doenças; falavam sobre médicos e remédios; a conversa esticava, e aí vinham os assuntos de família, casos de filhos, maridos, noras e genros. Valia a distração. Mas ruim mesmo era aquela dor nos quadris. Bastou dona Valentina virar-se na almofada que lhe servia de apoio no muro para a fincada voltar. Ui! De novo!

      Dona Valentina já estava acostumada. Afinal, ela e sua dor nas cadeiras já tinham ido e voltado e esperado e retornado e remarcado naquela fila há quase um ano. O hospital ficava longe; precisava pegar o primeiro ônibus, descer no centro; andar até o ponto do segundo ônibus; viajar mais meia hora nele; e andar mais quatro quarteirões. Por isso, no último mês passou a dormir na fila, era mais fácil e mais barato. Ela e sua dor. A almofada velha ajudava; aprendera a encaixá-la de um jeito sob a coxa e a esticar a perna. Nesta posição meio torta e esquisita, a dor também dormia, dava um alívio.

      O funcionário, sonolento, abriu a porta de vidro; deu um “bom dia” quase inaudível e pediu ordem na calçada:

      – Pessoal, respeitem quem chegou primeiro. A fila é deste lado, vamos lá.

      Não demorou muito, e a mocinha sorridente, de uniforme branco, passou distribuindo as senhas. Todos gostavam dela. Alegre, animada, até cumprimentava alguns pelo nome, de tanta convivência. Dona Valentina recebeu a ficha 03, seria uma das primeiras no atendimento. Quem sabe a coisa resolveria desta vez?

      – Senha número três!

      Dona Valentina ergueu-se da cadeira com a ajuda de um rapaz e caminhou até a sala. O doutor – jovem, simpático – cumprimentou-a e pediu que ela se sentasse. Em seguida, correu os olhos pela ficha, fez algumas perguntas sobre a evolução da dor e os remédios que ela tomava. Daí, preencheu uma nova receita, carimbou e assinou:

      – Olha, dona Valentina, vamos mudar a medicação, essa aqui é mais forte. Mas seu caso é mesmo cirúrgico. O problema é que o hospital não tem condições de fazer a cirurgia de imediato. A senhora sabe: muitos pacientes, falta verba, equipamento, dinheiro curto...

      Ela sentiu um aperto no coração. E um pouco de raiva, raivinha, coisa passageira. Mas o doutor era tão simpático, de olheiras, de uniforme amarrotado, que ela sorriu, decepcionada:

      – Posso marcar meu retorno?

      – Claro, claro, fala com a moça da portaria.

      Dona Valentina e sua dor pegaram os dois ônibus de volta. Pelo menos a chuva havia parado, um sol gostoso aquecia seus ombros através da janela. Fazer o quê? – pensava ela. Esperar mais, claro. Quem sabe um dia os poderosos, os políticos, os engravatados davam um jeito no hospital? E agendavam a cirurgia? E ela se livrava da dor? E poderia brincar com os netos, carregá-los no colo, sem a maldita fincada nas costas?

      De noite, dona Valentina se acomodou no velho sofá esburacado para ver a novela – sua distração favorita que a fazia se esquecer da dor. No intervalo, veio a propaganda: crianças sorrindo, jovens se abraçando, pessoas felizes de todo tipo. A voz poderosa do locutor disse à dona Valentina que tudo ia muito bem, que a vida era boa, que o governo era bonzinho, que trabalhava pelo povo acima de tudo. E que a saúde das pessoas, dos mais pobres, era o mais importante! E que para todo mundo ficar sabendo, o governo preferiu usar a dinheirama nas propagandas em vez de comprar remédios ou equipamentos que faltavam no hospital, por exemplo. Questão de prioridade estratégica da área da Comunicação. O resto poderia esperar – como esperavam, dóceis e conformadas, dona Valentina e sua dor.

(FABBRINI, Fernando. Disponível em: http://www.otempo.com.br/opini%C3%A3o/fernando-fabbrini/dona-valentina-e-sua-dor-1.1412175. Acesso em: 16/12/2016.)

Assinale a alternativa cujo referente sublinhado está corretamente indicado entre parênteses.

Alternativas
Comentários
  • A) Mocinha sorridente.

    B) Dona Valentina.

    C) Almofada velha.

    D) Dona Valentina.

  • Faltou o sublinhado...

  • Gabarito: letra d)

     

    obs. o termo "lhe" sempre se refere a pessoas

     

    questão parecida: Q492468


ID
2592766
Banca
CONSULPLAN
Órgão
Prefeitura de Sabará - MG
Ano
2017
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

                            Dona Valentina e sua dor


      Dona Valentina conseguiu cochilar um pouquinho. O relógio marcava quase cinco da manhã quando ela abriu os olhos. Estava ligeiramente feliz. Sonhou com as goiabeiras de sua casa na roça; ela, menina, correndo de pés no chão e brincando com os irmãos que apanhavam goiabas maduras no pé. Goiabas vermelhas, suculentas, sem bichos. O sonho foi tão real que ela acordou com gostinho de goiaba na boca.

      Fazia um pouco de frio porque chovera à noite, chuvinha fina, boba. Porém, dona Valentina era prevenida: levara na sacola a capa e a sombrinha desmilinguida – mas que ainda serviam. A fila crescera durante a madrugada, e o falatório dos que acordaram cedo, como ela, misturava-se com o ronco de dois ou três que ainda dormiam.

      Fila de hospital até que era divertida – pensava ela. O povo conversava pra passar o tempo; cada um contava suas doenças; falavam sobre médicos e remédios; a conversa esticava, e aí vinham os assuntos de família, casos de filhos, maridos, noras e genros. Valia a distração. Mas ruim mesmo era aquela dor nos quadris. Bastou dona Valentina virar-se na almofada que lhe servia de apoio no muro para a fincada voltar. Ui! De novo!

      Dona Valentina já estava acostumada. Afinal, ela e sua dor nas cadeiras já tinham ido e voltado e esperado e retornado e remarcado naquela fila há quase um ano. O hospital ficava longe; precisava pegar o primeiro ônibus, descer no centro; andar até o ponto do segundo ônibus; viajar mais meia hora nele; e andar mais quatro quarteirões. Por isso, no último mês passou a dormir na fila, era mais fácil e mais barato. Ela e sua dor. A almofada velha ajudava; aprendera a encaixá-la de um jeito sob a coxa e a esticar a perna. Nesta posição meio torta e esquisita, a dor também dormia, dava um alívio.

      O funcionário, sonolento, abriu a porta de vidro; deu um “bom dia” quase inaudível e pediu ordem na calçada:

      – Pessoal, respeitem quem chegou primeiro. A fila é deste lado, vamos lá.

      Não demorou muito, e a mocinha sorridente, de uniforme branco, passou distribuindo as senhas. Todos gostavam dela. Alegre, animada, até cumprimentava alguns pelo nome, de tanta convivência. Dona Valentina recebeu a ficha 03, seria uma das primeiras no atendimento. Quem sabe a coisa resolveria desta vez?

      – Senha número três!

      Dona Valentina ergueu-se da cadeira com a ajuda de um rapaz e caminhou até a sala. O doutor – jovem, simpático – cumprimentou-a e pediu que ela se sentasse. Em seguida, correu os olhos pela ficha, fez algumas perguntas sobre a evolução da dor e os remédios que ela tomava. Daí, preencheu uma nova receita, carimbou e assinou:

      – Olha, dona Valentina, vamos mudar a medicação, essa aqui é mais forte. Mas seu caso é mesmo cirúrgico. O problema é que o hospital não tem condições de fazer a cirurgia de imediato. A senhora sabe: muitos pacientes, falta verba, equipamento, dinheiro curto...

      Ela sentiu um aperto no coração. E um pouco de raiva, raivinha, coisa passageira. Mas o doutor era tão simpático, de olheiras, de uniforme amarrotado, que ela sorriu, decepcionada:

      – Posso marcar meu retorno?

      – Claro, claro, fala com a moça da portaria.

      Dona Valentina e sua dor pegaram os dois ônibus de volta. Pelo menos a chuva havia parado, um sol gostoso aquecia seus ombros através da janela. Fazer o quê? – pensava ela. Esperar mais, claro. Quem sabe um dia os poderosos, os políticos, os engravatados davam um jeito no hospital? E agendavam a cirurgia? E ela se livrava da dor? E poderia brincar com os netos, carregá-los no colo, sem a maldita fincada nas costas?

      De noite, dona Valentina se acomodou no velho sofá esburacado para ver a novela – sua distração favorita que a fazia se esquecer da dor. No intervalo, veio a propaganda: crianças sorrindo, jovens se abraçando, pessoas felizes de todo tipo. A voz poderosa do locutor disse à dona Valentina que tudo ia muito bem, que a vida era boa, que o governo era bonzinho, que trabalhava pelo povo acima de tudo. E que a saúde das pessoas, dos mais pobres, era o mais importante! E que para todo mundo ficar sabendo, o governo preferiu usar a dinheirama nas propagandas em vez de comprar remédios ou equipamentos que faltavam no hospital, por exemplo. Questão de prioridade estratégica da área da Comunicação. O resto poderia esperar – como esperavam, dóceis e conformadas, dona Valentina e sua dor.

(FABBRINI, Fernando. Disponível em: http://www.otempo.com.br/opini%C3%A3o/fernando-fabbrini/dona-valentina-e-sua-dor-1.1412175. Acesso em: 16/12/2016.)

Analise os trechos ou termo sublinhados a seguir e assinale aquele que apresenta a função sintática DIFERENTE dos demais.

Alternativas
Comentários
  • a) ELA acordou --> sujeito

    b)davam UM JEITO --> OD

    c) frase invertida - sujeito

    d) CADA UM contava --> sujeito

  • Repito: DESSE JEITO FICA DIFÍCIL ESTUDAR OU RESOLVER QUESTÕES AQUI NESSE SITE. INÚMERAS QUESTÕES PEDEM PARA ANALISAR OS TERMOS DESTACADOS, MAS QUAIS TERMOS ESTÃO DESTACADOS? BRINCADEIRA!!!! 

  • Qual trecho destacado? ?? Ajudaaaaaaa aí né qconcursos
  • Complicado pagar por um serviço desses né?Sem contar q as explicações dos professores qse nunca aparecem
  • Não há nada destacado ou sublinhado!
  • Aqui não apareceu sublinhado, mas, ao ler, percebi que, na B, o tempo tempo verbal é o único q está errado, enquanto que as outras não. Já q as outras estavam com os tempos verbais corretos, concluí q a B deveria ser marcada. Bom, aqui deu certo.

  • As opções com os termos destacados pra quem não consegue ver:

    Analise os trechos ou termo sublinhados a seguir e assinale aquele que apresenta a função sintática DIFERENTE dos demais.

     a) “O sonho foi tão real que ela acordou com gostinho de goiaba na boca.” (1º§) 

     b) “Quem sabe um dia os poderosos, os políticos, os engravatados davam um jeito no hospital?” (14º§)

     c) “O resto poderia esperar – como esperavam, dóceis e conformadas, dona Valentina e sua dor.” (15º§)

     d) “O povo conversava pra passar o tempo; cada um contava suas doenças; falavam sobre médicos e remédios;...” (3º§)

     

  • Talvez é o navegar que vcs estão usando, não sei. Mas para mim sempre aparece o que está sublinhado. 

  • Todos os termos sublinhados ela, Dona Valentina e sua dor, cada um exercem função de sujeito da oração, na duvida basta perguntar ao verbo. Logo, a unica que exerce a função de objeto direto (OD) é a letra B.

     

  • Complementando a Letra A:

    O "tão que" estabele relação de consequência.

    Consecutivas: introduzem uma oração que expressa a consequência da principal.

    São elas: de sorte que, de modo que, sem que (= que não), de forma que, de jeito que, que (tendo como antecedente na oração principal uma palavra como tal, tão, cada, tanto, tamanho), etc.

    A Consulplan adora cobrar isso!


ID
2592769
Banca
CONSULPLAN
Órgão
Prefeitura de Sabará - MG
Ano
2017
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

                            Dona Valentina e sua dor


      Dona Valentina conseguiu cochilar um pouquinho. O relógio marcava quase cinco da manhã quando ela abriu os olhos. Estava ligeiramente feliz. Sonhou com as goiabeiras de sua casa na roça; ela, menina, correndo de pés no chão e brincando com os irmãos que apanhavam goiabas maduras no pé. Goiabas vermelhas, suculentas, sem bichos. O sonho foi tão real que ela acordou com gostinho de goiaba na boca.

      Fazia um pouco de frio porque chovera à noite, chuvinha fina, boba. Porém, dona Valentina era prevenida: levara na sacola a capa e a sombrinha desmilinguida – mas que ainda serviam. A fila crescera durante a madrugada, e o falatório dos que acordaram cedo, como ela, misturava-se com o ronco de dois ou três que ainda dormiam.

      Fila de hospital até que era divertida – pensava ela. O povo conversava pra passar o tempo; cada um contava suas doenças; falavam sobre médicos e remédios; a conversa esticava, e aí vinham os assuntos de família, casos de filhos, maridos, noras e genros. Valia a distração. Mas ruim mesmo era aquela dor nos quadris. Bastou dona Valentina virar-se na almofada que lhe servia de apoio no muro para a fincada voltar. Ui! De novo!

      Dona Valentina já estava acostumada. Afinal, ela e sua dor nas cadeiras já tinham ido e voltado e esperado e retornado e remarcado naquela fila há quase um ano. O hospital ficava longe; precisava pegar o primeiro ônibus, descer no centro; andar até o ponto do segundo ônibus; viajar mais meia hora nele; e andar mais quatro quarteirões. Por isso, no último mês passou a dormir na fila, era mais fácil e mais barato. Ela e sua dor. A almofada velha ajudava; aprendera a encaixá-la de um jeito sob a coxa e a esticar a perna. Nesta posição meio torta e esquisita, a dor também dormia, dava um alívio.

      O funcionário, sonolento, abriu a porta de vidro; deu um “bom dia” quase inaudível e pediu ordem na calçada:

      – Pessoal, respeitem quem chegou primeiro. A fila é deste lado, vamos lá.

      Não demorou muito, e a mocinha sorridente, de uniforme branco, passou distribuindo as senhas. Todos gostavam dela. Alegre, animada, até cumprimentava alguns pelo nome, de tanta convivência. Dona Valentina recebeu a ficha 03, seria uma das primeiras no atendimento. Quem sabe a coisa resolveria desta vez?

      – Senha número três!

      Dona Valentina ergueu-se da cadeira com a ajuda de um rapaz e caminhou até a sala. O doutor – jovem, simpático – cumprimentou-a e pediu que ela se sentasse. Em seguida, correu os olhos pela ficha, fez algumas perguntas sobre a evolução da dor e os remédios que ela tomava. Daí, preencheu uma nova receita, carimbou e assinou:

      – Olha, dona Valentina, vamos mudar a medicação, essa aqui é mais forte. Mas seu caso é mesmo cirúrgico. O problema é que o hospital não tem condições de fazer a cirurgia de imediato. A senhora sabe: muitos pacientes, falta verba, equipamento, dinheiro curto...

      Ela sentiu um aperto no coração. E um pouco de raiva, raivinha, coisa passageira. Mas o doutor era tão simpático, de olheiras, de uniforme amarrotado, que ela sorriu, decepcionada:

      – Posso marcar meu retorno?

      – Claro, claro, fala com a moça da portaria.

      Dona Valentina e sua dor pegaram os dois ônibus de volta. Pelo menos a chuva havia parado, um sol gostoso aquecia seus ombros através da janela. Fazer o quê? – pensava ela. Esperar mais, claro. Quem sabe um dia os poderosos, os políticos, os engravatados davam um jeito no hospital? E agendavam a cirurgia? E ela se livrava da dor? E poderia brincar com os netos, carregá-los no colo, sem a maldita fincada nas costas?

      De noite, dona Valentina se acomodou no velho sofá esburacado para ver a novela – sua distração favorita que a fazia se esquecer da dor. No intervalo, veio a propaganda: crianças sorrindo, jovens se abraçando, pessoas felizes de todo tipo. A voz poderosa do locutor disse à dona Valentina que tudo ia muito bem, que a vida era boa, que o governo era bonzinho, que trabalhava pelo povo acima de tudo. E que a saúde das pessoas, dos mais pobres, era o mais importante! E que para todo mundo ficar sabendo, o governo preferiu usar a dinheirama nas propagandas em vez de comprar remédios ou equipamentos que faltavam no hospital, por exemplo. Questão de prioridade estratégica da área da Comunicação. O resto poderia esperar – como esperavam, dóceis e conformadas, dona Valentina e sua dor.

(FABBRINI, Fernando. Disponível em: http://www.otempo.com.br/opini%C3%A3o/fernando-fabbrini/dona-valentina-e-sua-dor-1.1412175. Acesso em: 16/12/2016.)

Porém, dona Valentina era prevenida: levara na sacola a capa e a sombrinha desmilinguida – mas que ainda serviam.” (2º§) Os termos anteriormente sublinhados exprimem a ideia de:

Alternativas
Comentários
  • GABARITO: letra B

     

    Mas = porém, contudo, todavia, entretanto, no entanto, não obstante = conjunções adversativas (representam oposição, contraste ou compensação).

    Ainda = advérbio de tempo que representa continuidade.

  • Brincadeira hein qconcursos?! Qual é a palavra destacada?
  • Peguei de uma colega do QC e acrescentei:

    Conjunção Adversativa: ligam duas orações ou palavras, expressando ideia de contraste, oposição. São elas: mas (só pode vir no início de oração), porém, contudo, todavia, entretanto, no entanto, não obstante, contudoapesar disso etc.

     

    IMPORTANTE: Antes dos nexos adversativos a vírgula é obrigatória.

  • continuidade significa que continua, ou seja, está relacionado ao tempo.


ID
2592772
Banca
CONSULPLAN
Órgão
Prefeitura de Sabará - MG
Ano
2017
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

                            Dona Valentina e sua dor


      Dona Valentina conseguiu cochilar um pouquinho. O relógio marcava quase cinco da manhã quando ela abriu os olhos. Estava ligeiramente feliz. Sonhou com as goiabeiras de sua casa na roça; ela, menina, correndo de pés no chão e brincando com os irmãos que apanhavam goiabas maduras no pé. Goiabas vermelhas, suculentas, sem bichos. O sonho foi tão real que ela acordou com gostinho de goiaba na boca.

      Fazia um pouco de frio porque chovera à noite, chuvinha fina, boba. Porém, dona Valentina era prevenida: levara na sacola a capa e a sombrinha desmilinguida – mas que ainda serviam. A fila crescera durante a madrugada, e o falatório dos que acordaram cedo, como ela, misturava-se com o ronco de dois ou três que ainda dormiam.

