Atenção: As questões de números 1 a 20 referem-se ao texto que segue.
Da ação dos justos
Em recente entrevista na TV, uma conhecida e combativa juíza brasileira citou esta frase de Disraeli*: “É preciso que os homens de bem tenham a audácia dos canalhas”. Para a juíza, o sentido da frase é atualíssimo: diz respeito à freqüente omissão das pessoas justas e honestas diante das manifestações de violência e de corrupção que se multiplicam em nossos dias e que, felizmente, têm chegado ao conhecimento público e vêm sendo investigadas e punidas. A frase propõe uma ética atuante, cujos valores se materializem em reação efetiva, em gestos de repúdio e medidas de combate à barbárie moral. Em outras palavras: que a desesperança e o silêncio não tomem conta daqueles que pautam sua vida por princípios de dignidade.
Como não concordar com a oportunidade da frase? Normalmente, a indignação se reduz a conversas privadas, a comentários pessoais, não indo além de um mero discurso ético. Se não transpõe o limite da queixa, a indignação é impotente, e seu efeito é nenhum; mas se ela se converte em gesto público, objetivamente dirigido contra a arrogância acanalhada, alcança a dimensão da prática social e política, e gera conseqüências.
A frase lembra-nos que não costuma haver qualquer hesitação entre aqueles que se decidem pela desonestidade e pelo egoísmo. Seus atos revelam iniciativa e astúcia, facilitadas pela total ausência de compromisso com o interesse público. Realmente, a falta de escrúpulo aplaina o caminho de quem não confronta o justo e o injusto; por outro lado, muitas vezes faltam coragem e iniciativa aos homens que conhecem e mantêm viva a diferença entre um e outro. Pois que estes a deixem clara, e não abram mão de reagir contra quem a ignore.
A inação dos justos é tudo o que os contraventores e criminosos precisam para continuar operando. A cada vez que se propagam frases como “Os políticos são todos iguais”, “Brasileiro é assim mesmo” ou “Este país não tem jeito”, promove-se a resignação diante dos descalabros. Quem vê a barbárie como uma fatalidade torna-se, ainda que não o queira, seu cúmplice silencioso.
* Benjamin Disraeli, escritor e político britânico do século XIX. (Aristides Villamar)
Considerando-se o contexto do terceiro parágrafo, na frase Pois que estes a deixem clara, os pronomes estese aestão se referindo, respectivamente, a:
Atenção: As questões de números 1 a 20 referem-se ao texto que segue.
Da ação dos justos
Em recente entrevista na TV, uma conhecida e combativa juíza brasileira citou esta frase de Disraeli*: “É preciso que os homens de bem tenham a audácia dos canalhas”. Para a juíza, o sentido da frase é atualíssimo: diz respeito à freqüente omissão das pessoas justas e honestas diante das manifestações de violência e de corrupção que se multiplicam em nossos dias e que, felizmente, têm chegado ao conhecimento público e vêm sendo investigadas e punidas. A frase propõe uma ética atuante, cujos valores se materializem em reação efetiva, em gestos de repúdio e medidas de combate à barbárie moral. Em outras palavras: que a desesperança e o silêncio não tomem conta daqueles que pautam sua vida por princípios de dignidade.
Como não concordar com a oportunidade da frase? Normalmente, a indignação se reduz a conversas privadas, a comentários pessoais, não indo além de um mero discurso ético. Se não transpõe o limite da queixa, a indignação é impotente, e seu efeito é nenhum; mas se ela se converte em gesto público, objetivamente dirigido contra a arrogância acanalhada, alcança a dimensão da prática social e política, e gera conseqüências.
A frase lembra-nos que não costuma haver qualquer hesitação entre aqueles que se decidem pela desonestidade e pelo egoísmo. Seus atos revelam iniciativa e astúcia, facilitadas pela total ausência de compromisso com o interesse público. Realmente, a falta de escrúpulo aplaina o caminho de quem não confronta o justo e o injusto; por outro lado, muitas vezes faltam coragem e iniciativa aos homens que conhecem e mantêm viva a diferença entre um e outro. Pois que estes a deixem clara, e não abram mão de reagir contra quem a ignore.
A inação dos justos é tudo o que os contraventores e criminosos precisam para continuar operando. A cada vez que se propagam frases como “Os políticos são todos iguais”, “Brasileiro é assim mesmo” ou “Este país não tem jeito”, promove-se a resignação diante dos descalabros. Quem vê a barbárie como uma fatalidade torna-se, ainda que não o queira, seu cúmplice silencioso.
* Benjamin Disraeli, escritor e político britânico do século XIX. (Aristides Villamar)
Está clara, correta e coerente a redação da frase:
Atenção: As questões de números 1 a 20 referem-se ao texto que segue.
Da ação dos justos
Em recente entrevista na TV, uma conhecida e combativa juíza brasileira citou esta frase de Disraeli*: “É preciso que os homens de bem tenham a audácia dos canalhas”. Para a juíza, o sentido da frase é atualíssimo: diz respeito à freqüente omissão das pessoas justas e honestas diante das manifestações de violência e de corrupção que se multiplicam em nossos dias e que, felizmente, têm chegado ao conhecimento público e vêm sendo investigadas e punidas. A frase propõe uma ética atuante, cujos valores se materializem em reação efetiva, em gestos de repúdio e medidas de combate à barbárie moral. Em outras palavras: que a desesperança e o silêncio não tomem conta daqueles que pautam sua vida por princípios de dignidade.
Como não concordar com a oportunidade da frase? Normalmente, a indignação se reduz a conversas privadas, a comentários pessoais, não indo além de um mero discurso ético. Se não transpõe o limite da queixa, a indignação é impotente, e seu efeito é nenhum; mas se ela se converte em gesto público, objetivamente dirigido contra a arrogância acanalhada, alcança a dimensão da prática social e política, e gera conseqüências.
A frase lembra-nos que não costuma haver qualquer hesitação entre aqueles que se decidem pela desonestidade e pelo egoísmo. Seus atos revelam iniciativa e astúcia, facilitadas pela total ausência de compromisso com o interesse público. Realmente, a falta de escrúpulo aplaina o caminho de quem não confronta o justo e o injusto; por outro lado, muitas vezes faltam coragem e iniciativa aos homens que conhecem e mantêm viva a diferença entre um e outro. Pois que estes a deixem clara, e não abram mão de reagir contra quem a ignore.
A inação dos justos é tudo o que os contraventores e criminosos precisam para continuar operando. A cada vez que se propagam frases como “Os políticos são todos iguais”, “Brasileiro é assim mesmo” ou “Este país não tem jeito”, promove-se a resignação diante dos descalabros. Quem vê a barbárie como uma fatalidade torna-se, ainda que não o queira, seu cúmplice silencioso.
* Benjamin Disraeli, escritor e político britânico do século XIX. (Aristides Villamar)
Seus atos revelam iniciativa e astúcia, facilitadas pela total ausência de compromisso com o interesse público.
Caso se queira reconstruir a frase acima, iniciando-a por A total ausência de compromisso com o interesse público, uma complementação correta e coerente poderia ser:
Nesse mesmo texto da questão 8 há uma incoerência flagrante no seguinte segmento:
Tudo aconteceu a partir do
momento que chegaram dois
homens com dois altos-falantes
e começaram a fazer propaganda
de um show na porta do prédio.
Ora, segundo as normas, é
proibido, após as 22h, não fazer
barulho neste lugar e, porisso,
tivemos que expulsar eles.
Atenção: Para responder às questões de números 13 a 15, assinale, na folha de respostas, a letra da alternativa que corresponde à frase inteiramente clara e correta.
Assinale a letra da alternativa que corresponde à frase inteiramente clara e correta:
Atenção: Para responder às questões de números 13 a 15, assinale, na folha de respostas, a letra da alternativa que corresponde à frase inteiramente clara e correta.
Assinale a letra da alternativa que corresponde à frase inteiramente clara e correta:
Atenção: Para responder às questões de números 13 a 15, assinale, na folha de respostas, a letra da alternativa que corresponde à frase inteiramente clara e correta.
Assinale a letra da alternativa que corresponde à frase inteiramente clara e correta:
TEXTO . OS COITADINHOS Clóvis Rossi . Folha de São Paulo, 25/02/01
SÃO PAULO . Anestesiada e derrotada, a sociedade nem está percebendo a enorme inversão de valores em curso. Parece aceitar como normal que um grupo de criminosos estenda faixas pela cidade e nelas fale de paz. Que paz? Não foram esses mesmos adoráveis senhores que decapitaram ou mandaram decapitar seus próprios companheiros de comunidade durante as recentes rebeliões? A sociedade ouve em silêncio o juiz titular da Vara de Execuções Penais, Otávio Augusto Barros Filho, dizer que não vai resolver nada a transferência e isolamento dos líderes do PCC (Primeiro Comando da Capital ou Partido do Crime). Digamos que não resolva. Qual é a alternativa oferecida pelo juiz? Libertá-los todos? Devolvê-los aos presídios dos quais gerenciam livremente seus negócios e determinam quem deve viver e quem deve morrer? Vamos, por um momento que seja, cair na real: os presos, por mais hediondos que tenham sido seus crimes, merecem, sim, tratamento digno e humano. Mas não merecem um micrograma que seja de privilégios, entre eles o de determinar onde cada um deles fica preso. Há um coro, embora surdo, que tenta retratar criminosos como coitadinhos, vítimas do sistema. Calma lá. Coitadinhos e vítimas do sistema, aqui, são os milhões de brasileiros que sobrevivem com salários obscenamente baixos (ou sem salário algum) e, não obstante, mantêm-se teimosamente honestos. Coitadinhos e vítimas de um sistema ineficiente, aqui, são os parentes dos abatidos pela violência, condenados à prisão perpétua que é a dor pela perda de alguém querido, ao passo que o criminoso não fica mais que 30 anos na cadeia.
Parafraseando Millôr Fernandes: ou restaure-se a dignidade para todos, principalmente para os coitadinhos de verdade, ou nos rendamos de uma vez à Crime Incorporation.
"... os presos, por mais hediondos que tenham sido seus crimes, merecem, sim, tratamento digno e humano. Mas não merecem um micrograma que seja de privil égios, entre eles o de determinar onde cada um deles fica preso."; nesse segmento do texto há uma série de vocábulos que se referem a elementos anteriores. O item em que a correspondência entre os dois NÃO está perfeita é:
Para muita gente, esta é a semana mais difícil do ano. Você volta das férias, tenta se adaptar de novo à rotina e já pressente as surpresas que vai ter ao receber a conta do cartão de crédito. Quando se dá conta, é mais uma vítima da depressão pós-viagem. Eu só conheço uma maneira de sair dessa: começar a pensar já na próxima. Não, não é cedo demais. Nem sintoma de descaso pelo trabalho. Acalentar uma viagem é uma maneira segura de manter aceso o interesse pelo fato gerador de suas férias: seu emprego. Além do que, planejar uma viagem com antecedência é o melhor jeito de rentabilizar seu investimento. Por que se contentar em aproveitar apenas os dias que você passa longe de casa, quando dá para começar a viajar muito antes de embarcar - e sem pagar nada mais por isso? Eu gosto de comparar o planejamento de uma grande viagem ao preparo de um desfile de escola de samba no Carnaval. Assim como as férias, o Carnaval em si dura pouco - mas é o grand finale de um ano inteiro de divertida preparação. É fácil trazer o know how do samba para suas férias. Use os três primeiros meses depois da volta para definir o "enredo" de sua próxima viagem. Tire os meses seguintes para encomendar guias e colecionar as informações que caírem em sua mão - revistas, jornais, dicas de quem já foi. Vá montando o itinerário mais consistente, descobrindo os meios de transporte mais adequados, decidindo quais são os hotéis imperdíveis. Quando faltarem quatro meses para a partida, tome coragem e reserve a passagem e os hotéis. Passe os últimos três meses fazendo a sintonia fina: escolhendo restaurantes, decidindo o que merece e o que não merece ser visto. Depois de tudo isso não tem erro: é partir direto para a apoteose.
Revista Época, 29/01/2007, p. 112 (fragmento).
"... e sem pagar mais por isso?" (l. 15). O trecho contém um pronome demonstrativo cuja função textual é referir-se a:
Alcatrazes Expedição ao Arquipélago Proibido Johnny Mazzilli
O balanço do barco, o mar instável e a chuva puseram parte de nosso efetivo enjoado e cabisbaixo, durante as quatro horas de travessia. Com a visibilidade prejudicada, avistamos Alcatrazes já relativamente próximos, e bastou chegar um pouco mais perto para esquecermos qualquer mal estar - a paisagem mudara por completo e olhávamos impressionados as falésias rochosas com 200, 300 metros verticais assomando diretamente das águas e entremeadas por mantos de vegetação tropical - muito, muito maiores do que imaginávamos. Ao contornar a ilha principal em busca do Ninhal das Fragatas, nosso ponto de ancoragem, demos de cara com a exuberância da fauna, uma espécie de "Galápagos" do litoral paulista. Milhares de aves se empoleiravam nos arbustos costeiros e centenas voavam gritando acima de nós, num cenário que parecia nos remeter ao passado. O desembarque é moroso - tudo tem que ser transferido para um bote de borracha com motor de popa que conduz as tralhas ao costão em sucessivas e lentas baldeações. Não há praia ou cais e são necessárias seguidas aproximações, recuos e reaproximações com o bote, apenas para descer a carga de uma viagem. A tralha era extensa - pilhas de mochilas, equipamentos de mergulho e fotográfico, cordas, bolsas impermeáveis e caixas, muitas caixas com itens para pesquisa e coleta de animais. Chovia sem parar enquanto subíamos carregados pela encosta rochosa escorregadia em direção ao local do acampamento, a 50 metros dali. Parou de chover quando montamos o acampamento. Precisávamos de tempo para as pesquisas e principalmente para a investida na parede rochosa - trabalho inédito nas ilhas e que gerou grande expectativa entre as equipes. Cada time composto por membros do Projeto Tamar, Instituto Butantã, Fundação Florestal, Biociências da USP e Projeto Alcatrazes faria, no curto prazo de dois dias, suas próprias pesquisas com aves, serpentes, répteis e batráquios.
Revista Planeta, out. 2006, p. 37 (fragmento).
A vinculação entre o substantivo "tralha" (l. 24) e seu aposto "pilhas de mochilas, equipamentos de mergulho e fotográfico, cordas, bolsas impermeáveis e caixas (...)" mostra que, entre o termo genérico e a enumeração, há:
Atenção: As questões de números 1 a 8 apóiam-se no texto apresentado abaixo.
Rios caudalosos e lagos deslumbrantes, cachoeiras e corredeiras, cavernas, grutas e paredões. Onças, jacarés, tamanduás, capivaras, cervos, pintados e tucunarés, emas e tuiuiús. As maravilhas da geologia, fauna e flora do Brasil Central reunidas em três ecossistemas únicos no mundo - Pantanal, Cerrado e Floresta Amazônica ?, poderiam ser uma abundante fonte de receitas turísticas. Mas não são, e os Estados da região agradecem. Para preservar seus delicados santuários ecológicos, o Centro-Oeste mantém rigorosas políticas de controle do turismo, com roteiros demarcados e visitação limitada. Assim é feito em Bonito, município situado na Serra da Bodoquena, cujas belezas naturais despertaram os fazendeiros para as oportunidades do turismo.
