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Prova FUNCAB - 2015 - Faceli - Professor - Língua Portuguesa


ID
1774711
Banca
FUNCAB
Órgão
Faceli
Ano
2015
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

                             As intermitências da morte

                                          (Fragmento) 

      A morte conhece tudo a nosso respeito, e talvez por isso seja triste. Se é certo que nunca sorri, é só porque lhe faltam os lábios, e esta lição anatômica nos diz que, ao contrário do que os vivos julgam, o sorriso não é uma questão de dentes. Há quem diga, com humor menos macabro que de mau gosto, que ela leva afivelada uma espécie de sorriso permanente, mas isso não é verdade, o que ela traz à vista é um esgar de sofrimento, porque a recordação do tempo em que tinha boca, e a boca língua, e a língua saliva, a persegue continuamente. Com um breve suspiro, puxou para si uma folha de papel e começou a escrever a primeira carta deste dia, Cara senhora, lamento comunicar-lhe que a sua vida terminará no prazo irrevogável e improrrogável de uma semana, desejo-lhe que aproveite o melhor que puder o tempo que lhe resta, sua atenta servidora, morte. Duzentas e noventa e oito folhas, duzentos e noventa e oito sobrescritos, duzentas e noventa e oito descargas na lista, não se poderá dizer que um trabalho destes seja de matar, mas a verdade é que a morte chegou ao fim exausta. Com o gesto da mão direita que já lhe conhecemos fez desaparecer as duzentas e noventa e oito cartas, depois, cruzando sobre a mesa os magros braços, deixou descair a cabeça sobre eles, não para dormir, porque morte não dorme, mas para descansar. Quando meia hora mais tarde, já refeita da fadiga, a levantou, a carta que havia sido devolvida à procedência e outra vez enviada, estava novamente ali, diante das suas órbitas atônitas.

      Se a morte havia sonhado com a esperança de alguma surpresa que a viesse distrair dos aborrecimentos da rotina, estava servida. [...] Entre ir e vir, a carta não havia demorado mais que meia hora, provavelmente muito menos, dado que já se encontrava em cima da mesa quando a morte levantou a cabeça do duro amparo dos antebraços, isto é, do cúbito e do rádio, que para isso mesmo é que são entrelaçados. Uma força alheia, misteriosa, incompreensível, parecia opor-se à morte da pessoa, apesar de a data da sua defunção estar fixada, como para toda a gente, desde o próprio dia do nascimento. É impossível, disse a morte à gadanha silenciosa, ninguém no mundo ou fora dele teve alguma vez mais poder do que eu. eu sou a morte, o resto é nada.

SARAMAGO, José. As intermitências da morte. São Paulo: Companhia das Letras, 2005. p. 139-40.

“A morte conhece tudo a nosso respeito, e talvez por ISSO seja triste."

O uso da forma destacada do demonstrativo, no contexto, se justifica porque: 

Alternativas
Comentários
  • Letra C.

     

    Comentário:

     

    O pronome demonstrativo “isso” é empregado como recurso anafórico e retoma a informação da oração “A morte conhece

    tudo a nosso respeito”.

     

    Assim, a alternativa (C) é a correta.

     

    As alternativas (A) e (B) estão erradas, porque os referentes estão no texto, e não fora dele.

     

    A alternativa (D) está errada, porque não houve repetição da palavra.

     

    A alternativa (E) está errada, pois houve retomada de informação e não a sua apresentação posterior.

     

     

    Gabarito: C

    Prof. Décio Terror


ID
1774741
Banca
FUNCAB
Órgão
Faceli
Ano
2015
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

                             As intermitências da morte

                                          (Fragmento) 

      A morte conhece tudo a nosso respeito, e talvez por isso seja triste. Se é certo que nunca sorri, é só porque lhe faltam os lábios, e esta lição anatômica nos diz que, ao contrário do que os vivos julgam, o sorriso não é uma questão de dentes. Há quem diga, com humor menos macabro que de mau gosto, que ela leva afivelada uma espécie de sorriso permanente, mas isso não é verdade, o que ela traz à vista é um esgar de sofrimento, porque a recordação do tempo em que tinha boca, e a boca língua, e a língua saliva, a persegue continuamente. Com um breve suspiro, puxou para si uma folha de papel e começou a escrever a primeira carta deste dia, Cara senhora, lamento comunicar-lhe que a sua vida terminará no prazo irrevogável e improrrogável de uma semana, desejo-lhe que aproveite o melhor que puder o tempo que lhe resta, sua atenta servidora, morte. Duzentas e noventa e oito folhas, duzentos e noventa e oito sobrescritos, duzentas e noventa e oito descargas na lista, não se poderá dizer que um trabalho destes seja de matar, mas a verdade é que a morte chegou ao fim exausta. Com o gesto da mão direita que já lhe conhecemos fez desaparecer as duzentas e noventa e oito cartas, depois, cruzando sobre a mesa os magros braços, deixou descair a cabeça sobre eles, não para dormir, porque morte não dorme, mas para descansar. Quando meia hora mais tarde, já refeita da fadiga, a levantou, a carta que havia sido devolvida à procedência e outra vez enviada, estava novamente ali, diante das suas órbitas atônitas.

      Se a morte havia sonhado com a esperança de alguma surpresa que a viesse distrair dos aborrecimentos da rotina, estava servida. [...] Entre ir e vir, a carta não havia demorado mais que meia hora, provavelmente muito menos, dado que já se encontrava em cima da mesa quando a morte levantou a cabeça do duro amparo dos antebraços, isto é, do cúbito e do rádio, que para isso mesmo é que são entrelaçados. Uma força alheia, misteriosa, incompreensível, parecia opor-se à morte da pessoa, apesar de a data da sua defunção estar fixada, como para toda a gente, desde o próprio dia do nascimento. É impossível, disse a morte à gadanha silenciosa, ninguém no mundo ou fora dele teve alguma vez mais poder do que eu. eu sou a morte, o resto é nada.

SARAMAGO, José. As intermitências da morte. São Paulo: Companhia das Letras, 2005. p. 139-40.

Na evolução do texto, notam-se alguns problemas no emprego normativo da língua que podem interferir na compreensão segura do que se pretende comunicar. Um dos problemas encontrados é:

Alternativas
Comentários
  • Letra C

    Penúltima linha do último parágrafo.

    ...poder do que eu. eu sou a morte, o resto é nada.

  • Complementando o clolega Bruno Ferreira,

    ..... carta deste dia, Cara senhora, lamento comunicar-lhe.....

     

    Alternativa: letra C

  • até deu pra entender o que a banca quis, mas falar que o emprego incorreto de maiúsculas e minúsculas interfere na comunicação do texto é um exagero.

  • Interferir  na compreensão é forçar a barra demais

  • Bem sutil. Quase não percebi.

  • Aquela questão para perder tempo na prova


  • A) uso ineficiente do sinal indicativo da crase.: "que ela traz (VTDI) à vista(palavra feminina) é um esgar de sofrimento"- ok

    B) falta de concordância adequada: "Se é certo que nunca sorri, é só porque lhe faltam os lábios,"- ok

    C) uso inadequado de minúscula e maiúscula: "sua atenta servidora, morte" A morte assina a carta- nome- letra maiúscula

    D) seleção de vocábulo inadequado: texto formal

    E) mau emprego das formas verbais: se há concordância, não há mal emprego das formas verbais.

  • Gabarito C! mas a banca exagerou em dizer que podem interferir na compreensão segura, haha!

    [...] de papel e começou a escrever a primeira carta deste dia, Cara senhora, lamento comunicar-lhe que a sua vida terminará.

    [...] ou fora dele teve alguma vez mais poder do que eu. eu sou a morte, o resto é nada. 

  •  escrever a primeira carta deste dia, Cara 

    GABARITO = C ( DA MEDO DE MARCA)

    PM/SC


ID
1774777
Banca
FUNCAB
Órgão
Faceli
Ano
2015
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

                    A língua que somos, a língua que podemos ser

                                             (Eliane Brum)

      A alemã Anja Saile é agente literária de autores de língua portuguesa há mais de uma década. Não é um trabalho muito fácil. Com vários brasileiros no catálogo, ela depara-se com frequência com a mesma resposta de editores europeus, variando apenas na forma. O discurso da negativa poderia ser resumido nesta frase: “O livro é bom, mas não é suficientemente brasileiro". O que seria “suficientemente brasileiro"? 

      Anja (pronuncia-se “Ânia") aprendeu a falar a língua durante os anos em que viveu em Portugal (e é impressionante como fala bem e escreve com correção). Quando vem ao Brasil, acaba caminhando demais porque o tamanho de São Paulo sempre a surpreende e ela suspira de saudades da bicicleta que a espera em Berlim. Anja assim interpreta a demanda: “O Brasil é interessante quando corresponde aos clichês europeus. É a Europa que define como a cultura dos outros países deve ser para ser interessante para ela. É muito irritante. As editoras europeias nunca teriam essas exigências em relação aos autores americanos, nunca".

      Anja refere-se ao fato de que os escritores americanos conquistaram o direito de ser universais para a velha Europa e seu ranço colonizador― já dos brasileiros exige-se uma espécie de selo de autenticidade que seria dado pela “temática brasileira". Como se sabe, não estamos sós nessa xaropada. O desabafo de Anja, que nos vê de fora e de dentro, ao mesmo tempo, me remeteu a uma intervenção sobre a língua feita pelo escritor moçambicano Mia Couto, na Conferência Internacional de Literatura, em Estocolmo, na Suécia. Ele disse: 

       — A África tem sido sujeita a sucessivos processos de essencialização e folclorização, e muito daquilo que se proclama como autenticamente africano resulta de invenções feitas fora do continente. Os escritores africanos sofreram durante décadas a chamada prova de autenticidade: pedia-se que seus textos traduzissem aquilo que se entendia como sua verdadeira etnicidade. Os jovens autores africanos estão se libertando da “africanidade". Eles são o que são sem que se necessite de proclamação. Os escritores africanos desejam ser tão universais como qualquer outro escritor do mundo. (...) Há tantas Áfricas quanto escritores, e todos eles estão reinventando continentes dentro de si mesmos.

[...]

       — O mesmo processo que empobreceu o meu continente está, afinal, castrando a nossa condição comum e universal de contadores de histórias. (...) O que fez a espécie humana sobreviver não foi apenas a inteligência, mas a nossa capacidade de produzir diversidade. Essa diversidade está sendo negada nos dias de hoje por um sistema que escolhe apenas por razões de lucro e facilidade de sucesso. Os autores africanos que não escrevem em inglês – e em especial os que escrevem em língua portuguesa – moram na periferia da periferia, lá onde a palavra tem de lutar para não ser silêncio.

[...] 

        Talvez os indígenas sejam a melhor forma de ilustrar essa miopia, forjada às vezes por ignorância, em outras por interesses econômicos localizados em suas terras. Parte da população e, o que é mais chocante, dos governantes, espera que os indígenas – todos eles – se comportem como aquilo que acredita ser um índio. Portanto, com todos os clichês do gênero. Neste caso, para muitos os índios não seriam “suficientemente índios" para merecer um lugar e para serem escutados como alguém que tem algo a dizer.

       Outra parte, que também inclui gente que está no poder em todas as instâncias, do executivo ao judiciário, finge que os indígenas não existem. Finge tanto que quase acredita. Como não conhecem e, pior que isso, nem mesmo percebem que é preciso conhecer, porque para isso seria necessário não só honestidade como inteligência, a extinção progressiva só confirmaria uma ausência que já construíram dentro de si.

[...] 

Disponível em: <http://revistaepoca.globo.com/Sociedade/ eliane-brum/noticia/2012/01/lingua-que-somos-lingua-que-podemos-ser.html>

Sobre o registro linguístico presente no texto, é lícito dizer que se utiliza, basicamente, linguagem:

Alternativas
Comentários
  • Gabarito está D.

     

    Linguagem culta e linguagem padrão são coisas distintas?

  • A norma gramatical é aquela relacionada à gramática normativa: só o que está de acordo com ela é correto. Porém ela incorpora muitas regras que não são usadas cotidianamente.

    A norma- padrão, por sua vez, está vinculada a uma língua modelo. Segue prescrições representadas na gramática, mas é marcada pela língua produzida em certo momento da história e em uma determinada sociedade.

    Como a língua está em constante mudança, diferentes formas de linguagem que hoje não são consideradas pela norma-padrão, com o tempo, podem vir a se legitimar. Por fim, a norma culta é a que resulta da prática da língua em um meio social considerado culto - tomando-se como base pessoas de nível superior completo e moradoras de centros urbanos.


ID
1774780
Banca
FUNCAB
Órgão
Faceli
Ano
2015
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

                    A língua que somos, a língua que podemos ser

                                             (Eliane Brum)

      A alemã Anja Saile é agente literária de autores de língua portuguesa há mais de uma década. Não é um trabalho muito fácil. Com vários brasileiros no catálogo, ela depara-se com frequência com a mesma resposta de editores europeus, variando apenas na forma. O discurso da negativa poderia ser resumido nesta frase: “O livro é bom, mas não é suficientemente brasileiro". O que seria “suficientemente brasileiro"? 

      Anja (pronuncia-se “Ânia") aprendeu a falar a língua durante os anos em que viveu em Portugal (e é impressionante como fala bem e escreve com correção). Quando vem ao Brasil, acaba caminhando demais porque o tamanho de São Paulo sempre a surpreende e ela suspira de saudades da bicicleta que a espera em Berlim. Anja assim interpreta a demanda: “O Brasil é interessante quando corresponde aos clichês europeus. É a Europa que define como a cultura dos outros países deve ser para ser interessante para ela. É muito irritante. As editoras europeias nunca teriam essas exigências em relação aos autores americanos, nunca".

      Anja refere-se ao fato de que os escritores americanos conquistaram o direito de ser universais para a velha Europa e seu ranço colonizador― já dos brasileiros exige-se uma espécie de selo de autenticidade que seria dado pela “temática brasileira". Como se sabe, não estamos sós nessa xaropada. O desabafo de Anja, que nos vê de fora e de dentro, ao mesmo tempo, me remeteu a uma intervenção sobre a língua feita pelo escritor moçambicano Mia Couto, na Conferência Internacional de Literatura, em Estocolmo, na Suécia. Ele disse: 

       — A África tem sido sujeita a sucessivos processos de essencialização e folclorização, e muito daquilo que se proclama como autenticamente africano resulta de invenções feitas fora do continente. Os escritores africanos sofreram durante décadas a chamada prova de autenticidade: pedia-se que seus textos traduzissem aquilo que se entendia como sua verdadeira etnicidade. Os jovens autores africanos estão se libertando da “africanidade". Eles são o que são sem que se necessite de proclamação. Os escritores africanos desejam ser tão universais como qualquer outro escritor do mundo. (...) Há tantas Áfricas quanto escritores, e todos eles estão reinventando continentes dentro de si mesmos.

[...]

       — O mesmo processo que empobreceu o meu continente está, afinal, castrando a nossa condição comum e universal de contadores de histórias. (...) O que fez a espécie humana sobreviver não foi apenas a inteligência, mas a nossa capacidade de produzir diversidade. Essa diversidade está sendo negada nos dias de hoje por um sistema que escolhe apenas por razões de lucro e facilidade de sucesso. Os autores africanos que não escrevem em inglês – e em especial os que escrevem em língua portuguesa – moram na periferia da periferia, lá onde a palavra tem de lutar para não ser silêncio.

[...] 

        Talvez os indígenas sejam a melhor forma de ilustrar essa miopia, forjada às vezes por ignorância, em outras por interesses econômicos localizados em suas terras. Parte da população e, o que é mais chocante, dos governantes, espera que os indígenas – todos eles – se comportem como aquilo que acredita ser um índio. Portanto, com todos os clichês do gênero. Neste caso, para muitos os índios não seriam “suficientemente índios" para merecer um lugar e para serem escutados como alguém que tem algo a dizer.

       Outra parte, que também inclui gente que está no poder em todas as instâncias, do executivo ao judiciário, finge que os indígenas não existem. Finge tanto que quase acredita. Como não conhecem e, pior que isso, nem mesmo percebem que é preciso conhecer, porque para isso seria necessário não só honestidade como inteligência, a extinção progressiva só confirmaria uma ausência que já construíram dentro de si.

[...] 

Disponível em: <http://revistaepoca.globo.com/Sociedade/ eliane-brum/noticia/2012/01/lingua-que-somos-lingua-que-podemos-ser.html>

A palavra “xaropada", utilizada no terceiro parágrafo, corresponde, em relação ao restante do texto, a um(a):

Alternativas

ID
1774783
Banca
FUNCAB
Órgão
Faceli
Ano
2015
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

                    A língua que somos, a língua que podemos ser

                                             (Eliane Brum)

      A alemã Anja Saile é agente literária de autores de língua portuguesa há mais de uma década. Não é um trabalho muito fácil. Com vários brasileiros no catálogo, ela depara-se com frequência com a mesma resposta de editores europeus, variando apenas na forma. O discurso da negativa poderia ser resumido nesta frase: “O livro é bom, mas não é suficientemente brasileiro". O que seria “suficientemente brasileiro"? 

      Anja (pronuncia-se “Ânia") aprendeu a falar a língua durante os anos em que viveu em Portugal (e é impressionante como fala bem e escreve com correção). Quando vem ao Brasil, acaba caminhando demais porque o tamanho de São Paulo sempre a surpreende e ela suspira de saudades da bicicleta que a espera em Berlim. Anja assim interpreta a demanda: “O Brasil é interessante quando corresponde aos clichês europeus. É a Europa que define como a cultura dos outros países deve ser para ser interessante para ela. É muito irritante. As editoras europeias nunca teriam essas exigências em relação aos autores americanos, nunca".

      Anja refere-se ao fato de que os escritores americanos conquistaram o direito de ser universais para a velha Europa e seu ranço colonizador― já dos brasileiros exige-se uma espécie de selo de autenticidade que seria dado pela “temática brasileira". Como se sabe, não estamos sós nessa xaropada. O desabafo de Anja, que nos vê de fora e de dentro, ao mesmo tempo, me remeteu a uma intervenção sobre a língua feita pelo escritor moçambicano Mia Couto, na Conferência Internacional de Literatura, em Estocolmo, na Suécia. Ele disse: 

       — A África tem sido sujeita a sucessivos processos de essencialização e folclorização, e muito daquilo que se proclama como autenticamente africano resulta de invenções feitas fora do continente. Os escritores africanos sofreram durante décadas a chamada prova de autenticidade: pedia-se que seus textos traduzissem aquilo que se entendia como sua verdadeira etnicidade. Os jovens autores africanos estão se libertando da “africanidade". Eles são o que são sem que se necessite de proclamação. Os escritores africanos desejam ser tão universais como qualquer outro escritor do mundo. (...) Há tantas Áfricas quanto escritores, e todos eles estão reinventando continentes dentro de si mesmos.

[...]

       — O mesmo processo que empobreceu o meu continente está, afinal, castrando a nossa condição comum e universal de contadores de histórias. (...) O que fez a espécie humana sobreviver não foi apenas a inteligência, mas a nossa capacidade de produzir diversidade. Essa diversidade está sendo negada nos dias de hoje por um sistema que escolhe apenas por razões de lucro e facilidade de sucesso. Os autores africanos que não escrevem em inglês – e em especial os que escrevem em língua portuguesa – moram na periferia da periferia, lá onde a palavra tem de lutar para não ser silêncio.

[...] 

        Talvez os indígenas sejam a melhor forma de ilustrar essa miopia, forjada às vezes por ignorância, em outras por interesses econômicos localizados em suas terras. Parte da população e, o que é mais chocante, dos governantes, espera que os indígenas – todos eles – se comportem como aquilo que acredita ser um índio. Portanto, com todos os clichês do gênero. Neste caso, para muitos os índios não seriam “suficientemente índios" para merecer um lugar e para serem escutados como alguém que tem algo a dizer.

       Outra parte, que também inclui gente que está no poder em todas as instâncias, do executivo ao judiciário, finge que os indígenas não existem. Finge tanto que quase acredita. Como não conhecem e, pior que isso, nem mesmo percebem que é preciso conhecer, porque para isso seria necessário não só honestidade como inteligência, a extinção progressiva só confirmaria uma ausência que já construíram dentro de si.

[...] 

Disponível em: <http://revistaepoca.globo.com/Sociedade/ eliane-brum/noticia/2012/01/lingua-que-somos-lingua-que-podemos-ser.html>

No texto, a palavra AFRICANIDADE assume sentido:

Alternativas
Comentários
  • Gab: B Negativo, como marca de estereotipação
  • Veja que a questão introduz o item com “segundo um observador da época” e de fato naquele tempo esse era o entendimento.

  • Veja que a questão introduz o item com “segundo um observador da época” e de fato naquele tempo esse era o entendimento.


ID
1774786
Banca
FUNCAB
Órgão
Faceli
Ano
2015
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

                    A língua que somos, a língua que podemos ser

                                             (Eliane Brum)

      A alemã Anja Saile é agente literária de autores de língua portuguesa há mais de uma década. Não é um trabalho muito fácil. Com vários brasileiros no catálogo, ela depara-se com frequência com a mesma resposta de editores europeus, variando apenas na forma. O discurso da negativa poderia ser resumido nesta frase: “O livro é bom, mas não é suficientemente brasileiro". O que seria “suficientemente brasileiro"? 

      Anja (pronuncia-se “Ânia") aprendeu a falar a língua durante os anos em que viveu em Portugal (e é impressionante como fala bem e escreve com correção). Quando vem ao Brasil, acaba caminhando demais porque o tamanho de São Paulo sempre a surpreende e ela suspira de saudades da bicicleta que a espera em Berlim. Anja assim interpreta a demanda: “O Brasil é interessante quando corresponde aos clichês europeus. É a Europa que define como a cultura dos outros países deve ser para ser interessante para ela. É muito irritante. As editoras europeias nunca teriam essas exigências em relação aos autores americanos, nunca".

      Anja refere-se ao fato de que os escritores americanos conquistaram o direito de ser universais para a velha Europa e seu ranço colonizador― já dos brasileiros exige-se uma espécie de selo de autenticidade que seria dado pela “temática brasileira". Como se sabe, não estamos sós nessa xaropada. O desabafo de Anja, que nos vê de fora e de dentro, ao mesmo tempo, me remeteu a uma intervenção sobre a língua feita pelo escritor moçambicano Mia Couto, na Conferência Internacional de Literatura, em Estocolmo, na Suécia. Ele disse: 

       — A África tem sido sujeita a sucessivos processos de essencialização e folclorização, e muito daquilo que se proclama como autenticamente africano resulta de invenções feitas fora do continente. Os escritores africanos sofreram durante décadas a chamada prova de autenticidade: pedia-se que seus textos traduzissem aquilo que se entendia como sua verdadeira etnicidade. Os jovens autores africanos estão se libertando da “africanidade". Eles são o que são sem que se necessite de proclamação. Os escritores africanos desejam ser tão universais como qualquer outro escritor do mundo. (...) Há tantas Áfricas quanto escritores, e todos eles estão reinventando continentes dentro de si mesmos.

[...]

       — O mesmo processo que empobreceu o meu continente está, afinal, castrando a nossa condição comum e universal de contadores de histórias. (...) O que fez a espécie humana sobreviver não foi apenas a inteligência, mas a nossa capacidade de produzir diversidade. Essa diversidade está sendo negada nos dias de hoje por um sistema que escolhe apenas por razões de lucro e facilidade de sucesso. Os autores africanos que não escrevem em inglês – e em especial os que escrevem em língua portuguesa – moram na periferia da periferia, lá onde a palavra tem de lutar para não ser silêncio.

[...] 

        Talvez os indígenas sejam a melhor forma de ilustrar essa miopia, forjada às vezes por ignorância, em outras por interesses econômicos localizados em suas terras. Parte da população e, o que é mais chocante, dos governantes, espera que os indígenas – todos eles – se comportem como aquilo que acredita ser um índio. Portanto, com todos os clichês do gênero. Neste caso, para muitos os índios não seriam “suficientemente índios" para merecer um lugar e para serem escutados como alguém que tem algo a dizer.

       Outra parte, que também inclui gente que está no poder em todas as instâncias, do executivo ao judiciário, finge que os indígenas não existem. Finge tanto que quase acredita. Como não conhecem e, pior que isso, nem mesmo percebem que é preciso conhecer, porque para isso seria necessário não só honestidade como inteligência, a extinção progressiva só confirmaria uma ausência que já construíram dentro de si.

[...] 

Disponível em: <http://revistaepoca.globo.com/Sociedade/ eliane-brum/noticia/2012/01/lingua-que-somos-lingua-que-podemos-ser.html>

É uma marca de oralidade no texto:

Alternativas

ID
1774789
Banca
FUNCAB
Órgão
Faceli
Ano
2015
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

                    A língua que somos, a língua que podemos ser

                                             (Eliane Brum)

      A alemã Anja Saile é agente literária de autores de língua portuguesa há mais de uma década. Não é um trabalho muito fácil. Com vários brasileiros no catálogo, ela depara-se com frequência com a mesma resposta de editores europeus, variando apenas na forma. O discurso da negativa poderia ser resumido nesta frase: “O livro é bom, mas não é suficientemente brasileiro". O que seria “suficientemente brasileiro"? 

      Anja (pronuncia-se “Ânia") aprendeu a falar a língua durante os anos em que viveu em Portugal (e é impressionante como fala bem e escreve com correção). Quando vem ao Brasil, acaba caminhando demais porque o tamanho de São Paulo sempre a surpreende e ela suspira de saudades da bicicleta que a espera em Berlim. Anja assim interpreta a demanda: “O Brasil é interessante quando corresponde aos clichês europeus. É a Europa que define como a cultura dos outros países deve ser para ser interessante para ela. É muito irritante. As editoras europeias nunca teriam essas exigências em relação aos autores americanos, nunca".

      Anja refere-se ao fato de que os escritores americanos conquistaram o direito de ser universais para a velha Europa e seu ranço colonizador― já dos brasileiros exige-se uma espécie de selo de autenticidade que seria dado pela “temática brasileira". Como se sabe, não estamos sós nessa xaropada. O desabafo de Anja, que nos vê de fora e de dentro, ao mesmo tempo, me remeteu a uma intervenção sobre a língua feita pelo escritor moçambicano Mia Couto, na Conferência Internacional de Literatura, em Estocolmo, na Suécia. Ele disse: 

       — A África tem sido sujeita a sucessivos processos de essencialização e folclorização, e muito daquilo que se proclama como autenticamente africano resulta de invenções feitas fora do continente. Os escritores africanos sofreram durante décadas a chamada prova de autenticidade: pedia-se que seus textos traduzissem aquilo que se entendia como sua verdadeira etnicidade. Os jovens autores africanos estão se libertando da “africanidade". Eles são o que são sem que se necessite de proclamação. Os escritores africanos desejam ser tão universais como qualquer outro escritor do mundo. (...) Há tantas Áfricas quanto escritores, e todos eles estão reinventando continentes dentro de si mesmos.

[...]

       — O mesmo processo que empobreceu o meu continente está, afinal, castrando a nossa condição comum e universal de contadores de histórias. (...) O que fez a espécie humana sobreviver não foi apenas a inteligência, mas a nossa capacidade de produzir diversidade. Essa diversidade está sendo negada nos dias de hoje por um sistema que escolhe apenas por razões de lucro e facilidade de sucesso. Os autores africanos que não escrevem em inglês – e em especial os que escrevem em língua portuguesa – moram na periferia da periferia, lá onde a palavra tem de lutar para não ser silêncio.