      Fila de hospital até que era divertida – pensava ela. O povo conversava pra passar o tempo; cada um contava suas doenças; falavam sobre médicos e remédios; a conversa esticava, e aí vinham os assuntos de família, casos de filhos, maridos, noras e genros. Valia a distração. Mas ruim mesmo era aquela dor nos quadris. Bastou dona Valentina virar-se na almofada que lhe servia de apoio no muro para a fincada voltar. Ui! De novo!

      Dona Valentina já estava acostumada. Afinal, ela e sua dor nas cadeiras já tinham ido e voltado e esperado e retornado e remarcado naquela fila há quase um ano. O hospital ficava longe; precisava pegar o primeiro ônibus, descer no centro; andar até o ponto do segundo ônibus; viajar mais meia hora nele; e andar mais quatro quarteirões. Por isso, no último mês passou a dormir na fila, era mais fácil e mais barato. Ela e sua dor. A almofada velha ajudava; aprendera a encaixá-la de um jeito sob a coxa e a esticar a perna. Nesta posição meio torta e esquisita, a dor também dormia, dava um alívio.

      O funcionário, sonolento, abriu a porta de vidro; deu um “bom dia” quase inaudível e pediu ordem na calçada:

      – Pessoal, respeitem quem chegou primeiro. A fila é deste lado, vamos lá.

      Não demorou muito, e a mocinha sorridente, de uniforme branco, passou distribuindo as senhas. Todos gostavam dela. Alegre, animada, até cumprimentava alguns pelo nome, de tanta convivência. Dona Valentina recebeu a ficha 03, seria uma das primeiras no atendimento. Quem sabe a coisa resolveria desta vez?

      – Senha número três!

      Dona Valentina ergueu-se da cadeira com a ajuda de um rapaz e caminhou até a sala. O doutor – jovem, simpático – cumprimentou-a e pediu que ela se sentasse. Em seguida, correu os olhos pela ficha, fez algumas perguntas sobre a evolução da dor e os remédios que ela tomava. Daí, preencheu uma nova receita, carimbou e assinou:

      – Olha, dona Valentina, vamos mudar a medicação, essa aqui é mais forte. Mas seu caso é mesmo cirúrgico. O problema é que o hospital não tem condições de fazer a cirurgia de imediato. A senhora sabe: muitos pacientes, falta verba, equipamento, dinheiro curto...

      Ela sentiu um aperto no coração. E um pouco de raiva, raivinha, coisa passageira. Mas o doutor era tão simpático, de olheiras, de uniforme amarrotado, que ela sorriu, decepcionada:

      – Posso marcar meu retorno?

      – Claro, claro, fala com a moça da portaria.

      Dona Valentina e sua dor pegaram os dois ônibus de volta. Pelo menos a chuva havia parado, um sol gostoso aquecia seus ombros através da janela. Fazer o quê? – pensava ela. Esperar mais, claro. Quem sabe um dia os poderosos, os políticos, os engravatados davam um jeito no hospital? E agendavam a cirurgia? E ela se livrava da dor? E poderia brincar com os netos, carregá-los no colo, sem a maldita fincada nas costas?

      De noite, dona Valentina se acomodou no velho sofá esburacado para ver a novela – sua distração favorita que a fazia se esquecer da dor. No intervalo, veio a propaganda: crianças sorrindo, jovens se abraçando, pessoas felizes de todo tipo. A voz poderosa do locutor disse à dona Valentina que tudo ia muito bem, que a vida era boa, que o governo era bonzinho, que trabalhava pelo povo acima de tudo. E que a saúde das pessoas, dos mais pobres, era o mais importante! E que para todo mundo ficar sabendo, o governo preferiu usar a dinheirama nas propagandas em vez de comprar remédios ou equipamentos que faltavam no hospital, por exemplo. Questão de prioridade estratégica da área da Comunicação. O resto poderia esperar – como esperavam, dóceis e conformadas, dona Valentina e sua dor.

(FABBRINI, Fernando. Disponível em: http://www.otempo.com.br/opini%C3%A3o/fernando-fabbrini/dona-valentina-e-sua-dor-1.1412175. Acesso em: 16/12/2016.)

Porém, dona Valentina era prevenida: levara na sacola a capa e a sombrinha desmilinguida...” (2º§) O trecho sublinhado exerce a mesma função sintática do que o que está destacado em:

Alternativas
Comentários
  • Dona Valentina - sujeito

    levara - verbo

    na sacola - adjunto adverbial de lugar

    a capa e a sombrinha desmilinguida - OD

  • Letra A

  • la, lo, las, los - na, no, nas, nos = OD

    lhe = OI

  • Dona Valentina (SUJ)  levara (VTD) a capa e a sombrinha desmilinguida (OD) na sacola

     a) “A almofada velha ajudava; aprendera a encaixá-la de um jeito sob a coxa e a esticar a perna.” (4º§)
    Aprendera a encaixar a almofada (OD) ---> GABARITO

    b) “Bastou dona Valentina virar-se na almofada que lhe servia de apoio no muro para a fincada voltar.” (3º§)

    Servia de apoio a ela (OI)

     c) “Afinal, ela e sua dor nas cadeiras (SUJEITO) já tinham ido e voltado e esperado e retornado e remarcado naquela fila há quase um ano.” (4º§) 

     d) A fila crescera durante a madrugada, e o falatório (SUJEITO) dos que acordaram cedo, como ela, misturava-se com o ronco de dois ou três que ainda dormiam.” (2º§)

  • Não há nada destacado ou sublinhado!
  • ✅ Gabarito: A

    “Porém, dona Valentina era prevenida: levara na sacola a capa e a sombrinha desmilinguida...” (2º§) → Levara alguma coisa (verbo transitivo direto; trata-se de um verbo que pede um complemento verbal que não seja iniciado por preposição). A capa e a sombrinha= função sintática de objeto direto.

    ➥ O mesmo ocorre na letra A): “A almofada velha ajudava; aprendera a encaixá-la de um jeito sob a coxa e a esticar a perna.” → Encaixar alguma coisa (pronome oblíquo átono -la exercendo a função sintática de objeto direto).

    ➥ FORÇA, GUERREIROS(AS)!!

  • Muitíssimo obrigado!!!!

  • perfeito

  • perfeito

  • Posso concluir que a legítima defesa tá mais ligada a uma ação dolosa? Existe LD em uma ação culposa?

  • Show!


ID
2592775
Banca
CONSULPLAN
Órgão
Prefeitura de Sabará - MG
Ano
2017
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

                            Dona Valentina e sua dor


      Dona Valentina conseguiu cochilar um pouquinho. O relógio marcava quase cinco da manhã quando ela abriu os olhos. Estava ligeiramente feliz. Sonhou com as goiabeiras de sua casa na roça; ela, menina, correndo de pés no chão e brincando com os irmãos que apanhavam goiabas maduras no pé. Goiabas vermelhas, suculentas, sem bichos. O sonho foi tão real que ela acordou com gostinho de goiaba na boca.

      Fazia um pouco de frio porque chovera à noite, chuvinha fina, boba. Porém, dona Valentina era prevenida: levara na sacola a capa e a sombrinha desmilinguida – mas que ainda serviam. A fila crescera durante a madrugada, e o falatório dos que acordaram cedo, como ela, misturava-se com o ronco de dois ou três que ainda dormiam.

      Fila de hospital até que era divertida – pensava ela. O povo conversava pra passar o tempo; cada um contava suas doenças; falavam sobre médicos e remédios; a conversa esticava, e aí vinham os assuntos de família, casos de filhos, maridos, noras e genros. Valia a distração. Mas ruim mesmo era aquela dor nos quadris. Bastou dona Valentina virar-se na almofada que lhe servia de apoio no muro para a fincada voltar. Ui! De novo!

      Dona Valentina já estava acostumada. Afinal, ela e sua dor nas cadeiras já tinham ido e voltado e esperado e retornado e remarcado naquela fila há quase um ano. O hospital ficava longe; precisava pegar o primeiro ônibus, descer no centro; andar até o ponto do segundo ônibus; viajar mais meia hora nele; e andar mais quatro quarteirões. Por isso, no último mês passou a dormir na fila, era mais fácil e mais barato. Ela e sua dor. A almofada velha ajudava; aprendera a encaixá-la de um jeito sob a coxa e a esticar a perna. Nesta posição meio torta e esquisita, a dor também dormia, dava um alívio.

      O funcionário, sonolento, abriu a porta de vidro; deu um “bom dia” quase inaudível e pediu ordem na calçada:

      – Pessoal, respeitem quem chegou primeiro. A fila é deste lado, vamos lá.

      Não demorou muito, e a mocinha sorridente, de uniforme branco, passou distribuindo as senhas. Todos gostavam dela. Alegre, animada, até cumprimentava alguns pelo nome, de tanta convivência. Dona Valentina recebeu a ficha 03, seria uma das primeiras no atendimento. Quem sabe a coisa resolveria desta vez?

      – Senha número três!

      Dona Valentina ergueu-se da cadeira com a ajuda de um rapaz e caminhou até a sala. O doutor – jovem, simpático – cumprimentou-a e pediu que ela se sentasse. Em seguida, correu os olhos pela ficha, fez algumas perguntas sobre a evolução da dor e os remédios que ela tomava. Daí, preencheu uma nova receita, carimbou e assinou:

      – Olha, dona Valentina, vamos mudar a medicação, essa aqui é mais forte. Mas seu caso é mesmo cirúrgico. O problema é que o hospital não tem condições de fazer a cirurgia de imediato. A senhora sabe: muitos pacientes, falta verba, equipamento, dinheiro curto...

      Ela sentiu um aperto no coração. E um pouco de raiva, raivinha, coisa passageira. Mas o doutor era tão simpático, de olheiras, de uniforme amarrotado, que ela sorriu, decepcionada:

      – Posso marcar meu retorno?

      – Claro, claro, fala com a moça da portaria.

      Dona Valentina e sua dor pegaram os dois ônibus de volta. Pelo menos a chuva havia parado, um sol gostoso aquecia seus ombros através da janela. Fazer o quê? – pensava ela. Esperar mais, claro. Quem sabe um dia os poderosos, os políticos, os engravatados davam um jeito no hospital? E agendavam a cirurgia? E ela se livrava da dor? E poderia brincar com os netos, carregá-los no colo, sem a maldita fincada nas costas?

      De noite, dona Valentina se acomodou no velho sofá esburacado para ver a novela – sua distração favorita que a fazia se esquecer da dor. No intervalo, veio a propaganda: crianças sorrindo, jovens se abraçando, pessoas felizes de todo tipo. A voz poderosa do locutor disse à dona Valentina que tudo ia muito bem, que a vida era boa, que o governo era bonzinho, que trabalhava pelo povo acima de tudo. E que a saúde das pessoas, dos mais pobres, era o mais importante! E que para todo mundo ficar sabendo, o governo preferiu usar a dinheirama nas propagandas em vez de comprar remédios ou equipamentos que faltavam no hospital, por exemplo. Questão de prioridade estratégica da área da Comunicação. O resto poderia esperar – como esperavam, dóceis e conformadas, dona Valentina e sua dor.

(FABBRINI, Fernando. Disponível em: http://www.otempo.com.br/opini%C3%A3o/fernando-fabbrini/dona-valentina-e-sua-dor-1.1412175. Acesso em: 16/12/2016.)

O hospital ficava longe; precisava pegar o primeiro ônibus, descer no centro; andar até o ponto do segundo ônibus; viajar mais meia hora nele; e andar mais quatro quarteirões.” (4º§) Acerca do trecho em evidência, é correto afirmar que:

Alternativas
Comentários
  • A) Não todos, mas muitos. Nem todos precisam fazer um longo deslocamento até uma unidade de saúde.

    B) Esse trecho não tem relação com a saúde pública em si e sim com a distância da casa de dona Valentina ao hospital.

    C) Correto.

    D) O trecho representa o trajeto para se chegar ao hospital, mas não é apenas isso, vide alternativa C.

  • Sério! Tô perdendo a paciência c esse aplicativo q n sublinha as coisas
  • A PUBLICAÇÃO DA REPORTAGEM FOI EM 2016

    PT


ID
2592778
Banca
CONSULPLAN
Órgão
Prefeitura de Sabará - MG
Ano
2017
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

                            Dona Valentina e sua dor


      Dona Valentina conseguiu cochilar um pouquinho. O relógio marcava quase cinco da manhã quando ela abriu os olhos. Estava ligeiramente feliz. Sonhou com as goiabeiras de sua casa na roça; ela, menina, correndo de pés no chão e brincando com os irmãos que apanhavam goiabas maduras no pé. Goiabas vermelhas, suculentas, sem bichos. O sonho foi tão real que ela acordou com gostinho de goiaba na boca.

      Fazia um pouco de frio porque chovera à noite, chuvinha fina, boba. Porém, dona Valentina era prevenida: levara na sacola a capa e a sombrinha desmilinguida – mas que ainda serviam. A fila crescera durante a madrugada, e o falatório dos que acordaram cedo, como ela, misturava-se com o ronco de dois ou três que ainda dormiam.

      Fila de hospital até que era divertida – pensava ela. O povo conversava pra passar o tempo; cada um contava suas doenças; falavam sobre médicos e remédios; a conversa esticava, e aí vinham os assuntos de família, casos de filhos, maridos, noras e genros. Valia a distração. Mas ruim mesmo era aquela dor nos quadris. Bastou dona Valentina virar-se na almofada que lhe servia de apoio no muro para a fincada voltar. Ui! De novo!

      Dona Valentina já estava acostumada. Afinal, ela e sua dor nas cadeiras já tinham ido e voltado e esperado e retornado e remarcado naquela fila há quase um ano. O hospital ficava longe; precisava pegar o primeiro ônibus, descer no centro; andar até o ponto do segundo ônibus; viajar mais meia hora nele; e andar mais quatro quarteirões. Por isso, no último mês passou a dormir na fila, era mais fácil e mais barato. Ela e sua dor. A almofada velha ajudava; aprendera a encaixá-la de um jeito sob a coxa e a esticar a perna. Nesta posição meio torta e esquisita, a dor também dormia, dava um alívio.

      O funcionário, sonolento, abriu a porta de vidro; deu um “bom dia” quase inaudível e pediu ordem na calçada:

      – Pessoal, respeitem quem chegou primeiro. A fila é deste lado, vamos lá.

      Não demorou muito, e a mocinha sorridente, de uniforme branco, passou distribuindo as senhas. Todos gostavam dela. Alegre, animada, até cumprimentava alguns pelo nome, de tanta convivência. Dona Valentina recebeu a ficha 03, seria uma das primeiras no atendimento. Quem sabe a coisa resolveria desta vez?

      – Senha número três!

      Dona Valentina ergueu-se da cadeira com a ajuda de um rapaz e caminhou até a sala. O doutor – jovem, simpático – cumprimentou-a e pediu que ela se sentasse. Em seguida, correu os olhos pela ficha, fez algumas perguntas sobre a evolução da dor e os remédios que ela tomava. Daí, preencheu uma nova receita, carimbou e assinou:

      – Olha, dona Valentina, vamos mudar a medicação, essa aqui é mais forte. Mas seu caso é mesmo cirúrgico. O problema é que o hospital não tem condições de fazer a cirurgia de imediato. A senhora sabe: muitos pacientes, falta verba, equipamento, dinheiro curto...

      Ela sentiu um aperto no coração. E um pouco de raiva, raivinha, coisa passageira. Mas o doutor era tão simpático, de olheiras, de uniforme amarrotado, que ela sorriu, decepcionada:

      – Posso marcar meu retorno?

      – Claro, claro, fala com a moça da portaria.

      Dona Valentina e sua dor pegaram os dois ônibus de volta. Pelo menos a chuva havia parado, um sol gostoso aquecia seus ombros através da janela. Fazer o quê? – pensava ela. Esperar mais, claro. Quem sabe um dia os poderosos, os políticos, os engravatados davam um jeito no hospital? E agendavam a cirurgia? E ela se livrava da dor? E poderia brincar com os netos, carregá-los no colo, sem a maldita fincada nas costas?

      De noite, dona Valentina se acomodou no velho sofá esburacado para ver a novela – sua distração favorita que a fazia se esquecer da dor. No intervalo, veio a propaganda: crianças sorrindo, jovens se abraçando, pessoas felizes de todo tipo. A voz poderosa do locutor disse à dona Valentina que tudo ia muito bem, que a vida era boa, que o governo era bonzinho, que trabalhava pelo povo acima de tudo. E que a saúde das pessoas, dos mais pobres, era o mais importante! E que para todo mundo ficar sabendo, o governo preferiu usar a dinheirama nas propagandas em vez de comprar remédios ou equipamentos que faltavam no hospital, por exemplo. Questão de prioridade estratégica da área da Comunicação. O resto poderia esperar – como esperavam, dóceis e conformadas, dona Valentina e sua dor.

(FABBRINI, Fernando. Disponível em: http://www.otempo.com.br/opini%C3%A3o/fernando-fabbrini/dona-valentina-e-sua-dor-1.1412175. Acesso em: 16/12/2016.)

O funcionário, sonolento, abriu a porta de vidro; deu um ‘bom dia’ quase inaudível e pediu ordem na calçada: – Pessoal, respeitem quem chegou primeiro. A fila é deste lado, vamos lá.” (5º e 6º§) Quanto ao uso dos dois-pontos no trecho anterior, assinale a alternativa que os justifica corretamente.

Alternativas
Comentários
  • GABARITO: letra C

     

    Anunciam um discurso direto. No caso, a fala do funcionário do hospital.

     

    (Leitura recomendada: https://www.todamateria.com.br/discurso-direto-indireto-e-indireto-livre/ )

  • discurso direto é a reprodução de maneira direta da fala dos personagens ou seja, a reprodução integral e literal e bloquial, introduzida por travessão. Nessa estrutura, as falas são acompanhadas por um verbo declarativo, seguido de dois pontos e travessão.

  • Discurso Direto: consiste na transcrição exata da fala dos personagens, sem participação do narrador.

    Discurso Indireto: intervenção do narrador, utiliza suas próprias palavras para reproduzir as falas das personagens.

    Discurso Indireto Livre: Discurso Direto + Discurso Indireto.

    Não desista, Jesus está vendo seu esforço!! Hoje é menos um dia que falta para sua aprovação.


ID
2592781
Banca
CONSULPLAN
Órgão
Prefeitura de Sabará - MG
Ano
2017
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

                            Dona Valentina e sua dor


      Dona Valentina conseguiu cochilar um pouquinho. O relógio marcava quase cinco da manhã quando ela abriu os olhos. Estava ligeiramente feliz. Sonhou com as goiabeiras de sua casa na roça; ela, menina, correndo de pés no chão e brincando com os irmãos que apanhavam goiabas maduras no pé. Goiabas vermelhas, suculentas, sem bichos. O sonho foi tão real que ela acordou com gostinho de goiaba na boca.