(Adaptado de O Estado de S. Paulo, Novo mapa do Brasil, H16, 20 de novembro de 2005)
A frase escrita de forma inteiramente clara e correta é:
Instruções: As questões de números 11 a 18 baseiam-se no texto apresentado abaixo.
A fronteira da biodiversidade é azul. Atrás das ondas, mais do que em qualquer outro lugar do planeta, está o maior número de seres vivos a descobrir. Os mares parecem guardar as respostas sobre a origem da vida e uma potencial revolução para o desenvolvimento de medicamentos, cosméticos e materiais para comunicações. Sabemos mais sobre a superfície da Lua e de Marte do que do fundo do mar. Os oceanos são hoje o grande desafio para a conservação e o conhecimento da biodiversidade, e os especialistas sabem que ela é muitas vezes maior do que hoje conhecemos. Das planícies abissais - o verdadeiro fundo do mar, que ocupa a maior parte da superfície da Terra - vimos menos de 1%. Hoje sabemos que essa planície, antes considerada estéril, está cheia de vida. Nos últimos anos, não só se fizeram novos registros, como também se descobriram novas espécies de peixes e invertebrados marinhos - como estrelas-do-mar, corais, lulas e crustáceos. Em relação à pesca, porém, há más notícias. Pesquisadores alertam que diversidade não é sinônimo de abundância. Há muitas espécies, mas as populações, em geral, não são grandes.
A mais ambiciosa empreitada para conhecer a biodiversidade dos oceanos é o Censo da Vida Marinha, que reúne 1.700 cientistas de 75 países e deverá estar pronto em 2010. Sua meta é inventariar toda a vida do mar, inclusive os microorganismos, grupo que representa a maior biomassa da Terra. Uma pequena arraia escura, em forma de coração, é a mais nova integrante da lista de peixes brasileiros. Ela foi coletada entre os Estados do Rio de Janeiro e do Espírito Santo, a cerca de 900 metros de profundidade. Como muitas espécies marinhas recém-identificadas, esta também é uma habitante das trevas.
O mar oferece outros tipos de riqueza. Estudos feitos no exterior revelaram numerosas substâncias extraídas de animais marinhos e com aplicação comercial. Há substâncias de poderosa ação antiviral e até mesmo anticancerígena. Há também uma esponja cuja estrutura inspirou fibras óticas que transmitem informação com mais eficiência. Outros compostos recém-descobertos de bactérias são transformados em cremes protetores contra raios ultravioleta. Vermes que devoram ossos de baleias produzem um composto com ação detergente. Já o coral-bambu é visto como um substituto potencial para próteses ósseas.
(Adaptado de Ana Lucia Azevedo. Revista O Globo. 19 de março de 2006, p.18-21)
Descobriu-se uma nova espécie de arraia.
A arraia vive nas profundezas do oceano.
É uma prova da diversidade de espécies escondidas no fundo do mar.
Foi feita identificação recente de animais marinhos no litoral brasileiro.
As frases acima formam um único período com clareza, correção e lógica em:
Décadas atrás, afortunados leitores de jornal podiam contar com uma coluna em que sobravam talento, reflexão, observação atenta das cenas da vida, tudo numa linguagem límpida, impecável, densamente poética e reflexiva. Era uma crônica de Rubem Braga. Os chamados "assuntos menores", que nem notícia costumam ser, ganhavam na pena do cronista uma grandeza insuspeitada. Falasse ele de um leiteiro, de um passarinho, de um pé de milho, de um casal na praia, de uma empregada doméstica esperando alguém num portão de subúrbio ? tudo de repente se tornava essencial e vivo, mais importante que a escandalosa manchete do dia. É o que costumam fazer os grandes artistas: revelam toda a carga de humanidade oculta que há na matéria cotidiana pela qual costumamos passar desatentos. Rubem Braga praticamente só escreveu crônicas, como profissional. À primeira vista, espanta que seja considerado um dos grandes escritores brasileiros dedicando-se tão-somente a um gênero considerado "menor": a crônica sempre esteve longe de ter o prestígio dos romances ou dos contos, da poesia ou do teatro. Mas o nosso cronista acabou por elevá-la a um posto de dignidade tal que ninguém se atreverá de chamar seus textos de "páginas circunstanciais". Tanto não o foram que estão todas recolhidas em livros, driblando o destino comum do papel de jornal. Recusaram-se a ser um entretenimento passageiro: resistem a tantas leituras quantas se façam delas, reeditam-se, são lidas, comentadas, não importando o dia em que foram escritas ou publicadas. Conheci Rubem Braga já velho, cansado, algo impaciente e melancólico, falando laconicamente a estudantes de faculdade. Parecia desinteressado da opinião alheia, naquele evento organizado por uma grande empresa, a que comparecera apenas por força de contrato profissional. Respondia monossilabicamente às perguntas, com um olhar distante, às vezes consultando o relógio. Não sabíamos, mas já estava gravemente doente. Fosse como fosse, a admiração que os jovens mostravam pelo velho urso pouco lhe dizia, era evidente que preferiria estar em outro lugar, talvez sozinho, talvez numa janela, ou na rede do quintal de seu apartamento (sim, seu apartamento de cobertura tinha um quintal aéreo, povoado de pássaros e plantas), recolhendo suas últimas observações, remoendo seus antigos segredos. Era como se nos dissesse: "Não me perguntem mais nada, estou cansado, tudo o que me importou na vida já escrevi, me deixem em paz, meninos." E teria razão. O leitor que percorrer crônicas do velho Braga saberá que ele não precisaria mesmo dizer nada além do que já disse e continua dizendo em suas páginas mágicas, meditadas, incapazes de passar por cima da poesia da vida.
(Manuel Régio Assunção)
Está clara e correta a redação do seguinte comentário sobre o texto:
Décadas atrás, afortunados leitores de jornal podiam contar com uma coluna em que sobravam talento, reflexão, observação atenta das cenas da vida, tudo numa linguagem límpida, impecável, densamente poética e reflexiva. Era uma crônica de Rubem Braga. Os chamados "assuntos menores", que nem notícia costumam ser, ganhavam na pena do cronista uma grandeza insuspeitada. Falasse ele de um leiteiro, de um passarinho, de um pé de milho, de um casal na praia, de uma empregada doméstica esperando alguém num portão de subúrbio ? tudo de repente se tornava essencial e vivo, mais importante que a escandalosa manchete do dia. É o que costumam fazer os grandes artistas: revelam toda a carga de humanidade oculta que há na matéria cotidiana pela qual costumamos passar desatentos. Rubem Braga praticamente só escreveu crônicas, como profissional. À primeira vista, espanta que seja considerado um dos grandes escritores brasileiros dedicando-se tão-somente a um gênero considerado "menor": a crônica sempre esteve longe de ter o prestígio dos romances ou dos contos, da poesia ou do teatro. Mas o nosso cronista acabou por elevá-la a um posto de dignidade tal que ninguém se atreverá de chamar seus textos de "páginas circunstanciais". Tanto não o foram que estão todas recolhidas em livros, driblando o destino comum do papel de jornal. Recusaram-se a ser um entretenimento passageiro: resistem a tantas leituras quantas se façam delas, reeditam-se, são lidas, comentadas, não importando o dia em que foram escritas ou publicadas. Conheci Rubem Braga já velho, cansado, algo impaciente e melancólico, falando laconicamente a estudantes de faculdade. Parecia desinteressado da opinião alheia, naquele evento organizado por uma grande empresa, a que comparecera apenas por força de contrato profissional. Respondia monossilabicamente às perguntas, com um olhar distante, às vezes consultando o relógio. Não sabíamos, mas já estava gravemente doente. Fosse como fosse, a admiração que os jovens mostravam pelo velho urso pouco lhe dizia, era evidente que preferiria estar em outro lugar, talvez sozinho, talvez numa janela, ou na rede do quintal de seu apartamento (sim, seu apartamento de cobertura tinha um quintal aéreo, povoado de pássaros e plantas), recolhendo suas últimas observações, remoendo seus antigos segredos. Era como se nos dissesse: "Não me perguntem mais nada, estou cansado, tudo o que me importou na vida já escrevi, me deixem em paz, meninos." E teria razão. O leitor que percorrer crônicas do velho Braga saberá que ele não precisaria mesmo dizer nada além do que já disse e continua dizendo em suas páginas mágicas, meditadas, incapazes de passar por cima da poesia da vida.
(Manuel Régio Assunção)
Parecia desinteressado da opinião alheia, naquele evento organizado por uma grande empresa, a que comparecera apenas por força de contrato profissional.
A frase acima permanecerá formalmente correta caso se substituam os elementos sublinhados, respectivamente, por
Atenção: As questões de números 31 a 41 baseiam-se no texto apresentado abaixo.
O governo inglês divulgou recentemente o que é até agora o mais detalhado estudo sobre custos e riscos econômicos do aquecimento global e sobre medidas que poderiam reduzir as emissões de gases do efeito estufa, na esperança de evitar algumas de suas piores conseqüências. Ele deixa claro que o problema não é mais se podemos nos dar ao luxo de fazer algo sobre o aquecimento global, mas sim se podemos nos dar ao luxo de não fazer nada.
Esse relatório propõe uma agenda que custaria apenas o equivalente a 1% do consumo mundial, mas evitaria riscos que custariam cinco vezes mais. Os custos são mais altos do que em estudos anteriores porque levam em conta que o processo de aquecimento é bastante complexo e não-linear, com a possibilidade de que possa ganhar ritmo muito mais alto do que se imaginava, além de ser muito maior do que o previsto anteriormente. O estudo talvez esteja subestimando significativamente os custos: por exemplo, a mudança do clima pode fazer desaparecer a Corrente do Golfo - de particular interesse para a Europa - e provocar doenças.
Já em 1995 havia sinais evidentes de que a concentração de gases do efeito estufa na atmosfera tinha aumentado acentuadamente desde o início da era industrial, de que a atividade humana contribuíra significativamente para esse aumento e de que ele teria efeitos profundos sobre o clima e o nível dos mares. Mas poucos previram a rapidez com que a calota de gelo do Ártico parece derreter. Mesmo assim, alguns sugerem que, já que não estamos seguros da extensão do problema, pouco ou nada devemos fazer. A incerteza deve, porém, levar-nos a agir hoje mais resolutamente, e não menos.
Um efeito global pode ser enfrentado com uma mudança tributária globalmente consensual. Isso não quer dizer aumento geral de tributação, mas simplesmente a substituição em cada país de algum imposto comum por outro, específico, sobre atividades poluidoras. Faz mais sentido tributar coisas más do que coisas boas, como a poupança e o trabalho. A boa notícia é que há muitas formas pelas quais melhores incentivos poderiam reduzir as emissões. Mudanças de preços que mostrem os verdadeiros custos sociais da energia extraída de combustíveis fósseis devem estimular inovação e conservação. Pequenas alterações práticas, multiplicadas por centenas de milhares de pessoas podem fazer uma enorme diferença. Por exemplo, plantar árvores em volta das casas ou mudar a cor de telhados em clima quente, para que reflitam a luz do sol, podem produzir uma grande economia na energia consumida pelo ar condicionado.
Só temos um planeta e devemos cuidar dele. O aquecimento global é um risco que simplesmente não podemos mais ignorar.
(Adaptado de Joseph E. Stiglitz. O Globo, Opinião, 19 de novembro de 2006)
Identifica-se relação de causa e conseqüência, respectivamente, entre as frases:
Atenção: As questões de números 31 a 41 baseiam-se no texto apresentado abaixo.
O governo inglês divulgou recentemente o que é até agora o mais detalhado estudo sobre custos e riscos econômicos do aquecimento global e sobre medidas que poderiam reduzir as emissões de gases do efeito estufa, na esperança de evitar algumas de suas piores conseqüências. Ele deixa claro que o problema não é mais se podemos nos dar ao luxo de fazer algo sobre o aquecimento global, mas sim se podemos nos dar ao luxo de não fazer nada.
Esse relatório propõe uma agenda que custaria apenas o equivalente a 1% do consumo mundial, mas evitaria riscos que custariam cinco vezes mais. Os custos são mais altos do que em estudos anteriores porque levam em conta que o processo de aquecimento é bastante complexo e não-linear, com a possibilidade de que possa ganhar ritmo muito mais alto do que se imaginava, além de ser muito maior do que o previsto anteriormente. O estudo talvez esteja subestimando significativamente os custos: por exemplo, a mudança do clima pode fazer desaparecer a Corrente do Golfo - de particular interesse para a Europa - e provocar doenças.
Já em 1995 havia sinais evidentes de que a concentração de gases do efeito estufa na atmosfera tinha aumentado acentuadamente desde o início da era industrial, de que a atividade humana contribuíra significativamente para esse aumento e de que ele teria efeitos profundos sobre o clima e o nível dos mares. Mas poucos previram a rapidez com que a calota de gelo do Ártico parece derreter. Mesmo assim, alguns sugerem que, já que não estamos seguros da extensão do problema, pouco ou nada devemos fazer. A incerteza deve, porém, levar-nos a agir hoje mais resolutamente, e não menos.
Um efeito global pode ser enfrentado com uma mudança tributária globalmente consensual. Isso não quer dizer aumento geral de tributação, mas simplesmente a substituição em cada país de algum imposto comum por outro, específico, sobre atividades poluidoras. Faz mais sentido tributar coisas más do que coisas boas, como a poupança e o trabalho. A boa notícia é que há muitas formas pelas quais melhores incentivos poderiam reduzir as emissões. Mudanças de preços que mostrem os verdadeiros custos sociais da energia extraída de combustíveis fósseis devem estimular inovação e conservação. Pequenas alterações práticas, multiplicadas por centenas de milhares de pessoas podem fazer uma enorme diferença. Por exemplo, plantar árvores em volta das casas ou mudar a cor de telhados em clima quente, para que reflitam a luz do sol, podem produzir uma grande economia na energia consumida pelo ar condicionado.
Só temos um planeta e devemos cuidar dele. O aquecimento global é um risco que simplesmente não podemos mais ignorar.
(Adaptado de Joseph E. Stiglitz. O Globo, Opinião, 19 de novembro de 2006)
Devemos agir com presteza no sentido de reduzir os efeitos do aquecimento global.
Estudos detalhados têm comprovado os riscos do aquecimento global.
O aquecimento global causa enormes prejuízos econômicos em todo o planeta.
As três frases acima articulam-se em um único período com lógica, clareza e correção em:
Atenção: As questões de números 1 a 20 referem-se ao texto que segue.
Para que servem as ficções?
Cresci numa família em que ler romances e assistir a filmes, ou seja, mergulhar em ficções, não era considerado uma perda de tempo. Podia atrasar os deveres ou sacrificar o sono para acabar um capítulo, e não era preciso me trancar no banheiro nem ler à luz de uma lanterna. Meus pais, eventualmente, pediam que organizasse melhor meu horário, mas deixavam claro que meu interesse pelas ficções era uma parte crucial (e aprovada) da minha "formação". Eles sequer exigiam que as ditas ficções fossem edificantes ou tivessem um valor cultural estabelecido. Um policial e um Dostoiévski eram tratados com a mesma deferência. Quando foi a minha vez de ser pai, agi da mesma forma. Por quê?
Existe a idéia (comum) segundo a qual a ficção é uma "escola de vida": ela nos apresenta a diversidade do mundo e constitui um repertório do possível. Alguém dirá: o mesmo não aconteceria com uma série de bons documentários ou ensaios etnográficos? Certo, documentários e ensaios ampliam nossos horizontes. Mas a ficção opera uma mágica suplementar.