[...] 

        Talvez os indígenas sejam a melhor forma de ilustrar essa miopia, forjada às vezes por ignorância, em outras por interesses econômicos localizados em suas terras. Parte da população e, o que é mais chocante, dos governantes, espera que os indígenas – todos eles – se comportem como aquilo que acredita ser um índio. Portanto, com todos os clichês do gênero. Neste caso, para muitos os índios não seriam “suficientemente índios" para merecer um lugar e para serem escutados como alguém que tem algo a dizer.

       Outra parte, que também inclui gente que está no poder em todas as instâncias, do executivo ao judiciário, finge que os indígenas não existem. Finge tanto que quase acredita. Como não conhecem e, pior que isso, nem mesmo percebem que é preciso conhecer, porque para isso seria necessário não só honestidade como inteligência, a extinção progressiva só confirmaria uma ausência que já construíram dentro de si.

[...] 

Disponível em: <http://revistaepoca.globo.com/Sociedade/ eliane-brum/noticia/2012/01/lingua-que-somos-lingua-que-podemos-ser.html>

Na passagem “O discurso da negativa poderia ser resumido nesta frase", encontra-se uma forma de futuro do pretérito. Sobre o valor de seu uso aí, compete dizer que corresponde a(à):

Alternativas

ID
1774792
Banca
FUNCAB
Órgão
Faceli
Ano
2015
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

                    A língua que somos, a língua que podemos ser

                                             (Eliane Brum)

      A alemã Anja Saile é agente literária de autores de língua portuguesa há mais de uma década. Não é um trabalho muito fácil. Com vários brasileiros no catálogo, ela depara-se com frequência com a mesma resposta de editores europeus, variando apenas na forma. O discurso da negativa poderia ser resumido nesta frase: “O livro é bom, mas não é suficientemente brasileiro". O que seria “suficientemente brasileiro"? 

      Anja (pronuncia-se “Ânia") aprendeu a falar a língua durante os anos em que viveu em Portugal (e é impressionante como fala bem e escreve com correção). Quando vem ao Brasil, acaba caminhando demais porque o tamanho de São Paulo sempre a surpreende e ela suspira de saudades da bicicleta que a espera em Berlim. Anja assim interpreta a demanda: “O Brasil é interessante quando corresponde aos clichês europeus. É a Europa que define como a cultura dos outros países deve ser para ser interessante para ela. É muito irritante. As editoras europeias nunca teriam essas exigências em relação aos autores americanos, nunca".

      Anja refere-se ao fato de que os escritores americanos conquistaram o direito de ser universais para a velha Europa e seu ranço colonizador― já dos brasileiros exige-se uma espécie de selo de autenticidade que seria dado pela “temática brasileira". Como se sabe, não estamos sós nessa xaropada. O desabafo de Anja, que nos vê de fora e de dentro, ao mesmo tempo, me remeteu a uma intervenção sobre a língua feita pelo escritor moçambicano Mia Couto, na Conferência Internacional de Literatura, em Estocolmo, na Suécia. Ele disse: 

       — A África tem sido sujeita a sucessivos processos de essencialização e folclorização, e muito daquilo que se proclama como autenticamente africano resulta de invenções feitas fora do continente. Os escritores africanos sofreram durante décadas a chamada prova de autenticidade: pedia-se que seus textos traduzissem aquilo que se entendia como sua verdadeira etnicidade. Os jovens autores africanos estão se libertando da “africanidade". Eles são o que são sem que se necessite de proclamação. Os escritores africanos desejam ser tão universais como qualquer outro escritor do mundo. (...) Há tantas Áfricas quanto escritores, e todos eles estão reinventando continentes dentro de si mesmos.

[...]

       — O mesmo processo que empobreceu o meu continente está, afinal, castrando a nossa condição comum e universal de contadores de histórias. (...) O que fez a espécie humana sobreviver não foi apenas a inteligência, mas a nossa capacidade de produzir diversidade. Essa diversidade está sendo negada nos dias de hoje por um sistema que escolhe apenas por razões de lucro e facilidade de sucesso. Os autores africanos que não escrevem em inglês – e em especial os que escrevem em língua portuguesa – moram na periferia da periferia, lá onde a palavra tem de lutar para não ser silêncio.

[...] 

        Talvez os indígenas sejam a melhor forma de ilustrar essa miopia, forjada às vezes por ignorância, em outras por interesses econômicos localizados em suas terras. Parte da população e, o que é mais chocante, dos governantes, espera que os indígenas – todos eles – se comportem como aquilo que acredita ser um índio. Portanto, com todos os clichês do gênero. Neste caso, para muitos os índios não seriam “suficientemente índios" para merecer um lugar e para serem escutados como alguém que tem algo a dizer.

       Outra parte, que também inclui gente que está no poder em todas as instâncias, do executivo ao judiciário, finge que os indígenas não existem. Finge tanto que quase acredita. Como não conhecem e, pior que isso, nem mesmo percebem que é preciso conhecer, porque para isso seria necessário não só honestidade como inteligência, a extinção progressiva só confirmaria uma ausência que já construíram dentro de si.

[...] 

Disponível em: <http://revistaepoca.globo.com/Sociedade/ eliane-brum/noticia/2012/01/lingua-que-somos-lingua-que-podemos-ser.html>

A palavra EUROPEIAS, utilizada no texto, ilustra nova escrita, posterior ao Acordo Ortográfico da língua portuguesa. Também correspondem a novas grafias instauradas pelo acordo todas as palavras em:

Alternativas
Comentários
  • A letra B também apresenta todas as palavras  grafadas corretamente, de acordo com o novo acordo ortográfico. Ou estou enganada???????

  • Eu também não vejo erro na B, mas o pior é que a E realmente está correta! :/

  • pan é prefixo

     

  • INDIQUEM PARA COMENTÁRIO. A ALTERNATIVA B TAMBÉM ESTÁ CORRETA.

  • De acordo com a banca o gabarito é letra E

     

    Marquei a letra B e errei, então fui pesquisar e não há erro nessa alternativa. Indiquem para comentários para ver o que o professor irá falar. As pessoas reclamam das provas do Cespe, eu particularmente prefiro ela, pois  segue um padrão em suas provas, não estou dizendo que ela não erra ou que não coloca questões absurdas, mas o Cespe é mais coerente. Funcab tem muitas questões que têm duas alternativas ou respostas absurdas. aff... 

  • Eu entendi , mas errei. Ele quer as palavras que sofreram alteração com o NOVO ACORDO. Provavelmente antes do novo acordo era: panamericano mini-saia(este de certeza ERA com hífen) e parachoque
  • Na letra E -  para-choque segundo novo acordo ortográfico agora é escroito junto parachoque - não se usa hífen quando o primeiro elemento termina com vogal e o segundo elemento inicia com consoante - ex: paraquedista - estou erradada?

  • Gabarito dado pela banca letra E, porém a letra B também está correta .

     

    REGRA GERAL DO HÍFEN !

    - Préfixo + palavra com vogal  IGUAIS : separa . Anti-inflamatório , micro-ondas.

    - Préfixo + palavra com vogal  DIFERENTES: junta. Autoescola.

     

    Atenção à reforma ortográfica : LEEM , DEEM , CREEM , VEEM , ( não tem circunflexo)

     

    Utiliza-se o hífen quando o prefixo termina com a mesma letra que começa a segunda palavra ou quando a segunda palavra começa com h.

    Exemplos: sobre-humano, sobre-exaltar, sobre-erguer, sobre-humanizar

     

    Em princípio não se deve utilizar hífen em palavras começadas por estes elementos (e outros): mini-, maxi-, micro-, macro-.

    Assim, minissaia, minissubmarino, maxissaia, microempresa, microrregião, microssistema, macroeconomia, macrorregião... Isto é verdade sobretudo para a norma ortográfica brasileira.

    Quando a unidade seguinte começa por h, alguns autores, contudo, sugerem também a utilização de hífen: por exemplo, o dicionário Aurélio apresenta micro-hábitat e o Houaiss micro-habitat.

  • A verdade é que essa questão deveria ser anulada. Não tem fundamento.
  • gente, to até com vergonha de perguntar isso, mas qual o problema da letra A?

    micro-ondas passou a se separar com hífen;

    voo perdeu o acento circunflexo;

    o acento diferencial de pôde foi mantido.

    Ou eu to muito doida já hahaha. Agradeço a quem puder me ajudar :)

  • Não vejo erro na letra B, gostaria de uma explicação do professor.

  • Pedem as palavras que sofreram alteração após o novo acordo ortográfico e não as incorretas.

  • A letra (A) também está correta.

  • "Perdem o acento as palavras compostas com o verbo PARAR: Para-raios, para-choque". Portanto, a alternativa correta é a letra "e". 

  • Creio que a banca considerou a letra A incorreta por conta do enunciado que pergunta: "novas grafias instauradas pelo acordo todas as palavras em". O acento diferencial de pôde e pode não são novos, apenas foram mantidos. Enfim, maldade da banca.

  • Letra B absolutamente correta... 

  • Pensei comigo,uma questão dessa só para professor de língua portuguesa mesmo.aí fui olhar ela e  é justamente para ele mesmo.kkk

  • Quem erro, preste atenção no enunciado..... Palavras que sofreram mudança no novo acordo, na letra B as palavras não sofreram mudanças... 

  • O que eu me pergunto é o porquê da banca te fazer perder um baita tempo lendo um texto quilométrico para depois fazer uma pergunta que dispensa 100% a leitura do texto.

  • O texto, ,na verdade, não pede o conhecimento ortográfico do candidato, mas quer saber em qual opção todas as palavras tiveram as suas grafias modificadas pelo acordo ortográfico.

    Eu errei essa questão, mas depois vi que temos que interpretar a questão antes mesmo de sairmos afoitos a responde-la.

    Bons estudos a todos.

  • Mariana Salomão, acredito que a a) esteja errada justamente porque o acento diferencial de pôde foi mantido -- não foi uma mudança.

  • antes do acordo não era "lêem"?

  • Usa-se hífen

    Prefixo

    Circum / Pan quando o segundo elemento iniciar por vogal, H, M ou N

    Ex:

    circum-escolar, circum-navegação, pan-americano

  • Elcio Thenorio, vc não tem muita experiência em concursos, né? O ¨textão¨ está ali pq sobre ele serão formuladas várias questões, não só essa em tela; a banca dá um texto e aí faz perguntas, algumas são de interpretação, outras de gramática, mesmo q a pergunta não precise do texto, como nesse caso, mas o texto era necessário p a prova de português como um todo.

  • É muita graça viu, para-choque receber hífen e paraquedas não. Deus é mais!


ID
1774795
Banca
FUNCAB
Órgão
Faceli
Ano
2015
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

                    A língua que somos, a língua que podemos ser

                                             (Eliane Brum)

      A alemã Anja Saile é agente literária de autores de língua portuguesa há mais de uma década. Não é um trabalho muito fácil. Com vários brasileiros no catálogo, ela depara-se com frequência com a mesma resposta de editores europeus, variando apenas na forma. O discurso da negativa poderia ser resumido nesta frase: “O livro é bom, mas não é suficientemente brasileiro". O que seria “suficientemente brasileiro"? 

      Anja (pronuncia-se “Ânia") aprendeu a falar a língua durante os anos em que viveu em Portugal (e é impressionante como fala bem e escreve com correção). Quando vem ao Brasil, acaba caminhando demais porque o tamanho de São Paulo sempre a surpreende e ela suspira de saudades da bicicleta que a espera em Berlim. Anja assim interpreta a demanda: “O Brasil é interessante quando corresponde aos clichês europeus. É a Europa que define como a cultura dos outros países deve ser para ser interessante para ela. É muito irritante. As editoras europeias nunca teriam essas exigências em relação aos autores americanos, nunca".

      Anja refere-se ao fato de que os escritores americanos conquistaram o direito de ser universais para a velha Europa e seu ranço colonizador― já dos brasileiros exige-se uma espécie de selo de autenticidade que seria dado pela “temática brasileira". Como se sabe, não estamos sós nessa xaropada. O desabafo de Anja, que nos vê de fora e de dentro, ao mesmo tempo, me remeteu a uma intervenção sobre a língua feita pelo escritor moçambicano Mia Couto, na Conferência Internacional de Literatura, em Estocolmo, na Suécia. Ele disse: 

       — A África tem sido sujeita a sucessivos processos de essencialização e folclorização, e muito daquilo que se proclama como autenticamente africano resulta de invenções feitas fora do continente. Os escritores africanos sofreram durante décadas a chamada prova de autenticidade: pedia-se que seus textos traduzissem aquilo que se entendia como sua verdadeira etnicidade. Os jovens autores africanos estão se libertando da “africanidade". Eles são o que são sem que se necessite de proclamação. Os escritores africanos desejam ser tão universais como qualquer outro escritor do mundo. (...) Há tantas Áfricas quanto escritores, e todos eles estão reinventando continentes dentro de si mesmos.

[...]

       — O mesmo processo que empobreceu o meu continente está, afinal, castrando a nossa condição comum e universal de contadores de histórias. (...) O que fez a espécie humana sobreviver não foi apenas a inteligência, mas a nossa capacidade de produzir diversidade. Essa diversidade está sendo negada nos dias de hoje por um sistema que escolhe apenas por razões de lucro e facilidade de sucesso. Os autores africanos que não escrevem em inglês – e em especial os que escrevem em língua portuguesa – moram na periferia da periferia, lá onde a palavra tem de lutar para não ser silêncio.

[...] 

        Talvez os indígenas sejam a melhor forma de ilustrar essa miopia, forjada às vezes por ignorância, em outras por interesses econômicos localizados em suas terras. Parte da população e, o que é mais chocante, dos governantes, espera que os indígenas – todos eles – se comportem como aquilo que acredita ser um índio. Portanto, com todos os clichês do gênero. Neste caso, para muitos os índios não seriam “suficientemente índios" para merecer um lugar e para serem escutados como alguém que tem algo a dizer.

       Outra parte, que também inclui gente que está no poder em todas as instâncias, do executivo ao judiciário, finge que os indígenas não existem. Finge tanto que quase acredita. Como não conhecem e, pior que isso, nem mesmo percebem que é preciso conhecer, porque para isso seria necessário não só honestidade como inteligência, a extinção progressiva só confirmaria uma ausência que já construíram dentro de si.

[...] 

Disponível em: <http://revistaepoca.globo.com/Sociedade/ eliane-brum/noticia/2012/01/lingua-que-somos-lingua-que-podemos-ser.html>

Todas as opções seguintes exemplificam a tese de estereotipação sustentada no texto, EXCETO:

Alternativas
Comentários
  • Estereótipo são generalizações que as pessoas fazem sobre comportamentos ou características de outros.


ID
1774798
Banca
FUNCAB
Órgão
Faceli
Ano
2015
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

                    A língua que somos, a língua que podemos ser

                                             (Eliane Brum)

      A alemã Anja Saile é agente literária de autores de língua portuguesa há mais de uma década. Não é um trabalho muito fácil. Com vários brasileiros no catálogo, ela depara-se com frequência com a mesma resposta de editores europeus, variando apenas na forma. O discurso da negativa poderia ser resumido nesta frase: “O livro é bom, mas não é suficientemente brasileiro". O que seria “suficientemente brasileiro"? 

      Anja (pronuncia-se “Ânia") aprendeu a falar a língua durante os anos em que viveu em Portugal (e é impressionante como fala bem e escreve com correção). Quando vem ao Brasil, acaba caminhando demais porque o tamanho de São Paulo sempre a surpreende e ela suspira de saudades da bicicleta que a espera em Berlim. Anja assim interpreta a demanda: “O Brasil é interessante quando corresponde aos clichês europeus. É a Europa que define como a cultura dos outros países deve ser para ser interessante para ela. É muito irritante. As editoras europeias nunca teriam essas exigências em relação aos autores americanos, nunca".

      Anja refere-se ao fato de que os escritores americanos conquistaram o direito de ser universais para a velha Europa e seu ranço colonizador― já dos brasileiros exige-se uma espécie de selo de autenticidade que seria dado pela “temática brasileira". Como se sabe, não estamos sós nessa xaropada. O desabafo de Anja, que nos vê de fora e de dentro, ao mesmo tempo, me remeteu a uma intervenção sobre a língua feita pelo escritor moçambicano Mia Couto, na Conferência Internacional de Literatura, em Estocolmo, na Suécia. Ele disse: 

       — A África tem sido sujeita a sucessivos processos de essencialização e folclorização, e muito daquilo que se proclama como autenticamente africano resulta de invenções feitas fora do continente. Os escritores africanos sofreram durante décadas a chamada prova de autenticidade: pedia-se que seus textos traduzissem aquilo que se entendia como sua verdadeira etnicidade. Os jovens autores africanos estão se libertando da “africanidade". Eles são o que são sem que se necessite de proclamação. Os escritores africanos desejam ser tão universais como qualquer outro escritor do mundo. (...) Há tantas Áfricas quanto escritores, e todos eles estão reinventando continentes dentro de si mesmos.

[...]

       — O mesmo processo que empobreceu o meu continente está, afinal, castrando a nossa condição comum e universal de contadores de histórias. (...) O que fez a espécie humana sobreviver não foi apenas a inteligência, mas a nossa capacidade de produzir diversidade. Essa diversidade está sendo negada nos dias de hoje por um sistema que escolhe apenas por razões de lucro e facilidade de sucesso. Os autores africanos que não escrevem em inglês – e em especial os que escrevem em língua portuguesa – moram na periferia da periferia, lá onde a palavra tem de lutar para não ser silêncio.

[...] 

        Talvez os indígenas sejam a melhor forma de ilustrar essa miopia, forjada às vezes por ignorância, em outras por interesses econômicos localizados em suas terras. Parte da população e, o que é mais chocante, dos governantes, espera que os indígenas – todos eles – se comportem como aquilo que acredita ser um índio. Portanto, com todos os clichês do gênero. Neste caso, para muitos os índios não seriam “suficientemente índios" para merecer um lugar e para serem escutados como alguém que tem algo a dizer.

       Outra parte, que também inclui gente que está no poder em todas as instâncias, do executivo ao judiciário, finge que os indígenas não existem. Finge tanto que quase acredita. Como não conhecem e, pior que isso, nem mesmo percebem que é preciso conhecer, porque para isso seria necessário não só honestidade como inteligência, a extinção progressiva só confirmaria uma ausência que já construíram dentro de si.

[...] 

Disponível em: <http://revistaepoca.globo.com/Sociedade/ eliane-brum/noticia/2012/01/lingua-que-somos-lingua-que-podemos-ser.html>

Na palavra ANJA, tal qual a pronúncia que é indicada, no segundo parágrafo, é acertado dizer que apresenta:

Alternativas
Comentários
  • Ânia:   Â-nia

    semivogal - i

    logo alternativa C

  • Gabarito C

     

    Acertei a questão por já conhecer como a banca cobra esse assunto, por isso é importante resolver questões anteriores para saber o estilo de cobrança da banca. Mas para mim há mais de uma questão correta pois:

     

    A) um ditongo, já que há aí o encontro de duas vogais em uma única sílaba.

     

    Errado : Â - nia (i é semivogal e o a vogal)

     

     b) um hiato, uma vez que as vogais excluem-se em sílabas distintas.

     

    Não deixa de estar certo também pois há autores que consideram certa a separação silábica  - NI- A. Como disse eliminei essa por saber o estilo de cobrança da Funcab.

     

     c) um ditongo crescente, dada a semivogal em primeira posição silábica.

     

    Certo : Â - nia (ditongo crescente vai da semivogal (i) para a vogal (a). porém ambas as separações silábicas estão corretas / Â - NI- A. A Funcab considera a primeira como correta. 

     

     d)um ditongo decrescente, pela última posição do encontro ser ocupado por semivogal.

     

    Não pode ser um ditongo decrescente, visto que começa com uma semivogal e vai para uma vogal.

     

     e)um ditongo crescente, no qual a semivogal encerra o encontro vocálico.

     

    Na verdade é a vogal (a) que encerra o encontro vocálico 

     

    Com a Funcab temos que ter muita atenção, pois vi várias questões que têm mais de uma alternativa certa ou com gabaritos absurdos, com a Funcab se vc achar duas alternativas certas vai na menos errada. 

     

     

     

     

     

     

     

     

  • Nao sei voces, mas pra mim a questao aparece a palavra ANJA

    Na palavra ANJA, tal qual a pronúncia que é indicada, no segundo parágrafo, é acertado dizer que apresenta:

  • Questão cabe recurso

  • Pessoal... no próprio texto diz que lê-se ânia... sabendo disso justifica a alternativa c. 

    Acho que foi pegadinha para quem só lê o enunciado e as alternativas para ganhar tempo :0

    Mas não sabia que era da banca, interessante a resposta da Danielle 

  • putz

  • Pra mim aparece ANJA também, logo tudo sai errado na resolução

  • De acordo com o segundo parágrafo temos "Ânia", ou seja, "Â-nia", um ditongo crescente, dada a semivogal em primeira posição silábica.

    Alternativa correta Letra C.

  • Espada Justiceira-me a visão além do alcance.

  • Para acertar, tem que ir no texto. O texto diz: leia-se Ânia. Quem erra, erra por preguiça.
  • Pra mim apareceu "!Anja"


ID
1774801
Banca
FUNCAB
Órgão
Faceli
Ano
2015
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

                    A língua que somos, a língua que podemos ser

                                             (Eliane Brum)

      A alemã Anja Saile é agente literária de autores de língua portuguesa há mais de uma década. Não é um trabalho muito fácil. Com vários brasileiros no catálogo, ela depara-se com frequência com a mesma resposta de editores europeus, variando apenas na forma. O discurso da negativa poderia ser resumido nesta frase: “O livro é bom, mas não é suficientemente brasileiro". O que seria “suficientemente brasileiro"? 

      Anja (pronuncia-se “Ânia") aprendeu a falar a língua durante os anos em que viveu em Portugal (e é impressionante como fala bem e escreve com correção). Quando vem ao Brasil, acaba caminhando demais porque o tamanho de São Paulo sempre a surpreende e ela suspira de saudades da bicicleta que a espera em Berlim. Anja assim interpreta a demanda: “O Brasil é interessante quando corresponde aos clichês europeus. É a Europa que define como a cultura dos outros países deve ser para ser interessante para ela. É muito irritante. As editoras europeias nunca teriam essas exigências em relação aos autores americanos, nunca".

      Anja refere-se ao fato de que os escritores americanos conquistaram o direito de ser universais para a velha Europa e seu ranço colonizador― já dos brasileiros exige-se uma espécie de selo de autenticidade que seria dado pela “temática brasileira". Como se sabe, não estamos sós nessa xaropada. O desabafo de Anja, que nos vê de fora e de dentro, ao mesmo tempo, me remeteu a uma intervenção sobre a língua feita pelo escritor moçambicano Mia Couto, na Conferência Internacional de Literatura, em Estocolmo, na Suécia. Ele disse: 

       — A África tem sido sujeita a sucessivos processos de essencialização e folclorização, e muito daquilo que se proclama como autenticamente africano resulta de invenções feitas fora do continente. Os escritores africanos sofreram durante décadas a chamada prova de autenticidade: pedia-se que seus textos traduzissem aquilo que se entendia como sua verdadeira etnicidade. Os jovens autores africanos estão se libertando da “africanidade". Eles são o que são sem que se necessite de proclamação. Os escritores africanos desejam ser tão universais como qualquer outro escritor do mundo. (...) Há tantas Áfricas quanto escritores, e todos eles estão reinventando continentes dentro de si mesmos.

[...]

       — O mesmo processo que empobreceu o meu continente está, afinal, castrando a nossa condição comum e universal de contadores de histórias. (...) O que fez a espécie humana sobreviver não foi apenas a inteligência, mas a nossa capacidade de produzir diversidade. Essa diversidade está sendo negada nos dias de hoje por um sistema que escolhe apenas por razões de lucro e facilidade de sucesso. Os autores africanos que não escrevem em inglês – e em especial os que escrevem em língua portuguesa – moram na periferia da periferia, lá onde a palavra tem de lutar para não ser silêncio.

[...] 

        Talvez os indígenas sejam a melhor forma de ilustrar essa miopia, forjada às vezes por ignorância, em outras por interesses econômicos localizados em suas terras. Parte da população e, o que é mais chocante, dos governantes, espera que os indígenas – todos eles – se comportem como aquilo que acredita ser um índio. Portanto, com todos os clichês do gênero. Neste caso, para muitos os índios não seriam “suficientemente índios" para merecer um lugar e para serem escutados como alguém que tem algo a dizer.

       Outra parte, que também inclui gente que está no poder em todas as instâncias, do executivo ao judiciário, finge que os indígenas não existem. Finge tanto que quase acredita. Como não conhecem e, pior que isso, nem mesmo percebem que é preciso conhecer, porque para isso seria necessário não só honestidade como inteligência, a extinção progressiva só confirmaria uma ausência que já construíram dentro de si.

[...] 

Disponível em: <http://revistaepoca.globo.com/Sociedade/ eliane-brum/noticia/2012/01/lingua-que-somos-lingua-que-podemos-ser.html>

A palavra MESMO, no início do sexto parágrafo, é multifuncional na língua. Tal palavra pode, na língua portuguesa, desempenhar, em todas as suas caracterizações gramaticais possíveis, papéis de:

Alternativas
Comentários
  • "Mesmo" no sexto parágrafo? O que esperar de uma banca que não sabe contar parágrafos?

  • kkkkk mas nem precisar perder tempo indo no texto pra resolver a questão!!


    O examinador falou o parágrafo errado pra fazer o candidato  perder tempo rsrsrs



  •  e)adjetivo, advérbio, interjeição, pronome e substantivo.

    Consoante alguns autores, o uso de mesmo como pronome não é encorajado

    http://www1.folha.uol.com.br/fsp/fovest/fo2810200807.htm

  • Para usar corretamente a palavra "mesmo", observe as seguintes regras: A palavra "mesmo" pode ser usada com valor reforçativo: "Ele mesmo recebeu os convidados". "Ela mesma recebeu os convidados".   A palavra "mesmo" como adjetiv... - Veja mais em https://educacao.uol.com.br/disciplinas/portugues/mesmo-voce-sabe-utilizar-o-pronome.htm?cmpid=copiaecola

     

     

     

     


ID
1774804
Banca
FUNCAB
Órgão
Faceli
Ano
2015
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

                    A língua que somos, a língua que podemos ser

                                             (Eliane Brum)

      A alemã Anja Saile é agente literária de autores de língua portuguesa há mais de uma década. Não é um trabalho muito fácil. Com vários brasileiros no catálogo, ela depara-se com frequência com a mesma resposta de editores europeus, variando apenas na forma. O discurso da negativa poderia ser resumido nesta frase: “O livro é bom, mas não é suficientemente brasileiro". O que seria “suficientemente brasileiro"? 

      Anja (pronuncia-se “Ânia") aprendeu a falar a língua durante os anos em que viveu em Portugal (e é impressionante como fala bem e escreve com correção). Quando vem ao Brasil, acaba caminhando demais porque o tamanho de São Paulo sempre a surpreende e ela suspira de saudades da bicicleta que a espera em Berlim. Anja assim interpreta a demanda: “O Brasil é interessante quando corresponde aos clichês europeus. É a Europa que define como a cultura dos outros países deve ser para ser interessante para ela. É muito irritante. As editoras europeias nunca teriam essas exigências em relação aos autores americanos, nunca".