      Fazia um pouco de frio porque chovera à noite, chuvinha fina, boba. Porém, dona Valentina era prevenida: levara na sacola a capa e a sombrinha desmilinguida – mas que ainda serviam. A fila crescera durante a madrugada, e o falatório dos que acordaram cedo, como ela, misturava-se com o ronco de dois ou três que ainda dormiam.

      Fila de hospital até que era divertida – pensava ela. O povo conversava pra passar o tempo; cada um contava suas doenças; falavam sobre médicos e remédios; a conversa esticava, e aí vinham os assuntos de família, casos de filhos, maridos, noras e genros. Valia a distração. Mas ruim mesmo era aquela dor nos quadris. Bastou dona Valentina virar-se na almofada que lhe servia de apoio no muro para a fincada voltar. Ui! De novo!

      Dona Valentina já estava acostumada. Afinal, ela e sua dor nas cadeiras já tinham ido e voltado e esperado e retornado e remarcado naquela fila há quase um ano. O hospital ficava longe; precisava pegar o primeiro ônibus, descer no centro; andar até o ponto do segundo ônibus; viajar mais meia hora nele; e andar mais quatro quarteirões. Por isso, no último mês passou a dormir na fila, era mais fácil e mais barato. Ela e sua dor. A almofada velha ajudava; aprendera a encaixá-la de um jeito sob a coxa e a esticar a perna. Nesta posição meio torta e esquisita, a dor também dormia, dava um alívio.

      O funcionário, sonolento, abriu a porta de vidro; deu um “bom dia” quase inaudível e pediu ordem na calçada:

      – Pessoal, respeitem quem chegou primeiro. A fila é deste lado, vamos lá.

      Não demorou muito, e a mocinha sorridente, de uniforme branco, passou distribuindo as senhas. Todos gostavam dela. Alegre, animada, até cumprimentava alguns pelo nome, de tanta convivência. Dona Valentina recebeu a ficha 03, seria uma das primeiras no atendimento. Quem sabe a coisa resolveria desta vez?

      – Senha número três!

      Dona Valentina ergueu-se da cadeira com a ajuda de um rapaz e caminhou até a sala. O doutor – jovem, simpático – cumprimentou-a e pediu que ela se sentasse. Em seguida, correu os olhos pela ficha, fez algumas perguntas sobre a evolução da dor e os remédios que ela tomava. Daí, preencheu uma nova receita, carimbou e assinou:

      – Olha, dona Valentina, vamos mudar a medicação, essa aqui é mais forte. Mas seu caso é mesmo cirúrgico. O problema é que o hospital não tem condições de fazer a cirurgia de imediato. A senhora sabe: muitos pacientes, falta verba, equipamento, dinheiro curto...

      Ela sentiu um aperto no coração. E um pouco de raiva, raivinha, coisa passageira. Mas o doutor era tão simpático, de olheiras, de uniforme amarrotado, que ela sorriu, decepcionada:

      – Posso marcar meu retorno?

      – Claro, claro, fala com a moça da portaria.

      Dona Valentina e sua dor pegaram os dois ônibus de volta. Pelo menos a chuva havia parado, um sol gostoso aquecia seus ombros através da janela. Fazer o quê? – pensava ela. Esperar mais, claro. Quem sabe um dia os poderosos, os políticos, os engravatados davam um jeito no hospital? E agendavam a cirurgia? E ela se livrava da dor? E poderia brincar com os netos, carregá-los no colo, sem a maldita fincada nas costas?

      De noite, dona Valentina se acomodou no velho sofá esburacado para ver a novela – sua distração favorita que a fazia se esquecer da dor. No intervalo, veio a propaganda: crianças sorrindo, jovens se abraçando, pessoas felizes de todo tipo. A voz poderosa do locutor disse à dona Valentina que tudo ia muito bem, que a vida era boa, que o governo era bonzinho, que trabalhava pelo povo acima de tudo. E que a saúde das pessoas, dos mais pobres, era o mais importante! E que para todo mundo ficar sabendo, o governo preferiu usar a dinheirama nas propagandas em vez de comprar remédios ou equipamentos que faltavam no hospital, por exemplo. Questão de prioridade estratégica da área da Comunicação. O resto poderia esperar – como esperavam, dóceis e conformadas, dona Valentina e sua dor.

(FABBRINI, Fernando. Disponível em: http://www.otempo.com.br/opini%C3%A3o/fernando-fabbrini/dona-valentina-e-sua-dor-1.1412175. Acesso em: 16/12/2016.)

Porém, dona Valentina era prevenida: levara na sacola a capa e a sombrinha desmilinguida – mas que ainda serviam.” (2º§) No trecho anterior, a conjunção sublinhada pode ser, corretamente, substituída por:

Alternativas
Comentários
  • A) Portanto = logo, por isso, pois (depois do verbo), por conseguinte = conjunções conclusivas.

    B) Porquanto = porque, pois, por isso, já que = conjunções explicativas/conjunções causais

    (causal = subordinação; explicativa = coordenação).

    C) No entanto = mas, porém, todavia, entretanto = conjunções adversativas.

    D) Mas também = e, bem como, ademais, outrossim = conjunções aditivas (ou copulativas).

  • Porém traz a ideia de oposição,logo é coordenativa Adversativa e pode ser substituida por: Mas,todavia,contudo,no entando,entretando,não obstante,só que,senão

  • Peguei de uma colega do QC e acrescentei:

    Conjunção Adversativa: ligam duas orações ou palavras, expressando ideia de contraste, oposição. São elas: mas (só pode vir no início de oração), porém, contudo, todavia, entretanto, no entanto, não obstante, contudoapesar disso etc.

     IMPORTANTE: Antes dos nexos adversativos a vírgula é obrigatória.

    Não confundir com conjunções explicativas: pois (antes do verbo), que (após imperativo), porque, já que, uma vez que, porquanto. PORQUANTO É EXPLICATIVO NÃO ADVERSATIVO.

  • Conjunção Adversativa: ligam duas orações ou palavras, expressando ideia de contraste, oposição. São elas: mas (só pode vir no início de oração), porém, contudo, todavia, entretanto, no entanto, não obstante, contudoapesar disso etc.


ID
2592784
Banca
CONSULPLAN
Órgão
Prefeitura de Sabará - MG
Ano
2017
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

                            Dona Valentina e sua dor


      Dona Valentina conseguiu cochilar um pouquinho. O relógio marcava quase cinco da manhã quando ela abriu os olhos. Estava ligeiramente feliz. Sonhou com as goiabeiras de sua casa na roça; ela, menina, correndo de pés no chão e brincando com os irmãos que apanhavam goiabas maduras no pé. Goiabas vermelhas, suculentas, sem bichos. O sonho foi tão real que ela acordou com gostinho de goiaba na boca.

      Fazia um pouco de frio porque chovera à noite, chuvinha fina, boba. Porém, dona Valentina era prevenida: levara na sacola a capa e a sombrinha desmilinguida – mas que ainda serviam. A fila crescera durante a madrugada, e o falatório dos que acordaram cedo, como ela, misturava-se com o ronco de dois ou três que ainda dormiam.

      Fila de hospital até que era divertida – pensava ela. O povo conversava pra passar o tempo; cada um contava suas doenças; falavam sobre médicos e remédios; a conversa esticava, e aí vinham os assuntos de família, casos de filhos, maridos, noras e genros. Valia a distração. Mas ruim mesmo era aquela dor nos quadris. Bastou dona Valentina virar-se na almofada que lhe servia de apoio no muro para a fincada voltar. Ui! De novo!

      Dona Valentina já estava acostumada. Afinal, ela e sua dor nas cadeiras já tinham ido e voltado e esperado e retornado e remarcado naquela fila há quase um ano. O hospital ficava longe; precisava pegar o primeiro ônibus, descer no centro; andar até o ponto do segundo ônibus; viajar mais meia hora nele; e andar mais quatro quarteirões. Por isso, no último mês passou a dormir na fila, era mais fácil e mais barato. Ela e sua dor. A almofada velha ajudava; aprendera a encaixá-la de um jeito sob a coxa e a esticar a perna. Nesta posição meio torta e esquisita, a dor também dormia, dava um alívio.

      O funcionário, sonolento, abriu a porta de vidro; deu um “bom dia” quase inaudível e pediu ordem na calçada:

      – Pessoal, respeitem quem chegou primeiro. A fila é deste lado, vamos lá.

      Não demorou muito, e a mocinha sorridente, de uniforme branco, passou distribuindo as senhas. Todos gostavam dela. Alegre, animada, até cumprimentava alguns pelo nome, de tanta convivência. Dona Valentina recebeu a ficha 03, seria uma das primeiras no atendimento. Quem sabe a coisa resolveria desta vez?

      – Senha número três!

      Dona Valentina ergueu-se da cadeira com a ajuda de um rapaz e caminhou até a sala. O doutor – jovem, simpático – cumprimentou-a e pediu que ela se sentasse. Em seguida, correu os olhos pela ficha, fez algumas perguntas sobre a evolução da dor e os remédios que ela tomava. Daí, preencheu uma nova receita, carimbou e assinou:

      – Olha, dona Valentina, vamos mudar a medicação, essa aqui é mais forte. Mas seu caso é mesmo cirúrgico. O problema é que o hospital não tem condições de fazer a cirurgia de imediato. A senhora sabe: muitos pacientes, falta verba, equipamento, dinheiro curto...

      Ela sentiu um aperto no coração. E um pouco de raiva, raivinha, coisa passageira. Mas o doutor era tão simpático, de olheiras, de uniforme amarrotado, que ela sorriu, decepcionada:

      – Posso marcar meu retorno?

      – Claro, claro, fala com a moça da portaria.

      Dona Valentina e sua dor pegaram os dois ônibus de volta. Pelo menos a chuva havia parado, um sol gostoso aquecia seus ombros através da janela. Fazer o quê? – pensava ela. Esperar mais, claro. Quem sabe um dia os poderosos, os políticos, os engravatados davam um jeito no hospital? E agendavam a cirurgia? E ela se livrava da dor? E poderia brincar com os netos, carregá-los no colo, sem a maldita fincada nas costas?

      De noite, dona Valentina se acomodou no velho sofá esburacado para ver a novela – sua distração favorita que a fazia se esquecer da dor. No intervalo, veio a propaganda: crianças sorrindo, jovens se abraçando, pessoas felizes de todo tipo. A voz poderosa do locutor disse à dona Valentina que tudo ia muito bem, que a vida era boa, que o governo era bonzinho, que trabalhava pelo povo acima de tudo. E que a saúde das pessoas, dos mais pobres, era o mais importante! E que para todo mundo ficar sabendo, o governo preferiu usar a dinheirama nas propagandas em vez de comprar remédios ou equipamentos que faltavam no hospital, por exemplo. Questão de prioridade estratégica da área da Comunicação. O resto poderia esperar – como esperavam, dóceis e conformadas, dona Valentina e sua dor.

(FABBRINI, Fernando. Disponível em: http://www.otempo.com.br/opini%C3%A3o/fernando-fabbrini/dona-valentina-e-sua-dor-1.1412175. Acesso em: 16/12/2016.)

“– Olha, dona Valentina, vamos mudar a medicação, essa aqui é mais forte.” (10º§) O trecho anteriormente sublinhado encontra-se entre vírgulas porque trata-se de:

Alternativas
Comentários
  • Correta B.è um vocativo.

  • Vocativo é um termo da oração – palavra ou expressão, que põe em destaque a pessoa ou coisa a quem se dirige a palavra. Vem sempre separado por vírgula.Vocativo é um termo isolado dentro da oração, ou seja, não faz parte nem do sujeito nem do predicado. (Gabarito - B)

    Aposto é um termo que se junta a outro de valor substantivo ou pronominal para explicá-lo ou especificá-lo melhor. Vem separado dos demais termos da oração por vírgula, dois-pontos ou travessão. Por Exemplo: Ontem, segunda-feira, passei o dia com dor de cabeça.

     

     

  • GABARITO: B

     

     

    VOCATIVO:

     

    -Trata-se de um termo que não faz parte da oração.

    -Isolado por vírgulas

    -Identifica a pessoa ou coisa com quem se fala.

    -É um chamamento, termo independente.

  • O vocativo é um chamamento, uma invocação ou um apelo. É usado numa situação de comunicação, quando o falante se dirige ao ouvinte, ou seja, quando quem fala chama, nomeia ou invoca a pessoa com quem está falando. O vocativo pode aparecer no início, no meio ou no fim das frases, mas não possui qualquer relação sintática com os outros termos da oração. É um termo independente, não pertencendo nem ao sujeito, nem ao predicado.

     

    Vocativo x Aposto

    O vocativo é frequentemente confundido com o aposto. Contudo, enquanto o vocativo é um termo independente que não estabelece qualquer tipo de relação sintática com outros termos da oração, o aposto estabelece uma função sintática com outro termo da oração, relacionando-se com ele.

  • DICA! 

    INVOCARTIVO 

    (Do verbo invocar) 

    Gabarito: B

  • GABARITO: B

    O Vocativo é uma interpelação, é um chamamento. Normalmente indica com quem se fala.

    Exemplos:

    Ó mar, por que não me levas contigo?

     Vem, minha amiga, abraçar um vitorioso.

  • Aposto, fala DO ser. Vocativo, fala PARA o ser.

  • Com toda humildade galera, mas vocativo é questão dada.

  • GABARITO: LETRA B

    Vocativo é um termo que não possui relação sintática com outro termo da oração.

    Não pertence, portanto, nem ao sujeito nem ao predicado. É o termo que serve para chamar, invocar ou interpelar um ouvinte real ou hipotético.

    Por seu caráter, geralmente se relaciona à segunda pessoa do discurso. Veja os exemplos:

    Não fale tão alto, Rita!

                            Vocativo

    Senhor presidente, queremos nossos direitos!

     Vocativo

    A vida, minha amada, é feita de escolhas.

                  Vocativo

    Nessas orações, os termos destacados são vocativos: indicam e nomeiam o interlocutor a que se está dirigindo a palavra.

    Obs.: o vocativo pode vir antecedido por interjeições de apelo, tais como ó, olá, eh!, etc.

    Por Exemplo:

    Ó Cristo, iluminai-me em minhas decisões.

    Olá professora, a senhora está muito elegante hoje!

    Eh! Gente, temos que estudar mais.

    FONTE: WWW.SÓPORTUGUÊS.COM.BR

  • Separar vocativo (nome, apelido. expressão). Ex: Leonardo, traga-me um pedaço de bolo.


ID
2592787
Banca
CONSULPLAN
Órgão
Prefeitura de Sabará - MG
Ano
2017
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

                            Dona Valentina e sua dor


      Dona Valentina conseguiu cochilar um pouquinho. O relógio marcava quase cinco da manhã quando ela abriu os olhos. Estava ligeiramente feliz. Sonhou com as goiabeiras de sua casa na roça; ela, menina, correndo de pés no chão e brincando com os irmãos que apanhavam goiabas maduras no pé. Goiabas vermelhas, suculentas, sem bichos. O sonho foi tão real que ela acordou com gostinho de goiaba na boca.

      Fazia um pouco de frio porque chovera à noite, chuvinha fina, boba. Porém, dona Valentina era prevenida: levara na sacola a capa e a sombrinha desmilinguida – mas que ainda serviam. A fila crescera durante a madrugada, e o falatório dos que acordaram cedo, como ela, misturava-se com o ronco de dois ou três que ainda dormiam.

      Fila de hospital até que era divertida – pensava ela. O povo conversava pra passar o tempo; cada um contava suas doenças; falavam sobre médicos e remédios; a conversa esticava, e aí vinham os assuntos de família, casos de filhos, maridos, noras e genros. Valia a distração. Mas ruim mesmo era aquela dor nos quadris. Bastou dona Valentina virar-se na almofada que lhe servia de apoio no muro para a fincada voltar. Ui! De novo!

      Dona Valentina já estava acostumada. Afinal, ela e sua dor nas cadeiras já tinham ido e voltado e esperado e retornado e remarcado naquela fila há quase um ano. O hospital ficava longe; precisava pegar o primeiro ônibus, descer no centro; andar até o ponto do segundo ônibus; viajar mais meia hora nele; e andar mais quatro quarteirões. Por isso, no último mês passou a dormir na fila, era mais fácil e mais barato. Ela e sua dor. A almofada velha ajudava; aprendera a encaixá-la de um jeito sob a coxa e a esticar a perna. Nesta posição meio torta e esquisita, a dor também dormia, dava um alívio.

      O funcionário, sonolento, abriu a porta de vidro; deu um “bom dia” quase inaudível e pediu ordem na calçada:

      – Pessoal, respeitem quem chegou primeiro. A fila é deste lado, vamos lá.

      Não demorou muito, e a mocinha sorridente, de uniforme branco, passou distribuindo as senhas. Todos gostavam dela. Alegre, animada, até cumprimentava alguns pelo nome, de tanta convivência. Dona Valentina recebeu a ficha 03, seria uma das primeiras no atendimento. Quem sabe a coisa resolveria desta vez?

      – Senha número três!

      Dona Valentina ergueu-se da cadeira com a ajuda de um rapaz e caminhou até a sala. O doutor – jovem, simpático – cumprimentou-a e pediu que ela se sentasse. Em seguida, correu os olhos pela ficha, fez algumas perguntas sobre a evolução da dor e os remédios que ela tomava. Daí, preencheu uma nova receita, carimbou e assinou:

      – Olha, dona Valentina, vamos mudar a medicação, essa aqui é mais forte. Mas seu caso é mesmo cirúrgico. O problema é que o hospital não tem condições de fazer a cirurgia de imediato. A senhora sabe: muitos pacientes, falta verba, equipamento, dinheiro curto...

      Ela sentiu um aperto no coração. E um pouco de raiva, raivinha, coisa passageira. Mas o doutor era tão simpático, de olheiras, de uniforme amarrotado, que ela sorriu, decepcionada:

      – Posso marcar meu retorno?

      – Claro, claro, fala com a moça da portaria.

      Dona Valentina e sua dor pegaram os dois ônibus de volta. Pelo menos a chuva havia parado, um sol gostoso aquecia seus ombros através da janela. Fazer o quê? – pensava ela. Esperar mais, claro. Quem sabe um dia os poderosos, os políticos, os engravatados davam um jeito no hospital? E agendavam a cirurgia? E ela se livrava da dor? E poderia brincar com os netos, carregá-los no colo, sem a maldita fincada nas costas?