Tome, por exemplo, "O Caçador de Pipas", de Khaled Hosseini. A leitura nos faz conhecer a particularidade do Afeganistão, mas o que torna o romance irresistível é a história singular de Amir, o protagonista. Amir, afastado de nós pela particularidade de seu grupo, revela-se igual a nós pela singularidade de sua experiência. A vida dos afegãos pode ser objeto de um documentário, que, sem dúvida, será instrutivo. Mas a história fictícia "daquele" afegão o torna meu semelhante e meu irmão.
Esta é a mágica da ficção: no meio das diferenças particulares entre grupos, ela inventa experiências singulares que revelam a humanidade que é comum a todos, protagonistas e leitores. A ficção de uma vida diferente da minha me ajuda a descobrir o que há de humano em mim.
Enfim, se perpetuei e transmiti o respeito de meus pais pelas ficções é porque elas me parecem ser a maior e melhor fonte não de nossas normas morais, mas de nosso pensamento moral.
(Contardo Calligaris, Folha de S. Paulo, 18/01/2007)
É preciso corrigir, em sua estrutura, a redação da seguinte frase:
Atenção: As questões de números 1 a 8 baseiam-se no texto apresentado abaixo.
A safra atual de cana está prevista em 414 milhões de toneladas e, para 2010/2011, há previsão de chegar a 560 milhões. O grande crescimento do setor sucroalcooleiro no Brasil se dará, inicialmente, por causa do mercado interno. Os carros bicombustíveis ou flex - que podem rodar tanto com gasolina quanto com álcool - serão os principais responsáveis pela necessidade de expansão dos canaviais, pelo menos nos próximos cinco anos. Quanto ao mercado externo de álcool combustível, um dos diretores do setor destaca que a curto prazo não há expectativa muito grande, embora se fale muito do potencial do Brasil. As expectativas são conservadoras, porque o mercado externo é ainda muito incerto. "Nenhum país muda sua matriz energética dependendo apenas de um fornecedor, no caso, o Brasil", diz. Para que isso aconteça, é necessário que outros países entrem forte na produção canavieira e na produção de álcool. Quanto ao açúcar, calcula-se um crescimento na demanda interna de 2% ao ano, historicamente vinculado ao aumento da população, e de 3% no mercado externo, em países para os quais o Brasil já exporta. De qualquer maneira, ancorado por projeções otimistas, principalmente em relação ao mercado interno, o setor vem investindo pesado na instalação de novas unidades produtoras, no oeste paulista e nos cerrados mineiro, goiano e sul-matogrossense. Há 90 usinas em processo de montagem ou que deverão ser montadas nos próximos anos e que vão se juntar às 330 usinas já em operação no País. Até 2010 deverão estar todas funcionando.
(Adaptado de Novo Mapa do Brasil. O Estado de S.Paulo, H26, 19 de março de 2006)
São muito boas as perspectivas para o agronegócio brasileiro.
O País tem grande estoque de terras apropriadas para a agricultura.
Há expressivo aumento da demanda mundial por produtos agrícolas.
As frases acima organizam-se em um único período com clareza, lógica e correção em:
Atenção: As questões de números 1 a 10 referem-se ao texto seguinte.
Caso de injustiça
Quando adolescente, o poeta Carlos Drummond de Andrade foi expulso do colégio onde estudava. A razão alegada: "insubordinação mental". O fato: o jovem ganhara uma nota muito alta numa redação de Português, mas o professor, ao lhe devolver o texto avaliado, disse-lhe que ele talvez não a merecesse. O rapaz insistiu, então, para que lhe fosse atribuída uma nota conforme seu merecimento. O caso foi levado ao diretor da escola, que optou pela medida extrema. Confessa o poeta que esse incidente da juventude levou-o a desacreditar por completo, e em definitivo, da justiça dos homens. Está evidente que a tal da "insubordinação mental" do rapaz não foi um desrespeito, mas uma reação legítima à restrição estapafúrdia do professor quanto ao mérito que este mesmo, livremente, já consignara. O mestre agiu com a pequenez dos falsos benevolentes, que gostam de transformar em favor pessoal o reconhecimento do mérito alheio. Protestando contra isso, movido por justa indignação, o jovem discípulo deu ao mestre uma clara lição de ética: reclamou pelo que era o mais justo. Em vez de envergonhar-se, o professor respondeu com a truculência dos autoritários, que é o reduto da falta de razão. E acabou expondo o seu aluno à experiência corrosiva da injustiça, que gera ceticismo e ressentimento. A "insubordinação mental", nesse caso, bem poderia ter sido entendida como uma legítima manifestação de amorpróprio, que não pode e não deve subordinar-se à agressividade dos caprichos alheios. Além disso, aquela expressão deixa subentendido o mérito que haveria numa "subordinação mental", ou seja, na completa rendição de uma consciência a outra. O que se pode esperar de quem se rege pela cartilha da completa subserviência moral e intelectual? Não foi contra esta que o jovem se rebelou? Por que aceitaria ele deixar-se premiar por uma nota alta a que não fizesse jus? Muitas vezes um fato que parece ser menor ganha uma enorme proporção. Todos já sentimos, nos detalhes de situações supostamente irrelevantes, o peso de uma grande injustiça. A questão do que é ou do que não é justo, longe de ser tão-somente um problema dos filósofos ou dos juristas, traduzse nas experiências mais rotineiras. O caso do jovem poeta ilustra bem esse gosto amargo que fica em nossa boca, cada vez que somos punidos por invocar o princípio ético da justiça.
(Saulo de Albuquerque)
Está clara e correta a redação do seguinte comentário sobre o texto:
Atenção: As questões de números 1 a 10 referem-se ao texto seguinte.
Caso de injustiça
Quando adolescente, o poeta Carlos Drummond de Andrade foi expulso do colégio onde estudava. A razão alegada: "insubordinação mental". O fato: o jovem ganhara uma nota muito alta numa redação de Português, mas o professor, ao lhe devolver o texto avaliado, disse-lhe que ele talvez não a merecesse. O rapaz insistiu, então, para que lhe fosse atribuída uma nota conforme seu merecimento. O caso foi levado ao diretor da escola, que optou pela medida extrema. Confessa o poeta que esse incidente da juventude levou-o a desacreditar por completo, e em definitivo, da justiça dos homens. Está evidente que a tal da "insubordinação mental" do rapaz não foi um desrespeito, mas uma reação legítima à restrição estapafúrdia do professor quanto ao mérito que este mesmo, livremente, já consignara. O mestre agiu com a pequenez dos falsos benevolentes, que gostam de transformar em favor pessoal o reconhecimento do mérito alheio. Protestando contra isso, movido por justa indignação, o jovem discípulo deu ao mestre uma clara lição de ética: reclamou pelo que era o mais justo. Em vez de envergonhar-se, o professor respondeu com a truculência dos autoritários, que é o reduto da falta de razão. E acabou expondo o seu aluno à experiência corrosiva da injustiça, que gera ceticismo e ressentimento. A "insubordinação mental", nesse caso, bem poderia ter sido entendida como uma legítima manifestação de amorpróprio, que não pode e não deve subordinar-se à agressividade dos caprichos alheios. Além disso, aquela expressão deixa subentendido o mérito que haveria numa "subordinação mental", ou seja, na completa rendição de uma consciência a outra. O que se pode esperar de quem se rege pela cartilha da completa subserviência moral e intelectual? Não foi contra esta que o jovem se rebelou? Por que aceitaria ele deixar-se premiar por uma nota alta a que não fizesse jus? Muitas vezes um fato que parece ser menor ganha uma enorme proporção. Todos já sentimos, nos detalhes de situações supostamente irrelevantes, o peso de uma grande injustiça. A questão do que é ou do que não é justo, longe de ser tão-somente um problema dos filósofos ou dos juristas, traduzse nas experiências mais rotineiras. O caso do jovem poeta ilustra bem esse gosto amargo que fica em nossa boca, cada vez que somos punidos por invocar o princípio ético da justiça.
(Saulo de Albuquerque)
Considere as seguintes afirmações:
I. O jovem foi expulso do colégio.
II. A razão alegada foi "insubordinação mental".
III. O jovem deixou de crer na justiça dos homens.
Essas afirmações estão articuladas de modo correto e coerente no seguinte período:
Atenção: As questões de números 11 a 20 referem-se ao texto seguinte.
Falamos o idioma de Cabral?
Se é que Cabral gritou alguma coisa quando avistou o monte Pascoal, certamente não foi "terra ã vishta", assim, com o "a" abafado e o "s" chiado que associamos ao sotaque português. No século XVI, nossos primos lusos não engoliam vogais nem chiavam nas consoantes - essas modas surgiram no século XVII. Cabral teria berrado um "a" bem aberto e dito "vista" com o "s" sibilante igual ao dos paulistas de hoje. Na verdade, nós, brasileiros, mantivemos sons que viraram arcaísmos empoeirados para os portugueses. Mas, se há semelhanças entre a língua do Brasil de hoje e o português antigo, há ainda mais diferenças. Boa parte delas é devida ao tráfico de escravos, que trouxe ao Brasil um número imenso de negros que não falavam português. "Já no século XVI, a maioria da população da Bahia era africana", diz Rosa Virgínia Matos, lingüista da Universidade Federal da Bahia. "Toda essa gente aprendeu a língua de ouvido, sem escola", afirma. Na ausência da educação formal, a mistura de idiomas torna-se comum e traços de um impregnam o outro. "Assim os negros deixaram marcas definitivas", diz Rosa. Também no século XVI, começaram a surgir diferenças regionais no português do Brasil. Num pólo estavam as áreas costeiras, onde os índios foram dizimados e se multiplicaram os escravos africanos. No outro, o interior, persistiam as raízes indígenas. À mistura dessas influências vieram se somar as imigrações, que geraram diferentes sotaques. Mas o grande momento de constituição de uma língua "brasileira" foi o século XVIII, quando se explorou ouro em Minas Gerais. "Lá surgiu a primeira célula do português brasileiro", diz Marlos Pessoa, da Universidade Federal de Pernambuco. A riqueza atraiu gente de toda parte - portugueses, bandeirantes paulistas, escravos que saíam de moinhos de cana e nordestinos. Ali, a língua começou a uniformizar-se e a exportar traços comuns para o Brasil inteiro pelas rotas comerciais que a exploração do ouro criou.
(Super Interessante. Almanaque de férias 2003. São Paulo, Abril, 2003, pp. 50-51)
No contexto do segundo parágrafo, o elemento sublinhado na expressão
Atenção: As questões de números 1 a 9 baseiam-se no texto apresentado abaixo.
Brasileiro se realiza em arte menor. Com raras exceções aqui e ali na literatura, no teatro ou na música erudita, pouco temos a oferecer ao resto do mundo em matéria de grandes manifestações artísticas. Em compensação, a caricatura ou a canção popular, por exemplo, têm sido superlativas aqui, alcançando uma densidade raramente obtida por nossos melhores artistas plásticos ou compositores sinfônicos. Outras artes, ditas "menores", desempenham um papel fundamental na cultura brasileira. É o caso da crônica e da telenovela. Gêneros inequivocamente menores e que, no entanto, alcançam níveis de superação artística nem sempre observada em seus congêneres de outros quadrantes do planeta.
Mas são menores diante do quê? É óbvio que o critério de valoração continua sendo a norma européia: a epopéia, o romance, a sinfonia, as "belas artes" em geral. O movimento é dialético e não pressupõe maniqueísmo. Pois se aqui não se geraram obras como as de Cervantes, Wagner ou Picasso, "lá" também - onde quer que seja esse lugar - nunca floresceu uma canção popular como a nossa que, sem favor, pode compor um elenco com o que de melhor já foi feito em matéria de poesia e de melodia no Brasil.
Machado de Assis, como de costume, intuiu admiravelmente tudo. No conto "Um homem célebre", ele nos mostra Pestana, compositor que deseja tornar-se um Mozart mas, desafortunadamente, consegue apenas criar polcas e maxixes de imenso apelo popular. Morre consagrado - mas como autor pop. Aliás, não foi à toa que Caetano Veloso colocou uma frase desse conto na contracapa de Circuladô (1991). Um de nossos grandes artistas "menores" por excelência, Caetano sempre soube refletir a partir das limitações de seu meio, conseguindo às vezes transcendê-lo em verso e prosa. [...]
O curioso é que o conceito de arte acabou se alastrando para outros campos (e gramados) da sociedade brasileira. É o caso da consagração do futebol como esporte nacional, a partir da década de 30, quando o bate-bola foi adotado pela imprensa carioca, recebendo status de futebol-arte.
Ainda no terreno das manifestações populares, o ibope de alguns carnavalescos é bastante sintomático: eles são os encenadores da mais vista de todas as nossas óperas, o Carnaval. Quem acompanha a cobertura do evento costuma ouvir o testemunho deliciado de estrangeiros a respeito das imensas "qualidades artísticas" dos desfiles nacionais...
Seguindo a fórmula clássica de Antonio Candido em Formação da literatura brasileira ("Comparada às grandes, a nossa literatura é pobre e fraca. Mas é ela, e não outra, que nos exprime."), pode-se arriscar que muito da produção artística brasileira é tímida se comparada com o que é feito em outras paragens. Não temos Shakespeare nem Mozart? Mas temos Nelson Rodrigues, Tom Jobim, Nássara, Cartola - produtores de "miudezas" da mais alta estatura. Afinal são eles, e não outros, que expressam o que somos.
(Adaptado de Leandro Sarmatz. Superinteressante, novembro de 2000, p.106, (Idéias que desafiam o senso comum)
... "lá" também ... (2o parágrafo)
É correto afirmar que "lá" retoma, considerando-se o contexto, a expressão:
Atenção: As questões de números 1 a 9 baseiam-se no texto apresentado abaixo.
Brasileiro se realiza em arte menor. Com raras exceções aqui e ali na literatura, no teatro ou na música erudita, pouco temos a oferecer ao resto do mundo em matéria de grandes manifestações artísticas. Em compensação, a caricatura ou a canção popular, por exemplo, têm sido superlativas aqui, alcançando uma densidade raramente obtida por nossos melhores artistas plásticos ou compositores sinfônicos. Outras artes, ditas "menores", desempenham um papel fundamental na cultura brasileira. É o caso da crônica e da telenovela. Gêneros inequivocamente menores e que, no entanto, alcançam níveis de superação artística nem sempre observada em seus congêneres de outros quadrantes do planeta.
Mas são menores diante do quê? É óbvio que o critério de valoração continua sendo a norma européia: a epopéia, o romance, a sinfonia, as "belas artes" em geral. O movimento é dialético e não pressupõe maniqueísmo. Pois se aqui não se geraram obras como as de Cervantes, Wagner ou Picasso, "lá" também - onde quer que seja esse lugar - nunca floresceu uma canção popular como a nossa que, sem favor, pode compor um elenco com o que de melhor já foi feito em matéria de poesia e de melodia no Brasil.
Machado de Assis, como de costume, intuiu admiravelmente tudo. No conto "Um homem célebre", ele nos mostra Pestana, compositor que deseja tornar-se um Mozart mas, desafortunadamente, consegue apenas criar polcas e maxixes de imenso apelo popular. Morre consagrado - mas como autor pop. Aliás, não foi à toa que Caetano Veloso colocou uma frase desse conto na contracapa de Circuladô (1991). Um de nossos grandes artistas "menores" por excelência, Caetano sempre soube refletir a partir das limitações de seu meio, conseguindo às vezes transcendê-lo em verso e prosa. [...]
