Acabar com a fome, alcançar a segurança alimentar, melhorar a nutrição e promover a agricultura sustentável. O
Objetivo de Desenvolvimento Sustentável da agenda 2030 da Organização das Nações Unidas traz um grande desafio
aos países.
Os programas realizados nos últimos anos permitiram avanços significativos, contudo a situação global ainda é
alarmante: 1 em cada 9 pessoas é subnutrida.
Especialistas do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas preveem que as variações nos próximos anos
impactarão a agricultura e a produção de alimentos em todo o mundo, agravando substancialmente o problema. Com
uma perspectiva tão complexa e restrita, como garantir a sobrevivência das futuras gerações?
A chamada agropecuária tradicional tem dado passos importantes para se adaptar a essa nova realidade, mas não há
dúvida de que a escolha pela produção agroecológica de alimentos pode trazer a resposta mais adequada a esse
cenário.
A agroecologia integra conhecimentos científicos e saberes tradicionais na construção de sistemas agrícolas de baixo
impacto ambiental e alta capacidade de resiliência.
Essa abordagem propõe uma dinâmica de produção de acordo com as características dos ecossistemas, com o uso e
a conservação dos recursos naturais. As estratégias de cultivo são fundamentadas a partir do equilíbrio dos
componentes do solo, com a recuperação da fertilidade e sem a necessidade de agrotóxicos.
É importante destacar que a produção agroecológica não se restringe à área rural e também influencia hábitos na
cidade. A crescente demanda por uma vida saudável nos centros urbanos estimula, por exemplo, a criação de hortas
comunitárias com produção de verduras e hortaliças sem uso de agrotóxicos.
No Brasil, as grandes proporções territoriais e a diversidade de biomas tornam-se uma oportunidade e um desafio para
a implantação de políticas orientadas à produção agroecológica. Existem no país diversas redes que aderiram a
práticas sustentáveis e integradas na produção e comercialização de alimentos.
Para o fortalecimento e ampliação dessas redes, a sociedade civil organizada requisitou a elaboração de um programa
que aumentasse a escala de produção e a oferta de alimentos saudáveis. Em 2013, atendendo a esse desejo, foi
criado o Plano Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica (Planapo).
Também nesse sentido, surgiu o Programa de Fortalecimento e Ampliação das Redes de Agroecologia, Extrativismo
e Produção Orgânica (Ecoforte), com o qual se buscou integrar o investimento social privado às políticas públicas com
foco territorial, associando ações de pesquisa, extensão, produção, comercialização, consumo e certificação orgânica.
Ações articuladas da sociedade civil, somadas ao incentivo de políticas públicas por meio de programas e linhas de
crédito, fortalecem às organizações agroecológicas, geram renda no campo e nas cidades, promovem segurança
alimentar e hídrica e dinamizam os territórios.
Contribuem, também, para que um número maior de agricultores familiares, assentados da reforma agrária,
extrativistas e suas organizações se interessem por conhecer e participar desse ciclo virtuoso de desenvolvimento
sustentável, proporcionando uma alimentação mais saudável aos brasileiros e ao mundo.
Folha de São Paulo, ASCLEPIUS RAMATIZ é presidente da Fundação Banco do Brasil. Graduado em direito, possui
MBA em negócios internacionais, 12 set. 2017, com adaptações).
No trecho: “Os programas realizados nos últimos anos permitiram avanços significativos, contudo a situação
global ainda é alarmante: 1 em cada 9 pessoas é subnutrida”. Estabelece a relação de sentido entre as orações de