      De noite, dona Valentina se acomodou no velho sofá esburacado para ver a novela – sua distração favorita que a fazia se esquecer da dor. No intervalo, veio a propaganda: crianças sorrindo, jovens se abraçando, pessoas felizes de todo tipo. A voz poderosa do locutor disse à dona Valentina que tudo ia muito bem, que a vida era boa, que o governo era bonzinho, que trabalhava pelo povo acima de tudo. E que a saúde das pessoas, dos mais pobres, era o mais importante! E que para todo mundo ficar sabendo, o governo preferiu usar a dinheirama nas propagandas em vez de comprar remédios ou equipamentos que faltavam no hospital, por exemplo. Questão de prioridade estratégica da área da Comunicação. O resto poderia esperar – como esperavam, dóceis e conformadas, dona Valentina e sua dor.

(FABBRINI, Fernando. Disponível em: http://www.otempo.com.br/opini%C3%A3o/fernando-fabbrini/dona-valentina-e-sua-dor-1.1412175. Acesso em: 16/12/2016.)

Assinale a alternativa em que o uso de vírgulas se justifica pelo mesmo motivo que em: “... ela, menina, correndo de pés no chão e brincando com os irmãos que apanhavam goiabas maduras no pé.” (1º§)

Alternativas
Comentários
  • a palavra entre vígulas (MENINA) é um APOSTO EXPLICATIVO, pois caracteriza o pronome "ELA" que retoma " Dona Valentina".

  • NÃO PODE SER A LETRA A, POIS NELA AS VÍRGULAS SEPARAM UMA ENUMERAÇÃO, UM ENCADEAMENTO DE CARACTERÍSTICAS DA GOIABA.

    GABARITO: LETRA C (vide comentário do Italo). 

  • A) Enumeração

    B) Vocativo

    C) Aposto explicativo GABARITO

    D) Enumeração


ID
2592790
Banca
CONSULPLAN
Órgão
Prefeitura de Sabará - MG
Ano
2017
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

                            Dona Valentina e sua dor


      Dona Valentina conseguiu cochilar um pouquinho. O relógio marcava quase cinco da manhã quando ela abriu os olhos. Estava ligeiramente feliz. Sonhou com as goiabeiras de sua casa na roça; ela, menina, correndo de pés no chão e brincando com os irmãos que apanhavam goiabas maduras no pé. Goiabas vermelhas, suculentas, sem bichos. O sonho foi tão real que ela acordou com gostinho de goiaba na boca.

      Fazia um pouco de frio porque chovera à noite, chuvinha fina, boba. Porém, dona Valentina era prevenida: levara na sacola a capa e a sombrinha desmilinguida – mas que ainda serviam. A fila crescera durante a madrugada, e o falatório dos que acordaram cedo, como ela, misturava-se com o ronco de dois ou três que ainda dormiam.

      Fila de hospital até que era divertida – pensava ela. O povo conversava pra passar o tempo; cada um contava suas doenças; falavam sobre médicos e remédios; a conversa esticava, e aí vinham os assuntos de família, casos de filhos, maridos, noras e genros. Valia a distração. Mas ruim mesmo era aquela dor nos quadris. Bastou dona Valentina virar-se na almofada que lhe servia de apoio no muro para a fincada voltar. Ui! De novo!

      Dona Valentina já estava acostumada. Afinal, ela e sua dor nas cadeiras já tinham ido e voltado e esperado e retornado e remarcado naquela fila há quase um ano. O hospital ficava longe; precisava pegar o primeiro ônibus, descer no centro; andar até o ponto do segundo ônibus; viajar mais meia hora nele; e andar mais quatro quarteirões. Por isso, no último mês passou a dormir na fila, era mais fácil e mais barato. Ela e sua dor. A almofada velha ajudava; aprendera a encaixá-la de um jeito sob a coxa e a esticar a perna. Nesta posição meio torta e esquisita, a dor também dormia, dava um alívio.

      O funcionário, sonolento, abriu a porta de vidro; deu um “bom dia” quase inaudível e pediu ordem na calçada:

      – Pessoal, respeitem quem chegou primeiro. A fila é deste lado, vamos lá.

      Não demorou muito, e a mocinha sorridente, de uniforme branco, passou distribuindo as senhas. Todos gostavam dela. Alegre, animada, até cumprimentava alguns pelo nome, de tanta convivência. Dona Valentina recebeu a ficha 03, seria uma das primeiras no atendimento. Quem sabe a coisa resolveria desta vez?

      – Senha número três!

      Dona Valentina ergueu-se da cadeira com a ajuda de um rapaz e caminhou até a sala. O doutor – jovem, simpático – cumprimentou-a e pediu que ela se sentasse. Em seguida, correu os olhos pela ficha, fez algumas perguntas sobre a evolução da dor e os remédios que ela tomava. Daí, preencheu uma nova receita, carimbou e assinou:

      – Olha, dona Valentina, vamos mudar a medicação, essa aqui é mais forte. Mas seu caso é mesmo cirúrgico. O problema é que o hospital não tem condições de fazer a cirurgia de imediato. A senhora sabe: muitos pacientes, falta verba, equipamento, dinheiro curto...

      Ela sentiu um aperto no coração. E um pouco de raiva, raivinha, coisa passageira. Mas o doutor era tão simpático, de olheiras, de uniforme amarrotado, que ela sorriu, decepcionada:

      – Posso marcar meu retorno?

      – Claro, claro, fala com a moça da portaria.

      Dona Valentina e sua dor pegaram os dois ônibus de volta. Pelo menos a chuva havia parado, um sol gostoso aquecia seus ombros através da janela. Fazer o quê? – pensava ela. Esperar mais, claro. Quem sabe um dia os poderosos, os políticos, os engravatados davam um jeito no hospital? E agendavam a cirurgia? E ela se livrava da dor? E poderia brincar com os netos, carregá-los no colo, sem a maldita fincada nas costas?

      De noite, dona Valentina se acomodou no velho sofá esburacado para ver a novela – sua distração favorita que a fazia se esquecer da dor. No intervalo, veio a propaganda: crianças sorrindo, jovens se abraçando, pessoas felizes de todo tipo. A voz poderosa do locutor disse à dona Valentina que tudo ia muito bem, que a vida era boa, que o governo era bonzinho, que trabalhava pelo povo acima de tudo. E que a saúde das pessoas, dos mais pobres, era o mais importante! E que para todo mundo ficar sabendo, o governo preferiu usar a dinheirama nas propagandas em vez de comprar remédios ou equipamentos que faltavam no hospital, por exemplo. Questão de prioridade estratégica da área da Comunicação. O resto poderia esperar – como esperavam, dóceis e conformadas, dona Valentina e sua dor.

(FABBRINI, Fernando. Disponível em: http://www.otempo.com.br/opini%C3%A3o/fernando-fabbrini/dona-valentina-e-sua-dor-1.1412175. Acesso em: 16/12/2016.)

O trecho “Quem sabe um dia os poderosos, os políticos, os engravatados davam um jeito no hospital? E agendavam a cirurgia? E ela se livrava da dor? E poderia brincar com os netos, carregá-los no colo, sem a maldita fincada nas costas?” (14º§) associa-se corretamente à seguinte premissa popular:

Alternativas
Comentários
  • GABARITO: letra B

     

    Quem sabe um dia... a esperança é a última que morre.

  • “A esperança é a última que morre”.

    A frase do nosso país..

  • mas esse exemplo que você deu está ligado a um outro direito fundamental, que é o direito a vida e a propriedade, existe no BR uma ponderação de princípios e não a sobreposição ou hierarquia de princípios.


ID
2592793
Banca
CONSULPLAN
Órgão
Prefeitura de Sabará - MG
Ano
2017
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

                            Dona Valentina e sua dor


      Dona Valentina conseguiu cochilar um pouquinho. O relógio marcava quase cinco da manhã quando ela abriu os olhos. Estava ligeiramente feliz. Sonhou com as goiabeiras de sua casa na roça; ela, menina, correndo de pés no chão e brincando com os irmãos que apanhavam goiabas maduras no pé. Goiabas vermelhas, suculentas, sem bichos. O sonho foi tão real que ela acordou com gostinho de goiaba na boca.

      Fazia um pouco de frio porque chovera à noite, chuvinha fina, boba. Porém, dona Valentina era prevenida: levara na sacola a capa e a sombrinha desmilinguida – mas que ainda serviam. A fila crescera durante a madrugada, e o falatório dos que acordaram cedo, como ela, misturava-se com o ronco de dois ou três que ainda dormiam.

      Fila de hospital até que era divertida – pensava ela. O povo conversava pra passar o tempo; cada um contava suas doenças; falavam sobre médicos e remédios; a conversa esticava, e aí vinham os assuntos de família, casos de filhos, maridos, noras e genros. Valia a distração. Mas ruim mesmo era aquela dor nos quadris. Bastou dona Valentina virar-se na almofada que lhe servia de apoio no muro para a fincada voltar. Ui! De novo!

      Dona Valentina já estava acostumada. Afinal, ela e sua dor nas cadeiras já tinham ido e voltado e esperado e retornado e remarcado naquela fila há quase um ano. O hospital ficava longe; precisava pegar o primeiro ônibus, descer no centro; andar até o ponto do segundo ônibus; viajar mais meia hora nele; e andar mais quatro quarteirões. Por isso, no último mês passou a dormir na fila, era mais fácil e mais barato. Ela e sua dor. A almofada velha ajudava; aprendera a encaixá-la de um jeito sob a coxa e a esticar a perna. Nesta posição meio torta e esquisita, a dor também dormia, dava um alívio.

      O funcionário, sonolento, abriu a porta de vidro; deu um “bom dia” quase inaudível e pediu ordem na calçada:

      – Pessoal, respeitem quem chegou primeiro. A fila é deste lado, vamos lá.

      Não demorou muito, e a mocinha sorridente, de uniforme branco, passou distribuindo as senhas. Todos gostavam dela. Alegre, animada, até cumprimentava alguns pelo nome, de tanta convivência. Dona Valentina recebeu a ficha 03, seria uma das primeiras no atendimento. Quem sabe a coisa resolveria desta vez?

      – Senha número três!

      Dona Valentina ergueu-se da cadeira com a ajuda de um rapaz e caminhou até a sala. O doutor – jovem, simpático – cumprimentou-a e pediu que ela se sentasse. Em seguida, correu os olhos pela ficha, fez algumas perguntas sobre a evolução da dor e os remédios que ela tomava. Daí, preencheu uma nova receita, carimbou e assinou:

      – Olha, dona Valentina, vamos mudar a medicação, essa aqui é mais forte. Mas seu caso é mesmo cirúrgico. O problema é que o hospital não tem condições de fazer a cirurgia de imediato. A senhora sabe: muitos pacientes, falta verba, equipamento, dinheiro curto...

      Ela sentiu um aperto no coração. E um pouco de raiva, raivinha, coisa passageira. Mas o doutor era tão simpático, de olheiras, de uniforme amarrotado, que ela sorriu, decepcionada:

      – Posso marcar meu retorno?

      – Claro, claro, fala com a moça da portaria.

      Dona Valentina e sua dor pegaram os dois ônibus de volta. Pelo menos a chuva havia parado, um sol gostoso aquecia seus ombros através da janela. Fazer o quê? – pensava ela. Esperar mais, claro. Quem sabe um dia os poderosos, os políticos, os engravatados davam um jeito no hospital? E agendavam a cirurgia? E ela se livrava da dor? E poderia brincar com os netos, carregá-los no colo, sem a maldita fincada nas costas?

      De noite, dona Valentina se acomodou no velho sofá esburacado para ver a novela – sua distração favorita que a fazia se esquecer da dor. No intervalo, veio a propaganda: crianças sorrindo, jovens se abraçando, pessoas felizes de todo tipo. A voz poderosa do locutor disse à dona Valentina que tudo ia muito bem, que a vida era boa, que o governo era bonzinho, que trabalhava pelo povo acima de tudo. E que a saúde das pessoas, dos mais pobres, era o mais importante! E que para todo mundo ficar sabendo, o governo preferiu usar a dinheirama nas propagandas em vez de comprar remédios ou equipamentos que faltavam no hospital, por exemplo. Questão de prioridade estratégica da área da Comunicação. O resto poderia esperar – como esperavam, dóceis e conformadas, dona Valentina e sua dor.

(FABBRINI, Fernando. Disponível em: http://www.otempo.com.br/opini%C3%A3o/fernando-fabbrini/dona-valentina-e-sua-dor-1.1412175. Acesso em: 16/12/2016.)

Assinale a alternativa cujo uso do acento grave indicador de crase se justifica pelo mesmo motivo que em “Fazia um pouco de frio porque chovera à noite, chuvinha fina, boba.” (2º§)

Alternativas
Comentários
  • A) Locução adverbial, a crase é necessária. Exemplos: “à noite”, “à tarde”, “à frente”, “à luz”, “á deriva”, etc.

    B) Indicação de horas, crase obrigatória. (Obs.: com a preposição “até”, a crase é facultativa.)

    C) Objeto indireto, presença de preposição “a” e artigo “a”, crase obrigatória.

    D) O mesmo caso da letra C.

  • Na letra C -  Crase antes da palvra DONA SEGUIDO DE NOME PRÓPRIO é proíbida. 

  •  

    A crase é obrigatória nas locuções adverbiais, conjuntivas ou prepositivas, formadas de palavras femininas. ex: à direita, à procura de, à toa,à beira,à vista , à margem, às custas.

     

    (CASSIANO MESSIAS)

     

    GAB- A

  • questão confusa.

    à noite = advérbio de tempo

    às 18h = advérbio de tempo

    à direita = advérbio de lugar

     

    Por que a letra "b" está errada?  não é um advérbio de tempo? e noite também não é um advérbio de tempo?

  • Concordo com a Amanda!!!

  • GAB.A.

  • 6) Em resumo, quanto aos pronomes de tratamento: não há crase antes deles, com exceção de senhora, senhorita dona.

  • Essa questão...não sei não. Também concordo com a Amanda.

  • Questão confusa. Não marquei a letra A porque inicia a oração com crase.

  • CONCORDO PLENAMENTE COM A AMANDA

  • Concordo com o comentário da Amanda.

  • GABARITO: LETRA A

    Tudo o que você precisa para acertar qualquer questão de CRASE:

    I - CASOS PROIBIDOS: (são 15)

    1→ Antes de palavra masculina

    2→ Antes artigo indefinido (Um(ns)/Uma(s))

    3→ Entre expressões c/ palavras repetidas

    4→ Antes de verbos

    5→ Prep. + Palavra plural

    6→ Antes de numeral cardinal (*horas)

    7→ Nome feminino completo

    8→ Antes de Prep. (*Até)

    9→ Em sujeito

    10→ Obj. Direito

    11→ Antes de Dona + Nome próprio (*posse/*figurado)

    12→ Antes pronome pessoal

    13→ Antes pronome de tratamento (*senhora/senhorita/própria/outra)

    14→ Antes pronome indefinido

    15→ Antes Pronome demonstrativo(*Aquele/aquela/aquilo)

    II - CASOS ESPECIAIS: (são7)

    1→ Casa/Terra/Distância – C/ especificador – Crase

    2→ Antes de QUE e DE → qnd “A” = Aquela ou Palavra Feminina

    3→ à qual/ às quais → Consequente → Prep. (a)

    4→ Topônimos (gosto de/da_____)

    a) Feminino – C/ crase

    b) Neutro – S/ Crase

    c) Neutro Especificado – C/ Crase

    5→ Paralelismo

    6→ Mudança de sentido (saiu a(`) francesa)

    7→ Loc. Adverbiais de Instrumento (em geral c/ crase)

    III – CASOS FACULTATIVOS (são 3):

    1→ Pron. Possessivo Feminino Sing. + Ñ subentender/substituir palavra feminina

    2→ Após Até

    3→ Antes de nome feminino s/ especificador

    IV – CASOS OBRIGATÓRIOS (são 5):

    1→ Prep. “A” + Artigo “a”

    2→ Prep. + Aquele/Aquela/Aquilo

    3→ Loc. Adverbiais Feminina

    4→ Antes de horas (pode está subentendida)

    5→ A moda de / A maneira de (pode está subentendida)

    FONTE: Português Descomplicado. Professora Flávia Rita


ID
2592796
Banca
CONSULPLAN
Órgão
Prefeitura de Sabará - MG
Ano
2017
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

                            Dona Valentina e sua dor


      Dona Valentina conseguiu cochilar um pouquinho. O relógio marcava quase cinco da manhã quando ela abriu os olhos. Estava ligeiramente feliz. Sonhou com as goiabeiras de sua casa na roça; ela, menina, correndo de pés no chão e brincando com os irmãos que apanhavam goiabas maduras no pé. Goiabas vermelhas, suculentas, sem bichos. O sonho foi tão real que ela acordou com gostinho de goiaba na boca.

      Fazia um pouco de frio porque chovera à noite, chuvinha fina, boba. Porém, dona Valentina era prevenida: levara na sacola a capa e a sombrinha desmilinguida – mas que ainda serviam. A fila crescera durante a madrugada, e o falatório dos que acordaram cedo, como ela, misturava-se com o ronco de dois ou três que ainda dormiam.

      Fila de hospital até que era divertida – pensava ela. O povo conversava pra passar o tempo; cada um contava suas doenças; falavam sobre médicos e remédios; a conversa esticava, e aí vinham os assuntos de família, casos de filhos, maridos, noras e genros. Valia a distração. Mas ruim mesmo era aquela dor nos quadris. Bastou dona Valentina virar-se na almofada que lhe servia de apoio no muro para a fincada voltar. Ui! De novo!

      Dona Valentina já estava acostumada. Afinal, ela e sua dor nas cadeiras já tinham ido e voltado e esperado e retornado e remarcado naquela fila há quase um ano. O hospital ficava longe; precisava pegar o primeiro ônibus, descer no centro; andar até o ponto do segundo ônibus; viajar mais meia hora nele; e andar mais quatro quarteirões. Por isso, no último mês passou a dormir na fila, era mais fácil e mais barato. Ela e sua dor. A almofada velha ajudava; aprendera a encaixá-la de um jeito sob a coxa e a esticar a perna. Nesta posição meio torta e esquisita, a dor também dormia, dava um alívio.

      O funcionário, sonolento, abriu a porta de vidro; deu um “bom dia” quase inaudível e pediu ordem na calçada:

      – Pessoal, respeitem quem chegou primeiro. A fila é deste lado, vamos lá.

      Não demorou muito, e a mocinha sorridente, de uniforme branco, passou distribuindo as senhas. Todos gostavam dela. Alegre, animada, até cumprimentava alguns pelo nome, de tanta convivência. Dona Valentina recebeu a ficha 03, seria uma das primeiras no atendimento. Quem sabe a coisa resolveria desta vez?

      – Senha número três!

      Dona Valentina ergueu-se da cadeira com a ajuda de um rapaz e caminhou até a sala. O doutor – jovem, simpático – cumprimentou-a e pediu que ela se sentasse. Em seguida, correu os olhos pela ficha, fez algumas perguntas sobre a evolução da dor e os remédios que ela tomava. Daí, preencheu uma nova receita, carimbou e assinou:

      – Olha, dona Valentina, vamos mudar a medicação, essa aqui é mais forte. Mas seu caso é mesmo cirúrgico. O problema é que o hospital não tem condições de fazer a cirurgia de imediato. A senhora sabe: muitos pacientes, falta verba, equipamento, dinheiro curto...