      Anja refere-se ao fato de que os escritores americanos conquistaram o direito de ser universais para a velha Europa e seu ranço colonizador― já dos brasileiros exige-se uma espécie de selo de autenticidade que seria dado pela “temática brasileira". Como se sabe, não estamos sós nessa xaropada. O desabafo de Anja, que nos vê de fora e de dentro, ao mesmo tempo, me remeteu a uma intervenção sobre a língua feita pelo escritor moçambicano Mia Couto, na Conferência Internacional de Literatura, em Estocolmo, na Suécia. Ele disse: 

       — A África tem sido sujeita a sucessivos processos de essencialização e folclorização, e muito daquilo que se proclama como autenticamente africano resulta de invenções feitas fora do continente. Os escritores africanos sofreram durante décadas a chamada prova de autenticidade: pedia-se que seus textos traduzissem aquilo que se entendia como sua verdadeira etnicidade. Os jovens autores africanos estão se libertando da “africanidade". Eles são o que são sem que se necessite de proclamação. Os escritores africanos desejam ser tão universais como qualquer outro escritor do mundo. (...) Há tantas Áfricas quanto escritores, e todos eles estão reinventando continentes dentro de si mesmos.

[...]

       — O mesmo processo que empobreceu o meu continente está, afinal, castrando a nossa condição comum e universal de contadores de histórias. (...) O que fez a espécie humana sobreviver não foi apenas a inteligência, mas a nossa capacidade de produzir diversidade. Essa diversidade está sendo negada nos dias de hoje por um sistema que escolhe apenas por razões de lucro e facilidade de sucesso. Os autores africanos que não escrevem em inglês – e em especial os que escrevem em língua portuguesa – moram na periferia da periferia, lá onde a palavra tem de lutar para não ser silêncio.

[...] 

        Talvez os indígenas sejam a melhor forma de ilustrar essa miopia, forjada às vezes por ignorância, em outras por interesses econômicos localizados em suas terras. Parte da população e, o que é mais chocante, dos governantes, espera que os indígenas – todos eles – se comportem como aquilo que acredita ser um índio. Portanto, com todos os clichês do gênero. Neste caso, para muitos os índios não seriam “suficientemente índios" para merecer um lugar e para serem escutados como alguém que tem algo a dizer.

       Outra parte, que também inclui gente que está no poder em todas as instâncias, do executivo ao judiciário, finge que os indígenas não existem. Finge tanto que quase acredita. Como não conhecem e, pior que isso, nem mesmo percebem que é preciso conhecer, porque para isso seria necessário não só honestidade como inteligência, a extinção progressiva só confirmaria uma ausência que já construíram dentro de si.

[...] 

Disponível em: <http://revistaepoca.globo.com/Sociedade/ eliane-brum/noticia/2012/01/lingua-que-somos-lingua-que-podemos-ser.html>

Segundo a norma padrão, a colocação pronominal deveria ser diferente em:

Alternativas
Comentários
  • CORRETA: OPÇÃO D

    Atenção a uma casca de banana na opção E: "ANJA, QUE NOS VÊ DE FORA". A regra diz que a vírgula quebra a atração que forçaria a próclise, porém, atente que após a vírgula há o pronome relativo "QUE". Aí não, neste caso é próclise mesmo. 

    Seria correto se estivesse escrita assim: "ANJA, VÊ-NOS DE FORA". 

    Outro exemplo, que seria mais usual:
    Sem a vírgula: AQUI SE TRABALHA EM PAZ. 
    Com a vírgula: AQUI, TRABALHA-SE EM PAZ.

  • Se houver virgula "," na frase a regra é que deve-se evitar a próclise.

    Exempo: Hoje, fala-se em políticas públicas.

  • Letra D

  • Ênclise em início de sentença.

    Da mesma forma para, "Amo-te", ao invés do "Te amo".

  • Se houver vírgula ou ponto e vírgula, é só pensar que eles "chutam" o pronome para depois do verbo.

  • GABARITO = D

    PM/SC

    DEUS PERMITIRÁ

  • GABARITO: LETRA D

    ACRESCENTANDO:

    Próclise (antes do verbo): A pessoa não se feriu.

    Ênclise (depois do verbo): A pessoa feriu-se.

    Mesóclise (no meio do verbo): A pessoa ferir-se-á.


     

    Próclise é a colocação do pronome oblíquo átono antes do verbo (PRO = antes)

    Palavras que atraem o pronome (obrigam próclise):

    -Palavras de sentido negativo: Você NEM se preocupou.

    -Advérbios: AQUI se lava roupa.

    -Pronomes indefinidos: ALGUÉM me telefonou.

    -Pronomes interrogativos: QUE me falta acontecer?

    -Pronomes relativos: A pessoa QUE te falou isso.

    -Pronomes demonstrativos neutros: ISSO o comoveu demais.

    -Conjunções subordinativas: Chamava pelos nomes, CONFORME se lembrava.

     

    **NÃO SE INICIA FRASE COM PRÓCLISE!!!  “Me dê uma carona” = tá errado!!!

     

    Mesóclise, embora não seja muito usual, somente ocorre com os verbos conjugados no futuro do presente e do pretérito. É a colocação do pronome oblíquo átono no "meio" da palavra. (MESO = meio)

     Comemorar-se-ia o aniversário se todos estivessem presentes.

    Planejar-se-ão todos os gastos referentes a este ano. 


    Ênclise tem incidência nos seguintes casos: 

    - Em frase iniciada por verbo, desde que não esteja no futuro:

    Vou dizer-lhe que estou muito feliz.

    Pretendeu-se desvendar todo aquele mistério. 

    - Nas orações reduzidas de infinitivo:

    Convém contar-lhe tudo sobre o acontecido. 

    - Nas orações reduzidas de gerúndio:

    O diretor apareceu avisando-lhe sobre o início das avaliações. 

    - Nas frases imperativas afirmativas:

    Senhor, atenda-me, por favor!

    FONTE: QC


ID
1774807
Banca
FUNCAB
Órgão
Faceli
Ano
2015
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

                    A língua que somos, a língua que podemos ser

                                             (Eliane Brum)

      A alemã Anja Saile é agente literária de autores de língua portuguesa há mais de uma década. Não é um trabalho muito fácil. Com vários brasileiros no catálogo, ela depara-se com frequência com a mesma resposta de editores europeus, variando apenas na forma. O discurso da negativa poderia ser resumido nesta frase: “O livro é bom, mas não é suficientemente brasileiro". O que seria “suficientemente brasileiro"? 

      Anja (pronuncia-se “Ânia") aprendeu a falar a língua durante os anos em que viveu em Portugal (e é impressionante como fala bem e escreve com correção). Quando vem ao Brasil, acaba caminhando demais porque o tamanho de São Paulo sempre a surpreende e ela suspira de saudades da bicicleta que a espera em Berlim. Anja assim interpreta a demanda: “O Brasil é interessante quando corresponde aos clichês europeus. É a Europa que define como a cultura dos outros países deve ser para ser interessante para ela. É muito irritante. As editoras europeias nunca teriam essas exigências em relação aos autores americanos, nunca".

      Anja refere-se ao fato de que os escritores americanos conquistaram o direito de ser universais para a velha Europa e seu ranço colonizador― já dos brasileiros exige-se uma espécie de selo de autenticidade que seria dado pela “temática brasileira". Como se sabe, não estamos sós nessa xaropada. O desabafo de Anja, que nos vê de fora e de dentro, ao mesmo tempo, me remeteu a uma intervenção sobre a língua feita pelo escritor moçambicano Mia Couto, na Conferência Internacional de Literatura, em Estocolmo, na Suécia. Ele disse: 

       — A África tem sido sujeita a sucessivos processos de essencialização e folclorização, e muito daquilo que se proclama como autenticamente africano resulta de invenções feitas fora do continente. Os escritores africanos sofreram durante décadas a chamada prova de autenticidade: pedia-se que seus textos traduzissem aquilo que se entendia como sua verdadeira etnicidade. Os jovens autores africanos estão se libertando da “africanidade". Eles são o que são sem que se necessite de proclamação. Os escritores africanos desejam ser tão universais como qualquer outro escritor do mundo. (...) Há tantas Áfricas quanto escritores, e todos eles estão reinventando continentes dentro de si mesmos.

[...]

       — O mesmo processo que empobreceu o meu continente está, afinal, castrando a nossa condição comum e universal de contadores de histórias. (...) O que fez a espécie humana sobreviver não foi apenas a inteligência, mas a nossa capacidade de produzir diversidade. Essa diversidade está sendo negada nos dias de hoje por um sistema que escolhe apenas por razões de lucro e facilidade de sucesso. Os autores africanos que não escrevem em inglês – e em especial os que escrevem em língua portuguesa – moram na periferia da periferia, lá onde a palavra tem de lutar para não ser silêncio.

[...] 

        Talvez os indígenas sejam a melhor forma de ilustrar essa miopia, forjada às vezes por ignorância, em outras por interesses econômicos localizados em suas terras. Parte da população e, o que é mais chocante, dos governantes, espera que os indígenas – todos eles – se comportem como aquilo que acredita ser um índio. Portanto, com todos os clichês do gênero. Neste caso, para muitos os índios não seriam “suficientemente índios" para merecer um lugar e para serem escutados como alguém que tem algo a dizer.

       Outra parte, que também inclui gente que está no poder em todas as instâncias, do executivo ao judiciário, finge que os indígenas não existem. Finge tanto que quase acredita. Como não conhecem e, pior que isso, nem mesmo percebem que é preciso conhecer, porque para isso seria necessário não só honestidade como inteligência, a extinção progressiva só confirmaria uma ausência que já construíram dentro de si.

[...] 

Disponível em: <http://revistaepoca.globo.com/Sociedade/ eliane-brum/noticia/2012/01/lingua-que-somos-lingua-que-podemos-ser.html>

Quanto à tipologia e gênero, o texto deve ser considerado, respectivamente:

Alternativas
Comentários
  • Não entendi! Alguém pode fundamentar por que o texto é argumentativo?

  • No início parece que vai sair um texto narrativo, mas ao desenvolver o texto, percebe qq o autor cita 2 contextos para expor sua opinião.


  • Este trecho explica a resposta como alternativa É    ( "O mesmo processo que empobreceu o MEU continente está, afinal, castrando a nossa condição comum e universal de contadores de histórias. (...)  O que fez a espécie humana sobreviver não foi apenas a inteligência, mas a NOSSA capacidade de produzir diversidade.")

  • O argumentativo editorial se distingue do argumentativo de opinião por expressar a opinião de uma publicação (revista, jornal, periódico,...) e não de um indivíduo, como é o caso do texto da questão. Daí, gabarito E 

  • Mauro Ferreira (2014): nos textos argumentativos como artigos de opinião, editoriais, ensaios, cartão de reclamação e de solicitação ou resenhas críticas, quem fala/escreve utiliza a linguagem para defender sua posição e/ou refutar (negar, discordar de) opiniões contrárias.

  • TIPO ARGUMENTATIVO: os textos deste grupo se dedicam a convencer o
    interlocutor. Possuem, portanto, TESE (opinião) e ARGUMENTOS.
     

  • Nos últimos dois parágrafos fica mais claro que a autora está formulando a opinião dela, e que os trechos narrativos acima servem, na verdade, à tese de que os indígenas daqui sofrem uma estereotipação semelhante àquela sofrida por autores brasileiros e africanos. 


ID
1774810
Banca
FUNCAB
Órgão
Faceli
Ano
2015
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

                    A língua que somos, a língua que podemos ser

                                             (Eliane Brum)

      A alemã Anja Saile é agente literária de autores de língua portuguesa há mais de uma década. Não é um trabalho muito fácil. Com vários brasileiros no catálogo, ela depara-se com frequência com a mesma resposta de editores europeus, variando apenas na forma. O discurso da negativa poderia ser resumido nesta frase: “O livro é bom, mas não é suficientemente brasileiro". O que seria “suficientemente brasileiro"? 

      Anja (pronuncia-se “Ânia") aprendeu a falar a língua durante os anos em que viveu em Portugal (e é impressionante como fala bem e escreve com correção). Quando vem ao Brasil, acaba caminhando demais porque o tamanho de São Paulo sempre a surpreende e ela suspira de saudades da bicicleta que a espera em Berlim. Anja assim interpreta a demanda: “O Brasil é interessante quando corresponde aos clichês europeus. É a Europa que define como a cultura dos outros países deve ser para ser interessante para ela. É muito irritante. As editoras europeias nunca teriam essas exigências em relação aos autores americanos, nunca".

      Anja refere-se ao fato de que os escritores americanos conquistaram o direito de ser universais para a velha Europa e seu ranço colonizador― já dos brasileiros exige-se uma espécie de selo de autenticidade que seria dado pela “temática brasileira". Como se sabe, não estamos sós nessa xaropada. O desabafo de Anja, que nos vê de fora e de dentro, ao mesmo tempo, me remeteu a uma intervenção sobre a língua feita pelo escritor moçambicano Mia Couto, na Conferência Internacional de Literatura, em Estocolmo, na Suécia. Ele disse: 

       — A África tem sido sujeita a sucessivos processos de essencialização e folclorização, e muito daquilo que se proclama como autenticamente africano resulta de invenções feitas fora do continente. Os escritores africanos sofreram durante décadas a chamada prova de autenticidade: pedia-se que seus textos traduzissem aquilo que se entendia como sua verdadeira etnicidade. Os jovens autores africanos estão se libertando da “africanidade". Eles são o que são sem que se necessite de proclamação. Os escritores africanos desejam ser tão universais como qualquer outro escritor do mundo. (...) Há tantas Áfricas quanto escritores, e todos eles estão reinventando continentes dentro de si mesmos.

[...]

       — O mesmo processo que empobreceu o meu continente está, afinal, castrando a nossa condição comum e universal de contadores de histórias. (...) O que fez a espécie humana sobreviver não foi apenas a inteligência, mas a nossa capacidade de produzir diversidade. Essa diversidade está sendo negada nos dias de hoje por um sistema que escolhe apenas por razões de lucro e facilidade de sucesso. Os autores africanos que não escrevem em inglês – e em especial os que escrevem em língua portuguesa – moram na periferia da periferia, lá onde a palavra tem de lutar para não ser silêncio.

[...] 

        Talvez os indígenas sejam a melhor forma de ilustrar essa miopia, forjada às vezes por ignorância, em outras por interesses econômicos localizados em suas terras. Parte da população e, o que é mais chocante, dos governantes, espera que os indígenas – todos eles – se comportem como aquilo que acredita ser um índio. Portanto, com todos os clichês do gênero. Neste caso, para muitos os índios não seriam “suficientemente índios" para merecer um lugar e para serem escutados como alguém que tem algo a dizer.

       Outra parte, que também inclui gente que está no poder em todas as instâncias, do executivo ao judiciário, finge que os indígenas não existem. Finge tanto que quase acredita. Como não conhecem e, pior que isso, nem mesmo percebem que é preciso conhecer, porque para isso seria necessário não só honestidade como inteligência, a extinção progressiva só confirmaria uma ausência que já construíram dentro de si.

[...] 

Disponível em: <http://revistaepoca.globo.com/Sociedade/ eliane-brum/noticia/2012/01/lingua-que-somos-lingua-que-podemos-ser.html>

A análise morfológica está correta em todas as opções, EXCETO:

Alternativas
Comentários
  • Letra C é a incorreta, pois, na verdade, o vocábulo "reinventando" tem a característica de verbo por causa da sua formação prefixal e sufixal, e não prefixal somente. A adição do prefixo que designa repetição "re-" ao vocábulo "invenção" não dirime o seu caráter substantivo.  

  • Caro Eduardo Nascimento, vou me permitir discordar da sua posição. Creio que o elemento que dá a característica de verbo à palavra é o sufixo. Veja, "inventando" já é um verbo.

  • Olá, Bernardo


    Minha interpretação foi a seguinte: o que indica a formação do verbo "reinventando" é o prefixo "re-" (pois esse elemento diferencia o verbo inventar do verbo reinventar) e o sufixo, indicativo de gerúndio. Acredito eu, que a simples imposição sufixal não caracteriza esse verbo em específico. Ainda assim, questão dúbia e de dificuldade elevada.


    Obrigado.

  • "re" não é prefixo formador de verbo, o prefixo de origem latina "re" exprime a ideia de repetição, reciprocidade ...


    Porém, o "ndo" é um sufixo que indica a formação de gerúndio.


    Logo, não há transformação de verbo por prefixação e "ndo"  é um sufixo verbal que se junta ao radical  para formar verbos!!!


    Item C está errado ao afirmar que ocorre transformação de verbo por prefixação!!!


    Há transformação de verbo por sufixação!!!


    Espero ter ajudado!

  • Boa tarde!

    Joelma também pensei dessa maneira.

    Marquei como certa a alternativa E

  • Galera , a resposta nao seria gab 'E' ? visto que a palavra é formado por afixos ( pre+ suf) e não parassintetica como afirma a alternativa .

  • Para sabermos se a parasintética ou não basta tirarmos o prefixo ou o sufixo 

    Ex: Empobreceu - Empobre -> tem sentido sem o sufixo ? NÃO!!

    Pobreceu--> Tem sentido sem o prefixo? NÃO!

    Então veio os dois ao mesmo tempo,logo é parasintética.

    Se tirarmos somente o sufixo ou somente o prefixo e a palavra ainda tiver um sentido , aí não é parasintética,pois não veio os dois ao mesmo tempo,embora em alguns casos não dá pra saber qual veio pro último.

  • A alternativa C está incorreta pelo que segue:

    Se tirarmos o prefixo fica: reinventando (essa palavra existe, OK).

    Caso seja retirado o sufixo fica: reinventando (essa também existe, OK).

    Sendo assim, com a palavra sofreu derivação prefixal e sufixal. Se fosse parassintética, prefixal ou sufixal, a retirada dos afixos faria com que as palavras formadas sem eles não existissem, o que não é o caso.

  • Alguém podenexplicar a letra B? Saudade é derivada de que?
  • Eu costumo desconsiderar questões com um alto nível de conhecimento como esta, pois basta olhar de que cargo é esta questão (professor de língua portuguesa) e comparar ao cargo que você almeja no concurso. No meu caso, administrador de uma universidade não precisa saber desse elevado conhecimento, e sim um professor e, ainda mais, de português.

  • SaudadeS palavra derivada de saudade. Será que é isso?

  • Não sei de que é derivada a palavra saudades, creio que de saudade, porém é evidente que REINVENTANDO não se tornou verbo por prefixação, mas por processo de prefixação e sufixação(não simultâneo, pois aí seria parassíntese).

    RUMO À PMSC


ID
1774813
Banca
FUNCAB
Órgão
Faceli
Ano
2015
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

                    A língua que somos, a língua que podemos ser

                                             (Eliane Brum)

      A alemã Anja Saile é agente literária de autores de língua portuguesa há mais de uma década. Não é um trabalho muito fácil. Com vários brasileiros no catálogo, ela depara-se com frequência com a mesma resposta de editores europeus, variando apenas na forma. O discurso da negativa poderia ser resumido nesta frase: “O livro é bom, mas não é suficientemente brasileiro". O que seria “suficientemente brasileiro"? 

      Anja (pronuncia-se “Ânia") aprendeu a falar a língua durante os anos em que viveu em Portugal (e é impressionante como fala bem e escreve com correção). Quando vem ao Brasil, acaba caminhando demais porque o tamanho de São Paulo sempre a surpreende e ela suspira de saudades da bicicleta que a espera em Berlim. Anja assim interpreta a demanda: “O Brasil é interessante quando corresponde aos clichês europeus. É a Europa que define como a cultura dos outros países deve ser para ser interessante para ela. É muito irritante. As editoras europeias nunca teriam essas exigências em relação aos autores americanos, nunca".

      Anja refere-se ao fato de que os escritores americanos conquistaram o direito de ser universais para a velha Europa e seu ranço colonizador― já dos brasileiros exige-se uma espécie de selo de autenticidade que seria dado pela “temática brasileira". Como se sabe, não estamos sós nessa xaropada. O desabafo de Anja, que nos vê de fora e de dentro, ao mesmo tempo, me remeteu a uma intervenção sobre a língua feita pelo escritor moçambicano Mia Couto, na Conferência Internacional de Literatura, em Estocolmo, na Suécia. Ele disse: 

       — A África tem sido sujeita a sucessivos processos de essencialização e folclorização, e muito daquilo que se proclama como autenticamente africano resulta de invenções feitas fora do continente. Os escritores africanos sofreram durante décadas a chamada prova de autenticidade: pedia-se que seus textos traduzissem aquilo que se entendia como sua verdadeira etnicidade. Os jovens autores africanos estão se libertando da “africanidade". Eles são o que são sem que se necessite de proclamação. Os escritores africanos desejam ser tão universais como qualquer outro escritor do mundo. (...) Há tantas Áfricas quanto escritores, e todos eles estão reinventando continentes dentro de si mesmos.

[...]

       — O mesmo processo que empobreceu o meu continente está, afinal, castrando a nossa condição comum e universal de contadores de histórias. (...) O que fez a espécie humana sobreviver não foi apenas a inteligência, mas a nossa capacidade de produzir diversidade. Essa diversidade está sendo negada nos dias de hoje por um sistema que escolhe apenas por razões de lucro e facilidade de sucesso. Os autores africanos que não escrevem em inglês – e em especial os que escrevem em língua portuguesa – moram na periferia da periferia, lá onde a palavra tem de lutar para não ser silêncio.

[...] 

        Talvez os indígenas sejam a melhor forma de ilustrar essa miopia, forjada às vezes por ignorância, em outras por interesses econômicos localizados em suas terras. Parte da população e, o que é mais chocante, dos governantes, espera que os indígenas – todos eles – se comportem como aquilo que acredita ser um índio. Portanto, com todos os clichês do gênero. Neste caso, para muitos os índios não seriam “suficientemente índios" para merecer um lugar e para serem escutados como alguém que tem algo a dizer.

       Outra parte, que também inclui gente que está no poder em todas as instâncias, do executivo ao judiciário, finge que os indígenas não existem. Finge tanto que quase acredita. Como não conhecem e, pior que isso, nem mesmo percebem que é preciso conhecer, porque para isso seria necessário não só honestidade como inteligência, a extinção progressiva só confirmaria uma ausência que já construíram dentro de si.

[...] 

Disponível em: <http://revistaepoca.globo.com/Sociedade/ eliane-brum/noticia/2012/01/lingua-que-somos-lingua-que-podemos-ser.html>

O exemplo de elemento coesivo, em destaque, está corretamente analisado em:

Alternativas
Comentários
  • Gabarito Letra C

     

    Pronomes anafóricos: São chamados de pronomes anafóricos aqueles que estabelecem uma referência dependente com um termo antecedente. Exemplo: 

     

     

    João está doente. Vi-o na semana passada.

    (pronome “o” retoma o termo “João”.)

    ---

    Já no texto: "A África tem sido sujeita a sucessivos processos de essencialização e folclorização, e muito daquilo que se proclama como autenticamente africano resulta de invenções feitas fora do continente. Os escritores africanos sofreram durante décadas a chamada prova de autenticidade: pedia-se que seus textos traduzissem aquilo que se entendia como sua verdadeira etnicidade. Os jovens autores africanos estão se libertando da “africanidade". Eles são o que (FAZ REFERÊNCIA AOS JOVENS AUTORES AFRICANOS) = logo, pronome relativo anafórico  ... são sem que se necessite de proclamação. 

     

    Entendi dessa forma.

  • Na letra B, "quando" será um pronome relativo somente quando puder ser substituído por "em que". Não é o caso nessa situação.

    Exemplo: O dia quando (= em que) te conheci foi inesquecível.


ID
1774816
Banca
FUNCAB
Órgão
Faceli
Ano
2015
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

                    A língua que somos, a língua que podemos ser

                                             (Eliane Brum)

      A alemã Anja Saile é agente literária de autores de língua portuguesa há mais de uma década. Não é um trabalho muito fácil. Com vários brasileiros no catálogo, ela depara-se com frequência com a mesma resposta de editores europeus, variando apenas na forma. O discurso da negativa poderia ser resumido nesta frase: “O livro é bom, mas não é suficientemente brasileiro". O que seria “suficientemente brasileiro"? 

      Anja (pronuncia-se “Ânia") aprendeu a falar a língua durante os anos em que viveu em Portugal (e é impressionante como fala bem e escreve com correção). Quando vem ao Brasil, acaba caminhando demais porque o tamanho de São Paulo sempre a surpreende e ela suspira de saudades da bicicleta que a espera em Berlim. Anja assim interpreta a demanda: “O Brasil é interessante quando corresponde aos clichês europeus. É a Europa que define como a cultura dos outros países deve ser para ser interessante para ela. É muito irritante. As editoras europeias nunca teriam essas exigências em relação aos autores americanos, nunca".

      Anja refere-se ao fato de que os escritores americanos conquistaram o direito de ser universais para a velha Europa e seu ranço colonizador― já dos brasileiros exige-se uma espécie de selo de autenticidade que seria dado pela “temática brasileira". Como se sabe, não estamos sós nessa xaropada. O desabafo de Anja, que nos vê de fora e de dentro, ao mesmo tempo, me remeteu a uma intervenção sobre a língua feita pelo escritor moçambicano Mia Couto, na Conferência Internacional de Literatura, em Estocolmo, na Suécia. Ele disse: 

       — A África tem sido sujeita a sucessivos processos de essencialização e folclorização, e muito daquilo que se proclama como autenticamente africano resulta de invenções feitas fora do continente. Os escritores africanos sofreram durante décadas a chamada prova de autenticidade: pedia-se que seus textos traduzissem aquilo que se entendia como sua verdadeira etnicidade. Os jovens autores africanos estão se libertando da “africanidade". Eles são o que são sem que se necessite de proclamação. Os escritores africanos desejam ser tão universais como qualquer outro escritor do mundo. (...) Há tantas Áfricas quanto escritores, e todos eles estão reinventando continentes dentro de si mesmos.

[...]

       — O mesmo processo que empobreceu o meu continente está, afinal, castrando a nossa condição comum e universal de contadores de histórias. (...) O que fez a espécie humana sobreviver não foi apenas a inteligência, mas a nossa capacidade de produzir diversidade. Essa diversidade está sendo negada nos dias de hoje por um sistema que escolhe apenas por razões de lucro e facilidade de sucesso. Os autores africanos que não escrevem em inglês – e em especial os que escrevem em língua portuguesa – moram na periferia da periferia, lá onde a palavra tem de lutar para não ser silêncio.

[...] 

        Talvez os indígenas sejam a melhor forma de ilustrar essa miopia, forjada às vezes por ignorância, em outras por interesses econômicos localizados em suas terras. Parte da população e, o que é mais chocante, dos governantes, espera que os indígenas – todos eles – se comportem como aquilo que acredita ser um índio. Portanto, com todos os clichês do gênero. Neste caso, para muitos os índios não seriam “suficientemente índios" para merecer um lugar e para serem escutados como alguém que tem algo a dizer.

       Outra parte, que também inclui gente que está no poder em todas as instâncias, do executivo ao judiciário, finge que os indígenas não existem. Finge tanto que quase acredita. Como não conhecem e, pior que isso, nem mesmo percebem que é preciso conhecer, porque para isso seria necessário não só honestidade como inteligência, a extinção progressiva só confirmaria uma ausência que já construíram dentro de si.

[...] 

Disponível em: <http://revistaepoca.globo.com/Sociedade/ eliane-brum/noticia/2012/01/lingua-que-somos-lingua-que-podemos-ser.html>

A frase “O que fez a espécie humana sobreviver não foi apenas a inteligência, mas a nossa capacidade de produzir diversidade." só NÃO poderia ser reescrita como:

Alternativas
Comentários
  • RESPOSTA B - A segunda oração "ainda que produzamos diversidade com nossa capacidade." está modificando o sentido.