O curioso é que o conceito de arte acabou se alastrando para outros campos (e gramados) da sociedade brasileira. É o caso da consagração do futebol como esporte nacional, a partir da década de 30, quando o bate-bola foi adotado pela imprensa carioca, recebendo status de futebol-arte.
Ainda no terreno das manifestações populares, o ibope de alguns carnavalescos é bastante sintomático: eles são os encenadores da mais vista de todas as nossas óperas, o Carnaval. Quem acompanha a cobertura do evento costuma ouvir o testemunho deliciado de estrangeiros a respeito das imensas "qualidades artísticas" dos desfiles nacionais...
Seguindo a fórmula clássica de Antonio Candido em Formação da literatura brasileira ("Comparada às grandes, a nossa literatura é pobre e fraca. Mas é ela, e não outra, que nos exprime."), pode-se arriscar que muito da produção artística brasileira é tímida se comparada com o que é feito em outras paragens. Não temos Shakespeare nem Mozart? Mas temos Nelson Rodrigues, Tom Jobim, Nássara, Cartola - produtores de "miudezas" da mais alta estatura. Afinal são eles, e não outros, que expressam o que somos.
(Adaptado de Leandro Sarmatz. Superinteressante, novembro de 2000, p.106, (Idéias que desafiam o senso comum)
Pois se aqui não se geraram obras... (2o parágrafo)
A forma verbal correta, de sentido idêntico ao da forma grifada acima é:
Atenção: As questões de números 10 a 15 baseiam-se no texto apresentado abaixo.
Um fator até pouco tempo negligenciado deve entrar na conta do desmatamento da Amazônia dentro de alguns anos. As chamadas florestas secundárias, produto da regeneração da mata após a derrubada, devem começar a ser contabilizadas pelo Programa de Cálculo do Desflorestamento da Amazônia (Prodes).
O rebrotamento de florestas não reconstitui toda a biodiversidade, mas pode ser relevante no longo prazo. Sabese, por exemplo, que florestas secundárias podem reabsorver até 15% do carbono emitido pela perda da mata primária - o que ajuda a reduzir o efeito estufa. Só que esse dado não entra na conta dos milhões de toneladas de carbono que a destruição da Amazônia lança no ar por ano, porque ainda não se mediu a capacidade de "ressurreição" da floresta.
Estudos mostram que alguns proprietários de terras abandonam certas áreas ao longo do tempo e nelas a vegetação pode começar a regenerar-se. Não se sabe ainda com que intensidade esse fenômeno acontece na Amazônia. Entender o que ocorre nas florestas secundárias também é importante, porque elas podem ser cortadas novamente para suprir parte da demanda por madeira e voltar a receber pasto.
Os fatores que influenciam o grau de regeneração das matas, porém, são inúmeros, e não é tão simples prever como uma área desmatada e depois abandonada se comportará. Tudo isso depende, por exemplo, do tipo de uso que a terra teve antes. Um terreno desgastado por pastagens durante muito tempo pode se recuperar mais lentamente do que outro, submetido à agricultura com rotação de culturas. A proximidade do trecho desmatado com áreas de floresta primária também conta. Terras muito isoladas não estão sujeitas a processos de polinização e semeadura naturais. "Se houver um banco de sementes próximo, em uma área florestal ainda grande, com pássaros, ou algum vetor que possa trazer sementes, ela pode recuperar parte da biodiversidade", explica um pesquisador do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais).
(Adaptado de Rafael Garcia. Folha de S. Paulo, Mais!, 11 de junho de 2006, p. 10)
Proprietários de terras abandonam certas áreas ao longo do tempo.
A vegetação pode regenerar-se nas áreas abandonadas.
A extensão do processo de recuperação depende de vários fatores.
O uso anterior da terra tem influência no processo de recuperação.
As frases acima articulam-se em um único período com clareza, correção e lógica, da seguinte maneira:
Atenção: As questões de números 1 a 15 referem-se ao texto abaixo.
Ensino que ensine
Jogar com as ambigüidades, cultivar o improviso, juntar o que se pretende irreconciliável e dividir o que se supõe unitário, usar falta de método como método, tratar enigmas como soluções e o inesperado como caminho? são traços da cultura do povo brasileiro. Estratégias de sobrevivência? Por que não também manancial de grandes feitos, tanto na prática como no pensamento? A orientação de nosso ensino costuma ser o oposto dessa fecundidade indisciplinada: dogmas confundidos com idéias, informações sobrepostas a capacitações, insistência em métodos "corretos" e em respostas "certas", ditadura da falta de imaginação. Nega-se voz aos talentos, difusos e frustrados, da nação. Essa contradição nunca foi tema do nosso debate nacional.
Entre nós, educação é assunto para economistas e engenheiros, não para educadores, como se o alvo fosse construir escolas, não construir pessoas. Preconizo revolução na orientação do ensino brasileiro. Nada tem a ver com falta de rigor ou com modismo pedagógico. E exige professorado formado, equipado e remunerado para cumprir essa tarefa libertadora.
Em matemática, por exemplo, em vez de enfoque nas soluções únicas, atenção para as formulações alternativas, as soluções múltiplas ou inexistentes e a descoberta de problemas, tão importante quanto o encontro de soluções. Em leitura e escrita, análise de textos com a preocupação de aprofundar, não de suprimir possibilidades de interpretação; defesa, crítica e revisão de idéias; obrigação de escrever todos os dias, formulando e reformulando sem fim. Em ciência, o despertar para a dialética entre explicações e experimentos e para os mistérios da relação entre os nexos de causa e efeito e sua representação matemática. Em história, e em todas as disciplinas, as transformações analisadas de pontos de vista contrastantes.
Isso é educação. O resto é perda de tempo. (...) Quem lutará para que a educação no Brasil se eduque?
(Roberto Mangabeira Unger, Folha de S. Paulo, 09/01/2007)
Está clara, correta e coerente a redação da seguinte frase:
No mundo corporativo, há algo vagamente conhecido como "processo decisório", que são aqueles insondáveis critérios adotados pela alta direção da empresa para chegar a decisões que o funcionário não consegue entender. Tudo começa com a própria origem da palavra "decisão", que se formou a partir do verbo latino caedere (cortar). Dependendo do prefixo que se utiliza, a palavra assume um significado diferente: "incisão" é cortar para dentro, "rescisão" é cortar de novo, "concisão" é o que já foi cortado, e assim por diante. E dis caedere, de onde veio "decisão", significa "cortar fora". Decidir é, portanto, extirpar de uma situação tudo o que está atrapalhando e ficar só com o que interessa. E, por falar em cortar, todo mundo já deve ter ouvido a célebre história do não menos célebre rei Salomão, mas permitam-me recontá-la, transportando os acontecimentos para uma empresa moderna. Então, está um dia o rei Salomão em seu palácio, quando duas mulheres são introduzidas na sala do trono. Aos berros e puxões de cabelo, as duas disputam a maternidade de uma criança recém-nascida. Ambas possuem argumentos sólidos: testemunhos da gravidez recente, depoimentos das parteiras, certidões de nascimento. Mas, obviamente, uma das duas está mentindo: havia perdido o seu bebê e, para compensar a dor, surrupiara o filho da outra. Como os testes de DNA só seriam inventados dali a milênios, nenhuma das autoridades imperiais consultadas pelas litigantes havia conseguido dar uma solução satisfatória ao impasse. Então Salomão, em sua sabedoria, chama um guarda, manda-o cortar a criança ao meio e dar metade para cada uma das reclamantes. Diante da catástrofe iminente, a verdadeira mãe suplica: "Não! Se for assim, ó meu Senhor, dê a criança inteira e viva à outra!", enquanto a falsa mãe faz aquela cara de "tudo bem, corta aí". Pronto. Salomão manda entregar o bebê à mãe em pânico, e a história se encerra com essa salomônica demonstração de conhecimento da natureza humana. Mas isso aconteceu antigamente. Se fosse hoje, com certeza as duas mulheres optariam pela primeira alternativa (porque ambas teriam feito um curso de Tomada de Decisões). Aí é que entram os processos decisórios dos salomões corporativos. Um gerente salomão perguntaria à mãe putativa A: "Se eu lhe der esse menino, ó mulher, o que dele esperas no futuro?" E ela diria: "Quero que ele cresça com liberdade, que aprenda a cantar com os pássaros e que possa viver 100 anos de felicidade". E a mesma pergunta seria feita à mãe putativa B, que de pronto responderia: "Que o menino cresça forte e obediente e que possa um dia, por Vossa glória e pela glória de Vosso reino, morrer no campo de batalha". Então, sem piscar, o gerente salomão ordenaria que o bebê fosse entregue à mãe putativa B. Por quê? Porque na salomônica lógica das empresas, a decisão dificilmente favorece o funcionário que tem o argumento mais racional, mais sensato, mais justo ou mais humano. A balança sempre pende para os putativos que trazem mais benefício para o sistema.
GEHRINGER, Max. Revista Você S/A, jan. 2002.
A relação entre a palavra destacada e a expressão a que a mesma se refere está INCORRETA em:
Levei minha moto para ser consertada em uma pequena oficina no centro de Genebra. O mecânico abriu uma agenda (como as de médico) e me instruiu para que em oito dias voltasse com a moto às 2h e que fos- se buscá-la às 3h15min. E assim foi. Ainda naquela re- gião, procurei um carpinteiro. Sem olhar a agenda, ele foi logo dizendo que estava ocupado pelos próximos três meses. Contudo, havia uma chance no fim de sema- na seguinte. Se chovesse, nada feito, não se abre telha- do com chuva. Se fizesse sol, ele ia escalar um pico próximo. Mas, se o tempo estivesse nublado, aí talvez fosse possível. As cartas estavam na mesa, com toda a sinceridade. Um professor chinês em Yale, segurando a xícara de café, ficava olhando o ponteiro de segundos do relógio da sala de aula. Quando marcava 8h em ponto, começava a aula.[...] Nos Estados Unidos, é prática corrente lojas e oficinas darem um prazo máximo para a entrega dos serviços. Em geral, terminam antes. Mas o cliente planeja sua vida para o prazo máximo. Aqui em Pindorama vivemos numa sociedade que mescla o melhor e o pior do respeito pelo tempo. Eu tinha um amigo radicado nos Estados Unidos. Na época em que morou no Rio, ele costumava marcar com seus colegas de tênis partidas para o dia seguinte. Não apareciam ou chegavam atrasados. Voltando a Washington, passou a marcar partidas com mais de três meses de antecedência. Na hora aprazada, estavam todos lá. Na Esplanada dos Ministérios, em Brasília, a conferência marcada para as 10h começará em horas diferentes, dependendo do ministério. N o Itamaraty, começa na hora. Na área econômica, cabem alguns minutos de tolerância. Na área social, estão todos muito ocupados, e meia hora de atraso não é incomum. Curioso, os ministérios mais eficazes são aqueles em que as reuniões começam na hora. Quem marca com o consertador do computador, da televisão, da pia ou da máquina de lavar terá uma surpresa se a criatura vier – e mais ainda se chegar na hora marcada. Já nas empresas modernas, a chance de andar no horário é bem maior.[...] Tais exemplos dizem o que todos já sabem, pelo menos na teoria: tempo é dinheiro. A riqueza é resultante do trabalho. O trabalho é a aplicação do tempo em atividades produtivas. Quanto mais tempo se perde por desorganização ou esperando pelos outros, menos tempo se utiliza produzindo e menos riqueza é gerada. E isso sem ganhar em lazer.[...] O respeito pelo tempo dos outros aumenta a produtividade social, pois o tempo de todos não é desperdiçado pelas esperas. Aliás, fazer com antece- dência é mais rápido e mais barato. Planejamento é isso. O tempo do desenvolvimento é o aprendizado social de estruturar o tempo de cada um e cada um não atrapalhar o tempo dos outros.
CASTRO, Claudio de Moura, Revista Veja, 24 mar. 2004 (adaptado).
O texto apresenta quatro partes de acordo com a sua organização: I - exemplos genéricos; II - exemplos particulares; III - ratificação da tese; IV - tese do texto.
Conta-se que, certa vez, ligaram para Brasília uns cientistas americanos intrigados com o que viram em algumas fotos de satélite. Eles queriam saber o que havia na região ao norte do Distrito Federal, porque as imagens mostravam um brilho intenso naquelas coordenadas, algo muito incomum. Bem, esse telefonema pode nem ter ocorrido, mas o certo é que a Chapada dos Veadeiros, a 230 quilômetros de Brasília, está sobre uma das mais generosas jazidas de cristal de que se tem notícia. Os tais cientistas americanos, caso tenham ligado mesmo, não estavam descobrindo nenhuma América, pois durante longo tempo a garimpagem do cristal movimentou a Chapada e seus arredores. Esse minério translúcido servia como matéria-prima para fabricação de componentes eletrônicos e de computador, em vista de sua altíssima condutividade. Com o tempo, os pesquisadores desenvolveram outros materiais em laboratório e o cava-cava acabou. Os místicos falam que há uma gigantesca placa de cristal sob toda a região. E sobre ela, como você pode imaginar, uma gigantesca massa de místicos. Atraídos pela inegável atmosfera divinal da Chapada, que é um manancial de água e luz (a solar, ok?) e com visuais que chamam à contemplação, milhares de terapeutas, psicólogos, massagistas e líderes espirituais se mudaram para lá, o que faz de Alto Paraíso e da vizinha vila de São Jorge um "território alto-astral" de fama internacional.
RODRIGUES, Otávio. Viagem, Edição Especial (Ecoturismo) Ed. Abril - Edição 108-A.
Se ______ informações sobre a localização das minas, seriam atendidos e _______ sua curiosidade. As formas verbais que completam corretamente a frase acima são:
Assinale a opção que representa continuidade coesa e coerente para o texto abaixo.
Em 1850, o Brasil tinha dois milhões de escravos. Na Europa, a revolução industrial passou a exigir cada vez mais mão-de-obra, que se tornou escassa. Por outro lado, a mão-de-obra livre do país não servia aos propósitos da plantação cafeeira. A solução preconizada então foi a imigração européia. Começam a criar, na época imperial, colônias de imigrantes, trazidos com a convicção de uma natural superioridade da raça com uma ética própria para o trabalho. Em 1824, foi criada a primeira colônia alemã em São Leopoldo, no Rio Grande do Sul.
Julgue como verdadeiros (V) ou falsos (F) os itens a respeito do texto abaixo.
Uma única inovação ocorrida no século XV teve enorme influência para o progresso, a inclusão social e a redução da pobreza. Foi a invenção do conceito de capital social pelo frei Luca Paccioli, o criador da contabilidade. Antes de Luca Paccioli, um comerciante ou produtor que não pagasse suas dívidas poderia ter todos os bens pessoais, como casa, móveis e poupança, arrestados por um juiz ou credor. Muitos cientistas políticos e sociólogos usam o termo capital social e forma equivocada, numa tentativa deliberada de confundir o leitor.
(Adaptado de Stephen Kanitz, O capital social.Veja, 12 de abril, 2006)
( ) Depreende-se da expressão "Uma única inovação" (l.1) que as demais inovações ocorridas no século XV não resistem até hoje.
( ) Preservam-se a coerência textual e a correção gramatical ao trocar "invenção(l.3) por criação e "criador"(l.4) por inventor, respectivamente.