      Ela sentiu um aperto no coração. E um pouco de raiva, raivinha, coisa passageira. Mas o doutor era tão simpático, de olheiras, de uniforme amarrotado, que ela sorriu, decepcionada:

      – Posso marcar meu retorno?

      – Claro, claro, fala com a moça da portaria.

      Dona Valentina e sua dor pegaram os dois ônibus de volta. Pelo menos a chuva havia parado, um sol gostoso aquecia seus ombros através da janela. Fazer o quê? – pensava ela. Esperar mais, claro. Quem sabe um dia os poderosos, os políticos, os engravatados davam um jeito no hospital? E agendavam a cirurgia? E ela se livrava da dor? E poderia brincar com os netos, carregá-los no colo, sem a maldita fincada nas costas?

      De noite, dona Valentina se acomodou no velho sofá esburacado para ver a novela – sua distração favorita que a fazia se esquecer da dor. No intervalo, veio a propaganda: crianças sorrindo, jovens se abraçando, pessoas felizes de todo tipo. A voz poderosa do locutor disse à dona Valentina que tudo ia muito bem, que a vida era boa, que o governo era bonzinho, que trabalhava pelo povo acima de tudo. E que a saúde das pessoas, dos mais pobres, era o mais importante! E que para todo mundo ficar sabendo, o governo preferiu usar a dinheirama nas propagandas em vez de comprar remédios ou equipamentos que faltavam no hospital, por exemplo. Questão de prioridade estratégica da área da Comunicação. O resto poderia esperar – como esperavam, dóceis e conformadas, dona Valentina e sua dor.

(FABBRINI, Fernando. Disponível em: http://www.otempo.com.br/opini%C3%A3o/fernando-fabbrini/dona-valentina-e-sua-dor-1.1412175. Acesso em: 16/12/2016.)

Por isso, no último mês passou a dormir na fila, era mais fácil e mais barato.” (4º§) A expressão sublinhada pode ser substituída, sem alteração de sentido, por:

Alternativas
Comentários
  • Apesar de ter acertado, fiquei em dúvida em relação à alternativa B, segundo a gramática, um dos sentidos do Porquanto é " em consequência de", Outro sentido é o de "por isso". Aí teria a opção B e a D como consequência. Confuso

  • Porquanto dá ideia de causa, não de conclusão.

  • porquanto: Indica o motivo ou causa de algo: porque, pois, visto que, dado que, uma vez que, por causa de, por isso que, posto que, pois que, já que, como, em razão de, em virtude de, em consequência de.

    Por isso... seria uma motivo dela dormir na fila.

    Fiquei na dúvida da letra B e D.

  • Galera, não confundam.

    Por isso e Consequentemente -> Ideia de conclusão

    Porquanto -> ideia de causa

    Gabarito D

  • A) Todavia - Adversativa

    B) Porquanto - Causal

    C) Além disso - Aditivo

    D) Consequentemente - Conclusão

  • fiquei na duvida entre 'além disso' e consequentemente e fui na errada haeuahueuae


ID
2592799
Banca
CONSULPLAN
Órgão
Prefeitura de Sabará - MG
Ano
2017
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

                            Dona Valentina e sua dor


      Dona Valentina conseguiu cochilar um pouquinho. O relógio marcava quase cinco da manhã quando ela abriu os olhos. Estava ligeiramente feliz. Sonhou com as goiabeiras de sua casa na roça; ela, menina, correndo de pés no chão e brincando com os irmãos que apanhavam goiabas maduras no pé. Goiabas vermelhas, suculentas, sem bichos. O sonho foi tão real que ela acordou com gostinho de goiaba na boca.

      Fazia um pouco de frio porque chovera à noite, chuvinha fina, boba. Porém, dona Valentina era prevenida: levara na sacola a capa e a sombrinha desmilinguida – mas que ainda serviam. A fila crescera durante a madrugada, e o falatório dos que acordaram cedo, como ela, misturava-se com o ronco de dois ou três que ainda dormiam.

      Fila de hospital até que era divertida – pensava ela. O povo conversava pra passar o tempo; cada um contava suas doenças; falavam sobre médicos e remédios; a conversa esticava, e aí vinham os assuntos de família, casos de filhos, maridos, noras e genros. Valia a distração. Mas ruim mesmo era aquela dor nos quadris. Bastou dona Valentina virar-se na almofada que lhe servia de apoio no muro para a fincada voltar. Ui! De novo!

      Dona Valentina já estava acostumada. Afinal, ela e sua dor nas cadeiras já tinham ido e voltado e esperado e retornado e remarcado naquela fila há quase um ano. O hospital ficava longe; precisava pegar o primeiro ônibus, descer no centro; andar até o ponto do segundo ônibus; viajar mais meia hora nele; e andar mais quatro quarteirões. Por isso, no último mês passou a dormir na fila, era mais fácil e mais barato. Ela e sua dor. A almofada velha ajudava; aprendera a encaixá-la de um jeito sob a coxa e a esticar a perna. Nesta posição meio torta e esquisita, a dor também dormia, dava um alívio.

      O funcionário, sonolento, abriu a porta de vidro; deu um “bom dia” quase inaudível e pediu ordem na calçada:

      – Pessoal, respeitem quem chegou primeiro. A fila é deste lado, vamos lá.

      Não demorou muito, e a mocinha sorridente, de uniforme branco, passou distribuindo as senhas. Todos gostavam dela. Alegre, animada, até cumprimentava alguns pelo nome, de tanta convivência. Dona Valentina recebeu a ficha 03, seria uma das primeiras no atendimento. Quem sabe a coisa resolveria desta vez?

      – Senha número três!

      Dona Valentina ergueu-se da cadeira com a ajuda de um rapaz e caminhou até a sala. O doutor – jovem, simpático – cumprimentou-a e pediu que ela se sentasse. Em seguida, correu os olhos pela ficha, fez algumas perguntas sobre a evolução da dor e os remédios que ela tomava. Daí, preencheu uma nova receita, carimbou e assinou:

      – Olha, dona Valentina, vamos mudar a medicação, essa aqui é mais forte. Mas seu caso é mesmo cirúrgico. O problema é que o hospital não tem condições de fazer a cirurgia de imediato. A senhora sabe: muitos pacientes, falta verba, equipamento, dinheiro curto...

      Ela sentiu um aperto no coração. E um pouco de raiva, raivinha, coisa passageira. Mas o doutor era tão simpático, de olheiras, de uniforme amarrotado, que ela sorriu, decepcionada:

      – Posso marcar meu retorno?

      – Claro, claro, fala com a moça da portaria.

      Dona Valentina e sua dor pegaram os dois ônibus de volta. Pelo menos a chuva havia parado, um sol gostoso aquecia seus ombros através da janela. Fazer o quê? – pensava ela. Esperar mais, claro. Quem sabe um dia os poderosos, os políticos, os engravatados davam um jeito no hospital? E agendavam a cirurgia? E ela se livrava da dor? E poderia brincar com os netos, carregá-los no colo, sem a maldita fincada nas costas?

      De noite, dona Valentina se acomodou no velho sofá esburacado para ver a novela – sua distração favorita que a fazia se esquecer da dor. No intervalo, veio a propaganda: crianças sorrindo, jovens se abraçando, pessoas felizes de todo tipo. A voz poderosa do locutor disse à dona Valentina que tudo ia muito bem, que a vida era boa, que o governo era bonzinho, que trabalhava pelo povo acima de tudo. E que a saúde das pessoas, dos mais pobres, era o mais importante! E que para todo mundo ficar sabendo, o governo preferiu usar a dinheirama nas propagandas em vez de comprar remédios ou equipamentos que faltavam no hospital, por exemplo. Questão de prioridade estratégica da área da Comunicação. O resto poderia esperar – como esperavam, dóceis e conformadas, dona Valentina e sua dor.

(FABBRINI, Fernando. Disponível em: http://www.otempo.com.br/opini%C3%A3o/fernando-fabbrini/dona-valentina-e-sua-dor-1.1412175. Acesso em: 16/12/2016.)

Afinal, ela e sua dor nas cadeiras já tinham ido e voltado e esperado e retornado e remarcado naquela fila há quase um ano. O hospital ficava longe; precisava pegar o primeiro ônibus, descer no centro; andar até o ponto do segundo ônibus; viajar mais meia hora nele; e andar mais quatro quarteirões.” (4º§) De acordo com a classe de palavras, os termos sublinhados se classificam, respectivamente, como:

Alternativas
Comentários
  • Não entendi a parte de "O" primeiro não ser substantivo se o artigo substantiva a palavra...

  • Alguém poderia falara as palavras que estão sublinhadas, não consigo ver.

  • As palavras sublinhadas são: Afinal,; (...); precisa pegar o primeiro ônibus, (...); viajar mais meia hora nele; (...)

    Afinal; primeiro; mais.

     

     

  • Questão ridícula

  • Questão passível de anulação. No caso acima, o "mais" não é conjunção, mas sim pronome indefinido. O "mais" é conjunção quando desempenha o papel da conjunção "e", como na frase: "Comprei maçãs mais bananas", que equivale a "Comprei maçãs e bananas". Contudo, não é este o caso da oração "viajar mais meia hora nele".

  • Afinal--> Adverbio de Tempo 

    Mais --> Conjunções Coordenativas Aditivas

  • A palavra MAIS pode ser CONJUNÇÃO COORDENADA ADITIVA quando expressa a ideia de ADIÇÃO, sendo, assim, o oposto de MENOS:

    Ex: dez mais (pode ser tocado por "menos") quinze são vinte e cinco.

     

    Será PREPOSIÇÃO quando for no sentido de JUNTO COM:

    Ex: Maria saiu mais (junto com) o irmão.

     

    Será ADVÉRBIO quando trasmitir um sentido de maior intensidade ou quantidade:

    Ex: João é o mais alto da escola.

     

    Será pronome indefinido com o sentido de OS OUTROS:

    Ex: Não falarei nada, os mais (os outros) que falem.

     

    Fonte: https://www.normaculta.com.br/mas-ou-mais/

  • acertei por saber que afina l(apesar de ser palavra denotativa) está fazendo o papel de advérbio deslocado. e o primeiro  está fazendo  o papel de adjunto adnominal (numeral, adjetivos e pronomes) de ônibus, no entanto, mais com i conjunção? que eu saiba é mas sem o i que é conjunção coordenativa adversativa quando ela tiver valor de e pode ser considerada aditiva. 

  • Ranulpho Cesare,

    A questão pediu pra responder MORFOLOGICAMENTE, ou seja, falar no seco a classe q aquelas palavras pertencem.

    Se pedisse sintaticamente, seu raciocínio está certo.

  • Afinal,primeiro,mais são as sublinhadas.

  • meu raciocinio foi o seguinte:

    a questao nao esta pedindo a classificaçao das palavras  no contexto dado,e sim a classe gramatical a qual  cada palavra pertence.

  • Uma dica para saber identificar a classe da palavra é trocá-la por outra palavra da mesma classe, vejamos:
     

    -> Afinal pode ser trocado por finalmente, no final
    O primeiro pode ser trocado por o segundo, o terceiro
    E com relação ao mais, este não é pronome indefinido pelo fato de a expressão subsequente não ser indefinida, tendo em vista que não ha indefinição alguma na expressão mais meia hora

     
  • NÃO CONSIGO VER AS PALAVRAS QUE ESTÃO SUBLINHADAS.

  • Fiquei confusa em relação ao artigo "o". Pra mim, ele substantivou a palavra primeiro.

     

  • daniely varela, tenta usar o google chrome que dá certo.

  • O "primeiro" não pode ser substantivo pois já há o substantivo "ônibus" como núcleo da oração.


    Isso acontece pq os adjetivos, artigos, numerais e pronomes só se tornam substantivos quando eles são o núcleo da oração, e isso só ocorre se não houver um substantivo.


    No caso da oração "precisava pegar o primeiro ônibus", o núcleo já é o substantivo "ônibus", então "primeiro" não se torna um substantivo, ele continua sendo um numeral que indica a posição do ônibus.

  • Italo Augusto Martins Moura, sua colocação está correta, mas, o "mais" na oração é advérbio: "...viajar mais meia hora nele...". Perceba como modifica o termo "meia hora" dando a circunstância de intensidade. Eu acho que a banca errou.

  • Analia,você fez uma analise sintática e a questão pede uma analise morfológica,classes de palavras.

  • Quem fez ANÁLISE SINTÁTICA ERROU. A questão esta pedindo ANÁLISE MORFOLÓGICA

  • Hoje, já, afinal, logo, agora, amanhã, amiúde, antes, ontem, tarde, breve, cedo, depois, enfim, entrementes, ainda, jamais, nunca, sempre, doravante, outrora, primeiramente, imediatamente, antigamente, provisoriamente, sucessivamente, constantemente.

  • Gab. B

    Advérbio, numeral e conjunção.

  • Questão nula, o "mais" sublinhado no texto é advérbio e não uma conjunção.

  • Colocar " mais" como conjunção? Kkk ta osso

  • PRIMEIRO não pode ser advérbio por estar em condição de ser flexionado, troque ônibus por van e fica "pegar a primeira van". tbm não pode ser um substantivo pois está associado ao substantivo ônibus, por ai já resolve que o primeiro é numeral e elimina todas as demais alternativas. gabarito: B

  • Esta questão é sobre classe de palavras e deseja saber a classificação de "Afinal", "primeiro" e "mais".

    Afinal de tempo é advérbio; "primeiro" é numeral ordinal e "mais" é advérbio de intensidade.

    A Advérbio, advérbio e pronome.

    Advérbio: palavra invariável que indica circunstâncias. Modifica um adjetivo, um verbo ou outro advérbio.

    Pronome: palavra variável em gênero, número e pessoa que representa ou acompanha o substantivo, indicando-o como pessoa do discurso ou situando-o no espaço e no tempo.

    B Advérbio, numeral e conjunção.

    Numeral: palavra variável que indica uma quantidade exata de pessoas ou coisas ou o lugar que elas ocupam numa série. Refere-se ao substantivo, dando-lhe ideia de número.

    Conjunção: palavra invariável que une orações ou termos semelhantes (de mesma função sintática)

    C Conjunção, advérbio e preposição.

    Preposição: palavra invariável que une dois termos, subordinando um ao outro.

    As preposições essenciais são: a, ante, após, até, com, contra, de, desde, em, entre, para, per, perante, por, sem, sob, sobre, trás.

    D Conjunção, substantivo e conjunção.

    Substantivo: palavra que usamos para nomear seres, coisas e ideias. Por ser variável, apresenta flexões em gênero, número e grau.

    .

    OBS.: A resposta dada pela banca examinadora foi a letra B, porém, pelo fato de "mais" não ser conjunção, a questão deveria ter sido anulada.

    Gabarito: Letra B

  • Resposta do QC:

    Conjunção: palavra invariável que une orações ou termos semelhantes (de mesma função sintática)

  • A palavra "mais" é advérbio de intensidade. Que banca horrível, esses examinadores não têm nem o 2 grau.

  • Eu fiz poe eliminação, mas não concordo o mais, como conjunção, e sim, como advérbio.


ID
2592802
Banca
CONSULPLAN
Órgão
Prefeitura de Sabará - MG
Ano
2017
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

                            Dona Valentina e sua dor


      Dona Valentina conseguiu cochilar um pouquinho. O relógio marcava quase cinco da manhã quando ela abriu os olhos. Estava ligeiramente feliz. Sonhou com as goiabeiras de sua casa na roça; ela, menina, correndo de pés no chão e brincando com os irmãos que apanhavam goiabas maduras no pé. Goiabas vermelhas, suculentas, sem bichos. O sonho foi tão real que ela acordou com gostinho de goiaba na boca.

      Fazia um pouco de frio porque chovera à noite, chuvinha fina, boba. Porém, dona Valentina era prevenida: levara na sacola a capa e a sombrinha desmilinguida – mas que ainda serviam. A fila crescera durante a madrugada, e o falatório dos que acordaram cedo, como ela, misturava-se com o ronco de dois ou três que ainda dormiam.

      Fila de hospital até que era divertida – pensava ela. O povo conversava pra passar o tempo; cada um contava suas doenças; falavam sobre médicos e remédios; a conversa esticava, e aí vinham os assuntos de família, casos de filhos, maridos, noras e genros. Valia a distração. Mas ruim mesmo era aquela dor nos quadris. Bastou dona Valentina virar-se na almofada que lhe servia de apoio no muro para a fincada voltar. Ui! De novo!

      Dona Valentina já estava acostumada. Afinal, ela e sua dor nas cadeiras já tinham ido e voltado e esperado e retornado e remarcado naquela fila há quase um ano. O hospital ficava longe; precisava pegar o primeiro ônibus, descer no centro; andar até o ponto do segundo ônibus; viajar mais meia hora nele; e andar mais quatro quarteirões. Por isso, no último mês passou a dormir na fila, era mais fácil e mais barato. Ela e sua dor. A almofada velha ajudava; aprendera a encaixá-la de um jeito sob a coxa e a esticar a perna. Nesta posição meio torta e esquisita, a dor também dormia, dava um alívio.

      O funcionário, sonolento, abriu a porta de vidro; deu um “bom dia” quase inaudível e pediu ordem na calçada:

      – Pessoal, respeitem quem chegou primeiro. A fila é deste lado, vamos lá.

      Não demorou muito, e a mocinha sorridente, de uniforme branco, passou distribuindo as senhas. Todos gostavam dela. Alegre, animada, até cumprimentava alguns pelo nome, de tanta convivência. Dona Valentina recebeu a ficha 03, seria uma das primeiras no atendimento. Quem sabe a coisa resolveria desta vez?

      – Senha número três!

      Dona Valentina ergueu-se da cadeira com a ajuda de um rapaz e caminhou até a sala. O doutor – jovem, simpático – cumprimentou-a e pediu que ela se sentasse. Em seguida, correu os olhos pela ficha, fez algumas perguntas sobre a evolução da dor e os remédios que ela tomava. Daí, preencheu uma nova receita, carimbou e assinou:

      – Olha, dona Valentina, vamos mudar a medicação, essa aqui é mais forte. Mas seu caso é mesmo cirúrgico. O problema é que o hospital não tem condições de fazer a cirurgia de imediato. A senhora sabe: muitos pacientes, falta verba, equipamento, dinheiro curto...

      Ela sentiu um aperto no coração. E um pouco de raiva, raivinha, coisa passageira. Mas o doutor era tão simpático, de olheiras, de uniforme amarrotado, que ela sorriu, decepcionada:

      – Posso marcar meu retorno?