ID
1774819
Banca
FUNCAB
Órgão
Faceli
Ano
2015
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

                    A língua que somos, a língua que podemos ser

                                             (Eliane Brum)

      A alemã Anja Saile é agente literária de autores de língua portuguesa há mais de uma década. Não é um trabalho muito fácil. Com vários brasileiros no catálogo, ela depara-se com frequência com a mesma resposta de editores europeus, variando apenas na forma. O discurso da negativa poderia ser resumido nesta frase: “O livro é bom, mas não é suficientemente brasileiro". O que seria “suficientemente brasileiro"? 

      Anja (pronuncia-se “Ânia") aprendeu a falar a língua durante os anos em que viveu em Portugal (e é impressionante como fala bem e escreve com correção). Quando vem ao Brasil, acaba caminhando demais porque o tamanho de São Paulo sempre a surpreende e ela suspira de saudades da bicicleta que a espera em Berlim. Anja assim interpreta a demanda: “O Brasil é interessante quando corresponde aos clichês europeus. É a Europa que define como a cultura dos outros países deve ser para ser interessante para ela. É muito irritante. As editoras europeias nunca teriam essas exigências em relação aos autores americanos, nunca".

      Anja refere-se ao fato de que os escritores americanos conquistaram o direito de ser universais para a velha Europa e seu ranço colonizador― já dos brasileiros exige-se uma espécie de selo de autenticidade que seria dado pela “temática brasileira". Como se sabe, não estamos sós nessa xaropada. O desabafo de Anja, que nos vê de fora e de dentro, ao mesmo tempo, me remeteu a uma intervenção sobre a língua feita pelo escritor moçambicano Mia Couto, na Conferência Internacional de Literatura, em Estocolmo, na Suécia. Ele disse: 

       — A África tem sido sujeita a sucessivos processos de essencialização e folclorização, e muito daquilo que se proclama como autenticamente africano resulta de invenções feitas fora do continente. Os escritores africanos sofreram durante décadas a chamada prova de autenticidade: pedia-se que seus textos traduzissem aquilo que se entendia como sua verdadeira etnicidade. Os jovens autores africanos estão se libertando da “africanidade". Eles são o que são sem que se necessite de proclamação. Os escritores africanos desejam ser tão universais como qualquer outro escritor do mundo. (...) Há tantas Áfricas quanto escritores, e todos eles estão reinventando continentes dentro de si mesmos.

[...]

       — O mesmo processo que empobreceu o meu continente está, afinal, castrando a nossa condição comum e universal de contadores de histórias. (...) O que fez a espécie humana sobreviver não foi apenas a inteligência, mas a nossa capacidade de produzir diversidade. Essa diversidade está sendo negada nos dias de hoje por um sistema que escolhe apenas por razões de lucro e facilidade de sucesso. Os autores africanos que não escrevem em inglês – e em especial os que escrevem em língua portuguesa – moram na periferia da periferia, lá onde a palavra tem de lutar para não ser silêncio.

[...] 

        Talvez os indígenas sejam a melhor forma de ilustrar essa miopia, forjada às vezes por ignorância, em outras por interesses econômicos localizados em suas terras. Parte da população e, o que é mais chocante, dos governantes, espera que os indígenas – todos eles – se comportem como aquilo que acredita ser um índio. Portanto, com todos os clichês do gênero. Neste caso, para muitos os índios não seriam “suficientemente índios" para merecer um lugar e para serem escutados como alguém que tem algo a dizer.

       Outra parte, que também inclui gente que está no poder em todas as instâncias, do executivo ao judiciário, finge que os indígenas não existem. Finge tanto que quase acredita. Como não conhecem e, pior que isso, nem mesmo percebem que é preciso conhecer, porque para isso seria necessário não só honestidade como inteligência, a extinção progressiva só confirmaria uma ausência que já construíram dentro de si.

[...] 

Disponível em: <http://revistaepoca.globo.com/Sociedade/ eliane-brum/noticia/2012/01/lingua-que-somos-lingua-que-podemos-ser.html>

A sintaxe do QUE está corretamente analisada em todas as opções, EXCETO:

Alternativas
Comentários
  • A conjunção "tanto que" é CONSECUTIVA E NÃO CAUSAL 

  • Quando a conjunção QUE vem depois do Tesão (tanto/tamanha/tão/tal) ela expressa sentido de consequência (consecutiva).

  • Toda CAUSA aceita um PORQUE

    Toda CONSEQUÊNCIA aceita um POR ISSO



  • CAUSAIS
    Principais conjunções causais: porque, visto que, já que, uma vez que, como (= porque). Exemplos:

    - Não pude comprar o CD porque estava em falta.
    - Ele não fez o trabalho porque não tem livro.
    - Como não sabe dirigir, vendeu o carro que ganhou no sorteio.

     

    CONSECUTIVAS
    Expressam uma idéia de conseqüência.

    Principais conjunções consecutivas: que ( após “tal”, “tanto”, “tão”, “tamanho”).

    - Falou tanto que ficou rouco.
    - Estava tão feliz que desmaiou.

  • Esse link explica muito bem o uso do "que" http://www.estudopratico.com.br/funcoes-e-uso-da-palavra-que/

  • GABARITO: E

  • Essa banca gosta de cobrar as conjunções subordinadas consecutivas.

    Tal...que, Tão...que, Cada...que, Tanto...que, Tamanho...que etc.

  • Tanto que: consecutiva.


ID
1774822
Banca
FUNCAB
Órgão
Faceli
Ano
2015
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

                    A língua que somos, a língua que podemos ser

                                             (Eliane Brum)

      A alemã Anja Saile é agente literária de autores de língua portuguesa há mais de uma década. Não é um trabalho muito fácil. Com vários brasileiros no catálogo, ela depara-se com frequência com a mesma resposta de editores europeus, variando apenas na forma. O discurso da negativa poderia ser resumido nesta frase: “O livro é bom, mas não é suficientemente brasileiro". O que seria “suficientemente brasileiro"? 

      Anja (pronuncia-se “Ânia") aprendeu a falar a língua durante os anos em que viveu em Portugal (e é impressionante como fala bem e escreve com correção). Quando vem ao Brasil, acaba caminhando demais porque o tamanho de São Paulo sempre a surpreende e ela suspira de saudades da bicicleta que a espera em Berlim. Anja assim interpreta a demanda: “O Brasil é interessante quando corresponde aos clichês europeus. É a Europa que define como a cultura dos outros países deve ser para ser interessante para ela. É muito irritante. As editoras europeias nunca teriam essas exigências em relação aos autores americanos, nunca".

      Anja refere-se ao fato de que os escritores americanos conquistaram o direito de ser universais para a velha Europa e seu ranço colonizador― já dos brasileiros exige-se uma espécie de selo de autenticidade que seria dado pela “temática brasileira". Como se sabe, não estamos sós nessa xaropada. O desabafo de Anja, que nos vê de fora e de dentro, ao mesmo tempo, me remeteu a uma intervenção sobre a língua feita pelo escritor moçambicano Mia Couto, na Conferência Internacional de Literatura, em Estocolmo, na Suécia. Ele disse: 

       — A África tem sido sujeita a sucessivos processos de essencialização e folclorização, e muito daquilo que se proclama como autenticamente africano resulta de invenções feitas fora do continente. Os escritores africanos sofreram durante décadas a chamada prova de autenticidade: pedia-se que seus textos traduzissem aquilo que se entendia como sua verdadeira etnicidade. Os jovens autores africanos estão se libertando da “africanidade". Eles são o que são sem que se necessite de proclamação. Os escritores africanos desejam ser tão universais como qualquer outro escritor do mundo. (...) Há tantas Áfricas quanto escritores, e todos eles estão reinventando continentes dentro de si mesmos.

[...]

       — O mesmo processo que empobreceu o meu continente está, afinal, castrando a nossa condição comum e universal de contadores de histórias. (...) O que fez a espécie humana sobreviver não foi apenas a inteligência, mas a nossa capacidade de produzir diversidade. Essa diversidade está sendo negada nos dias de hoje por um sistema que escolhe apenas por razões de lucro e facilidade de sucesso. Os autores africanos que não escrevem em inglês – e em especial os que escrevem em língua portuguesa – moram na periferia da periferia, lá onde a palavra tem de lutar para não ser silêncio.

[...] 

        Talvez os indígenas sejam a melhor forma de ilustrar essa miopia, forjada às vezes por ignorância, em outras por interesses econômicos localizados em suas terras. Parte da população e, o que é mais chocante, dos governantes, espera que os indígenas – todos eles – se comportem como aquilo que acredita ser um índio. Portanto, com todos os clichês do gênero. Neste caso, para muitos os índios não seriam “suficientemente índios" para merecer um lugar e para serem escutados como alguém que tem algo a dizer.

       Outra parte, que também inclui gente que está no poder em todas as instâncias, do executivo ao judiciário, finge que os indígenas não existem. Finge tanto que quase acredita. Como não conhecem e, pior que isso, nem mesmo percebem que é preciso conhecer, porque para isso seria necessário não só honestidade como inteligência, a extinção progressiva só confirmaria uma ausência que já construíram dentro de si.

[...] 

Disponível em: <http://revistaepoca.globo.com/Sociedade/ eliane-brum/noticia/2012/01/lingua-que-somos-lingua-que-podemos-ser.html>

A frase “Neste caso, para muitos os índios não seriam 'suficientemente índios' para merecer um lugar e para serem escutados como alguém que tem algo a dizer." poderia ser reescrita com a seguinte pontuação:

Alternativas
Comentários
  • Resposta letra "a"?

    "Neste caso, para muitos, os índios não seriam, suficientemente índios', para merecer um lugar e, para serem escutados, como alguém que tem algo a dizer."


    "suficientemente índios" não seria o complemento do verbo seriam?

    seriam o que? suficientemente índios.

    Nesse caso, não se separa o verbo do seu complemento. E essa vírgula após "seriam" estaria errada.


  • A FUNCAB sempre coloca umas questões loucas assim! Vai entender...

  • Que questão nojenta. Só pode ser erro de gabarito... Alguém identificou erro na letra B? Eu não.

  • também não concordo com o gabarito!

    Marquei letra B!

  • O professor falou que a banca queria que fosse apontado a questão que demonstrou maior clareza. A meu ver a questão não disse isso, apenas pediu para fosse reescrita corretamente.
    Obs: Nem sempre a forma correta é mais clara.

  • A "b" não pode ser porque isola o sujeito do verbo: (...) os índios, não seriam "suficientemente índios"(...).

    Quem não seria "suficientemente índios" ? 

    além de outros erros, os quais o professor comenta.

     

  • A falta de uma das aspas deixou a dúvida.
  • essa aspas tá estranha...

  • Concordo com o Filipe Marra:

    Resposta letra "a"?

    "Neste caso, para muitos, os índios não seriam, suficientemente índios', para merecer um lugar e, para serem escutados, como alguém que tem algo a dizer."

     

    "suficientemente índios" não seria o complemento do verbo seriam?

    seriam o que? suficientemente índios.

    Nesse caso, não se separa o verbo do seu complemento. E essa vírgula após "seriam" estaria errada.

     

    Eu marquei E.

  • Vírgula depois do verbo? É isso mesmo????

    Aposto e ganho que essa questão teria de ser anulada.

  • Marquei a menos errada! Gabarito Letra "A" supostamente.

  • o "para" da a denotação de Finalidade e nesse contexto a virgula se torna facultativa, Por isso, a letra A esta correta

  • QUESTÃO PASSIVA DE ANULAÇÃO

    FALTA DE ASPA

  • Acertei e concordo com o gabarito kkkkkkkkkkkkkkkkk


ID
1774825
Banca
FUNCAB
Órgão
Faceli
Ano
2015
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

                    A língua que somos, a língua que podemos ser

                                             (Eliane Brum)

      A alemã Anja Saile é agente literária de autores de língua portuguesa há mais de uma década. Não é um trabalho muito fácil. Com vários brasileiros no catálogo, ela depara-se com frequência com a mesma resposta de editores europeus, variando apenas na forma. O discurso da negativa poderia ser resumido nesta frase: “O livro é bom, mas não é suficientemente brasileiro". O que seria “suficientemente brasileiro"? 

      Anja (pronuncia-se “Ânia") aprendeu a falar a língua durante os anos em que viveu em Portugal (e é impressionante como fala bem e escreve com correção). Quando vem ao Brasil, acaba caminhando demais porque o tamanho de São Paulo sempre a surpreende e ela suspira de saudades da bicicleta que a espera em Berlim. Anja assim interpreta a demanda: “O Brasil é interessante quando corresponde aos clichês europeus. É a Europa que define como a cultura dos outros países deve ser para ser interessante para ela. É muito irritante. As editoras europeias nunca teriam essas exigências em relação aos autores americanos, nunca".

      Anja refere-se ao fato de que os escritores americanos conquistaram o direito de ser universais para a velha Europa e seu ranço colonizador― já dos brasileiros exige-se uma espécie de selo de autenticidade que seria dado pela “temática brasileira". Como se sabe, não estamos sós nessa xaropada. O desabafo de Anja, que nos vê de fora e de dentro, ao mesmo tempo, me remeteu a uma intervenção sobre a língua feita pelo escritor moçambicano Mia Couto, na Conferência Internacional de Literatura, em Estocolmo, na Suécia. Ele disse: 

       — A África tem sido sujeita a sucessivos processos de essencialização e folclorização, e muito daquilo que se proclama como autenticamente africano resulta de invenções feitas fora do continente. Os escritores africanos sofreram durante décadas a chamada prova de autenticidade: pedia-se que seus textos traduzissem aquilo que se entendia como sua verdadeira etnicidade. Os jovens autores africanos estão se libertando da “africanidade". Eles são o que são sem que se necessite de proclamação. Os escritores africanos desejam ser tão universais como qualquer outro escritor do mundo. (...) Há tantas Áfricas quanto escritores, e todos eles estão reinventando continentes dentro de si mesmos.

[...]

       — O mesmo processo que empobreceu o meu continente está, afinal, castrando a nossa condição comum e universal de contadores de histórias. (...) O que fez a espécie humana sobreviver não foi apenas a inteligência, mas a nossa capacidade de produzir diversidade. Essa diversidade está sendo negada nos dias de hoje por um sistema que escolhe apenas por razões de lucro e facilidade de sucesso. Os autores africanos que não escrevem em inglês – e em especial os que escrevem em língua portuguesa – moram na periferia da periferia, lá onde a palavra tem de lutar para não ser silêncio.

[...] 

        Talvez os indígenas sejam a melhor forma de ilustrar essa miopia, forjada às vezes por ignorância, em outras por interesses econômicos localizados em suas terras. Parte da população e, o que é mais chocante, dos governantes, espera que os indígenas – todos eles – se comportem como aquilo que acredita ser um índio. Portanto, com todos os clichês do gênero. Neste caso, para muitos os índios não seriam “suficientemente índios" para merecer um lugar e para serem escutados como alguém que tem algo a dizer.

       Outra parte, que também inclui gente que está no poder em todas as instâncias, do executivo ao judiciário, finge que os indígenas não existem. Finge tanto que quase acredita. Como não conhecem e, pior que isso, nem mesmo percebem que é preciso conhecer, porque para isso seria necessário não só honestidade como inteligência, a extinção progressiva só confirmaria uma ausência que já construíram dentro de si.

[...] 

Disponível em: <http://revistaepoca.globo.com/Sociedade/ eliane-brum/noticia/2012/01/lingua-que-somos-lingua-que-podemos-ser.html>

Considere a passagem “A África tem sido sujeita a sucessivos processos de essencialização". É correto dizer que:

Alternativas
Comentários
  •   " TER ou HAVER + PARTICÍPIO = FORMA COMPOSTA"

    Alguém poderia explicar a assertiva B ? Não encontrei erro nela.


    Obrigada,

  • Não é particípio composto , e sim tempo composto.A locução verbal é Pretérito Perfeito Composto  do Indicativo

  • a) E. Voz passiva.
    b) E. "Tem sido" é tempo composto e não "particípio composto".

    c) C. Alteraria tudo na frase e ainda a tornaria gramaticalmente incorreta.

    d) E. Há clara relação semântica com a palavra "sujeito". Ambas pertecem ao mesmo campo lexical.

    e) E. Trata-se de complemento nominal do adjetivo "sujeita", não de agente da passiva.


  • mudaria a regência? Mesmo achando a mais correta, percebi que tanto sujeita como sujeito pedirão a  preposição a. Confere?

  • Mesma dúvida do Rodrigo Trevisan...

  • Pelo que entendi mudaria para:
    A África tem sido sujeito de sucessivos processos de essencialização

  • Indicada para comentário(prof, QC)

  • GABARITO = C

     

    Considere a passagem “A África tem (AUXILIAR VERBAL) sido (AUXILIAR NA FORMA PARTICIPIAL) sujeita ( VERBO PRINCIPAL NO PARTICÍPIO) a sucessivos processos de essencialização" (OBJETO INDIRETO) = TEMPO COMPOSTO NA FORMA ANALÍTICA. É correto dizer que:

    A-)há aí uma locução verbal de três verbos, regida por sujeito agente. (NA TRANSPOSIÇÃO DA VOZ ATIVA PARA A VOZ PASSIVA, O OBJETO DIRETO DA VOZ ATIVA SE TRANSFORMA NO SUJEITO DA VOZ PASSIVA E O SUJEITO DA VOZ ATIVA, SE TRANSFORMA NO AGENTE DA PASSIVA. NO CASO DESTA QUESTÃO HAVIA OBJETO INDIRETO NA VOZ ATIVA QUE DEVE SER MANTIDO NA VOZ PASSIVA. CONCLUSÃO: A ALTERNATIVA AFIRMA SER REGIDA POR SUJEITO AGENTE QUANDO NA VERDADE O SUJEITO É PACIENTE DA AÇÃO VERBAL)
    - OBS: A LOCUÇÃO VERBAL TEM 3 VERBOS, 2 AUXILIARES E 1 PRINCIPAL (OBS:UMA LOCUÇÃO PODE TER VÁRIOS AUXILIARES, MAS SÓ UM PRINCIPAL).

    B-)a forma verbal TEM SIDO (É PRETÉRITO PERFEITO COMPOSTO. ESTA FORMA APRESENTA O VERBO AUXILIAR NO PRESENTE) corresponde a um particípio composto.

    C-)a mudança de SUJEITA para SUJEITO alteraria a sintaxe, a semântica e a rede de regência. ALTERNATIVA CORRETA.

    D-)a forma SUJEITA não mantém relação semântico-lexical alguma com a palavra SUJEITO. MANTÉM SIM, POIS AMBAS AS PALAVRAS TEM SENTIDO DE SUJEIÇÃO)

    E-)o termo após a preposição A pode ser considerado um agente da passiva introduzido por preposição atípica. NÃO PODE! CONFORME EXPLICADO NA ALTERNATIVA A, É UM OBJETO INDIRETO.

     

    JUSTIFICATIVA DA ALTERNATIVA C COMO CORRETA
    - Abaixo segue a citação reescrita com a modificação de sujeita por sujeito!
    - "A África tem sido sujeito a sucessivos processos de essencialização" --> Agora esta oração está na voz ativa; "sujeito" é predicativo do sujeito e a preposição introduz um Complemento Nominal.

  • Mano do céu, esse Arenildo me cansa em um grau imensurável! 

    Não entendi bulhufas da explicação dele. 

    Eu marquei a C pois entendi que o A Africa é substantivo feminino que concorda com sujeita. (exemplo: A menina tem sido mal vista pelos colegas) Eu fiz essa correlação, mas depois de tudo que ele disse estou na duvida se não acertei na sorte!

    Se alguém puder me dar uma luz agradeço!

     

     

  • A voz as vezes cansa e enfada!

  • não consegui desmontar essa frase

    Se como disse o professor há objeto indireto, como pode ter havido transposição para a voz passiva?

    Essa explicação do video, colocando objeto indireto na jogada bagunçou tudo, especialmente pois não consigo ver um VTDI nessa questão.

    Mormente em relaçao a letra "e", Nao consigo compreender conforme falado no comentário mais votado como sendo o termo apos a preposiçao A um complemente nominal, pois o termo "sujeita", pra mim, é forma verbal que integra como verbo principal a locução verbal; nao seria um adjetivo conforme colega dnsse. Vejo o termo " sucessivos processos de essencialização " como agente da passiva mesmo.

     

    Encontrei essa passagem que justifica ainda mais a letra "e" como sendo o agente da passiva e nao objeto indireto como disse o professor, se é objeto indireto e a voz é passiva analitiva, onde esta o agente da passiva?

    'O termo é mais comumente introduzido pela preposição “por” e suas variantes, tais como “pelo”, “pela”, “pelos” e “pelas”. No entanto, podemos encontrar o agente da passiva introduzido pelas preposições “de” ou “a”. (https://www.estudopratico.com.br/agente-da-passiva/)

     

    Alguém conseguiria esmiuçar melhor esta questão.


ID
1774828
Banca
FUNCAB
Órgão
Faceli
Ano
2015
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

                    A língua que somos, a língua que podemos ser

                                             (Eliane Brum)

      A alemã Anja Saile é agente literária de autores de língua portuguesa há mais de uma década. Não é um trabalho muito fácil. Com vários brasileiros no catálogo, ela depara-se com frequência com a mesma resposta de editores europeus, variando apenas na forma. O discurso da negativa poderia ser resumido nesta frase: “O livro é bom, mas não é suficientemente brasileiro". O que seria “suficientemente brasileiro"? 

      Anja (pronuncia-se “Ânia") aprendeu a falar a língua durante os anos em que viveu em Portugal (e é impressionante como fala bem e escreve com correção). Quando vem ao Brasil, acaba caminhando demais porque o tamanho de São Paulo sempre a surpreende e ela suspira de saudades da bicicleta que a espera em Berlim. Anja assim interpreta a demanda: “O Brasil é interessante quando corresponde aos clichês europeus. É a Europa que define como a cultura dos outros países deve ser para ser interessante para ela. É muito irritante. As editoras europeias nunca teriam essas exigências em relação aos autores americanos, nunca".

      Anja refere-se ao fato de que os escritores americanos conquistaram o direito de ser universais para a velha Europa e seu ranço colonizador― já dos brasileiros exige-se uma espécie de selo de autenticidade que seria dado pela “temática brasileira". Como se sabe, não estamos sós nessa xaropada. O desabafo de Anja, que nos vê de fora e de dentro, ao mesmo tempo, me remeteu a uma intervenção sobre a língua feita pelo escritor moçambicano Mia Couto, na Conferência Internacional de Literatura, em Estocolmo, na Suécia. Ele disse: 

       — A África tem sido sujeita a sucessivos processos de essencialização e folclorização, e muito daquilo que se proclama como autenticamente africano resulta de invenções feitas fora do continente. Os escritores africanos sofreram durante décadas a chamada prova de autenticidade: pedia-se que seus textos traduzissem aquilo que se entendia como sua verdadeira etnicidade. Os jovens autores africanos estão se libertando da “africanidade". Eles são o que são sem que se necessite de proclamação. Os escritores africanos desejam ser tão universais como qualquer outro escritor do mundo. (...) Há tantas Áfricas quanto escritores, e todos eles estão reinventando continentes dentro de si mesmos.

[...]

       — O mesmo processo que empobreceu o meu continente está, afinal, castrando a nossa condição comum e universal de contadores de histórias. (...) O que fez a espécie humana sobreviver não foi apenas a inteligência, mas a nossa capacidade de produzir diversidade. Essa diversidade está sendo negada nos dias de hoje por um sistema que escolhe apenas por razões de lucro e facilidade de sucesso. Os autores africanos que não escrevem em inglês – e em especial os que escrevem em língua portuguesa – moram na periferia da periferia, lá onde a palavra tem de lutar para não ser silêncio.

[...] 

        Talvez os indígenas sejam a melhor forma de ilustrar essa miopia, forjada às vezes por ignorância, em outras por interesses econômicos localizados em suas terras. Parte da população e, o que é mais chocante, dos governantes, espera que os indígenas – todos eles – se comportem como aquilo que acredita ser um índio. Portanto, com todos os clichês do gênero. Neste caso, para muitos os índios não seriam “suficientemente índios" para merecer um lugar e para serem escutados como alguém que tem algo a dizer.

       Outra parte, que também inclui gente que está no poder em todas as instâncias, do executivo ao judiciário, finge que os indígenas não existem. Finge tanto que quase acredita. Como não conhecem e, pior que isso, nem mesmo percebem que é preciso conhecer, porque para isso seria necessário não só honestidade como inteligência, a extinção progressiva só confirmaria uma ausência que já construíram dentro de si.

[...] 

Disponível em: <http://revistaepoca.globo.com/Sociedade/ eliane-brum/noticia/2012/01/lingua-que-somos-lingua-que-podemos-ser.html>

A partir do trecho “pedia-se que seus textos traduzissem aquilo que se entendia como sua verdadeira etnicidade.", é correto dizer que há nele:

Alternativas
Comentários
  • Os dois verbos (pedir e entender) são respectivamente: VTDI e VTD, logo, existem 2 construções de voz passiva.

  • Aff, eu marquei a letra C ! Se o sujeito é determinado, como pode ser duas vozes passivas?

    "(...) a prova de autenticidade pedia que seus textos traduzissem (...)

    O que a transitividade do verbo diz? Não consigo ver a relação, Luciana Brandão.


  • Ainda estou meio confuso, seria isso: "A prova de autenticidade dos escritores africanos pedia a si mesma (exigia de si mesma) que seus textos traduzissem aquilo que se entendia como sua verdadeira etnicidade. "??

    Marquei a C por achar que a partícula -se em ''pedia-se'' era indeterminador de sujeito.

  • A primeira parte não seia sujeito oracional? Pedia-se isso? Não entendi

  • Maximumm , VTD + Se  e VTDI + Se = Sujeito Paciente (No caso na primeira parte está na voz passiva).

    Quem pede , pede alguma coisa . (VTD + Se) 

    Deus abençoe a todos ! 

  • Gabarito B

    A análise do sujeito parte sempre do verbo:

    "Pedia-se que seus textos traduzissem aquilo"

    Pedir VTD: Quem pede, pede alguma coisa. Pediu o quê? ISSO (Sujeito oracional)

    "Isso foi pedido" Passiva

    "aquilo que se entendia como sua verdadeira etnicidade"

    Entender VTD: Quem entende, entende algo. Entendeu o quê? Que (Aquilo).

    "Aquilo foi entendido" Passiva


ID
1774831
Banca
FUNCAB
Órgão
Faceli
Ano
2015
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

                    A língua que somos, a língua que podemos ser

                                             (Eliane Brum)

      A alemã Anja Saile é agente literária de autores de língua portuguesa há mais de uma década. Não é um trabalho muito fácil. Com vários brasileiros no catálogo, ela depara-se com frequência com a mesma resposta de editores europeus, variando apenas na forma. O discurso da negativa poderia ser resumido nesta frase: “O livro é bom, mas não é suficientemente brasileiro". O que seria “suficientemente brasileiro"? 