( ) Apesar de se classificar como artigo indefinido, o artigo "um"(l.5) tem a função de determinar ou identificar, no texto, "comerciante"(l.5) e "produtor"(l.6).
( ) Por integrar uma enumeração, a vírgula depois de "poupança"(l.8) é facultativa e pode ser suprimida sem que se prejudique a correção gramatical do texto.
( ) Por constituir um valor oposto às informações do primeiro parágrafo, o período final do texto admite ser iniciado pelo conectivo No entanto, seguido de vírgula, fazendo-se os ajustes nas iniciais maiúsculas.
Os trechos a seguir foram adaptados de uma reportagem da Folha de S. Paulo, 30 de abril de 2006. Assinale aquele que não apresenta erro de natureza gramatical.
A Revolução Industrial também causou a formação de enormes aglomerados de desempregados nas cidades, ___1___ , em geral, cresciam sem nenhum planejamento urbano. Esse fenômeno, __2___ não passou despercebido a escritores como Émile Zola ou Alexis de Toqueville, propiciou o surgimento de fenômenos __3__desconhecidos, __4___ o alcoolismo e a demência em massa.
(Raquel Veras Franco, Breve Histórico da Justiça e do Direito do Trabalho no Mundo - http://www.tst.gov.br/Srcar/Documentos/Historico)
assinale a opção que preenche orretamente as lacunas do texto:
Os trechos a seguir constituem um texto, mas estão desordenados. Ordene-os nos parênteses e assinale a resposta correta.
( ) Essa meta, alcançada 53 anos depois, começou a ganhar contornos de realidade nos anos 80, quando a empresa atingiu a produção de 500 mil barris/dia.
( ) Criada pelo decreto assinado pelo presidente Getúlio Vargas, em 3 de outubro de 1953, a Petrobras já nasceu com a missão de alcançar a auto-suficiência na produção brasileira de petróleo.
( ) Entretanto, foi no início da década de 70 que começou a ser delineada a estratégia que resultaria nas primeiras conquistas da empresa. Na época, o país crescia a taxas de 10% ao ano, o que contribuiu para que, naquela década, o consumo de derivados duplicasse.
( ) Porém, foi depois do alinhamento de preços dos combustíveis às cotações internacionais que a empresa conseguiu maior acesso ao mercado de capitais internacional. Com isso, obteve os recursos para financiar os investimentos necessários que resultaram na auto-suficiência.
( ) Assim, ao longo das últimas cinco décadas, diante do nacionalismo que cerca o petróleo no Brasil, os interesses da Petrobras confundiram-se com os do país.
Assinale a opção que não constitui continuação coesa, coerente e gramaticalmente correta para o texto abaixo.
O combate à fome e à pobreza foi adotado pelo governo federal, a partir de 2003, como política de governo. Dentro dessa política, por exemplo, foi criado o Programa Bolsa-Família que benefi cia mais da metade das famílias pobres do país. O programa é de responsabilidade do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, que tem hoje o maior orçamento já investido no Brasil para combater a fome e promover o desenvolvimento Social - R$ 17 bilhões.
(Em Questão, Subsecretaria de Comunicação Institucional da Secretaria-Geral da Presidência da República, n. 390, Brasília, 06 de janeiro de 2006)
Os trechos abaixo constituem um texto, mas estão desordenados. Ordene-os nos parênteses e assinale a opção correta.
( ) Seu existencialismo, assentado no postulado fi losófi co de que "a existência precede a essência", naturalmente era de compreensão restrita.
( ) Sartre foi do existencialismo ao maoísmo e arrastou, com ele, as mentes mais agudas e os corações mais sensíveis.
( ) Pôs-se assim, ele, o grande libertário, a serviço de um dos grandes tiranos do século XX.
( ) Entretanto, o fi lósofo entregou-se ao maoísmo na última etapa da vida. Coerente, sempre, em viver cada opção doutrinária, foi vender na rua jornal afi nado com o novo credo.
( ) Mas, pela rama, dava para entender que, se a vida era absurda, melhor era curti-la, e assim todo mundo queria ser existencialista. (Roberto Pompeu Toledo, Revista Veja, 6/04/2005, p. 142)
Julgue se os trechos do texto abaixo estão gramaticalmente corretos e responda ao que se pede:
I. Todos os modelos, em maior ou menor grau fracassaram. O socialismo, ao em vez de oferecer o paraíso, criou um inferno sob a forma de estados totalitários, baseados na repressão policial e na ação da polícia política.
II. O capitalismo, longe de criar oportunidades iguais para que todos os indivíduos pudessem competir entre si, criou mecanismos cruéis de concentração de riqueza nas mãos de poucos, expulsando da esfera do consumo milhões de seres humanos famintos e miseráveis.
III. Os modelos intermediários criaram algumas "ilhas de prosperidade" (como os países escandinavos), possíveis por circunstâncias muito específi cas de sua história e cultura, mas não conseguiram oferecer uma alternativa séria a países grandes e pobres como o Brasil. (José Arbex e Cláudio Júlio Tognoli, Mundo Pós-moderno, São Paulo: Scipione, p.17) Estão corretos
Assinale a opção que preenche as lacunas do texto de forma gramaticalmente correta e coerente.
O saldo da balança comercial (exportações menos importações) brasileira de 2005 alcançou US$ 44,76 bilhões, valor __1__ registrado na história do país. O resultado positivo, 33% maior que o atingido em 2004, ___2___ ao desempenho expressivo das exportações e importações. As vendas externas tiveram incremento __3__ US$ 24 bilhões no ano passado e fecharam 2005 com US$ 118,3 bilhões. Já as importações totalizaram US$ 73,545 bilhões no ano passado. Os resultados recordes mostram ___4___ apesar da valorização do real frente ao dólar, a corrente de comércio do país (exportações mais importações) não ___5___ de crescer com a diversifi cação de pauta exportadora, aumento do número de países que compram os produtos brasileiros e o crescimento da participação de estados com pouca tradição nas vendas externas.
(Em Questão, Subsecretaria de Comunicação Institucional da Secretaria-Geral da Presidência da República, n. 390, Brasília, 06 de janeiro de 2006)
Assinale a opção que não constitui continuação coesa, coerente e gramaticalmente correta para o texto abaixo.
A alta expressiva nas vendas externas vai impulsionar as importações com a necessidade de compra de máquinas e equipamentos por parte dos empresários. Mais dinheiro circulando na economia do país signifi ca mais emprego e renda para a população. O Brasil deixou de ser um país basicamente exportador de matéria-prima e passou a vender também produtos de alta tecnologia bem como os de alto valor agregado.
(Trechos adaptados de Em Questão, Subsecretaria de Comunicação Institucional da Secretaria-Geral da Presidência da República, n. 390, Brasília, 06 de janeiro de 2006)
Assinale a opção que preenche corretamente as lacunas do texto.
O prêmio Objetivos de Desenvolvimento do Milênio consiste em uma das estratégias adotadas pelo governo brasileiro para ___1___ administrações locais, empresas públicas e privadas e organizações da sociedade civil no desenvolvimento de ações, programas e projetos que ___2___ efetivamente para que essas metas ___3___ atingidas. ___4___ três categorias disputadas: uma para ações de governos municipais, outra para iniciativas de organizações (entre as quais ___5___ órgãos públicos e privados e entidades não-governamentais) e a última para destaques individuais e coletivos (pessoas ou entidades públicas ou privadas). (Em Questão, Subsecretaria de Comunicação Institucional da Secretaria-Geral da Presidência da República, n. 390, Brasília, 06 de janeiro de 2006)
Leia o texto abaixo para responder às questões 14 e 15.
Uma das condições principais da pós-modernidade é o fato de ninguém poder ou dever discuti-la como condição histórico-geográfi ca. Com efeito, nunca é fácil elaborar uma avaliação crítica de uma situação avassaladoramente presente. Os termos do debate, da descrição e da representação são, com freqüência, tão circunscritos que parece não haver como escapar de interpretações que não sejam auto-referenciais. É convencional nestes dias, por exemplo, descartar toda sugestão de que a "economia" (como quer que se entenda essa palavra vaga) possa ser determinante da vida cultural, mesmo "em última instância". O estranho na produção cultural pós-moderna é o ponto até o qual a mera procura de lucros é determinante em primeira instância.
(David Harvey, Condição pós-moderna, p. 301, com adaptações)
Avalie as seguintes afirmações a respeito das estruturas lingüísticas do texto para assinalar a opção correta.
I. O singular do verbo da primeira oração do texto deve-se à expressão "Uma das"(l.1); se, em seu lugar, fossem empregados termos que mantivessem o sujeito no plural, como por exemplo, Entre as, o verbo deveria ser fl exionado necessariamente no plural.
II. Na linha 7, a opção pelo verbo "parece", iniciando a oração, exige o emprego de uma forma impessoal de verbo no seu desenvolvimento; daí o uso de singular em "não haver como escapar"(l.7).
III. O emprego da preposição de é obrigatória antes do pronome relativo "que" (primeira ocorrência da linha 10, pois aí se inicia uma oração subordinada que completa a idéia de "sugestão"(l.10).
IV. A palavra "mesmo"(l.12), empregada com valor adverbial de ainda que, sugere que o autor antecipa uma rejeição ao argumento que explicita na oração anterior.
Leia o seguinte texto para responder às questões 19 e 20.
As normas jurídicas embasadas nos valores éticos e que traduzem os procedimentos e as vivências mais fortes e consolidados da coletividade tendem a ter a adesão espontânea da maioria das pessoas que nelas se sentem representadas. É o sentimento de identidade nacional, de pátria, sem o qual a coesão social se esgarça e abre as portas para o caminho do individualismo, do salve-se quem puder, da corrupção, da violência. A consolidação desse sentimento pressupõe, além das leis, uma ação constante, coordenada pelo Estado, com a participação da sociedade, dos organismos intermediários e das famílias, num processo de educação cívica, nacional, patriótica.
(Adaptado de Patrus Ananias, Civilização pelo Estado, Correio Braziliense, 9 de janeiro de 2005)
Considere tanto a correção gramatical quanto a coerência textual para julgar como falsas (F) ou verdadeiras (V) as seguintes possibilidades de continuidade para o texto:
( ) Apesar das nossas diferenças e divergências, todos os compatriotas de boa vontade somos irmãos no sonho e no trabalho de construir uma nação à altura dos nossos melhores sentimentos.
( ) Por isso, a fragilidade da condição humana revela que a história da humanidade é sempre a história das pessoas inseridas na comunidade política: na hegemonia de nações economicamente mais consolidadas.
( ) Se, por um lado, egoísmo e instinto natural buscam ao rompimento das relações de coesão nacional e reforçar o individualismo, por outro nossos valores éticos consolidados almejam construir uma nação democrática e justa.
( ) Quando se evidenciou a incapacidade do sistema de globalização planejar em uma perspectiva mais ampla e elevada dos vínculos humanos e os confl itos sociais buscou-se um outro sucedâneo para o Estado.
Livro tem começo, meio e fim. Como a vida. As grandes narrativas favorecem a nossa visão histórica e criam o caldo de cultura no qual brotam as utopias. Sem utopia não há ideal - sem ideal não há valores nem projetos. A vida reduz-se a um joguete nas oscilações do mercado. A literatura é a arte da palavra. E, como toda arte, recria a realidade, subvertendo-a, transfigurando-a, revelando o seu avesso. Por isso, todo artista é um clone de Deus, já que imprime ao real um caráter ético e um sabor estético, superando a linguagem usual e refletindo, de modo surpreendente, a imaginação criadora. Sem literatura, corremos o risco de resvalarmos para a mesquinhez dos jargões burocráticos, a farsa do "economês", que tudo explica e quase nada justifica, a palilalia estéril da linguagem televisiva, a logorréia dos discursos políticos, condenando-nos à visão estreita e à pobreza de espírito despida de qualquer bem-aventurança. Salvemos a literatura para que possamos salvar a humanidade.
(Adaptado de Frei Betto)
Assinale a opção em que a substituição proposta para o trecho sublinhado prejudica a correção gramatical do texto.
Assinale a opção que constitui continuação coesa e coerente para o texto abaixo:
Não há dúvida de que a grande mudança ocorreu no início da década de 60, com a política externa independente inaugurada pelo governo Jânio Quadros, responsável pelas novas relações do Brasil com América Latina, Ásia e África, mas também com o mundo socialista e com o Movimento dos Países Não-Alinhados. Consolidou-se uma estratégia mais autônoma em relação aos Estados Unidos, mais aberta aos países do mundo e mais combativa no plano das negociações comerciais e financeiras do país, como ficou claro no apoio à criação da Alalc e na participação brasileira na Unctat e no Grupo dos 77, nas décadas de 60 e 70.
Em 2003, são poucos os que ainda acreditam no mito da globalização. A economia mundial segue enfrentando um futuro incerto, e a guerra voltou a ocupar um lugar de destaque nas relações internacionais. Nessas relações, os Estados Unidos acumulam um poder militar inquestionável, mas as grandes potências divergem cada vez mais sobre a estrutura e funcionamento da nova ordem política mundial, em construção depois do fim da Guerra Fria. Nesse contexto internacional, a maior parte dos países latino-americanos já deixou para trás a opção dos anos 90 pelas políticas neoliberais. Mas tem sido difícil encontrar novos caminhos econômicos. Ainda não existe uma consciência clara, nem mesmo um consenso, de que essa mudança de rumo envolve, necessariamente, uma redefinição da política externa do continente.
(Adaptado de José Luís Fiori, "O Brasil no mundo: o debate da política externa")
Assinale a substituição sugerida que prejudica o sentido original ou a correção gramatical do texto.
Assinale a opção que constitui continuação coesa e coerente para o texto abaixo.
Até aqui, o governo se dedicou a expor seu ponto de vista e começou a mover suas pedras no tabuleiro, a partir de sua opção pela prioridade sul-americana e do Mercosul. Estabeleceu, em seguida, uma série de pontes e alianças possíveis com a África e a Ásia, como aconteceu com o G21, na reunião de Cancun da OMC, e como está acontecendo nas negociações do G3, com a África do Sul e com a Índia. Ou ainda, como vem ocorrendo nas novas parcerias tecnológi- cas com a Ucrânia, a Rússia, a China, ou com os projetos infra-estruturais com a Venezuela, a Bolívia, o Peru e a Argentina.
Os trechos abaixo constituem um texto, mas estão desordenados.
Ordene-os e, em seguida, assinale a seqüência correta correspondente.
( ) Nem tinham estabelecido relações entre si que permitissem falar na existência de um sistema estatal ou de um sistema econômico americano.
( ) O Brasil foi um dos pioneiros na experimentação dessa estratégia proposta por Adam Smith e seus discípulos. Primeiro, foram os Tratados de Comércio, assinados pela Coroa Portuguesa com a Inglaterra, em 1806 e 1810, e com a França, em 1816; e, logo depois da Independência, os Tratados assinados pelo Império Brasileiro com a Inglaterra, em 1827, com a Áustria e a Prússia, no mesmo ano de 1827, e com a Dinamarca, os Estados Unidos e os Países Baixos, em 1829.
( ) Esse dinamismo surgiu depois de se integrarem como produtores especializados do sistema internacional de divisão do trabalho, articulado pelas necessidades da industrialização inglesa e pelos famosos Tratados Comerciais, preconizados pela economia política clássica e impostos ao mundo pela Inglaterra e demais países europeus.