      – Claro, claro, fala com a moça da portaria.

      Dona Valentina e sua dor pegaram os dois ônibus de volta. Pelo menos a chuva havia parado, um sol gostoso aquecia seus ombros através da janela. Fazer o quê? – pensava ela. Esperar mais, claro. Quem sabe um dia os poderosos, os políticos, os engravatados davam um jeito no hospital? E agendavam a cirurgia? E ela se livrava da dor? E poderia brincar com os netos, carregá-los no colo, sem a maldita fincada nas costas?

      De noite, dona Valentina se acomodou no velho sofá esburacado para ver a novela – sua distração favorita que a fazia se esquecer da dor. No intervalo, veio a propaganda: crianças sorrindo, jovens se abraçando, pessoas felizes de todo tipo. A voz poderosa do locutor disse à dona Valentina que tudo ia muito bem, que a vida era boa, que o governo era bonzinho, que trabalhava pelo povo acima de tudo. E que a saúde das pessoas, dos mais pobres, era o mais importante! E que para todo mundo ficar sabendo, o governo preferiu usar a dinheirama nas propagandas em vez de comprar remédios ou equipamentos que faltavam no hospital, por exemplo. Questão de prioridade estratégica da área da Comunicação. O resto poderia esperar – como esperavam, dóceis e conformadas, dona Valentina e sua dor.

(FABBRINI, Fernando. Disponível em: http://www.otempo.com.br/opini%C3%A3o/fernando-fabbrini/dona-valentina-e-sua-dor-1.1412175. Acesso em: 16/12/2016.)

Pelo menos a chuva havia parado, um sol gostoso aquecia seus ombros através da janela.” (14º§) O verbo haver está corretamente empregado no trecho anterior. Assinale a alternativa em que seu uso está INCORRETO.

Alternativas
Comentários
  • GABARITO: letra C

     

    Havia muitas pessoas à espera de uma consulta”. Quando o verbo “haver” é verbo impessoal, sem sujeito, sendo sinônimo de “existir”, ele deverá ser conjugado apenas na 3ª pessoa do singular. Nos casos das letras B e D, por exemplo, “haver” não é impessoal.

  • "Os pacientes haviam chegado cedo ao consultório médico" -->> o verbo HAVER, quando for o verbo auxiliar nas locuções verbais, flexiona-se para concordar com o sujeito, MESMO se tiver sentido de tempo decorrido/existir

    OBS: quando o verbo HAVER (impessoal, com sentido de existir) for o verbo principal da uma locução verbal, ele faz com que o verbo auxiliar também fique no singular. EX: "Deve haver aí motivos adicionais, além do desrespeito ao local coletivo."  (Q785563)

  • Verbo haver é impessoal no sentido de "ocorrer" ou "existir".

    A) Haverá mudanças em relação à saúde. (Verbo haver no sentido de "ocorrer", INVARIÁVEL) correta.

    B) Os pacientes houveram do médico a compaixão. ( Verbo haver no sentido de "obter", VARIÁVEL)  correta.

    C) Haviam muitas pessoas à espera de uma consulta. (Verbo haver no sentido de "existir", INVARIÁVEL) errada.

    D) Os pacientes haviam chegado cedo ao consultório médico. (Verbo haver, empregado em tempo composto, será sinônimo de "ter", VARIÁVEL) correta.

     

    "O hábito faz o monge."

  • O Verbo Haver (no sentido de existir, de acontecer ou ocorrer, bem como nas indicações de tempoé impessoal. Assim, como não tem sujeito, é conjugado apenas na 3.ª pessoa do singular.

     

    Exemplos:

    Não generalize!  pessoas muito boas naquele bairro.

    Havia muitos assaltos onde eu vivia.

    Houve acidentes na estrada.

    Havia anos que não vinha me visitar.

     

    Gab- c

     

    "Eu faço da dificuldade a minha motivação. A volta por cima, vem na continuação."

    Charlie Brown Jr

  • C

    Verbo HAVER com valor existencial é impessoal, fica na 3.ª pessoa do singular

  • havia=existia=singular


ID
2592805
Banca
CONSULPLAN
Órgão
Prefeitura de Sabará - MG
Ano
2017
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

                            Dona Valentina e sua dor


      Dona Valentina conseguiu cochilar um pouquinho. O relógio marcava quase cinco da manhã quando ela abriu os olhos. Estava ligeiramente feliz. Sonhou com as goiabeiras de sua casa na roça; ela, menina, correndo de pés no chão e brincando com os irmãos que apanhavam goiabas maduras no pé. Goiabas vermelhas, suculentas, sem bichos. O sonho foi tão real que ela acordou com gostinho de goiaba na boca.

      Fazia um pouco de frio porque chovera à noite, chuvinha fina, boba. Porém, dona Valentina era prevenida: levara na sacola a capa e a sombrinha desmilinguida – mas que ainda serviam. A fila crescera durante a madrugada, e o falatório dos que acordaram cedo, como ela, misturava-se com o ronco de dois ou três que ainda dormiam.

      Fila de hospital até que era divertida – pensava ela. O povo conversava pra passar o tempo; cada um contava suas doenças; falavam sobre médicos e remédios; a conversa esticava, e aí vinham os assuntos de família, casos de filhos, maridos, noras e genros. Valia a distração. Mas ruim mesmo era aquela dor nos quadris. Bastou dona Valentina virar-se na almofada que lhe servia de apoio no muro para a fincada voltar. Ui! De novo!

      Dona Valentina já estava acostumada. Afinal, ela e sua dor nas cadeiras já tinham ido e voltado e esperado e retornado e remarcado naquela fila há quase um ano. O hospital ficava longe; precisava pegar o primeiro ônibus, descer no centro; andar até o ponto do segundo ônibus; viajar mais meia hora nele; e andar mais quatro quarteirões. Por isso, no último mês passou a dormir na fila, era mais fácil e mais barato. Ela e sua dor. A almofada velha ajudava; aprendera a encaixá-la de um jeito sob a coxa e a esticar a perna. Nesta posição meio torta e esquisita, a dor também dormia, dava um alívio.

      O funcionário, sonolento, abriu a porta de vidro; deu um “bom dia” quase inaudível e pediu ordem na calçada:

      – Pessoal, respeitem quem chegou primeiro. A fila é deste lado, vamos lá.

      Não demorou muito, e a mocinha sorridente, de uniforme branco, passou distribuindo as senhas. Todos gostavam dela. Alegre, animada, até cumprimentava alguns pelo nome, de tanta convivência. Dona Valentina recebeu a ficha 03, seria uma das primeiras no atendimento. Quem sabe a coisa resolveria desta vez?

      – Senha número três!

      Dona Valentina ergueu-se da cadeira com a ajuda de um rapaz e caminhou até a sala. O doutor – jovem, simpático – cumprimentou-a e pediu que ela se sentasse. Em seguida, correu os olhos pela ficha, fez algumas perguntas sobre a evolução da dor e os remédios que ela tomava. Daí, preencheu uma nova receita, carimbou e assinou:

      – Olha, dona Valentina, vamos mudar a medicação, essa aqui é mais forte. Mas seu caso é mesmo cirúrgico. O problema é que o hospital não tem condições de fazer a cirurgia de imediato. A senhora sabe: muitos pacientes, falta verba, equipamento, dinheiro curto...

      Ela sentiu um aperto no coração. E um pouco de raiva, raivinha, coisa passageira. Mas o doutor era tão simpático, de olheiras, de uniforme amarrotado, que ela sorriu, decepcionada:

      – Posso marcar meu retorno?

      – Claro, claro, fala com a moça da portaria.

      Dona Valentina e sua dor pegaram os dois ônibus de volta. Pelo menos a chuva havia parado, um sol gostoso aquecia seus ombros através da janela. Fazer o quê? – pensava ela. Esperar mais, claro. Quem sabe um dia os poderosos, os políticos, os engravatados davam um jeito no hospital? E agendavam a cirurgia? E ela se livrava da dor? E poderia brincar com os netos, carregá-los no colo, sem a maldita fincada nas costas?

      De noite, dona Valentina se acomodou no velho sofá esburacado para ver a novela – sua distração favorita que a fazia se esquecer da dor. No intervalo, veio a propaganda: crianças sorrindo, jovens se abraçando, pessoas felizes de todo tipo. A voz poderosa do locutor disse à dona Valentina que tudo ia muito bem, que a vida era boa, que o governo era bonzinho, que trabalhava pelo povo acima de tudo. E que a saúde das pessoas, dos mais pobres, era o mais importante! E que para todo mundo ficar sabendo, o governo preferiu usar a dinheirama nas propagandas em vez de comprar remédios ou equipamentos que faltavam no hospital, por exemplo. Questão de prioridade estratégica da área da Comunicação. O resto poderia esperar – como esperavam, dóceis e conformadas, dona Valentina e sua dor.

(FABBRINI, Fernando. Disponível em: http://www.otempo.com.br/opini%C3%A3o/fernando-fabbrini/dona-valentina-e-sua-dor-1.1412175. Acesso em: 16/12/2016.)

Acerca dos verbos sublinhados a seguir, assinale a alternativa que se DIFERE das demais.

Alternativas
Comentários
  • Que banca mequetrefe, que questão mal elaborada. tem gente pagando para fazer concurso e vocês brincam com o candidato.

     testar conhecimentos não é fazer ele adivinhar o que o examinador ta querendo de fato.

  • alguém para me explicar essa questão:: :::: 
    obrigado 

  • Gab. D

     

    Consegui acertar a questão atentando para o "tempo e o modo" de cada verbo:

     

    a) FAZIA - Pretérito imperfeito - modo indicativo

    b) MARCAVA Pretérito imperfeito - modo indicativo

    c) VINHAMPretérito imperfeito - modo indicativo

    d) ACORDARAM - Pretérito perfeito - modo indicativo

     

     

  • Ranulpho Cesare 

    Mas... a questão é deveras simples. Eu mesmo não li nenhuma alternativa, fui direto pro verbo (uma vez que foi o verbo que o enunciado pediu).

    “Fazia" (não faz mais, passado mal sucedido)

    “marcava" (não marca mais. passado mal sucedido)

    “vinham” (não vem mais, passado mal sucedido)

    "acordaram" (bom... já acordaram, acabou; ou seja, passado bem sucedido. Seria preterito imperfeito (que nem os outros) se aqui fosse "acordavam" (não acordam mais) no lugar de "acordaram")

  • O único problema é que os verbos não estão sublinhados no site. Nada mais.

  • O problema é que não se sabe se a questão quer o tempo e modo verbal, a transitividade ou se é pessoal/impessoal. Enunciado muito vago.

  • Cadê o comentário do professor que nunca aparece nesse site??????

  • Fazia / Marcava / Vinham --> pretérito imperfeito

    Acordaram --> pretérito perfeito. (o pretérito imperfeito de acordar é acordavam)


ID
2592808
Banca
CONSULPLAN
Órgão
Prefeitura de Sabará - MG
Ano
2017
Provas
Disciplina
Noções de Informática
Assuntos

Na ferramenta Microsoft Office Word 2007 (configuração padrão), são recursos disponíveis no grupo Fonte da guia Início, EXCETO:

Alternativas
Comentários
  • Recurso SOMBREAMENTO ----- Guia início > grupo parágrafo.

  • Guia Incio

    > grupo fontes

    negrito (Ctrl + N)

    italico (Ctrl + I)

    sublinhado (Ctrl + S)

    tachado

    Subscrito

    Sobrescrito

    limpar formatação

    Maiúsculo / Minusculo

    Aumentar fonte

    Diminuir fonte


ID
2592811
Banca
CONSULPLAN
Órgão
Prefeitura de Sabará - MG
Ano
2017
Provas
Disciplina
Noções de Informática
Assuntos

Na ferramenta Microsoft Office Excel 2007 (configuração padrão), a função que arredonda um número para baixo até o número inteiro mais próximo denomina-se:

Alternativas
Comentários
  • Letra A

    Função INT. -> Descrição

     

    Arredonda um número para baixo até o número inteiro mais próximo.

     

    =INT(8,9)

    Arredonda 8,9 para baixo = 8

    =INT(-8,9)

    Arredonda -8,9 para baixo = - 9

    Arredondar um número negativo para baixo faz com que ele se distancie do 0.

  • Gabarito A

    Pra quem não sabe, INT significa "Inteiro" - fiquei curioso e fui pesquisar...

    https://ninjadoexcel.com.br/funcao-int-no-excel/

  • =INT (número) - Arredonda um número para baixo até o número inteiro mais próximo.

    Ex:

    =INT(8,9)  - Arredonda 8,9 para baixo -8  

    =INT(-8,9)  - Arredonda -8,9 para baixo. Arredondar um número negativo para baixo faz com que ele se distancie do 0 - -9  

    =A2-INT(A2)  - Retorna a parte decimal de um número real positivo na célula A2 - 0,5 

    LETRA A


ID
2592814
Banca
CONSULPLAN
Órgão
Prefeitura de Sabará - MG
Ano
2017
Provas
Disciplina
Noções de Informática
Assuntos

“Um usuário recebeu um documento de um amigo que foi digitado na ferramenta Microsoft Office Word 2007 (configuração padrão). O documento está com as páginas configuradas na posição ‘retrato’.” Para que o usuário altere a configuração para exibir o documento na posição “paisagem”, ele deverá acionar o botão:

Alternativas
Comentários
  • Na Guia Layout de Página-----> Grupo configurar página------> Orientação [que poderá ser retrato (vertical) ou paisagem (horizontal)]. 

  • Layout de Página -----> Orientação 


ID
2592817
Banca
CONSULPLAN
Órgão
Prefeitura de Sabará - MG
Ano
2017
Provas
Disciplina
Noções de Informática
Assuntos

Na ferramenta Microsoft Office Excel 2007 (configuração padrão), o recurso utilizado para mostrar valores mais precisos exibindo mais casas decimais denomina-se:

Alternativas
Comentários
  • Usando um botão:

    Selecione as células que você deseja formatar.

    Na guia Home, clique em Aumentar Casas Decimais ou em Diminuir Casas Decimais para mostrar mais ou menos dígitos depois da vírgula decimal.

    GABARITO C

  • Gabarito: letra C.

     

    No Excel 2007, ao posicionar o ponteiro do mouse sobre o opção "Aumentar Casas Decimais" é mostrada uma definição: Mostrar valores mais precisos exibindo mais casas decimais.


ID
2592820
Banca
CONSULPLAN
Órgão
Prefeitura de Sabará - MG
Ano
2017
Provas
Disciplina
Noções de Informática
Assuntos

No Sistema Operacional Microsoft Windows 8.1 (configuração padrão), um usuário pressionou as teclas de atalho windows+U. Como resultado desta operação, é correto afirmar que:

Alternativas
Comentários
  • A) Windows + H

    B) Windows + I

    C) Windows + E

    D) Windows + U

     

    (explorador de arquivos = Windows Explorer)

  • Windows + M – Minimiza todas as janelas;

    Windows + L – Bloqueia o computador, indo para a tela de logon;

    Windows + Pause/Break – Exibe as propriedades do sistema;

    Windows + D – Mostra a Área de trabalho;

    Windows + Shift + M – Restaura todas as janelas minimizadas;

    Windows + E – Executa a opção Meu Computador;

    Windows + F – Abre a Pesquisa do Windows;

    Windows + R – Exibe a opção Executar do sistema;

    Windows + U – Abre o Gerenciador de Utilitários;

    Alt + PrtScn – Tira um screenshot apenas da janela ativa;

    Alt + Enter – Exibe as propriedades do arquivo selecionado;

    Alt + Esc – Percorre a janela dos aplicativos em execução na ordem em que eles foram executados;

    F2 – Quando um arquivo estiver selecionado, esse atalho permite renomear o documento;

    F10 – Seleciona os menus do aplicativo ativo;

    F11 – Exibe o Windows Explorer em tela cheia;

  • WinKey MAIS A: abre a Central de ações.

    WinKey MAIS B: deixa ativo o primeiro aplicativo da barra de tarefas.

    WinKey MAIS C: abre a Cortana no modo de escuta.

    WinKey MAIS SHIFT MAIS C: abre o menu de botões.

    WinKey MAIS D (desktop): exibir e ocultar a área de trabalho.

    WinKey MAIS ALT MAIS D: exibe e ocultar data e hora na área de trabalho.

    WinKey MAIS E (explorer): abre o Windows Explorer.

    WinKey MAIS F: abre janela para pesquisar arquivos e pastas.

    WinKey MAIS G: abre a Barra de jogo quando um jogo for aberto.

    WinKey MAIS H: inicia ditado.

    WinKey MAIS I: abre configurações.

    WinKey MAIS J: define o foco para uma dica do Windows quando houver uma disponível.

    WinKey MAIS K: abre a ação rápida Conectar.

    WinKey MAIS L (lock): bloqueia seu computador ou mudar de conta.

    WinKey MAIS M: minimiza todas as janelas.

    WinKey MAIS SHIFT MAIS M: maximiza todas as janelas que foram minimizadas com o WinKey MAIS M.

    WinKey MAIS O: bloqueia a orientação do dispositivo.

    WinKey MAIS P: escolher um modo de exibição da apresentação. Abre janela configuração rápida de projetor.

    WinKey MAIS R (run): abre a ferramenta Executar (prompt de comando).

    WinKey MAIS S: abre a pesquisa.

    WinKey MAIS T: percorrer aplicativos na barra de tarefas.

    WinKey MAIS U: abre a Central de Facilidade de Acesso.

    WinKey MAIS V: percorrer notificações.

    WinKey MAIS SHIFT MAIS V: percorrer notificações na ordem inversa.

    WinKey MAIS X: abre o menu Link Rápido.

    WinKey MAIS Y: alternar entrada entre o Windows Mixed Reality e a área de trabalho.

    WinKey MAIS Z: mostrar os comandos disponíveis em um aplicativo no modo de tela inteira.

    WinKey MAIS F1: abre a Ajuda do Windows.

    WinKey MAIS Pause/Break: abre as Propriedades do Sistema.

    WinKey MAIS Tab: navega entre as janelas abertas com efeito 3D (Flip 3D). Windows 10 (Visão de Tarefas).

    WinKey MAIS seta para baixo MAIS seta para baixo: minimiza janelas.

    WinKey MAIS seta para direita ou seta para esquerda: visualiza duas janelas ao mesmo tempo.

    WinKey MAIS CONTROL MAIS D: cria uma nova área de trabalho virtual.

    WinKey MAIS CONTROL MAIS F4: fecha a área de trabalho virtual que está sendo usada.

    WinKey MAIS CONTROL MAIS seta para direita ou seta para esquerda: alterna entre as áreas de trabalho virtual.