      Anja (pronuncia-se “Ânia") aprendeu a falar a língua durante os anos em que viveu em Portugal (e é impressionante como fala bem e escreve com correção). Quando vem ao Brasil, acaba caminhando demais porque o tamanho de São Paulo sempre a surpreende e ela suspira de saudades da bicicleta que a espera em Berlim. Anja assim interpreta a demanda: “O Brasil é interessante quando corresponde aos clichês europeus. É a Europa que define como a cultura dos outros países deve ser para ser interessante para ela. É muito irritante. As editoras europeias nunca teriam essas exigências em relação aos autores americanos, nunca".

      Anja refere-se ao fato de que os escritores americanos conquistaram o direito de ser universais para a velha Europa e seu ranço colonizador― já dos brasileiros exige-se uma espécie de selo de autenticidade que seria dado pela “temática brasileira". Como se sabe, não estamos sós nessa xaropada. O desabafo de Anja, que nos vê de fora e de dentro, ao mesmo tempo, me remeteu a uma intervenção sobre a língua feita pelo escritor moçambicano Mia Couto, na Conferência Internacional de Literatura, em Estocolmo, na Suécia. Ele disse: 

       — A África tem sido sujeita a sucessivos processos de essencialização e folclorização, e muito daquilo que se proclama como autenticamente africano resulta de invenções feitas fora do continente. Os escritores africanos sofreram durante décadas a chamada prova de autenticidade: pedia-se que seus textos traduzissem aquilo que se entendia como sua verdadeira etnicidade. Os jovens autores africanos estão se libertando da “africanidade". Eles são o que são sem que se necessite de proclamação. Os escritores africanos desejam ser tão universais como qualquer outro escritor do mundo. (...) Há tantas Áfricas quanto escritores, e todos eles estão reinventando continentes dentro de si mesmos.

[...]

       — O mesmo processo que empobreceu o meu continente está, afinal, castrando a nossa condição comum e universal de contadores de histórias. (...) O que fez a espécie humana sobreviver não foi apenas a inteligência, mas a nossa capacidade de produzir diversidade. Essa diversidade está sendo negada nos dias de hoje por um sistema que escolhe apenas por razões de lucro e facilidade de sucesso. Os autores africanos que não escrevem em inglês – e em especial os que escrevem em língua portuguesa – moram na periferia da periferia, lá onde a palavra tem de lutar para não ser silêncio.

[...] 

        Talvez os indígenas sejam a melhor forma de ilustrar essa miopia, forjada às vezes por ignorância, em outras por interesses econômicos localizados em suas terras. Parte da população e, o que é mais chocante, dos governantes, espera que os indígenas – todos eles – se comportem como aquilo que acredita ser um índio. Portanto, com todos os clichês do gênero. Neste caso, para muitos os índios não seriam “suficientemente índios" para merecer um lugar e para serem escutados como alguém que tem algo a dizer.

       Outra parte, que também inclui gente que está no poder em todas as instâncias, do executivo ao judiciário, finge que os indígenas não existem. Finge tanto que quase acredita. Como não conhecem e, pior que isso, nem mesmo percebem que é preciso conhecer, porque para isso seria necessário não só honestidade como inteligência, a extinção progressiva só confirmaria uma ausência que já construíram dentro de si.

[...] 

Disponível em: <http://revistaepoca.globo.com/Sociedade/ eliane-brum/noticia/2012/01/lingua-que-somos-lingua-que-podemos-ser.html>

Considere os períodos a seguir e proceda à sua análise sintática.

I. Anja fala alemão e também sabe português.

II. Anja, além de falar alemão, também sabe português. 

Alternativas
Comentários
  • Errei a questão pensando no seguinte:

    I- A conjunção "e" é uma conjunção coordenada aditiva.

    II- "Além ... também" dá ideia de adição.

    Corrijam-me por favor se eu estiver equivocado. 

  • Até que alguém me prove o contrário , eu creio que essa letra C está errada, pra mim as duas são por coordenação aditivas.

  • Acho que a segunda é subordinada adjetiva explicativa. 

  • Eu concordo com Rômulo e André.


    Oração coordenada sindética aditiva: transmite uma ideia de adição à oração anterior. 


    As principais são: e, nem, também, bem como, não só...mas também, não só...como também, tanto…como, não só…mas ainda, não só...bem como, assim... como, etc. 


    Na minha opinião o gabarito seria letra A


    Alguém poderia explicar o porquê da letra C?

  • Gabarito letra ( C )


    1º Oração Coordenada Sindética Aditiva 

    2º Oração Subordinada Substantiva Apositiva , sendo :

     Anja também sabe português. = Oração Principal

    , além de falar alemão, = Aposto


    Acredito que seja isso. 

  • Acho que a segunda oração é adjetiva explicativa, o examinador quis dificultar a questão e suprimiu o termo que. Para facilitar deveria está escrita assim: Anja, que além de falar alemão, também sabe português.

  • Acredito que seja isto:

     Anja, além de falar alemão, também sabe português

    "além de falar alemão" é uma oração reduzida de infinitivo (explicitada pelo verbo falar) que pode ser desenvolvida para "que também fala alemão", ou seja, trata-se de uma Oração Subordinada Adjetiva Explicativa Reduzida de Infinitivo.

  • essas banca fazem o que quer...aonde que explicativa cade o que na segunda oração...na minha opinião ambas são aditivas....

  • I - O.C. Aditiva "e";


    II - O.S. Adj. Explicativa, observe que está na forma reduzida de infinitivo ("... , além de falar alemão, ..."). Na forma desenvolvida seria: ... , que fala alemão, ...

  • rapaz o caba tem que engolir cada piti de banca...realmente a segunda claramente é uma adição.

  • Segundo a gramática de Fernando Pestana:

    1- As orações reduzidas de infinitivo podem ser: SUBSTANTIVAS, ADVERBIAIS e ADJETIVAS (hipótese do item 2 - repare que estas só podem ser orações subordinadas);

    2- As orações reduzidas do gerúndio podem ser: COORDENADAS ADITIVAS, SUBSTANTIVAS APOSITIVAS, ADJETIVAS OU ADVERBIAIS (aqui, admite-se a coordenação);

    3- As orações reduzidas do particípio podem ser: ADJETIVAS OU ADVERBIAIS (só podem ser orações subordinadas)

     

    logo, não é totalmente correto (segundo a referida gramática) afirmar que as orações reduzidas estão só para a subordinação, porque as reduzidas do gerúndio aceitam coordenação, as que admitem apenas a subordinação são as reduzidas do INFINITIVO e do PARTICÍPIO.

  • Fui pego pela vírgula kkkkkkk

  • Perfeito o raciocínio de alguns colegas no comentário: A II é uma oração subordinada reduzida de infinitivo.

  • Fico aliviado em ter errado ao marcar a A, por outro lado preocupação com o que as bancas fazem.

  • EU PENSEI ASSIM: ALÉM DE FALAR ALEMÃO... PRECISARIA DUMA ORAÇÃO(SUBORDINADA) PARA COMPLETAR O" ALÉM DE".

  • Marquei a alternativa A.

    Alguém sabe explicar, fiquei bem confusa


ID
1774834
Banca
FUNCAB
Órgão
Faceli
Ano
2015
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

                    A língua que somos, a língua que podemos ser

                                             (Eliane Brum)

      A alemã Anja Saile é agente literária de autores de língua portuguesa há mais de uma década. Não é um trabalho muito fácil. Com vários brasileiros no catálogo, ela depara-se com frequência com a mesma resposta de editores europeus, variando apenas na forma. O discurso da negativa poderia ser resumido nesta frase: “O livro é bom, mas não é suficientemente brasileiro". O que seria “suficientemente brasileiro"? 

      Anja (pronuncia-se “Ânia") aprendeu a falar a língua durante os anos em que viveu em Portugal (e é impressionante como fala bem e escreve com correção). Quando vem ao Brasil, acaba caminhando demais porque o tamanho de São Paulo sempre a surpreende e ela suspira de saudades da bicicleta que a espera em Berlim. Anja assim interpreta a demanda: “O Brasil é interessante quando corresponde aos clichês europeus. É a Europa que define como a cultura dos outros países deve ser para ser interessante para ela. É muito irritante. As editoras europeias nunca teriam essas exigências em relação aos autores americanos, nunca".

      Anja refere-se ao fato de que os escritores americanos conquistaram o direito de ser universais para a velha Europa e seu ranço colonizador― já dos brasileiros exige-se uma espécie de selo de autenticidade que seria dado pela “temática brasileira". Como se sabe, não estamos sós nessa xaropada. O desabafo de Anja, que nos vê de fora e de dentro, ao mesmo tempo, me remeteu a uma intervenção sobre a língua feita pelo escritor moçambicano Mia Couto, na Conferência Internacional de Literatura, em Estocolmo, na Suécia. Ele disse: 

       — A África tem sido sujeita a sucessivos processos de essencialização e folclorização, e muito daquilo que se proclama como autenticamente africano resulta de invenções feitas fora do continente. Os escritores africanos sofreram durante décadas a chamada prova de autenticidade: pedia-se que seus textos traduzissem aquilo que se entendia como sua verdadeira etnicidade. Os jovens autores africanos estão se libertando da “africanidade". Eles são o que são sem que se necessite de proclamação. Os escritores africanos desejam ser tão universais como qualquer outro escritor do mundo. (...) Há tantas Áfricas quanto escritores, e todos eles estão reinventando continentes dentro de si mesmos.

[...]

       — O mesmo processo que empobreceu o meu continente está, afinal, castrando a nossa condição comum e universal de contadores de histórias. (...) O que fez a espécie humana sobreviver não foi apenas a inteligência, mas a nossa capacidade de produzir diversidade. Essa diversidade está sendo negada nos dias de hoje por um sistema que escolhe apenas por razões de lucro e facilidade de sucesso. Os autores africanos que não escrevem em inglês – e em especial os que escrevem em língua portuguesa – moram na periferia da periferia, lá onde a palavra tem de lutar para não ser silêncio.

[...] 

        Talvez os indígenas sejam a melhor forma de ilustrar essa miopia, forjada às vezes por ignorância, em outras por interesses econômicos localizados em suas terras. Parte da população e, o que é mais chocante, dos governantes, espera que os indígenas – todos eles – se comportem como aquilo que acredita ser um índio. Portanto, com todos os clichês do gênero. Neste caso, para muitos os índios não seriam “suficientemente índios" para merecer um lugar e para serem escutados como alguém que tem algo a dizer.

       Outra parte, que também inclui gente que está no poder em todas as instâncias, do executivo ao judiciário, finge que os indígenas não existem. Finge tanto que quase acredita. Como não conhecem e, pior que isso, nem mesmo percebem que é preciso conhecer, porque para isso seria necessário não só honestidade como inteligência, a extinção progressiva só confirmaria uma ausência que já construíram dentro de si.

[...] 

Disponível em: <http://revistaepoca.globo.com/Sociedade/ eliane-brum/noticia/2012/01/lingua-que-somos-lingua-que-podemos-ser.html>

No último período do texto, identifica-se:

Alternativas
Comentários
  • Na minha opinião seria a letra "D", pois existe sim pelo menos uma locução verbal no período citado pelo enunciado. Fiquei com dúvidas! :/


  • "Outra parte, que também inclui gente que está no poder em todas as instâncias, do executivo ao judiciário, finge que os indígenas não existem. Finge tanto que quase acredita. Como não conhecem e, pior que isso, nem mesmo percebem que é preciso conhecer, porque para isso seria necessário não só honestidade como inteligência, a extinção progressiva só confirmaria uma ausência que já construíram dentro de si. "


    Alguém sabe o porquê de não ser gabarito letra D ?

  • A palavra "preciso", neste caso, não está empregada como verbo, por isso que não forma a locução verbal.

  • Segundo PESTANA, 2013

    1) Silepse de Número

    Usa-se um vocábulo em número diferente da palavra a que se refere para concordar com o sentido que ela tem.

    Flor tem vida muito curta, logo murcham.

    – Toda aquela multidão veementemente se insurgiu contra o governo. Estavam sedentos por justiça.

    Na questão:

    Como não conhecem e, pior que isso, nem mesmo percebem que é preciso conhecer, porque para isso seria necessário não só honestidade como inteligência, a extinção progressiva só confirmaria uma ausência que já construíram dentro de si. 

    Referindo-se à : gente que está no poder


    Acho que é isso, se alguém puder confirmar

  • O que é Silepse?

  • Lidia, Silepse é concordância ideológica, ou seja, deve concordar com algo que não foi escrito (que está oculto) na sentença. Temos silepse de gênero, número e pessoa. 

  • A silepse é a concordância que se faz com o termo que não está expresso no texto, mas sim com a ideia que ele representa. É uma concordância anormal, psicológica, espiritual, latente, porque se faz com um termo oculto, facilmente subentendido. Há três tipos de silepse: de gênero, número e pessoa.

    Silepse de Gênero

    Os gêneros são masculino feminino. Ocorre a silepse de gênero quando a concordância se faz com aideia que o termo comporta. Exemplos:

    1) A bonita Porto Velho sofreu mais uma vez com o calor intenso.
    Nesse caso, o adjetivo bonita não está concordando com o termo Porto Velho, que gramaticalmente pertence ao gênero masculino, mas com a ideia contida no termo (a cidade de Porto Velho).

    2) Vossa excelência está preocupado.
    Nesse exemplo, o adjetivo preocupado concorda com o sexo da pessoa, que nesse caso é masculino, e não com o termo Vossa excelência.

    Silepse de Número

    Os números são singular plural. A silepse de número ocorre quando o verbo da oração não concorda gramaticalmente com o sujeito da oração, mas com a ideia que nele está contida. Exemplos:

    procissão saiu. Andaram por todas as ruas da cidade de Salvador.
    Como vai a turmaEstão bem?
    povo corria por todos os lados e gritavam muito alto.

    Note que nos exemplos acima, os verbos andaramestão gritavam não concordam gramaticalmente com os sujeitos das orações (que se encontram no singular, procissãoturma povo, respectivamente), mas com a ideia de pluralidade que neles está contida. Procissão, turma e povo dão a ideia de muita gente, por isso que os verbos estão no plural.

    Silepse de Pessoa

    Três são as pessoas gramaticais: a primeira, a segunda e a terceira. A silepse de pessoa ocorre quando há um desvio de concordância. O verbo, mais uma vez, não concorda com o sujeito da oração, mas sim com a pessoa que está inscrita no sujeito
    Exemplos:

    O que não compreendo é como os brasileiros persistamos em aceitar essa situação.
    Os agricultores temos orgulho de nosso trabalho.
    "Dizem que os cariocas somos poucos dados aos jardins públicos." (Machado de Assis)

    Observe que os verbos persistamostemos e somos não concordam gramaticalmente com os seus sujeitos (brasileirosagricultores e cariocas que estão na terceira pessoa), mas com a ideia que neles está contida (nós, os brasileiros, os agricultores e os cariocas).

  • Acertei, mas o comentário do colega Marcelo elucidou ainda mais a questão.

  • Na letra d) Se pararmos para analisar o trecho no qual há uma possível locução verbal poderemos ver que não se trata de locução:

    "...nem mesmo percebem que é preciso conhecer..."

    Separando essa Oração Subordinada Ob. Direta da Principal e da conjução integrante:

    ...é preciso conhecer... Perguntando ao verbo: O que é preciso? Isso é preciso. Conhecer é Or. Sub. Subst. Sujetiva Reduzida de Infinitivo.

  • Marquei D.
    A questão diz q é a análise do último período, então a B não pode ser a resposta. Não?
    Já não sei mais nada kkkk

  • LEGAL!!!

  • HOORRRRÍÍÍÍÍVVVVEEEEEELLLLLLL

  • A questão menciona o ÚLTIMO PERÍODO. No entanto, deveria mencionar o ÚLTIMO PARÁGRAFO.
    Analisando o ÚLTIMO PARÁGRAFO percebemos então a silepse.
    Vejam:

    Outra parte, que também inclui GENTE que está no poder em todas as instâncias, do executivo ao judiciário, finge que os indígenas não existem. Finge tanto que quase acredita. Como não CONHECEM e, pior que isso, nem mesmo PERCEBEM que é preciso conhecer, porque para isso seria necessário não só honestidade como inteligência, a extinção progressiva só confirmaria uma ausência que já CONSTRUÍRAM dentro de si. 

    Na silepse (concordância ideológica) a estrutura GENTE CONHECE / GENTE PERCEBE / GENTE CONTRÓI (3ªp Singular) é feita na 3ª p Plural.
     

  • período ou parágrafo?

  •  "Outra parte, que também inclui gente que está no poder em todas as instâncias, do executivo ao judiciário, "Outra parte," finge que os indígenas não existem. "Outra parte," finge tanto que quase acredita. Como não conhecem e, pior que isso, "outra parte," nem mesmo percebem que é preciso conhecer, porque para isso seria necessário não só honestidade como inteligência, a extinção progressiva só confirmaria uma ausência que já construíram dentro de si. 

    [...] " Acredito que o termo que está em silepse e com o qual as três oração concordam em gênero, número e pessoa é "outra parte".

  • Como (Eles) não conhecem e, pior que isso, (Eles) nem mesmo percebem que é preciso conhecer, porque para isso seria necessário não só honestidade como inteligência, a extinção progressiva só confirmaria uma ausência que (Eles) já construíram dentro de si.

  • A palavra preciso é o predicativo do sujeito conhecer.

    É preciso conhecer ---> Conhecer é preciso.

    v.l p.s sujeito

  • Conhecem, percebem, e construíram indicam as três ocorrências de silpese, porquanto o verbo não está concordando em número com o sujeito "uma outra parte...", que se encontra no singular.

    Rumo à PMSC 2019

  • Galera, há oito semanas, comecei utilizar os MAPAS MENTAIS PARA CARREIRAS POLICIAIS, e o resultado está sendo imediato, pois nosso cérebro tem mais facilidade em associar padrões, figuras e cores.

    Estou mais organizado e compreendendo grandes quantidades de informações;

    Retendo pelo menos 85% de tudo que estudo;

    E realmente aumentou minha capacidade de memorização e concentração;

     Obs.: Alguns mapas mentais estão gratuitos o que já permite entender essa metodologia.

    Super método de aprovação para carreiras policiais, instagram: @veia.policial

    “FAÇA DIFERENTE”

    SEREMOS APROVADOS EM 2021!

  • Galera, há oito semanas, comecei utilizar os MAPAS MENTAIS PARA CARREIRAS POLICIAIS, e o resultado está sendo imediato, pois nosso cérebro tem mais facilidade em associar padrões, figuras e cores.

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    “FAÇA DIFERENTE”

    SEREMOS APROVADOS EM 2021!


ID
1774837
Banca
FUNCAB
Órgão
Faceli
Ano
2015
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

                    A língua que somos, a língua que podemos ser

                                             (Eliane Brum)

      A alemã Anja Saile é agente literária de autores de língua portuguesa há mais de uma década. Não é um trabalho muito fácil. Com vários brasileiros no catálogo, ela depara-se com frequência com a mesma resposta de editores europeus, variando apenas na forma. O discurso da negativa poderia ser resumido nesta frase: “O livro é bom, mas não é suficientemente brasileiro". O que seria “suficientemente brasileiro"? 

      Anja (pronuncia-se “Ânia") aprendeu a falar a língua durante os anos em que viveu em Portugal (e é impressionante como fala bem e escreve com correção). Quando vem ao Brasil, acaba caminhando demais porque o tamanho de São Paulo sempre a surpreende e ela suspira de saudades da bicicleta que a espera em Berlim. Anja assim interpreta a demanda: “O Brasil é interessante quando corresponde aos clichês europeus. É a Europa que define como a cultura dos outros países deve ser para ser interessante para ela. É muito irritante. As editoras europeias nunca teriam essas exigências em relação aos autores americanos, nunca".

      Anja refere-se ao fato de que os escritores americanos conquistaram o direito de ser universais para a velha Europa e seu ranço colonizador― já dos brasileiros exige-se uma espécie de selo de autenticidade que seria dado pela “temática brasileira". Como se sabe, não estamos sós nessa xaropada. O desabafo de Anja, que nos vê de fora e de dentro, ao mesmo tempo, me remeteu a uma intervenção sobre a língua feita pelo escritor moçambicano Mia Couto, na Conferência Internacional de Literatura, em Estocolmo, na Suécia. Ele disse: 

       — A África tem sido sujeita a sucessivos processos de essencialização e folclorização, e muito daquilo que se proclama como autenticamente africano resulta de invenções feitas fora do continente. Os escritores africanos sofreram durante décadas a chamada prova de autenticidade: pedia-se que seus textos traduzissem aquilo que se entendia como sua verdadeira etnicidade. Os jovens autores africanos estão se libertando da “africanidade". Eles são o que são sem que se necessite de proclamação. Os escritores africanos desejam ser tão universais como qualquer outro escritor do mundo. (...) Há tantas Áfricas quanto escritores, e todos eles estão reinventando continentes dentro de si mesmos.

[...]

       — O mesmo processo que empobreceu o meu continente está, afinal, castrando a nossa condição comum e universal de contadores de histórias. (...) O que fez a espécie humana sobreviver não foi apenas a inteligência, mas a nossa capacidade de produzir diversidade. Essa diversidade está sendo negada nos dias de hoje por um sistema que escolhe apenas por razões de lucro e facilidade de sucesso. Os autores africanos que não escrevem em inglês – e em especial os que escrevem em língua portuguesa – moram na periferia da periferia, lá onde a palavra tem de lutar para não ser silêncio.

[...] 

        Talvez os indígenas sejam a melhor forma de ilustrar essa miopia, forjada às vezes por ignorância, em outras por interesses econômicos localizados em suas terras. Parte da população e, o que é mais chocante, dos governantes, espera que os indígenas – todos eles – se comportem como aquilo que acredita ser um índio. Portanto, com todos os clichês do gênero. Neste caso, para muitos os índios não seriam “suficientemente índios" para merecer um lugar e para serem escutados como alguém que tem algo a dizer.

       Outra parte, que também inclui gente que está no poder em todas as instâncias, do executivo ao judiciário, finge que os indígenas não existem. Finge tanto que quase acredita. Como não conhecem e, pior que isso, nem mesmo percebem que é preciso conhecer, porque para isso seria necessário não só honestidade como inteligência, a extinção progressiva só confirmaria uma ausência que já construíram dentro de si.

[...] 

Disponível em: <http://revistaepoca.globo.com/Sociedade/ eliane-brum/noticia/2012/01/lingua-que-somos-lingua-que-podemos-ser.html>

Em 2014, o então secretário de Esporte e Lazer do RJ, em meio a um episódio de desocupação indígena, declarou que “Índio mesmo mora na floresta". Em face do texto aqui lido, tal afirmação:

Alternativas
Comentários
  • Gabarito Letra B

     

    Eu encontrei a resposta analisando este trecho: "Talvez os indígenas sejam a melhor forma de ilustrar essa miopia, forjada às vezes por ignorância, em outras por interesses econômicos localizados em suas terras. Parte da população e, o que é mais chocante, dos governantes, espera que os indígenas – todos eles – se comportem como aquilo que acredita ser um índio. Portanto, com todos os clichês do gênero. Neste caso, para muitos os índios não seriam “suficientemente índios" para merecer um lugar e para serem escutados como alguém que tem algo a dizer". 


    EXPLICAÇÃO: Quando diz que os governantes, espera que o indígenas se comportem como aquilo que acreditam ser um índio, embasa o argumento de que: Índio mesmo mora na floresta, ou seja, índio é aquilo que a sociedade enxega; aquele que se encontram nas matas, em suas aldeias.


ID
1774840
Banca
FUNCAB
Órgão
Faceli
Ano
2015
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

                    A língua que somos, a língua que podemos ser

                                             (Eliane Brum)

      A alemã Anja Saile é agente literária de autores de língua portuguesa há mais de uma década. Não é um trabalho muito fácil. Com vários brasileiros no catálogo, ela depara-se com frequência com a mesma resposta de editores europeus, variando apenas na forma. O discurso da negativa poderia ser resumido nesta frase: “O livro é bom, mas não é suficientemente brasileiro". O que seria “suficientemente brasileiro"? 

      Anja (pronuncia-se “Ânia") aprendeu a falar a língua durante os anos em que viveu em Portugal (e é impressionante como fala bem e escreve com correção). Quando vem ao Brasil, acaba caminhando demais porque o tamanho de São Paulo sempre a surpreende e ela suspira de saudades da bicicleta que a espera em Berlim. Anja assim interpreta a demanda: “O Brasil é interessante quando corresponde aos clichês europeus. É a Europa que define como a cultura dos outros países deve ser para ser interessante para ela. É muito irritante. As editoras europeias nunca teriam essas exigências em relação aos autores americanos, nunca".

      Anja refere-se ao fato de que os escritores americanos conquistaram o direito de ser universais para a velha Europa e seu ranço colonizador― já dos brasileiros exige-se uma espécie de selo de autenticidade que seria dado pela “temática brasileira". Como se sabe, não estamos sós nessa xaropada. O desabafo de Anja, que nos vê de fora e de dentro, ao mesmo tempo, me remeteu a uma intervenção sobre a língua feita pelo escritor moçambicano Mia Couto, na Conferência Internacional de Literatura, em Estocolmo, na Suécia. Ele disse: 

       — A África tem sido sujeita a sucessivos processos de essencialização e folclorização, e muito daquilo que se proclama como autenticamente africano resulta de invenções feitas fora do continente. Os escritores africanos sofreram durante décadas a chamada prova de autenticidade: pedia-se que seus textos traduzissem aquilo que se entendia como sua verdadeira etnicidade. Os jovens autores africanos estão se libertando da “africanidade". Eles são o que são sem que se necessite de proclamação. Os escritores africanos desejam ser tão universais como qualquer outro escritor do mundo. (...) Há tantas Áfricas quanto escritores, e todos eles estão reinventando continentes dentro de si mesmos.

[...]

       — O mesmo processo que empobreceu o meu continente está, afinal, castrando a nossa condição comum e universal de contadores de histórias. (...) O que fez a espécie humana sobreviver não foi apenas a inteligência, mas a nossa capacidade de produzir diversidade. Essa diversidade está sendo negada nos dias de hoje por um sistema que escolhe apenas por razões de lucro e facilidade de sucesso. Os autores africanos que não escrevem em inglês – e em especial os que escrevem em língua portuguesa – moram na periferia da periferia, lá onde a palavra tem de lutar para não ser silêncio.

[...] 

        Talvez os indígenas sejam a melhor forma de ilustrar essa miopia, forjada às vezes por ignorância, em outras por interesses econômicos localizados em suas terras. Parte da população e, o que é mais chocante, dos governantes, espera que os indígenas – todos eles – se comportem como aquilo que acredita ser um índio. Portanto, com todos os clichês do gênero. Neste caso, para muitos os índios não seriam “suficientemente índios" para merecer um lugar e para serem escutados como alguém que tem algo a dizer.

       Outra parte, que também inclui gente que está no poder em todas as instâncias, do executivo ao judiciário, finge que os indígenas não existem. Finge tanto que quase acredita. Como não conhecem e, pior que isso, nem mesmo percebem que é preciso conhecer, porque para isso seria necessário não só honestidade como inteligência, a extinção progressiva só confirmaria uma ausência que já construíram dentro de si.

[...] 

Disponível em: <http://revistaepoca.globo.com/Sociedade/ eliane-brum/noticia/2012/01/lingua-que-somos-lingua-que-podemos-ser.html>

A sequência que melhor resume a temática do texto é:

Alternativas

ID
1774843
Banca
FUNCAB
Órgão
Faceli
Ano
2015
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

                    A língua que somos, a língua que podemos ser

                                             (Eliane Brum)

      A alemã Anja Saile é agente literária de autores de língua portuguesa há mais de uma década. Não é um trabalho muito fácil. Com vários brasileiros no catálogo, ela depara-se com frequência com a mesma resposta de editores europeus, variando apenas na forma. O discurso da negativa poderia ser resumido nesta frase: “O livro é bom, mas não é suficientemente brasileiro". O que seria “suficientemente brasileiro"? 