( ) Ao lado dos Estados Unidos, o Brasil e demais países latino-americanos foram os primeiros Estados a nascer fora da Europa. Mas, na hora da sua independência, nenhum deles dispunha de verdadeiras estruturas políticas e econômicas nacionais.
( ) Pelo contrário, os Estados latinos só lentamente foram monopolizando e centralizando o uso da força, e suas economias só adquiriram dinamismo no século XIX.
(Adaptado de José Luís Fiori, " O Brasil no mundo: o debate da política externa")
Julgue se os trechos do texto abaixo foram transcritos de forma gramaticalmente correta.
I. Comparada aos outros períodos do capitalismo, a Era Desenvolvimentista apresentou desempenho muito superior quanto a taxas de crescimento do PIB, criação de empregos e aumentos dos salários.
II. O Desenvolvimentismo foi a época de ouro do capitalismo, mas Roberto Campos chegou a sentenciar: "os desenvolvimentistas não entendem nada de desenvolvimento."
III. O "desenvolvimentismo", como projeto ideológico e prática política nos países da periferia, nasceu nos anos 30, no mesmo berço que produziu o keynesianismo nos países centrais. Era uma reação contra as misérias e as desgraças produzidas pelo capitalismo dos anos 20.
IV. A onda desenvolvimentista e a experiência keynesiana teve o seu apogeu nas três décadas que sucederam o fim da Segunda Guerra. O ambiente político e social estava saturado da idéia que era possível adotar estratégias nacionais e intencionais de crescimento, industrialização e avanço social.
V. Para desagrado dos monetaristas, as políticas monetárias e de crédito de então, tinham objetivos nacionais, ou seja, estavam relacionadas ao desempenho da economia e das empresas localizadas no país.
VI. No âmbito internacional, as taxas fixas (mas ajustáveis) de câmbio e as limitações aos movimentos internacionais de capitais de curtoprazo impedia a transmissão de choques causadores de instabilidade às taxas de juros domésticas.
Nas questões 14 e 15 assinale a opção que corresponde a palavra ou expressão do texto que contraria a prescrição gramatical.
No século XX, a arte cinematográfica introduziu um novo conceito de tempo. Não mais o conceito linear, histórico, que perspassa(1)a Bíblia e, também, as pinturas de Fra Angelico ou o Dom Quixote, de Miguel de Cervantes. No filme, predomina a simultaneidade( 2). Suprimem-se(3)as barreiras entre tempo e espaço. O tempo adquire caráter espacial, e o espaço, caráter temporal. No filme, o olhar da câmara e do espectador(4)passa, com toda a liberdade, do presente para o passado e, desse, para o futuro. Não há continuidade ininterrupta(5).
A questão proposta é a do acaso. Na tradição ocidental, o tema aparece invariavelmente ligado a um outro, o da razão: o dos limites e do alcance da racionalidade. Nem seria errôneo afi rmar que o empenho maior para o pensamento fi losófi co inaugurado na Grécia antiga resume-se em querer vencer a sujeição ao acaso. De fato, um dos traços peculiares ao homem primitivo está em deixar-se surpreender pelo acaso, em guiar-se pelo imprevisível. Já o homem racional instaurado pelos gregos entrega-se, pela primeira vez na história, a esse esforço descomunal e decisivo para a evolução do Ocidente, de tentar conjurar o mais possível as peias do acaso, estabelecendo as bases para um comércio racional do homem com o seu meio ambiente; mais precisamente: a postura racional passou a designar, de modo gradativo, um comportamento de dominação por parte do homem, elaborando racionalmente as suas relações com a natureza, o homem terminaria abocanhando as vantagens de ver subordinada a natureza aos seus desígnios pessoais.
(Gerd Bornheim. Racionalidade e acaso. fragmento)
Assinale a opção que apresenta coerência com as idéias do texto e correção gramatical.
O advento da moderna indústria tecnológica fez com que o contexto em que passa a dispor-se a máquina mudasse completamente de confi guração. Entretanto, tal mudança obedece a certas coordenadas que começam a ser pensadas já na antiga Grécia, que novamente se relacionam com a questão da verdade. É que a verdade, a partir de Platão e Aristóteles, passa a ser determinada de um modo novo, verifi cando-se uma transmutação em sua própria essência. Desde então, entende-se usualmente a verdade como sendo o resultado de uma adequação, ou seja, a verdade pode ser constatada sempre que a idéia que o sujeito forma de determinado objeto coincida com esse objeto.
(Gerd Bornheim. Racionalidade e acaso. fragmento)
Assinale a opção correta a respeito do uso das estruturas lingüísticas do texto.
É urgentemente necessário criar critérios objetivos para a seleção de projetos, obrigando a autoridade pública a comprovar o atendimento a critérios mínimos de interesse público, de viabilidade econômico-fi nanceira, de equilíbrio social e ambiental e de agregação de valor. Diante da realidade federativa do Brasil, é de se esperar também que o governo federal tenha uma visão ampla e generosa do papel central que deve exercer, no incentivo às boas práticas de planejamento e implantação de projetos. Essas inquietações surgem porque ações prepósteras do governo podem gerar erros graves na condução de programas de Parcerias Público-Privadas (PPP). Reverter erros em PPP - que se verifi cam na experiência internacional - pode custar muito caro ao país e a frustração decorrente pode inviabilizar mudança cultural tão necessária.
(Rubens Teixeira Alves & Leonardo Grilo. PPP - uma lei só não faz verão. Correio Braziliense, 25 de julho de 2005, com adaptações)
A argumentação textual está organizada em torno da seguinte relação de condicionalidade:
Mas os problemas do mundo dos nossos netos e bisnetos serão diferentes. Eles viverão no meio de um crescimento perigosamente desequilibrado entre os povos. Sim, porque dois terços dos moradores do planeta - cerca de dois bilhões de habitantes - terão de ser alimentados e educados em nações pobres e sem recursos.
(Antônio Ermírio de Moraes, O planeta e o desafi o do futuro. Jornal do Brasil, 20 de março de 2005, com adaptações)
Assinale a opção que constitui uma paráfrase coerente e gramaticalmente correta para o trecho acima.
As questões 10 e 11 tomam por base o seguinte fragmento de texto.
A extrema diferenciação contemporânea entre a moral, a ciência e a arte hegemônicas e a desconexão das três com a vida cotidiana desacreditaram a utopia iluminista. Não faltaram tentativas de conectar o conhecimento científi co com as práticas ordinárias, a arte com a vida, as grandes doutrinas éticas com a conduta comum, mas os resultados desses movimentos foram pobres. Será então a modernidade uma causa perdida ou um projeto inconcluso?
(Nestor Garcia Canclini, Culturas Híbridas, p. 33, com adaptações)
Assinale a opção que constituiria, de maneira coerente com a argumentação e gramaticalmente correta, uma possível resposta para a pergunta final do texto.
As questões 10 e 11 tomam por base o seguinte fragmento de texto.
A extrema diferenciação contemporânea entre a moral, a ciência e a arte hegemônicas e a desconexão das três com a vida cotidiana desacreditaram a utopia iluminista. Não faltaram tentativas de conectar o conhecimento científi co com as práticas ordinárias, a arte com a vida, as grandes doutrinas éticas com a conduta comum, mas os resultados desses movimentos foram pobres. Será então a modernidade uma causa perdida ou um projeto inconcluso?
(Nestor Garcia Canclini, Culturas Híbridas, p. 33, com adaptações)
Preservam-se a coerência da argumentação e a correção gramatical ao se substituir "desacreditaram a utopia iluminista" (l.4) por
Todo homem, como membro da sociedade, tem o direito à segurança social e à realização, pelo esforço nacional, pela cooperação internacional e de acordo com a organização e recursos de cada estado, dos direitos econômicos, sociais e culturais indispensáveis à sua dignidade e ao livre desenvolvimento de sua personalidade.
(Artigo XXII da Declaração Universal dos Direitos Humanos)
O artigo acima está organizado em apenas um período sintático. Assinale a opção que o reescreve em dois períodos sintáticos, preservando as relações semânticas entre as idéias originais.
Os trechos abaixo constituem um texto, mas estão desordenados.
Ordene-os nos parênteses e indique a seqüência correta.
( ) Principalmente porque, com recursos parcos e uma formação basicamente literária, ele anteviu o mundo em que vivemos, no qual as palavras se evaporam e se dispersam em redes virtuais, as idéias circulam em direções caóticas e a noção de sentido, quer dizer, de uma direção e de um futuro, se perde num presente em abismo.
( ) E no qual, enfi m, depois de séculos de hostilidade e de enclausuramento, o homem se veria dissolvido em uma grande colcha democrática, capaz de abrigar a todos, sem lugares fixos e sem destinos rígidos, um mundo, por fi m, em que poderíamos compartilhar uma mesma experiência.
( ) Profeta da morte da imprensa e do fim de um mundo linear e geométrico, ele antecipou, já nos anos 50 e 60, a chegada de um novo mundo unifi cado, na forma de grande teia, e gerido por uma espécie de alma suprapessoal.
( ) Nascido em 1911, em Edmonton, Canadá, Herbert Marshall McLuhan foi, afora erros e acertos de suas hipóteses, um pensador genial.
( ) Previa McLuhan que, nesse novo mundo unifi cado da mídia que estava a se afirmar, os homens se veriam imersos em uma grande malha global, um mundo devassado, sobreposto e instantâneo, no qual as idéias se dissolveriam e as diferenças se anulariam - exatamente como na cultura pop que ele mesmo via nascer.
(Adaptado de José Castello http://nominimo.http://nominimo.ibest.com.br/notitia)
As opções trazem o diagnóstico e a indicação de correção do que estiver gramatical e lingüisticamente errado no trecho abaixo.
Podemos prever o traço fundamental do comércio colonial: ele deriva imediatamente do próprio caráter da colonização, organizada como ela está na base da produção de gêneros tropicais e metais preciosos para o fornecimento do mercado internacional. É a exportação desses gêneros, pois, que constituirá o elemento essencial das atividades comerciais da colônia. O comércio exterior brasileiro é todo ele, pode-se dizer, marítimo. Nossas fronteiras atravessavam áreas muito pouco povoadas, quando não inteiramente indevassadas. A colonização portuguesa vinda do Atlântico, e a espanhola, quase toda do Pacífi co, mal tinham ainda engajado suas vanguardas, de sorte que entre ambas ainda sobravam vastos territórios ocupados. Circunstância essa ditada por contingências geográfi cas e econômicas, e que tem grande signifi cação política e administrativa, pois facilitou, pode-se dizer mesmo que tornou possível, o monopólio do comércio da colônia que a metrópole pretendia para si. Foi bastante reservar-se a navegação, providência muito mais simples que uma fi scalização fronteiriça – difícil, se não impraticável, nos extensos limites do país.
(Caio Prado Júnior, História econômica do Brasil, com adaptações)
Assinale a opção que preenche corretamente a seqüência de lacunas do texto, mantendo sua coerência textual e sua correção gramatical.
Tendo _____ unidade de análise o gênero humano no tempo, Morgan dispõe ______ sociedades humanas na história segundo graus de complexidade crescente _________ se aproximam da civilização. Diferentes organizações sociais sucedem-se porque se superam ______ desenvolvimento de sua capacidade de ______ e de dominar a natureza, identifi cando vantagens biológicas e econômicas em certas formas de comportamento que são, então, instituídas ________ modos de organização social.
(Sylvia G. Garcia, Antropologia, modernidade, identidade. In: Tempo Social, vol. 5, no. 1 – 2, com adaptações)
No texto abaixo foram substituídos sinais de pontuação por números. Assinale a seqüência de sinais de pontuação que devem ser inseridos nos espaços indicados para que o texto se torne coerente e gramaticalmente correto.
Desconsidere a necessidade de transformar letras minúsculas em maiúsculas.
Os seres humanos sofrem sempre confl itos de interesse com os ressentimentos, facções, coalizões e instáveis alianças que os acompanham(1) no entanto, o que mais interessa nesses fenômenos confl ituosos não é o quanto eles nos separam, mas quão freqüentemente eles são neutralizados, perdoados e desculpados. Nos seres humanos(2) com seu extraordinário dom narrativo, uma das principais formas de manutenção da paz é o dom humano de apresentar(3) dramatizar e explicar as circunstâncias atenuantes em torno de violações que ameaçam introduzir confl ito na habitualidade da vida(4) o objetivo de tal narrativa não é reconciliar, não é legitimar, nem mesmo desculpar, mas antes(5) explicar.
(Jerome Bruner. Atos de signifi cação, com adaptações)
Assinale a opção que completa a lacuna de forma correta e coerente.
A taxa de destruição florestal no mundo equivale a 25,1 hectare por minuto. Estima-se que a cada dia desapareçam 150 espécies de plantas e animais, _______________________________ maior parte ainda é desconhecida dos cientistas.
Assinale a opção que contém as palavras que, atendendo à coesão e coerência textual, preenchem corretamente as lacunas do trecho abaixo, na ordem em que aparecem.
São múltiplas e complexas as causas ................. conduzem crianças e adolescentes às trilhas do crime. ................... a primeira delas, sem dúvida, é a exclusão social. As políticas públicas de inclusão articulam apenas medidas paliativas, ..................... por meio de esmolas travestidas de programas sociais. O desafio, ..................... , exige ações estruturais nos campos da educação, da saúde, do mercado de trabalho, entre outros.
(Adaptado de "Juventude marginalizada", Correio Braziliense, 14/04/2004)
As hidrelétricas podem ser uma boa opção de energia barata e renovável, desde que não inundem florestas primárias e nações indígenas nem desalojem compulsoriamente milhares de agricultores. Pequenas e médias hidrelétricas e também algumas muito grandes, como a Xingó, no Nordeste, têm um impacto socioambiental positivo. A combinação dos princípios de reciclagem, descentralização e conservação de energia com os mecanismos de democratização, avaliação dos impactos ambientais e opções energéticas menos agressivas promoverá mudanças substanciais na matriz energética e na economia global. Em decorrência, haverá amplo acesso de energia às populações e menor impacto nas florestas e no efeito estufa, bem como maior benefício na redução do lixo atômico e na conservação dos recursos hídricos.
(Carlos Minc, Ecologia e Cidadania, Rio de Janeiro, Editora Moderna, p.120)
1 Assinale a opção que constitui título coerente com a idéia principal do texto.
Assinale a opção que constitui título coerente com a idéia conclusiva do texto.
Como se sabe, a energia elétrica é obtida em nosso País principalmente por meio de geradores em hidrelétricas. É produzida pela força das águas represadas. Em suma, utiliza-se o potencial hidráulico para fins de geração de energia elétrica. A água é um bem de uso comum do povo e, conseqüentemente, um bem difuso, ou seja, de todos. Ora, se a energia é o resultado da utilização de uma das propriedades de um bem difuso, mais exatamente, no caso, pela sua força motriz, podemos concluir que, por extensão, a energia elétrica é um bem de caráter difuso. Reforça essa conclusão o fato de sua utilização ter caráter universal e, conseqüentemente, público. Assim, a energia elétrica tem a natureza jurídica de um bem imaterial de caráter difuso de uso comum do povo.
(Adaptado de http://www.aultimaarcadenoe.com/energia.htm)
Os trechos abaixo constituem um texto, mas estão desordenados. Ordene-os e indique a opção que apresenta a seqüência correta.
A. ( ) Essas concessionárias representam mais de 90% do mercado consumidor rural brasileiro, em todos os estados do Brasil. Na assinatura dos contratos, foram liberados 10% dos recursos previstos para cada uma delas.