  • Acredito que a letra B esteja correta também. A banca poderia ser mais objetiva nas respostas. Pressionando as teclas correspondentes, é aberta CONFIGURAÇÕES\FACILIDADE DE ACESSO

     

     

  • Gabarito: letra D

    "Tecla do logotipo do Windows (WIN)" + "tecla U" > Abrir a Central de Facilidade de Acesso

    Macete que talvez ajude: Tecla do Windows + tecla U > Abrir a Central de Facilidade de Acesso (AJUDA)

  • No Windows 10

    Wind+U= Configurações.


ID
2592826
Banca
CONSULPLAN
Órgão
Prefeitura de Sabará - MG
Ano
2017
Provas
Disciplina
Matemática
Assuntos

Os 5 professores que trabalham em uma escola de idiomas consomem 10 pincéis a cada 3 meses. Quantos pincéis serão consumidos num período de 6 meses, considerando que a escola contratou mais 3 professores?

Alternativas
Comentários
  • GABARITO: letra B

     

    Os pincéis são diretamente proporcionais às outras grandezas (vermelho x vermelho, azul x azul):

    10 pincéis ———— 5 professores ———— 3 meses

    x pincéis ————– 8 professores ———— 6 meses

     

    15x = 480

    x = 480 / 15

    x = 32 pincéis

     

    (Leitura recomendada: http://www.passeiweb.com/na_ponta_lingua/sala_de_aula/matematica/algebra/grandeza/grandeza_razao_proporcao )

  • ÓTIMA EXPLICAÇÃO DO RENAN.

    REGRA DE 3 COMPOSTA. 

    GAB. B

  • Para quem ainda não entendeu, se resolve em regra de 3 e o problema diretamente proporcional

    10 pincéis ------ 3 meses ------ 5 professores

    x pincéis -------- 6 meses ------ 8 professores (5 + 3 que foi dito)

    10 = 5.3 = 15

    x = 6.8 = 48

    Multiplica cruzado:

    10 = 15

    x = 48

    15x = 48.10

    15x = 480

    480/15

    x= 32

    GAB: B

  • 5p 3m 10p

    8p 6m Xp

    15Xp=480p

    Xp=480/15

    Xp=32

    Gab--->B

  • resolvi da seguinte forma

    5 ----- 10

    8 ------ x

    5x=80

    x=80/5

    x=16

    16+16 (pois são 6 meses)=32


ID
2592829
Banca
CONSULPLAN
Órgão
Prefeitura de Sabará - MG
Ano
2017
Provas
Disciplina
Matemática
Assuntos

O primeiro domingo de um certo ano ímpar caiu no dia 4. A última sexta-feira desse ano caiu no dia:

Alternativas
Comentários
  • Quando um ano (que não seja bissexto) começa por exemplo: na segunda-feira, o ano seguinte inicia no dia da semana seguinte (neste exemplo, terça-feira). 

    Então fiz assim: 

    Se o primeiro domingo de um certo ano caiu no dia 4, este ano iniciou na quinta feira. 
    qui 1 
    sex 2 
    sab 3 
    dom 4 
     
    Então, pela regra, o ano seguinte começou na Sexta. 

    Coloquei o 1 dia na sexta e fui preenchendo para trás (para chegar no mês de dezembro)

    E deu na sexta dia 25. 

    Sex 1
    qui 31
    qua 30 
    ter 29 
    seg 28
    dom 27 
    sab 26 
    sex 25

    Gabarito: A

  • Se o domingo é dia 04, logo o dia primeiro será na quinta-feira: 

    quinta 01-> sexta 02 -> sábado 03-> domingo 04

    sabendo que o ano tem 365 dias, pode-se dividir por 7 (dias da semana) -> 365 /7 = 52 semanas e sobra 1, ou seja são 52 semanas completas. Esse 1 de resto indica que a semana vai se iniciar novamente na quinta-feira, já que conta 7 dias de quinta até a quarta da outra semana. Assim, se um ano começa na quinta, ele também terminará na quinta, ou seja quinta-feira será dia 31. Daí é só retornar até chegarmos na sexta da semana anterior:

    sexta 25 <- sábado 26 <- domingo 27 <- segunda 28 <- terça 29 <- quarta 30 <- quinta 31

    Gabarito: letra A

  • Noção geral: esta sacada fará acertar esta questão de calendário.

    • 365 dias – o ano começa e termina no mesmo dia. Portanto, é bom ter em mente qual foi o dia 1º de janeiro para saber o dia da semana que cairá em 31 de dezembro.

    Primeiro, faça uma contagem regressiva do dia 4 até chegar o dia 1.

    • Domingo (4), sábado (3), sexta (2) e quinta (1);
    • Portanto, o ano começou na quinta-feira e terminará na quinta-feira.

    Segundo, agora é só fazer uma contagem regressiva do mês de dezembro para chegar ao dia pretendido.

    •  Quinta (31), quarta (30), terça (29), segunda (28), domingo (27), sábado (26) e sexta (25).

    Portanto, temos o nosso gabarito que é a letra A


ID
2592835
Banca
CONSULPLAN
Órgão
Prefeitura de Sabará - MG
Ano
2017
Provas
Disciplina
Matemática
Assuntos

Adriana resolveu alguns problemas de química de uma lista composta por problemas de grau de dificuldade I e II. Considere que ela resolveu 8 problemas de grau I e 5 problemas de grau II gastando, para isso, 54 minutos. Em seguida, ela resolveu 6 problemas de grau I e 2 problemas de grau II gastando 30 minutos. Se ainda faltam um exercício de cada tipo para terminar a lista, quantos minutos Adriana gastará para resolver esses dois últimos exercícios?

Alternativas
Comentários
  • So achei 8. se alguem souber. 

  • Só achei 8 também, fazendo uma regra de três bem louca

  • GABARITO: letra B

     

    Essa é uma questão de sistemas de equações.

    x = dificuldade I; y = dificuldade II.

     

    (1) 8x + 5y = 54

    (2) 6x + 2y = 30

     

    É possível fazer por substituição, mas vou usar o método da subtração aqui (equação 1 – equação 2).

    (1) 8x + 5y = 54 (x3) ⇒⇒⇒ (1) 24x + 15y = 162

    (2) 6x + 2y = 30 (x4) ⇒⇒⇒ (2) 24x + 8y = 120

     

    (24x – 24x) + (15y – 8y) = (162 – 120)

    7y = 42

    y = 42 / 7

    y = 6

    Adriana demora 6 minutos para resolver cada questão de dificuldade II.

     

    Agora, basta substituir o y em qualquer uma das equações:

    (2) 6x + (2 * 6) = 30

    (2) 6x + 12 = 30

    (2) 6x = 18

    (2) x = 3

    Adriana demora 3 minutos para resolver cada questão de dificuldade I.

     

    Como temos apenas uma questão de cada tipo sobrando no exercício de Adriana, basta fazer uma soma simples:

    3 + 6 = 9 minutos

     

    (Leitura recomendada 1: http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/matematica/sistema-equacao.htm )

    (Leitura recomendada 2: https://pt.wikihow.com/Resolver-um-Sistema-de-Equa%C3%A7%C3%B5es )

  • (1) 8x +5y=54

    (2) 6x + 2y =30

    multiplico a (1) por -2 e a (2) por 5 pra eliminar y

    (1) -16x -10y = -108

    (2) 30x +10y=150

    fazendo a conta da 1 com a 2: (30x-16x) + (10y - 10y) = (150-108)

    fica: 14x=42 --> x=3

    tenho que o problema de grau I (que chamei de x) demora 3 minutos

    faço a substituição em uma das equações 6*3 + 2y =30 ---> 30-18=2y ---> y=12/2

    y=6 ---> (tenho que o problema de grau II(que chamei de y) demora 6 minutos)

    logo se falta 1 de cada (6+3) faltam 9 minutos


ID
2592838
Banca
CONSULPLAN
Órgão
Prefeitura de Sabará - MG
Ano
2017
Provas
Disciplina
Conhecimentos Gerais
Assuntos

                                       A criança e o exercício de cidadania política

A criança pode e deve exercer sua cidadania política. A política não é exercitada somente na vida pública, participando do processo eleitoral por meio do voto. A cidadania política se exerce 24 horas por dia, nos pequenos atos, na rotina do cotidiano. É tão importante quanto a “grande política”.


São formas das crianças exercerem sua cidadania, EXCETO:

Alternativas
Comentários
  • questão psicodélica...

  • Deus abençoe o Brasil! gab b

  • Questão interpretativa.

  • GAB B Fechar-se em si mesmo para o mundo pode ser uma forma de proteção ai isso não permite, na maioria das vezes, nem se relacionar direito, nem se expressar direito, induz a dificuldades para se autoperdoar e fazer boas conexões.


ID
2592841
Banca
CONSULPLAN
Órgão
Prefeitura de Sabará - MG
Ano
2017
Provas
Disciplina
História e Geografia de Estados e Municípios
Assuntos

O território mineiro apresenta paisagens diferenciadas, seja do ponto de vista natural, seja do modo de ocupação e uso do solo. Às vezes, as pessoas dizem que “Minas são muitas”. Qual o significado dessa expressão?

Alternativas
Comentários
  • D - Por ser a única alternativa que ressalta o aspecto da diversidade de Minas Gerais.


ID
2592847
Banca
CONSULPLAN
Órgão
Prefeitura de Sabará - MG
Ano
2017
Provas
Disciplina
História e Geografia de Estados e Municípios
Assuntos

Belo Horizonte é a cidade-sede e também a capital do estado de Minas Gerais. Na verdade, a cidade de Belo Horizonte foi planejada para ser a capital do estado, sendo inaugurada em 1897. Qual cidade foi capital mineira antes da inauguração de Belo Horizonte?

Alternativas
Comentários
  • Resposta correta seria Vila Rica - MG, antiga Ouro Preto.

  • ouro preto kk


ID
2592853
Banca
CONSULPLAN
Órgão
Prefeitura de Sabará - MG
Ano
2017
Provas
Disciplina
Noções de Informática
Assuntos

Analise as afirmativas sobre a ferramenta Microsoft Office Word 2003 (configuração padrão).


I. A barra de Nome exibe o nome do programa e, às vezes, o nome do documento ativo.

II. O botão de ação é utilizado para exibir um menu com uma lista de opções da janela.

III. A barra de Status é utilizada para exibir informações do documento como a numeração da página.


Está(ão) correta(s) apenas a(s) afirmativa(s)

Alternativas
Comentários
  • PQP, 2003???

  • Letra C

     

    Barra de Título (ou Nome) – Mostra o título do programa e o nome do documento (arquivo) que está aberto atualmente. Pressione o número 0 do teclado numérico para que o Virtual Vision leia essas informações. 

    Barra de Status: Está localizada na margem inferior da tela e mostra informações sobre o documento, tais como o número da página, total de páginas e de palavras no texto, além da página atual. Pressione o número 9 do teclado numérico para confirmar estas informações. 

    O botão de ação serve para abrir opções para escolher os comandos desejados para personalizar a barra de ferramentas. ( Acho que é isso não tenho certeza)

     

    http://www.fundacaobradesco.org.br/vv-apostilas/apostDV_word10_1-1.html

     

  • Ainda tem gente a usa o 2003. KCT. Brasilllllllllll !!!!!!!!!
  • O ano é 2017 (da prova)...

    O office é 2003... o_O

    ࿐༆ Os bons vi sempre passar... (Camões) ༆࿐


ID
2592856
Banca
CONSULPLAN
Órgão
Prefeitura de Sabará - MG
Ano
2017
Provas
Disciplina
Noções de Informática
Assuntos

Na barra de ferramentas do Microsoft Office Word 2003 (configuração padrão), o botão com o ícone de uma folha em branco é utilizado para:

Alternativas
Comentários
  • Letra B

    Criar um novo documento

  • Atalho: Ctrl + O 

  • Em pleno 2017, a banca ainda cobrava questões do Word 2003????

  • O bom é que as teclas de atalho continuam quase todas igual ao Word 2013


ID
2592859
Banca
CONSULPLAN
Órgão
Prefeitura de Sabará - MG
Ano
2017
Provas
Disciplina
Noções de Informática
Assuntos

Um usuário utilizou a ferramenta Microsoft Office Word 2003 (configuração padrão) para digitar um trabalho escolar. Utilizando apenas teclas de atalho, pode-se afirmar que o procedimento para selecionar todo o texto e, em seguida, acionar a janela de impressão é:

Alternativas
Comentários
  • A) Selecionar todo o texto / acionar a janela de impressão;

    B) Abrir um arquivo já existente / acionar a janela de impressão;

    C) Sublinhado / aumentar indentação;

    D) Localizar (localizar e substituir) / aumentar indentação.

     

    Obs.: em qualquer navegador, o atalho para selecionar todo o texto é CTRL+A. Já no Windows Explorer, com esse atalho você seleciona todas as pastas e arquivos da janela atual.

  • GABARITO: LETRA A

    CTRL+ X= RECORTAR

    CTRL+ C= COPIAR

    CTRL + Z= DESFAZER

    CTRL + P= IMPRIMIR

    CTRL +T= SELECIONAR TODO O TEXTO

     

  • CTRL + T -> Seleciona todo o texto
    CTRL + A -> Abrir
    CTRL + S -> Sublinhado
    CTLR + L -> Localizar
    CTRL + M -> Aumentar recuo
    CTRL + P -> Imprimir

    GABARITO -> [A]

  • Ctrl + T = Selecionar Tudo;

     

    Ctrl + P = Print

  • Damn it! Minha primeira reação é sempre recorrer ao Ctrl+A , que é a sequência do windows em inglês.


ID
2592862
Banca
CONSULPLAN
Órgão
Prefeitura de Sabará - MG
Ano
2017
Provas
Disciplina
Noções de Informática
Assuntos

Na ferramenta Microsoft Office Excel 2003 (configuração padrão), o recurso classificar está disponível no menu:

Alternativas
Comentários
  • No excel na guia Dados, no grupo Classificar e filtrar se encontram os recursos: Classificar  e Filtro 

  • GABARITO A

    Guia: DADOS >> Classificar e Filtrar

    ࿐༆ Os bons vi sempre passar... (Camões) ༆࿐


ID
2592865
Banca
CONSULPLAN
Órgão
Prefeitura de Sabará - MG
Ano
2017
Provas
Disciplina
Noções de Informática
Assuntos

Na ferramenta Microsoft Office Excel 2003 (configuração padrão), os parâmetros da função SE são, respectivamente:

Alternativas
Comentários
  • Gab: B

    Se= (teste_lógico / valor_se_verdadeiro / valor_se_falso)

  • qq é isso?!


ID
2592868
Banca
CONSULPLAN
Órgão
Prefeitura de Sabará - MG
Ano
2017
Provas
Disciplina
Administração Financeira e Orçamentária

“Empenho que tem como característica de quando o montante a ser pago for previamente conhecido, mas deve ocorrer parceladamente no decorrer da execução orçamentária, geralmente em cada mês, durante a fluência do exercício.” Esse tipo de empenho, muito comum nos casos de contratos, é do tipo:

Alternativas
Comentários
  • Gabarito A.

     

    Os empenhos podem ser classificados em: 
    - Ordinário: tipo de empenho utilizado para as despesas de valor fixo e previamente determinado, cujo pagamento deva ocorrer de uma só vez; 


    - Estimativo: empenho utilizado para as despesas cujo montante não se pode determinar previamente, tais como serviços de fornecimento de água e energia elétrica, aquisição de combustíveis e lubrificantes e outros; e 


    - Global: empenho utilizado para despesas contratuais ou outras de valor determinado, sujeitas a parcelamento, como, por exemplo, os compromissos decorrentes de aluguéis. 

     

    Fonte: Portal da Transparência


ID
2592871
Banca
CONSULPLAN
Órgão
Prefeitura de Sabará - MG
Ano
2017
Provas
Disciplina
Contabilidade Pública
Assuntos

“A contabilidade pública ou contabilidade governamental é o ramo da ciência contábil que registra, controla e demonstra ____________ e ____________ relativos à administração pública.” Assinale a alternativa que completa correta e sequencialmente a afirmativa anterior.

Alternativas
Comentários
  • GABARITO: A

    Define-se Contabilidade Pública como sendo o ramo da contabilidade que registra, controla e demonstra a execução dos orçamentos, dos atos e fatos da fazenda pública e o patrimônio público e suas variações.


ID
2592874
Banca
CONSULPLAN
Órgão
Prefeitura de Sabará - MG
Ano
2017
Provas
Disciplina
Contabilidade Pública
Assuntos

A contabilidade governamental brasileira distancia-se conceitualmente da contabilidade empresarial, pois seu principal enfoque é o orçamento e sua execução. Um dos principais exemplos deste distanciamento refere-se ao regime contábil adotado na contabilidade pública que é o regime (de)

Alternativas
Comentários
  • Questão passível de nulidade:

    Não citou a Lei 4.320/64, portanto, não há  de se falar em regime misto.

    A Contabilidade Governamental,  como a contabilidade empresarial, o regime adotado é da competência.

  • Aspecto patrimonial: regime de competência

    Aspecto orçamentário: - Regime de caixa: Receitas

                                         - Regime de competência: despesas

  • BANCA CAGOU NESSA QUESTÃO EXAMINADORES PRECISANDO ATUALIZAR - SE  SOBRE  STN / SOF 2007 E 2008  !!!!!!!!! EXECUÇÃO ORÇAMENTÁRIA  DEVE SER PELO PRINCÍPIO DA COMPETÊNCIA APLICADO DE FORMA INTEGRALMENTE!!!!!!!!!!!!!!!

     

     

     

     


ID
2592877
Banca
CONSULPLAN
Órgão
Prefeitura de Sabará - MG
Ano
2017
Provas
Disciplina
Contabilidade Geral
Assuntos

“Regime de escrituração contábil em que as receitas e as despesas são atribuídas aos exercícios de acordo com a real incorrência, isto é, de acordo com a data do fato gerador, e não quando são recebidos ou pagos em dinheiro. Por esse regime toda receita e toda despesa do exercício pertencem ao próprio exercício, embora já empenhadas; uma vez terminada a vigência do orçamento passam para o exercício seguinte, a fim de serem arrecadadas ou pagas, continuando, entretanto, a pertencer ao orçamento que lhes deu origem.” O regime de escrituração contábil, descrito anteriormente, trata-se de:

Alternativas
Comentários
  • Resolução CFC n.º 750/93

     

    Art. 9º O Princípio da Competência determina que os efeitos das transações e outros eventos sejam reconhecidos nos períodos a que se referem, independentemente do recebimento ou pagamento.

     

    Gab. D

  • Pelo Regime de Competência as receitas e despesa serão apropriadas de acordo com o fato gerador, independentemente do efetivo recebimento das receitas ou do pagamento das despesas.

    Assim, correta a alternativa D.

  • Comentários

    Regime de Competência: As receitas e despesa serão apropriadas de acordo com o fato gerador, independentemente do efetivo recebimento das receitas ou do pagamento das despesas.