      Anja (pronuncia-se “Ânia") aprendeu a falar a língua durante os anos em que viveu em Portugal (e é impressionante como fala bem e escreve com correção). Quando vem ao Brasil, acaba caminhando demais porque o tamanho de São Paulo sempre a surpreende e ela suspira de saudades da bicicleta que a espera em Berlim. Anja assim interpreta a demanda: “O Brasil é interessante quando corresponde aos clichês europeus. É a Europa que define como a cultura dos outros países deve ser para ser interessante para ela. É muito irritante. As editoras europeias nunca teriam essas exigências em relação aos autores americanos, nunca".

      Anja refere-se ao fato de que os escritores americanos conquistaram o direito de ser universais para a velha Europa e seu ranço colonizador― já dos brasileiros exige-se uma espécie de selo de autenticidade que seria dado pela “temática brasileira". Como se sabe, não estamos sós nessa xaropada. O desabafo de Anja, que nos vê de fora e de dentro, ao mesmo tempo, me remeteu a uma intervenção sobre a língua feita pelo escritor moçambicano Mia Couto, na Conferência Internacional de Literatura, em Estocolmo, na Suécia. Ele disse: 

       — A África tem sido sujeita a sucessivos processos de essencialização e folclorização, e muito daquilo que se proclama como autenticamente africano resulta de invenções feitas fora do continente. Os escritores africanos sofreram durante décadas a chamada prova de autenticidade: pedia-se que seus textos traduzissem aquilo que se entendia como sua verdadeira etnicidade. Os jovens autores africanos estão se libertando da “africanidade". Eles são o que são sem que se necessite de proclamação. Os escritores africanos desejam ser tão universais como qualquer outro escritor do mundo. (...) Há tantas Áfricas quanto escritores, e todos eles estão reinventando continentes dentro de si mesmos.

[...]

       — O mesmo processo que empobreceu o meu continente está, afinal, castrando a nossa condição comum e universal de contadores de histórias. (...) O que fez a espécie humana sobreviver não foi apenas a inteligência, mas a nossa capacidade de produzir diversidade. Essa diversidade está sendo negada nos dias de hoje por um sistema que escolhe apenas por razões de lucro e facilidade de sucesso. Os autores africanos que não escrevem em inglês – e em especial os que escrevem em língua portuguesa – moram na periferia da periferia, lá onde a palavra tem de lutar para não ser silêncio.

[...] 

        Talvez os indígenas sejam a melhor forma de ilustrar essa miopia, forjada às vezes por ignorância, em outras por interesses econômicos localizados em suas terras. Parte da população e, o que é mais chocante, dos governantes, espera que os indígenas – todos eles – se comportem como aquilo que acredita ser um índio. Portanto, com todos os clichês do gênero. Neste caso, para muitos os índios não seriam “suficientemente índios" para merecer um lugar e para serem escutados como alguém que tem algo a dizer.

       Outra parte, que também inclui gente que está no poder em todas as instâncias, do executivo ao judiciário, finge que os indígenas não existem. Finge tanto que quase acredita. Como não conhecem e, pior que isso, nem mesmo percebem que é preciso conhecer, porque para isso seria necessário não só honestidade como inteligência, a extinção progressiva só confirmaria uma ausência que já construíram dentro de si.

[...] 

Disponível em: <http://revistaepoca.globo.com/Sociedade/ eliane-brum/noticia/2012/01/lingua-que-somos-lingua-que-podemos-ser.html>

Deve ser entendido em sentido basicamente denotativo:

Alternativas
Comentários
  • Fui para o conotativo. Pura falta de atenção! Rsrsrsr

  • Denotativo = Sentido do Dicionário

  • PPMG/2022. A vitória está chegando!!


ID
1774846
Banca
FUNCAB
Órgão
Faceli
Ano
2015
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

                    A língua que somos, a língua que podemos ser

                                             (Eliane Brum)

      A alemã Anja Saile é agente literária de autores de língua portuguesa há mais de uma década. Não é um trabalho muito fácil. Com vários brasileiros no catálogo, ela depara-se com frequência com a mesma resposta de editores europeus, variando apenas na forma. O discurso da negativa poderia ser resumido nesta frase: “O livro é bom, mas não é suficientemente brasileiro". O que seria “suficientemente brasileiro"? 

      Anja (pronuncia-se “Ânia") aprendeu a falar a língua durante os anos em que viveu em Portugal (e é impressionante como fala bem e escreve com correção). Quando vem ao Brasil, acaba caminhando demais porque o tamanho de São Paulo sempre a surpreende e ela suspira de saudades da bicicleta que a espera em Berlim. Anja assim interpreta a demanda: “O Brasil é interessante quando corresponde aos clichês europeus. É a Europa que define como a cultura dos outros países deve ser para ser interessante para ela. É muito irritante. As editoras europeias nunca teriam essas exigências em relação aos autores americanos, nunca".

      Anja refere-se ao fato de que os escritores americanos conquistaram o direito de ser universais para a velha Europa e seu ranço colonizador― já dos brasileiros exige-se uma espécie de selo de autenticidade que seria dado pela “temática brasileira". Como se sabe, não estamos sós nessa xaropada. O desabafo de Anja, que nos vê de fora e de dentro, ao mesmo tempo, me remeteu a uma intervenção sobre a língua feita pelo escritor moçambicano Mia Couto, na Conferência Internacional de Literatura, em Estocolmo, na Suécia. Ele disse: 

       — A África tem sido sujeita a sucessivos processos de essencialização e folclorização, e muito daquilo que se proclama como autenticamente africano resulta de invenções feitas fora do continente. Os escritores africanos sofreram durante décadas a chamada prova de autenticidade: pedia-se que seus textos traduzissem aquilo que se entendia como sua verdadeira etnicidade. Os jovens autores africanos estão se libertando da “africanidade". Eles são o que são sem que se necessite de proclamação. Os escritores africanos desejam ser tão universais como qualquer outro escritor do mundo. (...) Há tantas Áfricas quanto escritores, e todos eles estão reinventando continentes dentro de si mesmos.

[...]

       — O mesmo processo que empobreceu o meu continente está, afinal, castrando a nossa condição comum e universal de contadores de histórias. (...) O que fez a espécie humana sobreviver não foi apenas a inteligência, mas a nossa capacidade de produzir diversidade. Essa diversidade está sendo negada nos dias de hoje por um sistema que escolhe apenas por razões de lucro e facilidade de sucesso. Os autores africanos que não escrevem em inglês – e em especial os que escrevem em língua portuguesa – moram na periferia da periferia, lá onde a palavra tem de lutar para não ser silêncio.

[...] 

        Talvez os indígenas sejam a melhor forma de ilustrar essa miopia, forjada às vezes por ignorância, em outras por interesses econômicos localizados em suas terras. Parte da população e, o que é mais chocante, dos governantes, espera que os indígenas – todos eles – se comportem como aquilo que acredita ser um índio. Portanto, com todos os clichês do gênero. Neste caso, para muitos os índios não seriam “suficientemente índios" para merecer um lugar e para serem escutados como alguém que tem algo a dizer.

       Outra parte, que também inclui gente que está no poder em todas as instâncias, do executivo ao judiciário, finge que os indígenas não existem. Finge tanto que quase acredita. Como não conhecem e, pior que isso, nem mesmo percebem que é preciso conhecer, porque para isso seria necessário não só honestidade como inteligência, a extinção progressiva só confirmaria uma ausência que já construíram dentro de si.

[...] 

Disponível em: <http://revistaepoca.globo.com/Sociedade/ eliane-brum/noticia/2012/01/lingua-que-somos-lingua-que-podemos-ser.html>

A partir da passagem “Há tantas Áfricas quanto escritores", considere a proposta de reescrita TEM TANTAS ÁFRICAS QUANTO ESCRITORES. A respeito desta última, cabe dizer que:

Alternativas
Comentários
  • Oração sem sujeito, sempre estão na terceira pessoa do Plural e tem outra que não me lembro...
  • Há tantas Áfricas quanto escritores. O  verbo HAVER estar no sentido de existir , logo é impessoal , ou seja , nao terá sujeito. Portanto, a reescrita está inadequada.
  • Verbo TER, usado na linguagem coloquial, no sentido de haver - > flexiona-se na 3ª pessoa do singular.

  • O verbo TER não pode ser usado com sentido existêncial:     Vai ter aula amanhã?    ( errado)

                                                                                                     Vai haver  aula amanhã?  (correto)

  • GABARITO - LETRA "B"

     

    "HÁ TANTAS AFRICAS QUANTO ESCRITORES" (...) Reescrita: "TEM TANTAS AFRICAS QUANTO ESCRITORES"

    (HÁ) NO SENTIDO DE EXISTIR TORNA IMPESSOAL - NÃO TEM SUJEITO.  

    ORAÇÃO SEM SUJEITO - VERBO HAVER NO SENDIDO DE EXISTIR.

    OBS: O VERBO "TER" USADO NO SENTIDO DE "HAVER", TAMBÉM SERA IMPESSOAL (NO SENTIDO COLOQUIAL). 

    OBS 2 - "TER" NA NORMA CULTA SO PODE SER AUXILIAR DE UM VERBO QUALQUER; OU DE POSSUIR (POSSE).

  • verbo TER com funçãode haver (existir) -> não apresenta sujeito

     

    Gabarito: B

  • Alternativa B, sem dúvida.


ID
1774849
Banca
FUNCAB
Órgão
Faceli
Ano
2015
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

                    A língua que somos, a língua que podemos ser

                                             (Eliane Brum)

      A alemã Anja Saile é agente literária de autores de língua portuguesa há mais de uma década. Não é um trabalho muito fácil. Com vários brasileiros no catálogo, ela depara-se com frequência com a mesma resposta de editores europeus, variando apenas na forma. O discurso da negativa poderia ser resumido nesta frase: “O livro é bom, mas não é suficientemente brasileiro". O que seria “suficientemente brasileiro"? 

      Anja (pronuncia-se “Ânia") aprendeu a falar a língua durante os anos em que viveu em Portugal (e é impressionante como fala bem e escreve com correção). Quando vem ao Brasil, acaba caminhando demais porque o tamanho de São Paulo sempre a surpreende e ela suspira de saudades da bicicleta que a espera em Berlim. Anja assim interpreta a demanda: “O Brasil é interessante quando corresponde aos clichês europeus. É a Europa que define como a cultura dos outros países deve ser para ser interessante para ela. É muito irritante. As editoras europeias nunca teriam essas exigências em relação aos autores americanos, nunca".

      Anja refere-se ao fato de que os escritores americanos conquistaram o direito de ser universais para a velha Europa e seu ranço colonizador― já dos brasileiros exige-se uma espécie de selo de autenticidade que seria dado pela “temática brasileira". Como se sabe, não estamos sós nessa xaropada. O desabafo de Anja, que nos vê de fora e de dentro, ao mesmo tempo, me remeteu a uma intervenção sobre a língua feita pelo escritor moçambicano Mia Couto, na Conferência Internacional de Literatura, em Estocolmo, na Suécia. Ele disse: 

       — A África tem sido sujeita a sucessivos processos de essencialização e folclorização, e muito daquilo que se proclama como autenticamente africano resulta de invenções feitas fora do continente. Os escritores africanos sofreram durante décadas a chamada prova de autenticidade: pedia-se que seus textos traduzissem aquilo que se entendia como sua verdadeira etnicidade. Os jovens autores africanos estão se libertando da “africanidade". Eles são o que são sem que se necessite de proclamação. Os escritores africanos desejam ser tão universais como qualquer outro escritor do mundo. (...) Há tantas Áfricas quanto escritores, e todos eles estão reinventando continentes dentro de si mesmos.

[...]

       — O mesmo processo que empobreceu o meu continente está, afinal, castrando a nossa condição comum e universal de contadores de histórias. (...) O que fez a espécie humana sobreviver não foi apenas a inteligência, mas a nossa capacidade de produzir diversidade. Essa diversidade está sendo negada nos dias de hoje por um sistema que escolhe apenas por razões de lucro e facilidade de sucesso. Os autores africanos que não escrevem em inglês – e em especial os que escrevem em língua portuguesa – moram na periferia da periferia, lá onde a palavra tem de lutar para não ser silêncio.

[...] 

        Talvez os indígenas sejam a melhor forma de ilustrar essa miopia, forjada às vezes por ignorância, em outras por interesses econômicos localizados em suas terras. Parte da população e, o que é mais chocante, dos governantes, espera que os indígenas – todos eles – se comportem como aquilo que acredita ser um índio. Portanto, com todos os clichês do gênero. Neste caso, para muitos os índios não seriam “suficientemente índios" para merecer um lugar e para serem escutados como alguém que tem algo a dizer.

       Outra parte, que também inclui gente que está no poder em todas as instâncias, do executivo ao judiciário, finge que os indígenas não existem. Finge tanto que quase acredita. Como não conhecem e, pior que isso, nem mesmo percebem que é preciso conhecer, porque para isso seria necessário não só honestidade como inteligência, a extinção progressiva só confirmaria uma ausência que já construíram dentro de si.

[...] 

Disponível em: <http://revistaepoca.globo.com/Sociedade/ eliane-brum/noticia/2012/01/lingua-que-somos-lingua-que-podemos-ser.html>

Os indígenas brasileiros, mencionados no texto, em geral, são introduzidos no conhecimento social brasileiro nas séries iniciais da vida escolar, por meio de lendas e de folclore. De modo geral, o papel de tais narrativas:

Alternativas
Comentários
  • Gabarito A. Reforça estereótipos.  

  • KKKK

  • kkk

  • Caí nessa questão igual pato

  • TMJ KKKK

  • OIÊ!

  • pela terceira vez... kkkk

  • pela terceira vez... kkkk

  • kkkkkkkkkkkkkkkkkkkk Do céu ao inferno em dois cliques kkkkkkkk

  • sacanagi kkkkkkkkkkkkkk

  • É como escorregar na casca de banana kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk


ID
2283538
Banca
FUNCAB
Órgão
Faceli
Ano
2015
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

As intermitências da morte

(Fragmento) 

    A morte conhece tudo a nosso respeito, e talvez por isso seja triste. Se é certo que nunca sorri, é só porque lhe faltam os lábios, e esta lição anatômica nos diz que, ao contrário do que os vivos julgam, o sorriso não é uma questão de dentes. Há quem diga, com humor menos macabro que de mau gosto, que ela leva afivelada uma espécie de sorriso permanente, mas isso não é verdade, o que ela traz à vista é um esgar de sofrimento, porque a recordação do tempo em que tinha boca, e a boca língua, e a língua saliva, a persegue continuamente. Com um breve suspiro, puxou para si uma folha de papel e começou a escrever a primeira carta deste dia, Cara senhora, lamento comunicar-lhe que a sua vida terminará no prazo irrevogável e improrrogável de uma semana, desejo-lhe que aproveite o melhor que puder o tempo que lhe resta, sua atenta servidora, morte. Duzentas e noventa e oito folhas, duzentos e noventa e oito sobrescritos, duzentas e noventa e oito descargas na lista, não se poderá dizer que um trabalho destes seja de matar, mas a verdade é que a morte chegou ao fim exausta. Com o gesto da mão direita que já lhe conhecemos fez desaparecer as duzentas e noventa e oito cartas, depois, cruzando sobre a mesa os magros braços, deixou descair a cabeça sobre eles, não para dormir, porque morte não dorme, mas para descansar. Quando meia hora mais tarde, já refeita da fadiga, a levantou, a carta que havia sido devolvida à procedência e outra vez enviada, estava novamente ali, diante das suas órbitas atônitas.

    Se a morte havia sonhado com a esperança de alguma surpresa que a viesse distrair dos aborrecimentos da rotina, estava servida. [...] Entre ir e vir, a carta não havia demorado mais que meia hora, provavelmente muito menos, dado que já se encontrava em cima da mesa quando a morte levantou a cabeça do duro amparo dos antebraços, isto é, do cúbito e do rádio, que para isso mesmo é que são entrelaçados. Uma força alheia, misteriosa, incompreensível, parecia opor-se à morte da pessoa, apesar de a data da sua defunção estar fixada, como para toda a gente, desde o próprio dia do nascimento. É impossível, disse a morte à gadanha silenciosa, ninguém no mundo ou fora dele teve alguma vez mais poder do que eu. eu sou a morte, o resto é nada. As intermitências da morte (Fragmento)

SARAMAGO, José. As intermitências da morte. São Paulo: Companhia das Letras, 2005. p. 139-40


Sobre o texto leia as afirmativas a seguir.
I. A dissolução do pretérito no texto torna-se interessante pela utilização de vírgulas entre a presença do narrador e a fala do personagem que passa ideia de presente.
II. O pretérito do narrador e o presente do personagem fictício se identificam porque a experiência relatada transcorre no aqui e agora, estabelecendo o presente fictício.
III. A devolução da carta intriga a morte e demonstra o desejo humano de vencê-la.
Está correto o que se afirma em:

Alternativas
Comentários
  • O pretérito do narrador? Hum??

  • I- fala que não há pretérito

    II- o pretérito do narrador... what?

  • GABARITO = E

    PM/SC

    DEUS


ID
2283541
Banca
FUNCAB
Órgão
Faceli
Ano
2015
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

As intermitências da morte

(Fragmento) 

    A morte conhece tudo a nosso respeito, e talvez por isso seja triste. Se é certo que nunca sorri, é só porque lhe faltam os lábios, e esta lição anatômica nos diz que, ao contrário do que os vivos julgam, o sorriso não é uma questão de dentes. Há quem diga, com humor menos macabro que de mau gosto, que ela leva afivelada uma espécie de sorriso permanente, mas isso não é verdade, o que ela traz à vista é um esgar de sofrimento, porque a recordação do tempo em que tinha boca, e a boca língua, e a língua saliva, a persegue continuamente. Com um breve suspiro, puxou para si uma folha de papel e começou a escrever a primeira carta deste dia, Cara senhora, lamento comunicar-lhe que a sua vida terminará no prazo irrevogável e improrrogável de uma semana, desejo-lhe que aproveite o melhor que puder o tempo que lhe resta, sua atenta servidora, morte. Duzentas e noventa e oito folhas, duzentos e noventa e oito sobrescritos, duzentas e noventa e oito descargas na lista, não se poderá dizer que um trabalho destes seja de matar, mas a verdade é que a morte chegou ao fim exausta. Com o gesto da mão direita que já lhe conhecemos fez desaparecer as duzentas e noventa e oito cartas, depois, cruzando sobre a mesa os magros braços, deixou descair a cabeça sobre eles, não para dormir, porque morte não dorme, mas para descansar. Quando meia hora mais tarde, já refeita da fadiga, a levantou, a carta que havia sido devolvida à procedência e outra vez enviada, estava novamente ali, diante das suas órbitas atônitas.

    Se a morte havia sonhado com a esperança de alguma surpresa que a viesse distrair dos aborrecimentos da rotina, estava servida. [...] Entre ir e vir, a carta não havia demorado mais que meia hora, provavelmente muito menos, dado que já se encontrava em cima da mesa quando a morte levantou a cabeça do duro amparo dos antebraços, isto é, do cúbito e do rádio, que para isso mesmo é que são entrelaçados. Uma força alheia, misteriosa, incompreensível, parecia opor-se à morte da pessoa, apesar de a data da sua defunção estar fixada, como para toda a gente, desde o próprio dia do nascimento. É impossível, disse a morte à gadanha silenciosa, ninguém no mundo ou fora dele teve alguma vez mais poder do que eu. eu sou a morte, o resto é nada. As intermitências da morte (Fragmento)

SARAMAGO, José. As intermitências da morte. São Paulo: Companhia das Letras, 2005. p. 139-40


As palavras destacadas em “a sua vida terminará no prazo IRREVOGÁVEL e IMPRORROGÁVEL de uma semana” podem ser substituídas, sem alteração do sentido assumido no contexto, respectivamente, por:

Alternativas
Comentários
  • IRREVOGÁVEL- não revogável; que não se pode anular, apagar; de que não se pode voltar atrás.

    INCONTESTÁVEL - que não pode ser objeto de contestação, que não se pode pôr em dúvida ou em questão.

    xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx

    IMPRORROGÁVEL - que não se pode prorrogar ou adiar

    INADIÁVEL - que não é passível de ser adiado; improrrogável, impreterível.


ID
2283544
Banca
FUNCAB
Órgão
Faceli
Ano
2015
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

As intermitências da morte

(Fragmento) 

    A morte conhece tudo a nosso respeito, e talvez por isso seja triste. Se é certo que nunca sorri, é só porque lhe faltam os lábios, e esta lição anatômica nos diz que, ao contrário do que os vivos julgam, o sorriso não é uma questão de dentes. Há quem diga, com humor menos macabro que de mau gosto, que ela leva afivelada uma espécie de sorriso permanente, mas isso não é verdade, o que ela traz à vista é um esgar de sofrimento, porque a recordação do tempo em que tinha boca, e a boca língua, e a língua saliva, a persegue continuamente. Com um breve suspiro, puxou para si uma folha de papel e começou a escrever a primeira carta deste dia, Cara senhora, lamento comunicar-lhe que a sua vida terminará no prazo irrevogável e improrrogável de uma semana, desejo-lhe que aproveite o melhor que puder o tempo que lhe resta, sua atenta servidora, morte. Duzentas e noventa e oito folhas, duzentos e noventa e oito sobrescritos, duzentas e noventa e oito descargas na lista, não se poderá dizer que um trabalho destes seja de matar, mas a verdade é que a morte chegou ao fim exausta. Com o gesto da mão direita que já lhe conhecemos fez desaparecer as duzentas e noventa e oito cartas, depois, cruzando sobre a mesa os magros braços, deixou descair a cabeça sobre eles, não para dormir, porque morte não dorme, mas para descansar. Quando meia hora mais tarde, já refeita da fadiga, a levantou, a carta que havia sido devolvida à procedência e outra vez enviada, estava novamente ali, diante das suas órbitas atônitas.

    Se a morte havia sonhado com a esperança de alguma surpresa que a viesse distrair dos aborrecimentos da rotina, estava servida. [...] Entre ir e vir, a carta não havia demorado mais que meia hora, provavelmente muito menos, dado que já se encontrava em cima da mesa quando a morte levantou a cabeça do duro amparo dos antebraços, isto é, do cúbito e do rádio, que para isso mesmo é que são entrelaçados. Uma força alheia, misteriosa, incompreensível, parecia opor-se à morte da pessoa, apesar de a data da sua defunção estar fixada, como para toda a gente, desde o próprio dia do nascimento. É impossível, disse a morte à gadanha silenciosa, ninguém no mundo ou fora dele teve alguma vez mais poder do que eu. eu sou a morte, o resto é nada. As intermitências da morte (Fragmento)

SARAMAGO, José. As intermitências da morte. São Paulo: Companhia das Letras, 2005. p. 139-40


Sobre os elementos destacados do fragmento “Se a morte havia sonhado com a esperança de alguma surpresa que a viesse distrair dos aborrecimentos da rotina, estava servida.”, leia as afirmativas.
I. O verbo “haver” como auxiliar da expressão HAVIA SONHADO fica no plural se o sujeito estiver no plural.
II. “DE ALGUMA SURPRESA” é objeto indireto da primeira oração.
III. QUE é uma conjunção integrante.
Está correto o que se afirma em:

Alternativas
Comentários
  • Gab:A

    Dica para a III. "Se tem verbo ANTES, então o QUE é conjunção integrante.". No caso, como não há verbo antes do que, não é conjunção integrante.

  • I - O verbo haver flexiona com o sujeito, visto que não tem sentido de "existir".

    II - "Com a esperança" é O.I 

    III - "QUE" exerce a função de pronome relativo.

  • DICA

    QUANDO O "QUE" PODER SER SUBSTITUÍDO POR "AS QUAIS" = PRONOME RELATIVO

  •  "de alguma surpresa" não é complemento nominal de esperança?

  • Exatamente Nio, é complemento nominal!

  • QUE e SE podem ser conjunções integrantes.

    Neste caso, o QUE é pronome.

  • DE ALGUMA SURPRESA é CN

  • GAB A! PMSC 2019. "AGINDO DEUS QUEM IMPEDIRÁ?"
  • Sobre os elementos destacados do fragmento “Se a morte havia sonhado com a esperança de alguma surpresa que a viesse distrair dos aborrecimentos da rotina, estava servida.”, leia as afirmativas.

    I. O verbo “haver” como auxiliar da expressão HAVIA SONHADO fica no plural se o sujeito estiver no plural. Certa, aqui o verbo haver - não está no sentido de existir ou ocorrer- está como auxiliar, caso o sujeito vá para o plural, o verbo auxiliar (haver) sofre a alteração.

    II. “DE ALGUMA SURPRESA” é objeto indireto da primeira oração. Errada. Sintaticamente é um adjunto nominal, pois caracteriza o termo esperança. Morfologicamente, "de alguma surpresa", é uma locução adjetiva.

    III. QUE é uma conjunção integrante. (Errada: pois é um pronome relativo, podendo ser substituindo por o qual, retoma um termo anterior)

    Alternativa A

  • a-

    I - Se as mortes haviam sonhado - V

    II. “DE ALGUMA SURPRESA” é o complemento nominal de esperança.

    III- 'que' é pronome relativo para conectar oração subordinada adjetiva a ALGUMA SURPRESA

  • Se a morte havia sonhado com a esperança de alguma surpresa que a viesse distrair dos aborrecimentos da rotina, estava servida.

     I. O verbo “haver” quando não está sendo utilizado no sentido de existir, ocorrer= flexiona-se normalmente.

     II. esperança de alguma

    Veja que esperança é um nome que exige complemento.. esperança de q? de alguma surpresa.=CN.

     III.

    Quando puder trocar o "que" por isso= Conjunção integrante

    Quando puder trocar o "que" por qual(ais)= Pronome relativo.

    Sucesso, Bons estudos, Nãodesista!

  • Galera,

    Complemento Nominal X Adjunto Adnominal

    • CN tem valor paciente - sofre a ação - Pode ser pedido pela bancas como termo que a preposição é exigida pela regência; By Grasiela Cabral

    • ADN tem valor agente - pode ser pedido como Termo de valor adjetivo - By Grasiela Cabral

    Pulo do gato:

    • Ambos tem em comum apenas o Substantivo Abstrato- e para diferenciar é pensar se o termo é paciente (CN) ou agente (ADN)

    Complemento Nominal

    Complemento de nomes transitivos

    A) Adjetivos

    B) Advérbios

    C) Substantivos abstratos (Exceto preposição de)

    D) Substantivo abstrato (preposição de + paciente)

    ADJUNTO ADNOMIAL

    É uma locução adjetiva

    A) Substantivos concretos

    B) Substantivos abstratos (preposição de + agente)

    Fonte: A Gramática do Concursando + Prof. Grasiela Cabral

    Correções? gentileza mandar um mensagem no privado. Obrigado.

  • Contribuição referente a 1º afirmativa:

    Verbo haver pode ser pessoal ou impessoal!

    Impessoal >

    • = Existir, acontecer e ocorrer.
    • Tempo decorrido.

    Pessoal >

    • Verbo auxiliar de uma locução verbal. = "ter"

     "as mortes haviam sonhado" = "As mortes teriam sonhado."

  • Gabarito: letra A.