B. ( ) Nessa fase foram assinados contratos no valor de R$ 2,5 bilhões para realização de obras nos próximos 18 meses.
C. ( ) Por esses contratos, assinados pela Eletrobrás com 35 concessionárias de energia elétrica e uma cooperativa de eletrificação rural, serão feitas 567 mil novas ligações, que irão beneficiar 2,8 milhões de pessoas em todo o País e gerar 115 mil empregos diretos e indiretos.
D. ( ) O "Luz para Todos", programa do Governo Federal que irá universalizar o acesso à energia elétrica no Brasil até 2008, entrou em fase de execução.
E. ( ) O restante será liberado ao longo do período, de acordo com o cumprimento dos cronogramas das obras, que serão fiscalizados pela Eletrobrás.
(Adaptado de http://www.presidencia.gov.br/casacivil, 9 de Junho de 2004)
Assinale a opção que provoca erro gramatical ao preencher a lacuna do texto.
A energia solar é uma fonte complementar fundamental e de importância crescente. Os sistemas solares mais simples de pré-aquecimento da água (não-fotovoltaicos) podem aliviar os piques de uso de energia. Em São Paulo, ao fim do dia, quando os chuveiros elétricos são ligados, _______________ uma turbina de Itaipu, deixando a Eletrobrás em alerta.
(Carlos Minc, Ecologia e Cidadania, Rio de Janeiro, Editora Moderna, p.120)
Assinale a opção que continua de forma coesa, coerente e gramaticalmente correta o trecho abaixo.
A reestruturação do setor elétrico de um país é uma tarefa difícil. Existem inúmeras dificuldades técnicas, além das naturais dificuldades políticas. Vários países têm tentado quebrar o monopólio das empresas produtoras de energia elétrica implementando algum tipo de competição. As possibilidades e alternativas de organização do sistema elétrico são ilimitadas e dependem da criatividade do grupo técnico de plantão.
(Adaptado de Ivan Camargo, O certo e o incerto do setor elétrico,06/08/2003. http://www.unb.br/acs/artigos/at0803-01.htm)
Assinale a opção que provoca erro gramatical ao se substituir o termo destacado e numerado no texto por um correspondente.
O que diferencia o Setor Elétrico Brasileiro dos de outros países é a sua enorme necessidade de expansão(1). A taxa de crescimento do consumo de energia elétrica no Brasil tem sido muito instável(2). Uma das conseqüências da crise de 2001 foi a redução(3) do consumo. Se o objetivo do País é crescer, melhorar a qualidade de vida do cidadão, universalizar os serviços de eletricidade, então, é razoável supor(4) uma taxa futura de crescimento da ordem de(5) 5% ao ano. No Brasil, isto representa investimentos anuais não menores que R$ 10 bilhões.
(Adaptado de Ivan Camargo, O certo e o incerto do setor elétrico,06/08/2003. http://www.unb.br/acs/artigos/at0803-01.htm)
Assinale a opção que corresponde a rro gramatical.
Há(1) no mundo 438 reatores de energia atômica, distribuídos em 31 países. Os EUA possuem 104 delas(2), a França 59, o Japão 53, a Alemanha 19, a Rússia 29. O Brasil está em 21º lugar, com(3) duas usinas atômicas. Os problemas desse tipo de energia são(4) o risco de um acidente e o problema relacionado ao armazenamento dos dejetos(5) radioativos. Muitos países estão desativando suas unidades nucleares, como a Suécia, a Áustria, a Itália e a Alemanha.
(Adaptado de http://www.aultimaarcadenoe.com/energia.htm)
Leia o seguinte texto para responder às questões 02 e 03. De fato, os jovens têm motivos para se sentirem inseguros. Começam a vida profi ssional assombrados pelos altos índices de desemprego. Quase a metade dos desempregados nos grandes centros no Brasil é jovem. Além da falta de experiência, há o despreparo mesmo. Grande parte tem baixa escolaridade. O mercado de trabalho ajuda a perpetuar a desigualdade. Muitos jovens deixam de estudar para trabalhar. Mas a disputa é acirrada também entre os mais bem-preparados. A grande oferta de mão-de-obra resulta em um processo cruel de avaliação, com testes de conhecimentos e de raciocínio lógico, redação, dinâmicas de grupo, entrevistas. E não é só. O jovem deve demonstrar habilidades que muitas vezes nem teve tempo de saber se possui ou de descobrir como adquiri-las. Como o conhecimento hoje fica obsoleto muito rápido, a qualifi cação e o potencial comportamental é que defi nem um bom candidato, e não só o preparo técnico.
(Adaptado de ISTOÉ 5/10/2005)
Assinale a opção incorreta a respeito do emprego das estruturas lingüísticas do texto.
Leia o seguinte texto para responder às questões 06 e 07.
A classe média está mudando. Essa classe média é herdeira da porção Bélgica da Belíndia (mistura de Bélgica e Índia, expressão usada na década de 70 para explicar a desigualdade no Brasil). Ela antes tinha acesso ao sistema financeiro habitacional, a universidades públicas, à expansão de empresas estatais cheias de ofertas de trabalho e à indexação, que reajustava o dinheiro nos bancos. Na década de 90, essas facilidades acabaram e a classe média passou a ter mais gastos. É como se ela tivesse viajado sempre de executiva e agora tivesse de andar de econômica. Em compensação, existe uma população que era de baixa renda e ascendeu.
(Adaptado de Ricardo Neves, Correio Braziliense, 22 de fevereiro de 2006)
Assinale a única opção que identifica trecho do texto que, ao ser retirado, não prejudica a correção gramatical nem a coerência entre os argumentos.
Assinale a opção que, ao preencher as lacunas com vocábulos, expressões e sinais de pontuação, mantém o texto coerente, coeso e gramaticalmente correto.
A pólvora dos tempos modernos __(1)__ o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Reginaldo de Castro, descreve a Internet, a rede mundial de computadores __(2)__ advento fez surgir um novo ponto em comum entre as mais variadas profi ssões: a busca de conhecimento e agilidade na atualização. Hoje em dia, não __(3)__ profi ssional ter apenas os conhecimentos específi cos da área em que atua. É preciso enfrentar os desafi os que levam __(4)__ informações e recursos disponíveis na chamada grande rede. Isso vale também, é claro, __(5)__ ainda não se profi ssionalizou e em especial para o estudante. A pesquisa ganhou dimensões planetárias ___(6)__ chegada da internet.
(Adaptado da Revista do Provão, n. 5, p. 35) (1) (2) (3) (4) (5) (6)
Verifi que quantas alterações propostas para o texto preservam sua coerência e correção gramatical.
Não é a violência nem as turbulências da economia e muito menos a saúde. A maior preocupação do brasileiro é o trabalho. A conclusão é resultado de uma consulta realizada com 23,5 mil pessoas de 42 países. Num suposto ranking mundial de pessimismo em relação às oportunidades de trabalho, o brasileiro apareceria nas primeiras posições. Na média global, o emprego seguro é citado por 21% dos entrevistados, fi cando em segundo lugar entre as preocupações de curto prazo, depois da economia.
(Adaptado da Folha de São Paulo, 19 de fevereiro de 2006)
I. Retirar os artigos antes de "violência", "turbulências" e "saúde", nas linhas 1 e 2.
II. Substituir o sinal de ponto pelo de dois-pontos depois de "saúde"(l.2), grafando a palavra seguinte com letra inicial minúscula.
III. Inserir a preposição com antes de "resultado"(l.3).
IV. Substituir "Num"(l.4) por Em um. V. Retirar o artigo defi nido antes de "oportunidades"(l.6), escrevendo apenas à.
VI. Substituir a preposição "entre"(l.9) pela preposição em, o que resulta na contração nas.
Os fragmentos abaixo foram adaptados do texto Crescer, mas com eqüidade, de Luciano Coutinho, publicado na Folha de S. Paulo, de 19 de fevereiro de 2006. Ordene-os para que componham um texto coerente e coeso.
( ) A possibilidade de retomar crescimento acelerado, com juros muito mais baixos e com fi rme elevação da taxa de investimento, pode abrir novas perspectivas para tal crescimento.
( ) Não há no mundo sistema socioeconômico tão desigual, com nível de renda per capita semelhante ao nosso: o crescimento pífio produziu mobilidade social descendente, queda do emprego formal e explosão da informalidade.
( ) Mas se um crescimento rápido viabiliza a expansão da renda e do emprego formal, como é sabido pela nossa experiência nos anos 70, ele não garante a distribuição mais abrangente de benefícios.
( ) Isso, combinado com a sustentação de juros reais elevadíssimos no circuito da dívida pública, agravou ainda mais a concentração de renda (tornando efêmeros os ganhos distributivos da estabilidade monetária)
Instruções: As questões de números 12 a 17 referem-se ao texto abaixo.
1. Certos candidatos a deputado ornam com um retrato o seu prospecto eleitoral. Isto equivale a supor que a fotografia possui um poder de conversão. Para começar, a efígie do candidato estabelece um elo pessoal entre ele e 5. seus eleitores; o candidato não propõe apenas um programa, mas também um clima físico, um conjunto de opções cotidianas expressas numa morfologia, num modo de vestir, numa pose. O que é exposto, através da fotografia do candidato, 10. não são seus projetos, são suas motivações, todas as circunstâncias familiares, mentais, e até eróticas, todo um estilo de vida de que ele é, simultaneamente, o produto, o exemplo, e a isca. É óbvio que aquilo que a maior parte dos nossos candidatos propõe através de sua efígie é uma 15. posição social, o conforto especular das normas familiares, jurídicas, religiosas, ou seja, aquilo a que se chama "uma ideologia". Naturalmente, o uso da fotografia eleitoral supõe uma cumplicidade: a foto é espelho, ela oferece o familiar, o conhecido, propõe ao eleitor a sua própria efígie, clarifica- 20. da, magnificada, imponentemente elevada à condição de tipo. É, aliás, esta ampliação valorativa que define exatamente a fotogenia: ela exprime o eleitor e, simultaneamente, transforma-o num herói; ele é convidado a eleger-se a si mesmo, incumbindo o mandato que vai 25. conceder de uma verdadeira transferência física: delega de algum modo a sua "raça".
(Adaptado de BARTHES, Roland. Fotogenia eleitoral. Mitologias. 3.ed. São Paulo: DIFEL, 1978, p. 102-103.)
Consideradas as ocorrências citadas e o contexto, é correto afirmar:
Atenção: As questões de números 1 a 15 referem-se ao texto seguinte.
Os sonhos dos adolescentes
Se tivesse que comparar os jovens de hoje com os de dez ou vinte anos atrás, resumiria assim: eles sonham pequeno. É curioso, pois, pelo exemplo de pais, parentes e vizinhos, nossos jovens sabem que sua origem não fecha seu destino: sua vida não tem que acontecer necessariamente no lugar onde nasceram, sua profissão não tem que ser a continuação da de seus pais. Pelo acesso a uma proliferação extraordinária de ficções e informações, eles conhecem uma pluralidade inédita de vidas possíveis. Apesar disso, em regra, os adolescentes e os préadolescentes de hoje têm devaneios sobre seu futuro muito parecidos com a vida da gente: eles sonham com um dia-a-dia que, para nós, adultos, não é sonho algum, mas o resultado (mais ou menos resignado) de compromissos e frustrações. Eles são "razoáveis": seu sonho é um ajuste entre suas aspirações heróico-ecológicas e as "necessidades" concretas (segurança do emprego, plano de saúde e aposentadoria). Alguém dirá: melhor lidar com adolescentes tranqüilos do que com rebeldes sem causa, não é? Pode ser, mas, seja qual for a qualidade dos professores, a escola desperta interesse quando carrega consigo uma promessa de futuro: estudem para ter uma vida mais próxima de seus sonhos. É bom que a escola não responda apenas à "dura realidade" do mercado de trabalho, mas também (talvez, sobretudo) aos devaneios de seus estudantes; sem isso, qual seria sua promessa? "Estude para se conformar"? Conseqüência: a escola é sempre desinteressante para quem pára de sonhar. É possível que, por sua própria presença maciça em nossas telas, as ficções tenham perdido sua função essencial e sejam contempladas não como um repertório arrebatador de vidas possíveis, mas como um caleidoscópio para alegrar os olhos, um simples entretenimento. Os heróis percorrem o mundo matando dragões, defendendo causas e encontrando amores solares, mas eles não nos inspiram: eles nos divertem, enquanto, comportadamente, aspiramos a um churrasco no domingo e a uma cerveja com os amigos. É também possível (sem contradizer a hipótese anterior) que os adultos não saibam mais sonhar muito além de seu nariz. Ora, a capacidade de os adolescentes inventarem seu futuro depende dos sonhos aos quais nós renunciamos. Pode ser que, quando eles procuram, nas entrelinhas de nossas falas, as aspirações das quais desistimos, eles se deparem apenas com versões melhoradas da mesma vida acomodada que, mal ou bem, conseguimos arrumar. Cada época tem os adolescentes que merece.
(Adaptado de Contardo Calligaris. Folha de S. Paulo, 11/01/07)
Está inteiramente correta a construção da seguinte frase:
Atenção: As questões de números 1 a 15 referem-se ao texto seguinte.
Os sonhos dos adolescentes
Se tivesse que comparar os jovens de hoje com os de dez ou vinte anos atrás, resumiria assim: eles sonham pequeno. É curioso, pois, pelo exemplo de pais, parentes e vizinhos, nossos jovens sabem que sua origem não fecha seu destino: sua vida não tem que acontecer necessariamente no lugar onde nasceram, sua profissão não tem que ser a continuação da de seus pais. Pelo acesso a uma proliferação extraordinária de ficções e informações, eles conhecem uma pluralidade inédita de vidas possíveis. Apesar disso, em regra, os adolescentes e os préadolescentes de hoje têm devaneios sobre seu futuro muito parecidos com a vida da gente: eles sonham com um dia-a-dia que, para nós, adultos, não é sonho algum, mas o resultado (mais ou menos resignado) de compromissos e frustrações. Eles são "razoáveis": seu sonho é um ajuste entre suas aspirações heróico-ecológicas e as "necessidades" concretas (segurança do emprego, plano de saúde e aposentadoria). Alguém dirá: melhor lidar com adolescentes tranqüilos do que com rebeldes sem causa, não é? Pode ser, mas, seja qual for a qualidade dos professores, a escola desperta interesse quando carrega consigo uma promessa de futuro: estudem para ter uma vida mais próxima de seus sonhos. É bom que a escola não responda apenas à "dura realidade" do mercado de trabalho, mas também (talvez, sobretudo) aos devaneios de seus estudantes; sem isso, qual seria sua promessa? "Estude para se conformar"? Conseqüência: a escola é sempre desinteressante para quem pára de sonhar. É possível que, por sua própria presença maciça em nossas telas, as ficções tenham perdido sua função essencial e sejam contempladas não como um repertório arrebatador de vidas possíveis, mas como um caleidoscópio para alegrar os olhos, um simples entretenimento. Os heróis percorrem o mundo matando dragões, defendendo causas e encontrando amores solares, mas eles não nos inspiram: eles nos divertem, enquanto, comportadamente, aspiramos a um churrasco no domingo e a uma cerveja com os amigos. É também possível (sem contradizer a hipótese anterior) que os adultos não saibam mais sonhar muito além de seu nariz. Ora, a capacidade de os adolescentes inventarem seu futuro depende dos sonhos aos quais nós renunciamos. Pode ser que, quando eles procuram, nas entrelinhas de nossas falas, as aspirações das quais desistimos, eles se deparem apenas com versões melhoradas da mesma vida acomodada que, mal ou bem, conseguimos arrumar. Cada época tem os adolescentes que merece.