    Gabarito: “D”

  • e eu que pensava que a Contabilidade era o " MONSTRO NAMAGUIDERÁ"


ID
2592880
Banca
CONSULPLAN
Órgão
Prefeitura de Sabará - MG
Ano
2017
Provas
Disciplina
Contabilidade Pública
Assuntos

“Princípio que determina que os efeitos das transações e outros eventos sejam reconhecidos nos períodos a que se referem, independentemente do recebimento ou pagamento. Tal princípio pressupõe a simultaneidade da confrontação de receitas e de despesas correlatas e tem aplicação integral no setor público nos termos da Lei nº 4.210/64.” Trata-se do seguinte princípio:

Alternativas
Comentários
  • Gabarito: C

     

    Princípio da Competência determina que os efeitos das transações e outros eventos sejam reconhecidos nos períodos a que se referem,independentemente do recebimento ou pagamento. Parágrafo único. OPrincípio da Competência pressupõe a simultaneidade da confrontação de receitas e de despesas correlatas

  • a) Princípio da entidade: autonomia e responsabilidade do patrimônio

    b) Princípio da continuidade: cumprimento da destinação social do patrimônio

    c) Princípio da competência: 

    d) Registro pelo valor original: consensos de mensuração com agentes internos e externos

     

    Fonte: bateria de questões FGV.

  • Princípio da Competência: As receitas e despesas devem ser reconhecidas no momento em que as devidas ocorrem, independente do recebimentos ou pagamento.

  • Quando se trata do reconhecimento de transações independentemente do recebimento ou pagamento, estamos falando do Princípio da Competência.

    Art. 9º O Princípio da Competência determina que os efeitos das transações e outros eventos sejam reconhecidos nos períodos a que se referem, independentemente do recebimento ou pagamento.

    Parágrafo único. O Princípio da Competência pressupõe a simultaneidade da confrontação de receitas e de despesas correlatas.

    Assim, a alternativa correta é a letra C).

    Gabarito: LETRA C

  • Acertei, mas ah !!!???? Lei 4210/64 !!!????

    Aff...Maria


ID
2592883
Banca
CONSULPLAN
Órgão
Prefeitura de Sabará - MG
Ano
2017
Provas
Disciplina
Contabilidade Pública
Assuntos

A despesa orçamentária compreende o conjunto dos créditos ou autorizações consignadas na Lei de Orçamento e se realiza por meio da denominada administração de créditos. A ordem dos estágios que a despesa pública percorre é:

Alternativas
Comentários
  • GABARITO "C"

     

    A despesa pública percorre as seguintes etapas:

    - Planejamento: Fixação da Despesa

    - Execução: Empenho, Liquidação e Pagamento.

     

    Fonte: MCASP 7ª, p.99 e seguintes. Lei 4.302/64, art. 58 e seguintes

  • Em todos os livros de Contabilidade Pública os estágios da despesa pública é nesta ordem: fixação, empenho, liquidação e e pagamento., Por que a resposta considerada como certa É A LETRA b, cuja sequência está invertida?


ID
2592886
Banca
CONSULPLAN
Órgão
Prefeitura de Sabará - MG
Ano
2017
Provas
Disciplina
Contabilidade Pública
Assuntos

De acordo com a Lei nº 4.320/64, a verificação do direito adquirido pelo credor, tendo por base os títulos e os documentos comprobatórios do respectivo crédito, corresponde à seguinte fase da despesa:

Alternativas
Comentários
  • Gabarito "B"

     

    Conforme dispõe o art. 63 da Lei nº 4.320/1964, a liquidação consiste na verificação do direito adquirido pelo credor tendo por base os títulos e documentos comprobatórios do respectivo crédito e tem por objetivo apurar:


    I – a origem e o objeto do que se deve pagar;
    II – a importância exata a pagar;
    III – a quem se deve pagar a importância, para extinguir a obrigação
     


ID
2592889
Banca
CONSULPLAN
Órgão
Prefeitura de Sabará - MG
Ano
2017
Provas
Disciplina
Direito Administrativo
Assuntos

“Modalidade de licitação entre interessados do ramo pertinente ao seu objeto, cadastrados ou não, escolhidos e convidados em número mínimo de três pela unidade administrativa, a qual afixará, em local apropriado, cópia do instrumento convocatório e o estenderá aos demais cadastrados na correspondente especialidade que manifestarem seu interesse com antecedência de até 24 horas da apresentação das propostas.” Trata-se da modalidade de licitação denominada:

Alternativas
Comentários
  • Alternativa A

     

    Art.22 da lei 8666  § 3o  Convite é a modalidade de licitação entre interessados do ramo pertinente ao seu objeto, cadastrados ou não, escolhidos e convidados em número mínimo de 3 (três) pela unidade administrativa, a qual afixará, em local apropriado, cópia do instrumento convocatório e o estenderá aos demais cadastrados na correspondente especialidade que manifestarem seu interesse com antecedência de até 24 (vinte e quatro) horas da apresentação das propostas.

  • Gab. A

     

    Algumas palavras-chave sobre licitação e suas modalidades para a resolução de questões:

     

     

    Convite  →  Com 24 horas de antecêdencia +  Número mínimo de 3  +  Interessados do ramo pertinente

     

     

    Tomada de preços  →  Terceiro dia anterior à data do recebimento das propostas + Interessados devidamente cadastrados

     

     

    Concorrência  →  Habilitação preliminar   Quaisquer interessados.

     

     

    Leilão  →  Quaisquer interessados +  Maior lance ou oferta

     

     

    Concurso  →  Trabalho técnico, científico ou artístico + "prêmio" + antecedência mínima de 45 dias.

     

     

    Pregão (Lei 10.520/2002)  →  Aquisição de bens e serviços comuns + será adotado o critério de menor preço.

     

     

    ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

     

    Confira o meu material gratuito --> https://drive.google.com/drive/folders/1sSk7DGBaen4Bgo-p8cwh_hhINxeKL_UV?usp=sharing

  • Pelas palavras chaves se acerta a questão.

  • LETRA A CORRETA

    LEI 8.666

    ART 22 § 3   Convite é a modalidade de licitação entre interessados do ramo pertinente ao seu objeto, cadastrados ou não, escolhidos e convidados em número mínimo de 3 (três) pela unidade administrativa, a qual afixará, em local apropriado, cópia do instrumento convocatório e o estenderá aos demais cadastrados na correspondente especialidade que manifestarem seu interesse com antecedência de até 24 (vinte e quatro) horas da apresentação das propostas.

  • ConVINTE quatro horas.

  • Eu não sabia os detalhes, mas o enunciado deu a resposta ao dizer CONVIDADOS. Simples!

  • A questão exige conhecimento da Lei de Licitações (Lei 8666/93), em especial das modalidades de licitação nela previstas: concorrência (art. 22, §1º), tomada de preços (art. 22, §2º), convite (art. 22, §3º), concurso (art. 22, §4º), leilão (art. 22, §5º).

    Existem outras modalidades de licitação em outros diplomas, como o “pregão” (art. 1º, da Lei 10520/02), a “consulta” (art. 55, da Lei 9472/97) e o procedimento especial “Regime Diferenciado de Contratação” (RDC), da Lei 12462/11 (considerado uma modalidade de licitação por parte da doutrina), todas com suas particularidades.

    Passamos às alternativas.

    Letra A: correta. Convite é a “modalidade de licitação entre interessados do ramo pertinente ao seu objeto, cadastrados ou não, escolhidos e convidados em número mínimo de 3 (três) pela unidade administrativa, a qual afixará, em local apropriado, cópia do instrumento convocatório e o estenderá aos demais cadastrados na correspondente especialidade que manifestarem seu interesse com antecedência de até 24 (vinte e quatro) horas da apresentação das propostas” (art. 22, §3º, da Lei 8666/93). Exatamente como o comando trouxe. DICA:Convidou? É convite”.

    Letra B: incorreta. Concurso (e não o convite) é a “modalidade de licitação entre quaisquer interessados para escolha de trabalho técnico, científico ou artístico, mediante a instituição de prêmios ou remuneração aos vencedores, conforme critérios constantes de edital publicado na imprensa oficial com antecedência mínima de 45 (quarenta e cinco) dias” (art. 22, §4ª, da Lei 8666/93). DICA: Traz os termos “prêmio” e “remuneração”.

    Letra C: incorreta. Concorrência (e não o convite) é a “modalidade de licitação entre quaisquer interessados que, na fase inicial de habilitação preliminar, comprovem possuir os requisitos mínimos de qualificação exigidos no edital para execução de seu objeto” (art. 22, §1º, da Lei 8666/93). DICA: “quaisquer interessados” + “habilitação preliminar”.

    Letra D: incorreta. Tomada de preços (e não o convite) é a “modalidade de licitação entre interessados devidamente cadastrados ou que atenderem a todas as condições exigidas para cadastramento até o terceiro dia anterior à data do recebimento das propostas, observada a necessária qualificação” (art. 22, §2º, da Lei 8666/93). DICA: Tomada de Preços – “até o Terceiro dia(...)”.

    Gabarito: Letra A.


ID
2592892
Banca
CONSULPLAN
Órgão
Prefeitura de Sabará - MG
Ano
2017
Provas
Disciplina
Direito Administrativo
Assuntos

“Uma chuva torrencial levou uma determinada cidade a decretar estado de calamidade pública. Com a inundação, os deslizamentos e as quedas de barreiras a cidade ficou bastante destruída. O prefeito necessita de agilidade nas ações para reerguer a cidade o mais rápido possível, pois é iminente o risco de doenças.” Nessa situação a licitação se torna:

Alternativas
Comentários
  • Lei 8666 Art. 24.  É dispensável a licitação: 

     

    IV - nos casos de emergência ou de calamidade pública, quando caracterizada urgência de atendimento de situação que possa ocasionar prejuízo ou comprometer a segurança de pessoas, obras, serviços, equipamentos e outros bens, públicos ou particulares, e somente para os bens necessários ao atendimento da situação emergencial ou calamitosa e para as parcelas de obras e serviços que possam ser concluídas no prazo máximo de 180 (cento e oitenta) dias consecutivos e ininterruptos, contados da ocorrência da emergência ou calamidade, vedada a prorrogação dos respectivos contratos;

  • Gabarito Letra D

     

    Art. 24.  É dispensável a licitação:Rol taxtivo/exaustivo)

    IV - nos casos de emergência ou de calamidade pública, quando caracterizada urgência de atendimento de situação que possa ocasionar prejuízo ou comprometer a segurança de pessoas, obras, serviços, equipamentos e outros bens, públicos ou particulares, e somente para os bens necessários ao atendimento da situação emergencial ou calamitosa e para as parcelas de obras e serviços que possam ser concluídas no prazo máximo de 180 (cento e oitenta) dias consecutivos e ininterruptos, contados da ocorrência da emergência ou calamidade, vedada a prorrogação dos respectivos contratos;          

  • Gab D

     

    Licitação DISPENSÁVEL

    - Emergência ou Calamidade Pública

    - Serviço/Obra concluído em 180 dias consecutivos e ininterruptos

    - Vedada prorrogação

     

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  • Bem, dispensável para contratos de até 180 dias…

  • Dispensa de licitação:

    emergência ou calamidade pública

    fruta coloca na dispensa

    tecnologia do país

     

  • Gabarito D)


    O macete é decorar quais são as possibilidades de licitação inexigível:


    1 - Apenas 1 produtor pode fornecer determinado produto + necessária a comprovação

    2 - Profissional do setor artístico, consagrado pela critica ou pela opinião pública


    O que não encaixar nessas duas será a opção dispensável.

  • GABARITO:D

  • Gabarito: D

    Licitação dispensável:

    -nos casos de guerra ou grave perturbação da ordem;

    -nos casos de emergência ou de calamidade pública,

  • Aqui nesta questão espera-se que o aluno assinale a alternativa correta em relação a um caso concreto descrito no enunciado.

    Para resolver esta questão, exigia-se do aluno conhecimento do conteúdo da Lei 8.666/1993.

    Observa-se que apesar de a regra geral que disciplina as contratações públicas possuir como premissa a exigência da realização de licitação para a obtenção de bens e para a execução de serviços e obras, há, na própria Lei de Licitações (Lei. 8.666/93) exceções.

    Na licitação dispensável, rol taxativo presente no art. 24 da Lei 8.666/93, há para o administrador uma faculdade, que poderá realizar o processo licitatório ou não, dependendo das particularidades do caso concreto (ato discricionário).

    A licitação dispensada, rol taxativo presente no art. 17 da Lei 8.666/93, por sua vez, está relacionada às alienações de bens públicos tanto móveis quanto imóveis, não cabendo ao administrador nenhum tipo de juízo de valor, pois há na lei uma imposição (ato vinculado) da contratação direta.

    Por fim, a inexigibilidade de licitação, rol exemplificativo presente no art. 25 da Lei 8.666/93, faz referência aos casos em que o administrador também não tem a faculdade para licitar, porém, aqui o motivo é a ausência de competição em relação ao objeto a ser contratado, condição indispensável para um procedimento licitatório. Tornando, assim, a licitação impossível.

    Agora, vejamos:

    Art. 24. É dispensável a licitação:

    IV - nos casos de emergência ou de calamidade pública, quando caracterizada urgência de atendimento de situação que possa ocasionar prejuízo ou comprometer a segurança de pessoas, obras, serviços, equipamentos e outros bens, públicos ou particulares, e somente para os bens necessários ao atendimento da situação emergencial ou calamitosa e para as parcelas de obras e serviços que possam ser concluídas no prazo máximo de 180 (cento e oitenta) dias consecutivos e ininterruptos, contados da ocorrência da emergência ou calamidade, vedada a prorrogação dos respectivos contratos.

    Assim, como se observa pelo enunciado da questão, trata-se de calamidade pública que exige determinadas providências. Portanto, nessa situação a licitação se torna:

    A.    Inexigível. ERRADO.

    B.    Obrigatória. ERRADO.

    C.   Temporária. ERRADO.

    D.   Dispensável. CERTO.

    Gabarito: ALTERNATIVA D.


ID
2592895
Banca
CONSULPLAN
Órgão
Prefeitura de Sabará - MG
Ano
2017
Provas
Disciplina
Direito Financeiro
Assuntos

“A Constituição Federal definiu que a lei orçamentária anual compreenderá o orçamento fiscal referente aos poderes públicos, seus fundos, órgãos e entidades da administração direta e indireta, inclusive fundações e, ainda, o orçamento de investimentos das empresas e o orçamento de seguridade federal, sendo norteador o princípio que estabelece que todas as receitas e despesas devem estar contidas numa só lei orçamentária. O trecho se refere ao princípio orçamentário da ___________________.” Assinale a alternativa que completa corretamente a afirmativa anterior.

Alternativas
Comentários
  • Gabarito A


    Unidade

    O orçamento deve ser uno, ou seja, deve existir apenas um orçamento para dado exercício financeiro. Dessa forma integrado, é possível obter eficazmente um retrato geral das finanças públicas e, o mais importante, permite-se ao Poder Legislativo o controle racional e direto das operações financeiras de responsabilidade do Executivo.

  • Palavras-chave p/ identificar PRINCÍPIOS 

    a) determina a existência de orçamento único [UNIDADE] para cada um dos entes federados - União, estados, Distrito Federal e municípios - com a finalidade de se evitarem múltiplos orçamentos paralelos da mesma pessoa política. 

    b) delimita o exercício financeiro orçamentário, ou seja, o período de tempo [ANUALIDADE] ao qual a previsão das receitas e a fixação das despesas registradas na Lei Orçamentária Anual se referirão. 

    c) determina, conforme previsto no art. 6° da Lei n° 4.320/1964, que todas as receitas e despesas sejam registradas na Lei Orçamentária Anual pelo valor total e bruto,[ORÇAMENTO BRUTO] vedadas quaisquer deduções. 

    d) estabelece que a Lei Orçamentária Anual não conterá dispositivo estranho [EXCLUSIVIDADE] à previsão da receita e à fixação da despesa, mas ressalvam-se dessa proibição a autorização para abertura de crédito suplementar e a contratação de operações de crédito, nos termos da lei.

    e) determina que a Lei Orçamentária Anual de cada ente federado deverá conter todas as receitas e despesas [UNIVERSALIDADE] de todos os poderes, órgãos, entidades, fundos e fundações instituídos e mantidos pelo Poder Público.

    fonte: comentários do QC

  • ✿ PRINCÍPIO DA UNIDADE E DA TOTALIDADE

    Segundo o princípio da unidade, o orçamento deve ser uno, isto é, deve existir apenas um orçamento, e não mais que um para cada ente da Federação em cada exercício financeiro. Objetiva eliminar a existência de orçamentos paralelos e permite ao Poder Legislativo o controle racional e direto das operações financeiras de responsabilidade do Executivo.

    Também está consagrado na Lei 4.320/1964:

    Art. 2º A Lei do Orçamento conterá a discriminação da receita e despesa de forma a evidenciar a política econômica financeira e o programa de trabalho do Governo, obedecidos os princípios de unidade, universalidade e anualidade.

    Vale ressaltar que, apesar de ter previsão legal desde a Lei 4.320/1964, o princípio da unidade foi efetivamente colocado em prática somente com a CF/1988. Antes disso, havia diversas peças orçamentárias não consolidadas, como o orçamento monetário, o qual sequer passava pela aprovação legislativa.

    ▪ Unidade: O orçamento deve ser uno, isto é, deve existir apenas um orçamento, e não mais que um para cada ente da federação em cada exercício financeiro.

    ▪ Totalidade: há coexistência de múltiplos orçamentos que, entretanto, devem sofrer consolidação.

    Fonte: Prof. Sérgio Mendes – Estratégia Concursos

  • Nessa questão, a dúvida é entre a alternativa A e a alternativa D.

    Marcamos a alternativa D porque, de acordo com o princípio da universalidade, a LOA de cada ente federado deverá conter todas as receitas e despesas de todos os poderes, órgãos, entidades, fundos e fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público?

    Ou marcamos a alternativa A porque o princípio da unidade determina existência de orçamento único para cada um dos entes federados – União, estados, Distrito Federal e municípios –com a finalidade de se evitarem múltiplos orçamentos paralelos dentro da mesma pessoa política?

    O que prevalece aqui, meu querido aluno, minha querida aluna, é o princípio da unidade. Você tem que entender o “espírito” da questão.

    Repare neste trecho: “sendo norteador o princípio que estabelece que todas as receitas e despesas devem estar contidas numa só lei orçamentária”. Sim, ele fala em todas as receitas e despesas. Mas, mais importante do que isso, o trecho fala que todas essas receitas e despesas devem estar contidas numa só lei orçamentária.

    Por isso que o nosso gabarito é mesmo a alternativa A.

    Gabarito: A