    I - Certo. Se o sujeito estivesse no plural, o verbo "haver" como auxiliar da expressão "havia sonhado" também ficaria no plural. Ex: "As pessoas haviam sonhado com a esperança de alguma surpresa".

    II - Errado. "DE ALGUMA SURPRESA" não é objeto indireto, pois não completa um verbo, completa um substantivo: "esperança", portanto é complemento nominal.

    III - Errado. "que" não é conjunção integrante, é pronome relativo (pode ser substituído por "a qual").


ID
2283550
Banca
FUNCAB
Órgão
Faceli
Ano
2015
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

As intermitências da morte

(Fragmento) 

    A morte conhece tudo a nosso respeito, e talvez por isso seja triste. Se é certo que nunca sorri, é só porque lhe faltam os lábios, e esta lição anatômica nos diz que, ao contrário do que os vivos julgam, o sorriso não é uma questão de dentes. Há quem diga, com humor menos macabro que de mau gosto, que ela leva afivelada uma espécie de sorriso permanente, mas isso não é verdade, o que ela traz à vista é um esgar de sofrimento, porque a recordação do tempo em que tinha boca, e a boca língua, e a língua saliva, a persegue continuamente. Com um breve suspiro, puxou para si uma folha de papel e começou a escrever a primeira carta deste dia, Cara senhora, lamento comunicar-lhe que a sua vida terminará no prazo irrevogável e improrrogável de uma semana, desejo-lhe que aproveite o melhor que puder o tempo que lhe resta, sua atenta servidora, morte. Duzentas e noventa e oito folhas, duzentos e noventa e oito sobrescritos, duzentas e noventa e oito descargas na lista, não se poderá dizer que um trabalho destes seja de matar, mas a verdade é que a morte chegou ao fim exausta. Com o gesto da mão direita que já lhe conhecemos fez desaparecer as duzentas e noventa e oito cartas, depois, cruzando sobre a mesa os magros braços, deixou descair a cabeça sobre eles, não para dormir, porque morte não dorme, mas para descansar. Quando meia hora mais tarde, já refeita da fadiga, a levantou, a carta que havia sido devolvida à procedência e outra vez enviada, estava novamente ali, diante das suas órbitas atônitas.

    Se a morte havia sonhado com a esperança de alguma surpresa que a viesse distrair dos aborrecimentos da rotina, estava servida. [...] Entre ir e vir, a carta não havia demorado mais que meia hora, provavelmente muito menos, dado que já se encontrava em cima da mesa quando a morte levantou a cabeça do duro amparo dos antebraços, isto é, do cúbito e do rádio, que para isso mesmo é que são entrelaçados. Uma força alheia, misteriosa, incompreensível, parecia opor-se à morte da pessoa, apesar de a data da sua defunção estar fixada, como para toda a gente, desde o próprio dia do nascimento. É impossível, disse a morte à gadanha silenciosa, ninguém no mundo ou fora dele teve alguma vez mais poder do que eu. eu sou a morte, o resto é nada. As intermitências da morte (Fragmento)

SARAMAGO, José. As intermitências da morte. São Paulo: Companhia das Letras, 2005. p. 139-40


No período “Entre ir e vir, a carta não havia demorado mais que meia hora, PROVAVELMENTE muito menos”, o termo em destaque só teria prejuízo para o sentido original do texto, se fosse substituído por:

Alternativas
Comentários
  • Certamente e seguramente não são sinônimos? 

  • seguramente: que está repleto de segurança; que não possui erro

    sinônimo de: decerto, evidentemente

    Certamente: Grande possibilidade para que algo aconteça

     sinônimo de: provavelmente

  • o termo “provavelmente” traduz ideia de incerteza para a

    frase, não se sabe com exatidão o tempo que a carta demorou para voltar. 

    Dessa forma, um termo que imprima ideia de certeza, exatidão, como 

    “seguramente”, não pode ser utilizado no contexto. 

    GABARITO: B

    Estratégia

     

  • Errei bonito

    Pessoal que errou também "Vejam a prova é para professor de português" quem estuda para carreiras policiais deve absorver o conhecimento mas não pode ficar zikado achando que é voador.


ID
2283553
Banca
FUNCAB
Órgão
Faceli
Ano
2015
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

As intermitências da morte

(Fragmento) 

    A morte conhece tudo a nosso respeito, e talvez por isso seja triste. Se é certo que nunca sorri, é só porque lhe faltam os lábios, e esta lição anatômica nos diz que, ao contrário do que os vivos julgam, o sorriso não é uma questão de dentes. Há quem diga, com humor menos macabro que de mau gosto, que ela leva afivelada uma espécie de sorriso permanente, mas isso não é verdade, o que ela traz à vista é um esgar de sofrimento, porque a recordação do tempo em que tinha boca, e a boca língua, e a língua saliva, a persegue continuamente. Com um breve suspiro, puxou para si uma folha de papel e começou a escrever a primeira carta deste dia, Cara senhora, lamento comunicar-lhe que a sua vida terminará no prazo irrevogável e improrrogável de uma semana, desejo-lhe que aproveite o melhor que puder o tempo que lhe resta, sua atenta servidora, morte. Duzentas e noventa e oito folhas, duzentos e noventa e oito sobrescritos, duzentas e noventa e oito descargas na lista, não se poderá dizer que um trabalho destes seja de matar, mas a verdade é que a morte chegou ao fim exausta. Com o gesto da mão direita que já lhe conhecemos fez desaparecer as duzentas e noventa e oito cartas, depois, cruzando sobre a mesa os magros braços, deixou descair a cabeça sobre eles, não para dormir, porque morte não dorme, mas para descansar. Quando meia hora mais tarde, já refeita da fadiga, a levantou, a carta que havia sido devolvida à procedência e outra vez enviada, estava novamente ali, diante das suas órbitas atônitas.

    Se a morte havia sonhado com a esperança de alguma surpresa que a viesse distrair dos aborrecimentos da rotina, estava servida. [...] Entre ir e vir, a carta não havia demorado mais que meia hora, provavelmente muito menos, dado que já se encontrava em cima da mesa quando a morte levantou a cabeça do duro amparo dos antebraços, isto é, do cúbito e do rádio, que para isso mesmo é que são entrelaçados. Uma força alheia, misteriosa, incompreensível, parecia opor-se à morte da pessoa, apesar de a data da sua defunção estar fixada, como para toda a gente, desde o próprio dia do nascimento. É impossível, disse a morte à gadanha silenciosa, ninguém no mundo ou fora dele teve alguma vez mais poder do que eu. eu sou a morte, o resto é nada. As intermitências da morte (Fragmento)

SARAMAGO, José. As intermitências da morte. São Paulo: Companhia das Letras, 2005. p. 139-40


“Há quem diga, com humor menos macabro que de mau gosto, que ela leva afivelada uma espécie de sorriso permanente, mas isso não é verdade”
Com relação aos componentes destacados do trecho, é correto afirmar que:

Alternativas
Comentários
  • Permanente está qualificando sorriso?

    Não seria um estado do sorriso?

  • Gilmar,


    Pra ser advérbio a palavra " permanente" deveria estar modificando  um verbo, adjetivo ou  outro advérbio.


    Neste caso a palavra " permanente" está se referindo a um substantivo, ou melhor, "permanente" é uma característica do sorriso dela. Logo, "permanente" é um adjetivo.


    Bons estudos!!

  • Coloque no plural: sorrisos permanentes

    Se concordar é adjetivo, advérbio é invariável


ID
2283556
Banca
FUNCAB
Órgão
Faceli
Ano
2015
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

As intermitências da morte

(Fragmento) 

    A morte conhece tudo a nosso respeito, e talvez por isso seja triste. Se é certo que nunca sorri, é só porque lhe faltam os lábios, e esta lição anatômica nos diz que, ao contrário do que os vivos julgam, o sorriso não é uma questão de dentes. Há quem diga, com humor menos macabro que de mau gosto, que ela leva afivelada uma espécie de sorriso permanente, mas isso não é verdade, o que ela traz à vista é um esgar de sofrimento, porque a recordação do tempo em que tinha boca, e a boca língua, e a língua saliva, a persegue continuamente. Com um breve suspiro, puxou para si uma folha de papel e começou a escrever a primeira carta deste dia, Cara senhora, lamento comunicar-lhe que a sua vida terminará no prazo irrevogável e improrrogável de uma semana, desejo-lhe que aproveite o melhor que puder o tempo que lhe resta, sua atenta servidora, morte. Duzentas e noventa e oito folhas, duzentos e noventa e oito sobrescritos, duzentas e noventa e oito descargas na lista, não se poderá dizer que um trabalho destes seja de matar, mas a verdade é que a morte chegou ao fim exausta. Com o gesto da mão direita que já lhe conhecemos fez desaparecer as duzentas e noventa e oito cartas, depois, cruzando sobre a mesa os magros braços, deixou descair a cabeça sobre eles, não para dormir, porque morte não dorme, mas para descansar. Quando meia hora mais tarde, já refeita da fadiga, a levantou, a carta que havia sido devolvida à procedência e outra vez enviada, estava novamente ali, diante das suas órbitas atônitas.

    Se a morte havia sonhado com a esperança de alguma surpresa que a viesse distrair dos aborrecimentos da rotina, estava servida. [...] Entre ir e vir, a carta não havia demorado mais que meia hora, provavelmente muito menos, dado que já se encontrava em cima da mesa quando a morte levantou a cabeça do duro amparo dos antebraços, isto é, do cúbito e do rádio, que para isso mesmo é que são entrelaçados. Uma força alheia, misteriosa, incompreensível, parecia opor-se à morte da pessoa, apesar de a data da sua defunção estar fixada, como para toda a gente, desde o próprio dia do nascimento. É impossível, disse a morte à gadanha silenciosa, ninguém no mundo ou fora dele teve alguma vez mais poder do que eu. eu sou a morte, o resto é nada. As intermitências da morte (Fragmento)

SARAMAGO, José. As intermitências da morte. São Paulo: Companhia das Letras, 2005. p. 139-40


Considerando o contexto em que se produziu a colocação do pronome oblíquo destacado “aproveite o melhor que puder o tempo que LHE resta”, pode-se afirmar, corretamente, que foi assim realizada porque:

Alternativas
Comentários
  • “aproveite o melhor que puder o tempo que LHE resta”

     

    Palavra atrativa : Que ( pronome relativo )

     

    e) a gramática normativa impõe o uso da próclise na presença de atratores dos pronomes pessoais oblíquos, como é o caso do pronome relativo.

  • GABARITO E

    O que RESTA, RESTA algo (tempo- OD) A alguém (lhe - OI).

    ____________________________________________________________________________________

    CASOS DE ATRAÇÃO DA PRÓCLISE  (Pronome Oblíquo Átono antes do verbo)

      1) Palavras com sentido negativo: Não, Nem, Nunca,Jamais,Ninguém, Nenhum, ...;

     2) Advérbio curto (sem vírgula): Já, Agora, Assim, Também, Sempre, Mais, Menos, Pouco, ...;

      3) Conjunções Subordinativas: Se, Caso, Embora, Quando, Enquanto, Como, Que, ...;

      4) Gerúndio precedido de EM;

      5) Pronome Relativo: Que, O qual, Onde, Cujo, ...;

      6) Pronomes Indefinidos; Tudo, Nada, Ninguém, Qualquer, ...;

      7) Pronome Demonstrativo: Isso, Aquilo, Isto, Aquele, Este, Esse, ...;

    bons estudos


ID
2283559
Banca
FUNCAB
Órgão
Faceli
Ano
2015
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

As intermitências da morte

(Fragmento) 

    A morte conhece tudo a nosso respeito, e talvez por isso seja triste. Se é certo que nunca sorri, é só porque lhe faltam os lábios, e esta lição anatômica nos diz que, ao contrário do que os vivos julgam, o sorriso não é uma questão de dentes. Há quem diga, com humor menos macabro que de mau gosto, que ela leva afivelada uma espécie de sorriso permanente, mas isso não é verdade, o que ela traz à vista é um esgar de sofrimento, porque a recordação do tempo em que tinha boca, e a boca língua, e a língua saliva, a persegue continuamente. Com um breve suspiro, puxou para si uma folha de papel e começou a escrever a primeira carta deste dia, Cara senhora, lamento comunicar-lhe que a sua vida terminará no prazo irrevogável e improrrogável de uma semana, desejo-lhe que aproveite o melhor que puder o tempo que lhe resta, sua atenta servidora, morte. Duzentas e noventa e oito folhas, duzentos e noventa e oito sobrescritos, duzentas e noventa e oito descargas na lista, não se poderá dizer que um trabalho destes seja de matar, mas a verdade é que a morte chegou ao fim exausta. Com o gesto da mão direita que já lhe conhecemos fez desaparecer as duzentas e noventa e oito cartas, depois, cruzando sobre a mesa os magros braços, deixou descair a cabeça sobre eles, não para dormir, porque morte não dorme, mas para descansar. Quando meia hora mais tarde, já refeita da fadiga, a levantou, a carta que havia sido devolvida à procedência e outra vez enviada, estava novamente ali, diante das suas órbitas atônitas.

    Se a morte havia sonhado com a esperança de alguma surpresa que a viesse distrair dos aborrecimentos da rotina, estava servida. [...] Entre ir e vir, a carta não havia demorado mais que meia hora, provavelmente muito menos, dado que já se encontrava em cima da mesa quando a morte levantou a cabeça do duro amparo dos antebraços, isto é, do cúbito e do rádio, que para isso mesmo é que são entrelaçados. Uma força alheia, misteriosa, incompreensível, parecia opor-se à morte da pessoa, apesar de a data da sua defunção estar fixada, como para toda a gente, desde o próprio dia do nascimento. É impossível, disse a morte à gadanha silenciosa, ninguém no mundo ou fora dele teve alguma vez mais poder do que eu. eu sou a morte, o resto é nada. As intermitências da morte (Fragmento)

SARAMAGO, José. As intermitências da morte. São Paulo: Companhia das Letras, 2005. p. 139-40


“já refeita da fadiga, a levantou, a carta que havia sido devolvida à procedência e outra vez enviada,”
A respeito do trecho acima, quanto aos aspectos gramatical, sintático e semântico, analise as afirmativas a seguir.
I. A colocação pronominal, na segunda oração, A LEVANTOU, foi realizada de forma inadequada.
II. O uso do acento indicativo da crase em “À PROCEDÊNCIA” não se apoia na gramática normativa.
III. QUE, dentro da oração a que pertence, assume papel de sujeito.
Está(ão) correta(s) apenas a(s) afirmativa(s): 

Alternativas
Comentários
  • I – No começo de orações, usa-se ênclise: levantou-a. A não ser quando tem uma palavra atrativa como é o caso do “ não”. Aí ficaria: Não a levantou.

  • 2 )devolvida À procedÊncia

    devolvida AO homen

    3)verbo haver no sentido de existir é sujeito inexistÊnte.

    haver no sentido de ter possui sujeito,que é o caso em tela.

     

  • I. A colocação pronominal, na segunda oração, A LEVANTOU, foi realizada de forma inadequada.

     

     Correto: Realmente foi colocado de forma inadequada, pois não se admite próclise em início de orações e sim ênclise, (LEVANTOU - A). 

    Ressalvados os casos atrativos de próclise:  Palavras de sentido negativo,  advérbios, conjunções subordinativas, pronomes relativos, indefinidos, demonstrativos etc...

     

    II. O uso do acento indicativo da crase em “À PROCEDÊNCIA” não se apoia na gramática normativa.

     

    Erradodevolvida à procedência - (foi devolvida A alguém, pois quem devolve, devolve algo A alguém Logo pede preposição A, 

    A procedência, pede artigo). Portanto a crase está correta.

     

    III. QUE, dentro da oração a que pertence, assume papel de sujeito.

     

    Correto:  ...a carta que havia sido devolvida à procedência e outra vez enviada,”

    O QUE está fazendo o papel de sujeito na oração, referindo-se a CARTA.

    Portanto, estão corretas I e II

    Gabarito: C

  • ALTERNATIVA C

    NOTEM QUE O VERBO HAVER NÃO ESTÁ NO SENTIDO DE EXISTIR/OCORRER

  • "Quando meia hora mais tarde, já refeita da fadiga, a levantou, a carta que havia sido devolvida à procedência e outra vez enviada, estava novamente ali, diante das suas órbitas atônitas."

    A expressão "a levantou" não está iniciando período algum, ela foi somente separada por uma oração intercalada.

    Vejam que há uma conjunção subordinada na oração a que pertence a expressão, sendo isso um fator atrativo da colocação pronominal.

    Acredito que esse posicionamento não é o de todas as banca (ainda mais com a oração intercalada sendo considerada como de grande extensão - mais de 3 palavras), mas da Funcab/Incab com ctza o é.

  • Deus é fiel

  • "A CARTA" é sujeito paciente, uma vez que a sentença está na voz passiva. Se tivesse na voz ativa, seria O.D


ID
2283562
Banca
FUNCAB
Órgão
Faceli
Ano
2015
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

As intermitências da morte

(Fragmento) 

    A morte conhece tudo a nosso respeito, e talvez por isso seja triste. Se é certo que nunca sorri, é só porque lhe faltam os lábios, e esta lição anatômica nos diz que, ao contrário do que os vivos julgam, o sorriso não é uma questão de dentes. Há quem diga, com humor menos macabro que de mau gosto, que ela leva afivelada uma espécie de sorriso permanente, mas isso não é verdade, o que ela traz à vista é um esgar de sofrimento, porque a recordação do tempo em que tinha boca, e a boca língua, e a língua saliva, a persegue continuamente. Com um breve suspiro, puxou para si uma folha de papel e começou a escrever a primeira carta deste dia, Cara senhora, lamento comunicar-lhe que a sua vida terminará no prazo irrevogável e improrrogável de uma semana, desejo-lhe que aproveite o melhor que puder o tempo que lhe resta, sua atenta servidora, morte. Duzentas e noventa e oito folhas, duzentos e noventa e oito sobrescritos, duzentas e noventa e oito descargas na lista, não se poderá dizer que um trabalho destes seja de matar, mas a verdade é que a morte chegou ao fim exausta. Com o gesto da mão direita que já lhe conhecemos fez desaparecer as duzentas e noventa e oito cartas, depois, cruzando sobre a mesa os magros braços, deixou descair a cabeça sobre eles, não para dormir, porque morte não dorme, mas para descansar. Quando meia hora mais tarde, já refeita da fadiga, a levantou, a carta que havia sido devolvida à procedência e outra vez enviada, estava novamente ali, diante das suas órbitas atônitas.

    Se a morte havia sonhado com a esperança de alguma surpresa que a viesse distrair dos aborrecimentos da rotina, estava servida. [...] Entre ir e vir, a carta não havia demorado mais que meia hora, provavelmente muito menos, dado que já se encontrava em cima da mesa quando a morte levantou a cabeça do duro amparo dos antebraços, isto é, do cúbito e do rádio, que para isso mesmo é que são entrelaçados. Uma força alheia, misteriosa, incompreensível, parecia opor-se à morte da pessoa, apesar de a data da sua defunção estar fixada, como para toda a gente, desde o próprio dia do nascimento. É impossível, disse a morte à gadanha silenciosa, ninguém no mundo ou fora dele teve alguma vez mais poder do que eu. eu sou a morte, o resto é nada. As intermitências da morte (Fragmento)

SARAMAGO, José. As intermitências da morte. São Paulo: Companhia das Letras, 2005. p. 139-40


Em “CARA SENHORA, lamento comunicar-lhe que a sua vida terminará no prazo irrevogável e improrrogável de uma semana.” os termos destacados compõem a função de:

Alternativas
Comentários
  • Vocativo é um termo que não possui relação sintática com outro termo da oração. Não pertence, portanto, nem ao sujeito nem ao predicado. É o termo que serve para chamar, invocar ou interpelar um ouvinte real ou hipotético.  Por seu caráter, geralmente se relaciona à segunda pessoa do discurso.

    Ex: Senhor presidente,queremos nossos direitos!

    http://www.soportugues.com.br/secoes/sint/sint23.php

  • a)vocativo.

    vocativo é, como nome diz, usada para invocar o interlocutor no discurso. Geralmente é usado com virgula

  • Vocativo é um termo classificado à parte, pois não pertence ao sujeito nem ao predicado. É utilizado para realizar invocações, chamados.

    Deve ser colocado SEMPRE entre vírgulas, no caso de aparecer no meio da oração, e seguido ou antecedido de vírgula, caso ocorro no início ou no fim de uma oração.

    EX: Fique, MENINO, aqui. Aqui ,MENINO, entre vírgulas é o vocativo.

    MEUS AMIGOS, pensem nisso.

    Não iremos, JOÃO.

    NÃO HA RESISTÊNCIA QUE SUPERE A PERSISTÊNCIA!!!!!

    #PM/SC

  • Aposto pode ser isolado por vírgula, travessão, parêntese. se for aposto explicativo o termo deve ser isolado, se for aposto especificador não se isola.

    aposto explicativo: Maria, menina bonita, comeu a torta.

    aposto especificador: o estado da Bahia (Bahia da o nome ao estado)

    Vocativo apenas se isola por vírgula: Maria, venha logo !

    -vide aulas do professor Oberg.

    PMSC

  • GABARITO: LETRA A

    vocativo é um termo que indica o “chamamento”, “invocação”, “interpelação” de uma pessoa (interlocutor) real ou fictícia.

    Geralmente, ele é isolado por vírgulas quando a pausa for curta, ou com o ponto de exclamação, interrogação ou reticências, quando for uma pausa longa.

    FONTE: TODAMATÉRIA.COM.BR


ID
2283565
Banca
FUNCAB
Órgão
Faceli
Ano
2015
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

As intermitências da morte

(Fragmento) 

    A morte conhece tudo a nosso respeito, e talvez por isso seja triste. Se é certo que nunca sorri, é só porque lhe faltam os lábios, e esta lição anatômica nos diz que, ao contrário do que os vivos julgam, o sorriso não é uma questão de dentes. Há quem diga, com humor menos macabro que de mau gosto, que ela leva afivelada uma espécie de sorriso permanente, mas isso não é verdade, o que ela traz à vista é um esgar de sofrimento, porque a recordação do tempo em que tinha boca, e a boca língua, e a língua saliva, a persegue continuamente. Com um breve suspiro, puxou para si uma folha de papel e começou a escrever a primeira carta deste dia, Cara senhora, lamento comunicar-lhe que a sua vida terminará no prazo irrevogável e improrrogável de uma semana, desejo-lhe que aproveite o melhor que puder o tempo que lhe resta, sua atenta servidora, morte. Duzentas e noventa e oito folhas, duzentos e noventa e oito sobrescritos, duzentas e noventa e oito descargas na lista, não se poderá dizer que um trabalho destes seja de matar, mas a verdade é que a morte chegou ao fim exausta. Com o gesto da mão direita que já lhe conhecemos fez desaparecer as duzentas e noventa e oito cartas, depois, cruzando sobre a mesa os magros braços, deixou descair a cabeça sobre eles, não para dormir, porque morte não dorme, mas para descansar. Quando meia hora mais tarde, já refeita da fadiga, a levantou, a carta que havia sido devolvida à procedência e outra vez enviada, estava novamente ali, diante das suas órbitas atônitas.

    Se a morte havia sonhado com a esperança de alguma surpresa que a viesse distrair dos aborrecimentos da rotina, estava servida. [...] Entre ir e vir, a carta não havia demorado mais que meia hora, provavelmente muito menos, dado que já se encontrava em cima da mesa quando a morte levantou a cabeça do duro amparo dos antebraços, isto é, do cúbito e do rádio, que para isso mesmo é que são entrelaçados. Uma força alheia, misteriosa, incompreensível, parecia opor-se à morte da pessoa, apesar de a data da sua defunção estar fixada, como para toda a gente, desde o próprio dia do nascimento. É impossível, disse a morte à gadanha silenciosa, ninguém no mundo ou fora dele teve alguma vez mais poder do que eu. eu sou a morte, o resto é nada. As intermitências da morte (Fragmento)

SARAMAGO, José. As intermitências da morte. São Paulo: Companhia das Letras, 2005. p. 139-40


Em qual alternativa produz-se evidente equívoco de leitura, quando se afirma que o fragmento transcrito do texto foi usado em sentido conotativo?

Alternativas
Comentários
  • Questão um pouco difícil para ser interpretada, porém dá para entender. Alternativa B, porque a morte literalmente usava folhas para escrever as cartas do dia, ou seja, a frase está no sentido denotativo (real; dicionário) , logo seria um equívoco afirmar que a frase “puxou para si uma folha de papel e começou a escrever a primeira carta deste dia.” estava no sentido conotativo (sentido figurado; criação)

  • bem esclarecido pelo colega acima, apesar de ser pouco confuso o modo como foi colocado pela banca.

  • GABARITO = B

    PM/SC

    DEUS


ID
2283568
Banca
FUNCAB
Órgão
Faceli
Ano
2015
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

As intermitências da morte

(Fragmento) 

    A morte conhece tudo a nosso respeito, e talvez por isso seja triste. Se é certo que nunca sorri, é só porque lhe faltam os lábios, e esta lição anatômica nos diz que, ao contrário do que os vivos julgam, o sorriso não é uma questão de dentes. Há quem diga, com humor menos macabro que de mau gosto, que ela leva afivelada uma espécie de sorriso permanente, mas isso não é verdade, o que ela traz à vista é um esgar de sofrimento, porque a recordação do tempo em que tinha boca, e a boca língua, e a língua saliva, a persegue continuamente. Com um breve suspiro, puxou para si uma folha de papel e começou a escrever a primeira carta deste dia, Cara senhora, lamento comunicar-lhe que a sua vida terminará no prazo irrevogável e improrrogável de uma semana, desejo-lhe que aproveite o melhor que puder o tempo que lhe resta, sua atenta servidora, morte. Duzentas e noventa e oito folhas, duzentos e noventa e oito sobrescritos, duzentas e noventa e oito descargas na lista, não se poderá dizer que um trabalho destes seja de matar, mas a verdade é que a morte chegou ao fim exausta. Com o gesto da mão direita que já lhe conhecemos fez desaparecer as duzentas e noventa e oito cartas, depois, cruzando sobre a mesa os magros braços, deixou descair a cabeça sobre eles, não para dormir, porque morte não dorme, mas para descansar. Quando meia hora mais tarde, já refeita da fadiga, a levantou, a carta que havia sido devolvida à procedência e outra vez enviada, estava novamente ali, diante das suas órbitas atônitas.

    Se a morte havia sonhado com a esperança de alguma surpresa que a viesse distrair dos aborrecimentos da rotina, estava servida. [...] Entre ir e vir, a carta não havia demorado mais que meia hora, provavelmente muito menos, dado que já se encontrava em cima da mesa quando a morte levantou a cabeça do duro amparo dos antebraços, isto é, do cúbito e do rádio, que para isso mesmo é que são entrelaçados. Uma força alheia, misteriosa, incompreensível, parecia opor-se à morte da pessoa, apesar de a data da sua defunção estar fixada, como para toda a gente, desde o próprio dia do nascimento. É impossível, disse a morte à gadanha silenciosa, ninguém no mundo ou fora dele teve alguma vez mais poder do que eu. eu sou a morte, o resto é nada. As intermitências da morte (Fragmento)

SARAMAGO, José. As intermitências da morte. São Paulo: Companhia das Letras, 2005. p. 139-40


A opção a seguir cuja forma destacada, na formação das palavras, contraria o valor semântico indicado é:

Alternativas
Comentários
  • Gabarito: A

    -(á)(í)vel

    possibilidade de praticar ou sofrer uma ação

    Ex: louvável, perecível, punível

    http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/morf9.php

  • Alguém poderia explicar essa questão de forma mais coerente e clara?

  • IRREVOGÁVEL:

    Que não se pode revogar; que não pode ser anulado; que não pode ser refeito: compromisso irrevogável

  • questão mal formulada do carai

  • Entendi nada dessa questão...

  • Deve ser questão de RLM rs

  • Essa foi puxada, fiquei entre a A e a E. Mas de fato, o sufixo ÁVEL não pode indicar pertinência, senão a possibiidade de fazer, executar algo.

  • Acertei pensando assim:

    RecordaÇÃO - resultado da ação de recordar

    ServidORA- agente, (pessoa)

    MisteriOSA- cheia de mistérios

    EntrelaçADOS - têm o caráter de entrelaçar

    Vi que essas estavam certas e marquei a (A) por eliminação.

  • O sufixo "Vel", presente no vocábulo "Irrevogável", por si só, representa a ideia de possibilidade.

    O vocábulo "Pertinência" traz consigo a ideia de adequação, diz-se pertinente aquilo que concerne a algo. Concernir significa ser adequado.

    Ou seja, Pertinência é a adequação de algo a um determinado assunto.

    ATENÇÃO!

    Perceba que o questionador não quis que as palavras fossem analisadas por completo, mas tão somente que fossem analisados os sufixos separadamente, não atoa destacou-os com letras maiúsculas, feito isso, que julgasse certo ou errado quanto à correspondência desses ao valor semântico indicado em cada uma das alternativas.

    GABARITO: Letra A

  • bem, B, C e D são rapidamente descartadas, a dúvida paira entre A e E. Marquei A por esta ter uma semântica envolta à possibilidade de ocorrência, é sempre bom descartar o prefixo pra que a ideia fique mais clara, REVOGÁVEL, algo suscetível à revogação, a ideia não tem a ver com pertinência/adequação.


ID
2283571
Banca
FUNCAB
Órgão
Faceli
Ano
2015
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

As intermitências da morte

(Fragmento) 

    A morte conhece tudo a nosso respeito, e talvez por isso seja triste. Se é certo que nunca sorri, é só porque lhe faltam os lábios, e esta lição anatômica nos diz que, ao contrário do que os vivos julgam, o sorriso não é uma questão de dentes. Há quem diga, com humor menos macabro que de mau gosto, que ela leva afivelada uma espécie de sorriso permanente, mas isso não é verdade, o que ela traz à vista é um esgar de sofrimento, porque a recordação do tempo em que tinha boca, e a boca língua, e a língua saliva, a persegue continuamente. Com um breve suspiro, puxou para si uma folha de papel e começou a escrever a primeira carta deste dia, Cara senhora, lamento comunicar-lhe que a sua vida terminará no prazo irrevogável e improrrogável de uma semana, desejo-lhe que aproveite o melhor que puder o tempo que lhe resta, sua atenta servidora, morte. Duzentas e noventa e oito folhas, duzentos e noventa e oito sobrescritos, duzentas e noventa e oito descargas na lista, não se poderá dizer que um trabalho destes seja de matar, mas a verdade é que a morte chegou ao fim exausta. Com o gesto da mão direita que já lhe conhecemos fez desaparecer as duzentas e noventa e oito cartas, depois, cruzando sobre a mesa os magros braços, deixou descair a cabeça sobre eles, não para dormir, porque morte não dorme, mas para descansar. Quando meia hora mais tarde, já refeita da fadiga, a levantou, a carta que havia sido devolvida à procedência e outra vez enviada, estava novamente ali, diante das suas órbitas atônitas.

    Se a morte havia sonhado com a esperança de alguma surpresa que a viesse distrair dos aborrecimentos da rotina, estava servida. [...] Entre ir e vir, a carta não havia demorado mais que meia hora, provavelmente muito menos, dado que já se encontrava em cima da mesa quando a morte levantou a cabeça do duro amparo dos antebraços, isto é, do cúbito e do rádio, que para isso mesmo é que são entrelaçados. Uma força alheia, misteriosa, incompreensível, parecia opor-se à morte da pessoa, apesar de a data da sua defunção estar fixada, como para toda a gente, desde o próprio dia do nascimento. É impossível, disse a morte à gadanha silenciosa, ninguém no mundo ou fora dele teve alguma vez mais poder do que eu. eu sou a morte, o resto é nada. As intermitências da morte (Fragmento)

SARAMAGO, José. As intermitências da morte. São Paulo: Companhia das Letras, 2005. p. 139-40


De acordo com os estudos de regência verbal e com o padrão culto da língua, o verbo destacado em “DESEJO-lhe que aproveite o melhor que puder o tempo que lhe resta, sua atenta servidora, morte.” é:

Alternativas
Comentários
  • Desejo a você : transitivo direto

    Desejo de matar: transitivo indireto

  • LETRA E

    lhe= objeto indireto

    que aproveite o melhor que puder o tempo que lhe resta= objeto direto

  • Quem deseja, deseja algo a alguém. OD e OI
  • GABARITO E

    Quem deseja, desejo ALGO (OD) que aproveite o melhor que puder o tempo que lhe resta

    A ALGUÉM (OI) lhe

    bons estudos

  • “DESEJO-lhe que aproveite o melhor que puder"

    Quem deseja DESEJA ALGO: que aproveite o melhor que puder... A ALGUÉM: lhe - ele...

    Parafraseando...

    Desejo que ele aproveite o melhor que puder.


ID
2283574
Banca
FUNCAB
Órgão
Faceli
Ano
2015
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

As intermitências da morte

(Fragmento) 

    A morte conhece tudo a nosso respeito, e talvez por isso seja triste. Se é certo que nunca sorri, é só porque lhe faltam os lábios, e esta lição anatômica nos diz que, ao contrário do que os vivos julgam, o sorriso não é uma questão de dentes. Há quem diga, com humor menos macabro que de mau gosto, que ela leva afivelada uma espécie de sorriso permanente, mas isso não é verdade, o que ela traz à vista é um esgar de sofrimento, porque a recordação do tempo em que tinha boca, e a boca língua, e a língua saliva, a persegue continuamente. Com um breve suspiro, puxou para si uma folha de papel e começou a escrever a primeira carta deste dia, Cara senhora, lamento comunicar-lhe que a sua vida terminará no prazo irrevogável e improrrogável de uma semana, desejo-lhe que aproveite o melhor que puder o tempo que lhe resta, sua atenta servidora, morte. Duzentas e noventa e oito folhas, duzentos e noventa e oito sobrescritos, duzentas e noventa e oito descargas na lista, não se poderá dizer que um trabalho destes seja de matar, mas a verdade é que a morte chegou ao fim exausta. Com o gesto da mão direita que já lhe conhecemos fez desaparecer as duzentas e noventa e oito cartas, depois, cruzando sobre a mesa os magros braços, deixou descair a cabeça sobre eles, não para dormir, porque morte não dorme, mas para descansar. Quando meia hora mais tarde, já refeita da fadiga, a levantou, a carta que havia sido devolvida à procedência e outra vez enviada, estava novamente ali, diante das suas órbitas atônitas.

    Se a morte havia sonhado com a esperança de alguma surpresa que a viesse distrair dos aborrecimentos da rotina, estava servida. [...] Entre ir e vir, a carta não havia demorado mais que meia hora, provavelmente muito menos, dado que já se encontrava em cima da mesa quando a morte levantou a cabeça do duro amparo dos antebraços, isto é, do cúbito e do rádio, que para isso mesmo é que são entrelaçados. Uma força alheia, misteriosa, incompreensível, parecia opor-se à morte da pessoa, apesar de a data da sua defunção estar fixada, como para toda a gente, desde o próprio dia do nascimento. É impossível, disse a morte à gadanha silenciosa, ninguém no mundo ou fora dele teve alguma vez mais poder do que eu. eu sou a morte, o resto é nada. As intermitências da morte (Fragmento)

SARAMAGO, José. As intermitências da morte. São Paulo: Companhia das Letras, 2005. p. 139-40


A figura de linguagem predominante em “ninguém no mundo ou fora dele teve alguma vez mais poder do que eu” é:

Alternativas
Comentários
  • Gabarito: D

     

    - Comparação:


    Não confunda metáfora com “comparação” (ou símile) porque na metáfora não há conectivo explicitando a relação de comparação. Na comparação (ou símile) sempre há um conectivo ou uma expressão estabelecendo a relação de comparação:


    – Ela é gorda como uma vaca.
    – “Meu coração tombou na vida tal qual uma estrela ferida pela flecha de um caçador.” (Cecília Meireles)
    – Este lutador tem postura semelhante aos deuses nórdicos.

     

    Fonte: A Gramática Para Concursos Públicos - Série Provas e Concursos - Fernando Pestana

  • GABARITO D

     

    Ninguém no mundo ou fora dele teve alguma vez MAIS poder (DO) QUE eu.

    Elementos comparativos: como, tal qual, assim como, tal , qual, que nem, que (combinado com menos ou mais) etc.

    OBS: A preposição+artigo "DO" é facultativa.


ID
2283580
Banca
FUNCAB
Órgão
Faceli
Ano
2015
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

As intermitências da morte

(Fragmento) 

    A morte conhece tudo a nosso respeito, e talvez por isso seja triste. Se é certo que nunca sorri, é só porque lhe faltam os lábios, e esta lição anatômica nos diz que, ao contrário do que os vivos julgam, o sorriso não é uma questão de dentes. Há quem diga, com humor menos macabro que de mau gosto, que ela leva afivelada uma espécie de sorriso permanente, mas isso não é verdade, o que ela traz à vista é um esgar de sofrimento, porque a recordação do tempo em que tinha boca, e a boca língua, e a língua saliva, a persegue continuamente. Com um breve suspiro, puxou para si uma folha de papel e começou a escrever a primeira carta deste dia, Cara senhora, lamento comunicar-lhe que a sua vida terminará no prazo irrevogável e improrrogável de uma semana, desejo-lhe que aproveite o melhor que puder o tempo que lhe resta, sua atenta servidora, morte. Duzentas e noventa e oito folhas, duzentos e noventa e oito sobrescritos, duzentas e noventa e oito descargas na lista, não se poderá dizer que um trabalho destes seja de matar, mas a verdade é que a morte chegou ao fim exausta. Com o gesto da mão direita que já lhe conhecemos fez desaparecer as duzentas e noventa e oito cartas, depois, cruzando sobre a mesa os magros braços, deixou descair a cabeça sobre eles, não para dormir, porque morte não dorme, mas para descansar. Quando meia hora mais tarde, já refeita da fadiga, a levantou, a carta que havia sido devolvida à procedência e outra vez enviada, estava novamente ali, diante das suas órbitas atônitas.

    Se a morte havia sonhado com a esperança de alguma surpresa que a viesse distrair dos aborrecimentos da rotina, estava servida. [...] Entre ir e vir, a carta não havia demorado mais que meia hora, provavelmente muito menos, dado que já se encontrava em cima da mesa quando a morte levantou a cabeça do duro amparo dos antebraços, isto é, do cúbito e do rádio, que para isso mesmo é que são entrelaçados. Uma força alheia, misteriosa, incompreensível, parecia opor-se à morte da pessoa, apesar de a data da sua defunção estar fixada, como para toda a gente, desde o próprio dia do nascimento. É impossível, disse a morte à gadanha silenciosa, ninguém no mundo ou fora dele teve alguma vez mais poder do que eu. eu sou a morte, o resto é nada. As intermitências da morte (Fragmento)

SARAMAGO, José. As intermitências da morte. São Paulo: Companhia das Letras, 2005. p. 139-40


“Com o gesto da mão direita que já lhe conhecemos fez desaparecer as duzentas e noventa e oito cartas, depois, CRUZANDO SOBRE A MESA OS MAGROS BRAÇOS, deixou descair a cabeça sobre eles”
O segmento destacado mostra formas reduzidas; a forma reduzida do verbo “cruzar” poderia ser adequadamente substituída, mantendo o sentido do texto, por:

Alternativas
Comentários
  • item b - mantém o tempo verbal

  • CRUZANDO SOBRE A MESA OS MAGROS BRAÇOS
    É uma oração subordinada adverbial temporal reduzida de gerúndio

    dor é temporária mas a glória é eterna
  • o comando pede para passar para a forma desenvolvida sem alterar o sentido. 

  • Item B - Alteração feita sem perder o sentido do texto.

  • LETRA B.

    A questão pede para trocar uma oração reduzida em uma oração desenvolvida, na qual surge o conectivo.

    a) Errada. A conjunção “mas” é adversativa e faz parte de orações coordenadas.

    b) Certa. A ideia aqui é de tempo, ou seja, oração subordinada adverbial temporal reduzida de gerúndio

    Questão comentada pelo Prof Elias Santana


ID
2283583
Banca
FUNCAB
Órgão
Faceli
Ano
2015
Provas
Disciplina
Noções de Informática
Assuntos

Em algumas versões do MS Windows 7, o Bitlocker é um recurso que serve para:

Alternativas
Comentários
  • Letra (a)


    A Criptografia de Unidade de Disco BitLocker é um recurso de proteção de dados disponível em todas as edições do Windows Server e em algumas edições dos sistemas operacionais Windows. O BitLocker criptografa as unidades de disco rígido no computador para fornecer proteção avançada contra roubo ou a exposição de dados nos computadores e nas unidades removíveis perdidas ou roubadas, além de uma exclusão de dados mais segura quando os computadores protegidos por BitLocker são descomissionados já que é muito mais difícil recuperar os dados excluídos de uma unidade criptografada do que de uma unidade não criptografada.


    Fonte: https://technet.microsoft.com/pt-br/library/hh831507.aspx

  • BitLocker é um sistema de Criptografia do Windows, presente em versões do Windows Vista, Windows 7, Windows 8 e no Windows 10. Consiste em codificar partições do HD, protegendo seus documentos e arquivos do computador contra o acesso não autorizado.

  • Rumo PMSC 2019

  • PMSC, Estou chegando...

  • Pode separar uma vaga porque ela já é minha! #PMSC

  • RUMO PMSC!!

  • a galerinha do "RUMO" vai achando que vai ser facinho assim Vai!! vão bate os dentes.

  • NÃO SEI QUE DIFERENÇA FAZ FICAR COMENTANDO "RUMO PMSC" OS CARA DÃO CTRL C E CTRL V NAS RESPOSTA DO GOOGLE E VEM AQUI NOS COMENTARIO APAVORAR

  • kkkkkkkkkk uma vaga é minha também

  • gaba. A

    O Bitlocker é um recurso de criptografia de discos que criptografa toda a unidade de disco, de documentos a senhas, e pode ser implementado na unidade onde o Windows está instalado ou demais unidades de disco rígido fixas (internas).

    Fonte: Informática para Concursos/Renato da Costa

  • O Bitlocker realmente é utilizado para criptografar o disco rígido por meio de inserção de uma senha, de modo que se evite o acesso não autorizado ao dispositivo – nenhum dos outros itens faz qualquer sentido. 


ID
2283586
Banca
FUNCAB
Órgão
Faceli
Ano
2015
Provas
Disciplina
Noções de Informática
Assuntos

Um software, já embutido nas diversas versões do Windows 8, que permite que se tenha uma proteção contra spywares é o:

Alternativas
Comentários
  • Letra E. O Windows Defender é um antivírus e um antispyware a partir da versão WIndows 8 e superiores. Até a versão 7 ele era apenas um antispyware. No Windows 7 o antivírus era o Microsoft Security Essentials.

  • Letra (e)


    Acrescentando o comentário do Mito da Informática.


    Para ajudar a proteger seu computador contra spyware, use um programa antispyware. Esta versão do Windows possui um programa antispyware interno chamado Windows Defender, que é ativado por padrão. O Windows Defender alerta quando algum spyware tenta se instalar em seu computador. Também pode verificar se há spywares nele e removê-los.


    Como todos os dias aparecem novos spywares, o Windows Defender deve ser atualizado regularmente para detectar e proteger contra as ameaças mais recentes. O Windows Defender é atualizado conforme a necessidade sempre que você atualiza o Windows. Para obter o nível máximo de proteção, configure o Windows para instalar as atualizações automaticamente (veja abaixo).



    Fonte: http://windows.microsoft.com/pt-br/windows/understanding-security-safe-computing#1TC=windows-7

  • O Windows Defender acompanha o Windows e ajuda a proteger seu computador contra malware (software malicioso). Malware consiste em vírus, spyware e outros softwares potencialmente indesejados.

  • ASSERTIVA E - WINDOWS DEFENDER

    MARQUEI A ALTERNATIVA POR ELIMINAÇÃO, MAS, ADOREI E APRENDI COM OS COMENTÁRIOS DOS COLEGAS. =)

  • Autor: Fernando Nishimura , Professor de Informática

    Letra E. O Windows Defender é um antivírus e um antispyware a partir da versão WIndows 8 e superiores. Até a versão 7 ele era apenas um antispyware. No Windows 7 o antivírus era o Microsoft Security Essentials.

  • GABARITO E

     

    Windows Defender foi projetado para que o utilizador remova um spyware ou um software potencialmente indesejado de forma simples.

     

    Bons estudos.

  • GAB: E

    Windows Defender: antivírus e antispyware

    PMSC!!!

  • Windows 7

    Antispyware = Windows Defender

    Antivírus = Microsoft Security Essentials

    Windows 8, 10...

    Antispyware = Windows Defender

    Antivírus = Windows Defender

  •  O Windows Defender é um antivírus e um antispyware a partir da versão WIndows 8 e superiores. Até a versão 7 ele era apenas um antispyware. No Windows 7 o antivírus era o Microsoft Security Essentials.

  • Windows 7

    Antispyware = Windows Defender

    Antivírus = Microsoft Security Essentials

    Windows 8, 10...

    Antispyware = Windows Defender

    Antivírus = Windows Defender


ID
2283589
Banca
FUNCAB
Órgão
Faceli
Ano
2015
Provas
Disciplina
Noções de Informática
Assuntos

Um usuário do MS Excel 2010, em português, que deseje usar em uma planilha uma função que retorne uma referência indicada por um valor de texto deve adicionar a função:

Alternativas
Comentários
  • Letra (d)


    Função INDIRETO -> Retorna uma referência indicada por um valor de texto


    Fonte: https://support.office.com/pt-br/article/Fun%C3%A7%C3%B5es-do-Excel-por-categoria-5f91f4e9-7b42-46d2-9bd1-63f26a86c0eb

  • https://support.office.com/pt-br/article/Fun%C3%A7%C3%B5es-de-pesquisa-e-refer%C3%AAncia-refer%C3%AAncia-8aa21a3a-b56a-4055-8257-3ec89df2b23e

     

    Função ENDEREÇO

    Retorna uma referência como texto para uma única célula em uma planilha

     

    Função CORRESP

    Procura valores em uma referência ou em uma matriz

     

    Função ÍNDICE

    Usa um índice para escolher um valor de uma referência ou matriz

     

    Função INDIRETO

    Retorna uma referência indicada por um valor de texto

     

    Função TRANSPOR

    Retorna a transposição de uma matriz

     

     

     

     

     

  • ENDEREÇO   = Retorna uma referência como texto e endereça para uma célula

     

     CORRESP = Procura valores correspondentes em referência ou matriz

     

     ÍNDICE - Usa um índice para escolher um valor 

     

    INDIRETO =  referência indireta indicada por um texto

     

    TRANSPOR =   matriz

  • RUMO Á PRESIDÊNCIA

  • FUNCAB, desculpe-me, mas que "questãozinha" viu...

    --'


ID
2283601
Banca
FUNCAB
Órgão
Faceli
Ano
2015
Provas
Disciplina
Noções de Informática
Assuntos

Um usuário do MS Word 2010, em português, deseja alternar entre maiúsculas/minúsculas um trecho selecionado de um texto usando o teclado. Para isso, ele deve utilizar as teclas de atalho:

Alternativas
Comentários
  • Teclas para formatar caracteres e parágrafos: CTRL + SHIFT + F Altera o tipo de letra

    CTRL + SHIFT + P Altera o tamanho do tipo de letra
    CTRL + SHIFT + > (maior que) Aumenta o tamanho da letra
    CTRL + SHIFT + < (menor que) Diminui o tamanho da letra
    CTRL + ] (fechar parêntesis rectos) Aumenta o tamanho da letra um ponto
    CTRL + [ (abrir parêntesis rectos) Diminui o tamanho da letra um ponto
    CTRL + D Altera a formatação de caracteres
    SHIFT + F3 Altera letras para maiúsculas ou minúsculas
    CTRL + SHIFT + A Formata como maiúsculas
    CTRL + N Formata em Negrito
    CTRL + S Aplica sublinhado
    CTRL + SHIFT +W Aplica sublinhado mas só em palavras
    CTRL + SHIFT + D Aplica duplo sublinhado
    CTRL + SHIFT + H Aplica formatação de texto oculto
    CTRL + I Aplica formatação em itálico
    CTRL + SHIFT + K Formata letras como maiúsculas pequenas
    CTRL + = (igual) Aplica formatação anterior à linha
    CTRL + SHIFT + + (mais) Aplica formatação superior à linha
    CTRL + BARRA DE ESPAÇOS Remove formatação manual
    CTRL + Q Altera a seleção de letra para o tipo "SYMBOL"
    CTRL + SHIFT + * (asterisco) Visualiza caracteres não imprimíveis
    SHIFT + F1 Remove formatação de texto
    CTRL + SHIFT + C Copia formatos
    CTRL + SHIFT + V Cola formatos
    CTRL + 1 Define espaçamento simples entre linhas
    CTRL + 2 Define espaçamento duplo entre linhas
    CTRL + 5 Define espaçamento entre linhas de 1,5
    CTRL + 0 Remove um espaço entre linhas que antecede um parágrafo
    F11 Centra um parágrafo
    CTRL + J Justifica um parágrafo
    CTRL + E Alinha um parágrafo à esquerda
    CTRL + H Alinha um parágrafo à direita
    CTRL + M Avança um parágrafo a partir da esquerda
    CTRL + SHIFT + M Remove um avanço de parágrafo à esquerda
    CTRL + SHIFT + J Cria um avanço pendente
    CTRL + SHIFT + T Reduzi um avanço pendente
    CTRL + Q Remove a formatação de parágrafo
    CTRL + SHIFT + S Aplica um estilo
    ALT + CTRL + K Inicia formatação automática
    CTRL + SHIFT + N Aplica um estilo normal
    ALT + CTRL + 1 Aplica o estilo "Título 1"
    ALT + CTRL + 2 Aplica o estilo "Título 2"
    ALT + CTRL + 3 Aplica o estilo "Titulo 3"
    CTRL + SHIFT + L Aplica o estilo "Lista"

  • Altere maiúsculas e minúsculas.SHIFT + F3

     

    Formata todas as letras como maiúsculas.CTRL + SHIFT + A

     

    https://support.microsoft.com/pt-br/kb/290938

  • Comentando só para retornar aqui e copiar essa lista de atalhos. xD
  • CTRL + SHIFT + A    FormatA todAs as letrAs como maiúsculAs     

     

    SHIFT + F3     alterna entre maiúsculas e minúsculas

     

     

     

     

  • Shift + F7 = PESQUISAR

    Ctrl + PageUp = ROLAR DOCUMENTO

    Ctrl + Shift + K = FORMATA LETRAS COM MAIÚSCULO PEQUENO

    Ctrl + Shift + U = APLICAR ESTILOS

    Ctrl + Shift +A = ALTERA ENTRE MAIÚSCULAS E MINÚSCULAS

  • GAB AAA

    ESSE TIPO DE QUESTÃO QUE DERRUBA

  • Ou shift + f3!

    delícia de questão.

  • Comentando só para retornar aqui e copiar essa lista de atalhos. xD (x+1)

  • Shift + F7 = PESQUISAR

    Ctrl + PageUp = ROLAR DOCUMENTO

    Ctrl + Shift + K = FORMATA LETRAS COM MAIÚSCULO PEQUENO

    Ctrl + Shift + U = APLICAR ESTILOS

    Ctrl + Shift +A = ALTERA ENTRE MAIÚSCULAS E MINÚSCULAS

    ou shift + f3 maiusculas e minusculas,.


ID
2283604
Banca
FUNCAB
Órgão
Faceli
Ano
2015
Provas
Disciplina
Noções de Informática
Assuntos

No Google Chrome, em português, versão 43.0, para que um usuário possa abrir a página de downloads, utilizando o teclado, quais teclas de atalho ele vai usar?

Alternativas
Comentários
  • Letra C. Ctrl+P é para Imprimir e Ctrl+Shift+B é a Barra de Favoritos.

  • Ctrl+J Abre a página "Downloads".

     

    Abrir o menu do Google Chrome, na barra de ferramentas do navegadorAlt + E ou Alt + F

     

     

     

     

  • Autor: Fernando Nishimura , Professor de Informática

    Letra C. Ctrl+P é para Imprimir e Ctrl+Shift+B é a Barra de Favoritos.

  • GABARITO - Letra C

    Ctrl+P é para Imprimir e Ctrl+Shift+B é a Barra de Favoritos.

    '' Pra ganhar a batalha tem que ir pra batalha.''

    #PM-SC 2019


ID
2283610
Banca
FUNCAB
Órgão
Faceli
Ano
2015
Provas
Disciplina
Noções de Informática
Assuntos

Uma ferramenta de software, utilizada para tratar de armazenamento em nuvem, é o:

Alternativas
Comentários
  • Letra B. O Dropbox, assim como o OneDrive, iCloud, Google Drive, e tantos outros, poderá ser instalado no computador ou dispositivo portátil, para armazenar e sincronizar dados na nuvem.

  • Dropbox é um serviço para armazenamento e partilha de arquivos. É baseado no conceito de "computação em nuvem" ("cloud computing"). Ele pertence ao Dropbox Inc., sediada em San Francisco, Califórnia, EUA.

    A empresa desenvolvedora do programa disponibiliza centrais de computadores que armazenam os arquivos de seus clientes. Uma vez que os arquivos sejam devidamente copiados para os servidores da empresa, passarão a ficar acessíveis a partir de qualquer lugar que tenha acesso à Internet. O princípio é o de manter arquivos sincronizados entre dois ou mais computadores que tenham o aplicativo do Dropbox instalado.

     

    https://pt.wikipedia.org/wiki/Dropbox

  • Autor: Fernando Nishimura , Professor de Informática

    Letra B. O Dropbox, assim como o OneDrive, iCloud, Google Drive, e tantos outros, poderá ser instalado no computador ou dispositivo portátil, para armazenar e sincronizar dados na nuvem.

  • -> Adobe Reader é um software que permite que o usuário do computador visualize, navegue e imprima arquivos no formato PDF.

    -> Dropbox é um serviço para armazenamento e partilha de arquivos. É baseado no conceito de "computação em nuvem" ("cloud computing").

    -> PKZIP é uma ferramenta de compactação de arquivos escrito pelo falecido Phil Katz.

    -> Packet Tracer é um programa educacional gratuito que permite simular uma rede de computadores, através de equipamentos e configurações presente em situações reais. O programa apresenta uma interface gráfica simples, com suportes multimídia que auxiliam na confecção das simulações.

    -> Outlook é um serviço gratuito de webmail criado pela Microsoft.

  • Assertiva b

     utilizada para tratar de armazenamento em nuvem, é o: Dropbox.

  • Não esquecer que Dropbox e Google Drive são consideradas sistemas "Saas" (software como serviço). :)