(Adaptado de Contardo Calligaris. Folha de S. Paulo, 11/01/07)
O emprego do elemento sublinhado compromete a coerência da frase:
Atenção: As questões de números 21 a 25 referem-se ao texto que segue.
Imagens banalizadas
A tecnologia proporciona verdadeiros milagres, mas também produz alguma banalização. Nunca se tirou tanta fotografia instantânea como hoje: em todo lugar há gente promovendo a permanência de um instante, que imediatamente se ilumina na tela minúscula de uma câmera digital ou de um telefone celular. Impossível não lembrar as fotos antigas, quando o fotógrafo, investido de alguma solenidade, pedia aos fotografados que se preparassem, que posassem, e de repente acionava o botão, e triunfava: ? Pronto! E era esperar algum tempo para que a foto fosse revelada e encaminhada ao álbum da família. Na pressa de hoje, os "cliques" das maquininhas eletrônicas disparam como metralhadoras, as pessoas mal têm tempo para ver as fotos e logo, enfadadas, apagam-nas. As eventualmente selecionadas costumam ir parar nos arquivos de um computador. Mais cedo ou mais tarde, serão igualmente apagados. De fato, o tempo está passando cada vez mais rápido.
1 O homem, como ser histórico, é o construtor da sociedade e o responsável pelo rumo que ela venha a tomar. Tornamo-nos seres humanos na dialética mesma da 4 hominização, ao produzirmos e transformarmos coletivamente a cultura e nos construirmos como sujeitos. A nossa cultura atual, eivada de violências físicas e 7 simbólicas, tem levado os seres humanos à massificação, à desumanização e à autodestruição. Fazendo frente a essa crise, a Cultura da Paz surge como uma proposta da ONU 10 que tem por objetivo conscientizar a todos - governos e sociedades civis - para que se unam em busca da superação da falência do nosso paradigma atual, conclamando para a 13 construção de um novo modelo substitutivo, assentado em ações, valores e princípios calcados em uma nova ética social, no respeito à diversidade cultural e na diminuição das 16 desigualdades e injustiças.
Editorial. Revista da Faculdade de Educação do Estado da Bahia. Ano 10, n.º 14, jan./jun., 2001 (com adaptações). Julgue os itens seguintes, acerca do texto acima.
A idéia de hipótese que o emprego de "venha" (l.2) confere ao texto pode ser alternativamente expressa por porventura vem, sem prejuízo da argumentatividade e da correção gramatical do texto.
1 Folha - O sr. concorda que muitas das restrições impostas pelo Estado são impostas por pensamentos "puritanos" de parte da sociedade? 4 Giannetti - A opinião pública pode, sim, se tornar uma força tirânica e muito cerceadora, tanto quanto a regulamentação estatal. São dois mecanismos diferentes de 7 coerção e de cerceamento. Na verdade, o que estamos aprendendo hoje é que o cérebro humano é modular. Esses módulos do cérebro têm 10 motivações diferentes, e há um processo permanente de negociação entre áreas do cérebro que nos motivam a fazer coisas diferentes. O indivíduo está permanentemente e 13 internamente cindido, renegociando consigo mesmo o que ele faz. E essa negociação é escorregadia. O que acontece é que, muitas vezes ciente dessa 16 dificuldade de agir tal como ele preferiria, pede que alguma força de fora, o Estado, defina para ele os termos da transação. Ele está tentando fazer um contrato com ele mesmo, por meio 19 do Estado.
Folha de S. Paulo, 23/10/2005.Trecho da entrevista concedida pelo economista Eduardo Giannetti (com adaptações).
Com relação a aspectos morfossintáticos do trecho de entrevista apresentado no texto acima, julgue os próximos itens.
Atenderia às regras prescritas pela gramática a seguinte
formulação da pergunta feita ao entrevistado: O senhor
concorda com a idéia de que, entre as restrições estabelecidas
pelo Estado, muitas são impostas por pensamentos "puritanos"
de parte da sociedade?
1 Folha - O sr. concorda que muitas das restrições impostas pelo Estado são impostas por pensamentos "puritanos" de parte da sociedade? 4 Giannetti - A opinião pública pode, sim, se tornar uma força tirânica e muito cerceadora, tanto quanto a regulamentação estatal. São dois mecanismos diferentes de 7 coerção e de cerceamento. Na verdade, o que estamos aprendendo hoje é que o cérebro humano é modular. Esses módulos do cérebro têm 10 motivações diferentes, e há um processo permanente de negociação entre áreas do cérebro que nos motivam a fazer coisas diferentes. O indivíduo está permanentemente e 13 internamente cindido, renegociando consigo mesmo o que ele faz. E essa negociação é escorregadia. O que acontece é que, muitas vezes ciente dessa 16 dificuldade de agir tal como ele preferiria, pede que alguma força de fora, o Estado, defina para ele os termos da transação. Ele está tentando fazer um contrato com ele mesmo, por meio 19 do Estado.
Folha de S. Paulo, 23/10/2005.Trecho da entrevista concedida pelo economista Eduardo Giannetti (com adaptações).
Com relação a aspectos morfossintáticos do trecho de entrevista apresentado no texto acima, julgue os próximos itens.
O trecho inicial da resposta apresentada pelo entrevistado
assim pode ser mencionado, de forma correta e fidedigna:
O economista, Giannetti, afirmou que, apesar de serem
instrumentos distintos de coerção e cerceamento da liberdade,
pode a opinião pública, tal como a regulamentação estatal,
força tirânica e muito cerceadora, impor restrições a conduta
da sociedade.
1 Folha - O sr. concorda que muitas das restrições impostas pelo Estado são impostas por pensamentos "puritanos" de parte da sociedade? 4 Giannetti - A opinião pública pode, sim, se tornar uma força tirânica e muito cerceadora, tanto quanto a regulamentação estatal. São dois mecanismos diferentes de 7 coerção e de cerceamento. Na verdade, o que estamos aprendendo hoje é que o cérebro humano é modular. Esses módulos do cérebro têm 10 motivações diferentes, e há um processo permanente de negociação entre áreas do cérebro que nos motivam a fazer coisas diferentes. O indivíduo está permanentemente e 13 internamente cindido, renegociando consigo mesmo o que ele faz. E essa negociação é escorregadia. O que acontece é que, muitas vezes ciente dessa 16 dificuldade de agir tal como ele preferiria, pede que alguma força de fora, o Estado, defina para ele os termos da transação. Ele está tentando fazer um contrato com ele mesmo, por meio 19 do Estado.
Folha de S. Paulo, 23/10/2005.Trecho da entrevista concedida pelo economista Eduardo Giannetti (com adaptações).
Com relação a aspectos morfossintáticos do trecho de entrevista apresentado no texto acima, julgue os próximos itens.
Atende à norma gramatical a seguinte síntese do último
parágrafo: O cidadão prefere mais que o Estado aja por ele do
que agir à partir de seu próprio pensamento.
Instruções: As questões de números 1 a 15 referem-se ao texto seguinte.
A eterna juventude
Conforme a lenda, haveria em algum lugar a Fonte da Juventude, cujas águas garantiriam pleno rejuvenescimento a quem delas bebesse. A tal fonte nunca foi encontrada, mas os homens estão dando um jeito de promover a expansão dos anos de "juventude" para limites jamais vistos. A adolescência começa mais cedo - veja-se o comportamento de "mocinhos" e "mocinhas" de dez ou onze anos - e promete não terminar nunca. Num comercial de TV, uma vovó fala com desenvoltura a gíria de um surfista. As academias e as clínicas de cirurgia plástica nunca fizeram tanto sucesso. Muitos velhos fazem questão de se proclamar jovens, e uma tintura de cabelo é indicada aos homens encanecidos como um meio de fazer voltar a "cor natural". Esse obsessivo culto da juventude não se explica por uma razão única, mas tem nas leis do mercado um sólido esteio. Tornou-se um produto rentável, que se multiplica incalculavelmente e vai da moda à indústria química, dos hábitos de consumo à cultura de entretenimento, dos salões de beleza à lipoaspiração, das editoras às farmácias. Resulta daí uma espécie de código comportamental, uma ética subliminar, um jeito novo de viver. O mercado, sempre oportunista, torna-se extraordinariamente amplo, quando os consumidores das mais diferentes idades são abrangidos pelo denominador comum do "ser jovem". A juventude não é mais uma fase da vida: é um tempo que se imagina poder prolongar indefinidamente. São várias as conseqüências dessa idolatria: a decantada "experiência dos mais velhos" vai para o baú de inutilidades, os que se recusam a aderir ao padrão triunfante da mocidade são estigmatizados e excluídos, a velhice se torna sinônimo de improdutividade e objeto de caricatura. Prefere-se a máscara grotesca do botox às rugas que os anos trouxeram, o motociclista sessentão se faz passar por jovem, metido no capacete espetacular e na roupa de couro com tachas de metal. É natural que se tenha medo de envelhecer, de adoecer, de definhar, de morrer. Mas não é natural que reajamos à lei da natureza com tamanha carga de artifícios. Diziam os antigos gregos que uma forma sábia de vida está na permanente preparação para a morte, pois só assim se valoriza de fato o presente que se vive. Pode-se perguntar se, vivendo nesta ilusão da eterna juventude, os homens não estão se esquecendo de experimentar a plenitude própria de cada momento de sua existência, a dinâmica natural de sua vida interior.
(Bráulio Canuto)
Está clara, correta e coerente a redação da seguinte frase:
1 Neste momento, em várias partes do mundo, algum pesquisador está tentando descobrir um detalhe no funcionamento do músculo cardíaco 4 ainda não percebido pela ciência, enquanto outro se esforça para aprimorar um tratamento já reconhecido, e um terceiro se lança em um 7 experimento que pode resultar em mais uma opção de terapia. Eles integram um imenso batalhão de investigadores que têm como único objetivo tornar 10 o coração mais forte. Trata-se de um sonho nobre e também de uma urgência. Afinal, o órgão precisará bater em um compasso afinadíssimo para dar conta 13 de bombear o sangue em seres humanos cada vez mais longevos. É de olho nas exigências do futuro que estão 16 sendo desenhadas mudanças nos tratamentos do presente. Algumas das mais significativas ocuparam as principais discussões de evento que reuniu 19 cerca de 11 mil médicos de todo o planeta em Orlando - EUA, na semana passada, e que é considerado um dos mais importantes encontros 22 mundiais de cardiologistas. Estudo divulgado no encontro, por exemplo, fez que a comunidade médica passasse a discutir com mais ênfase uma 25 alteração no limite permitido de colesterol ruim (LDL) em pacientes de alto risco (portadores de alguma doença cardíaca ou que acumulam pelo 28 menos dois fatores de risco - hipertensão, obesidade, diabete, sedentarismo, fumo, entre os mais importantes). Hoje, segundo a Sociedade 31 Brasileira de Cardiologia, essas pessoas devem manter o LDL abaixo de 100 mg/dL.
Eduardo Holanda, Greice Rodrigues e Mônica Tarantino. Istoé, 16/3/2005, p. 45 (com adaptações).
Com relação às idéias do texto ao lado e às palavras e expressões nele empregadas, julgue os itens a seguir.
As expressões "outro" (R.4) e "um terceiro" (R.6)
referem-se a "pesquisador" (R.2).
1 Neste momento, em várias partes do mundo, algum pesquisador está tentando descobrir um detalhe no funcionamento do músculo cardíaco 4 ainda não percebido pela ciência, enquanto outro se esforça para aprimorar um tratamento já reconhecido, e um terceiro se lança em um 7 experimento que pode resultar em mais uma opção de terapia. Eles integram um imenso batalhão de investigadores que têm como único objetivo tornar 10 o coração mais forte. Trata-se de um sonho nobre e também de uma urgência. Afinal, o órgão precisará bater em um compasso afinadíssimo para dar conta 13 de bombear o sangue em seres humanos cada vez mais longevos. É de olho nas exigências do futuro que estão 16 sendo desenhadas mudanças nos tratamentos do presente. Algumas das mais significativas ocuparam as principais discussões de evento que reuniu 19 cerca de 11 mil médicos de todo o planeta em Orlando - EUA, na semana passada, e que é considerado um dos mais importantes encontros 22 mundiais de cardiologistas. Estudo divulgado no encontro, por exemplo, fez que a comunidade médica passasse a discutir com mais ênfase uma 25 alteração no limite permitido de colesterol ruim (LDL) em pacientes de alto risco (portadores de alguma doença cardíaca ou que acumulam pelo 28 menos dois fatores de risco - hipertensão, obesidade, diabete, sedentarismo, fumo, entre os mais importantes). Hoje, segundo a Sociedade 31 Brasileira de Cardiologia, essas pessoas devem manter o LDL abaixo de 100 mg/dL.
Eduardo Holanda, Greice Rodrigues e Mônica Tarantino. Istoé, 16/3/2005, p. 45 (com adaptações).
Com relação às idéias do texto ao lado e às palavras e expressões nele empregadas, julgue os itens a seguir.
O termo "segundo" (R.30) introduz um
posicionamento da Sociedade Brasileira de
Cardiologia.
Instruções: As questões de números 1 a 12 referem-se ao texto seguinte.
A família na Copa do Mundo
A rotina de uma família costuma ser duramente atingida numa Copa do Mundo de futebol. O homem da casa passa a ter novos hábitos, prolonga seu tempo diante da televisão, disputaa com as crianças; a mulher passa a olhar melancolicamente para o vazio de uma janela ou de um espelho. E se, coisa rara, nem o homem nem a mulher se deixam tocar pela sucessão interminável de jogos, as bandeiras, os rojões e os alaridos da vizinhança não os deixarão esquecer de que a honra da pátria está em jogo nos gramados estrangeiros. É preciso também reconhecer que são muito distintas as atuações dos membros da família, nessa época de gols. Cabe aos homens personificar em grau máximo as paixões envolvidas: comemorar o alto prazer de uma vitória, recolher o drama de uma derrota, exaltar a glória máxima da conquista da Copa, amargar em luto a tragédia de perdê-la. Quando solidárias, as mulheres resignam-se a espelhar, com intensidade muito menor, essas alegrias ou dores dos homens. Entre as crianças menores, a modificação de comportamento é mínima, ou nenhuma: continuam a se interessar por seus próprios jogos e brinquedos. Já os meninos e as meninas maiores tendem a reproduzir, respectivamente, algo da atuação do pai ou da mãe. Claro, está-se falando aqui de uma "família brasileira padrão", seja lá o que isso signifique. O que indiscutivelmente ocorre é que, sobretudo nos centros urbanos, uma Copa do Mundo põe à prova a solidez dos laços familiares. Algumas pessoas não resistem à alteração dos horários de refeição, à alternância entre ruas congestionadas e ruas desertas, às tensas expectativas, às súbitas mudanças de humor coletivo ? e disseminam pela casa uma insatisfação, um rancor, uma vingança que afetam o companheiro, a companheira ou os filhos. Como toda exaltação de paixões, uma Copa do Mundo pode abrir feridas que demoram a fechar. Sim, costumam cicatrizar esses ressentimentos que por vezes se abrem, por força dos diferentes papéis que os familiares desempenham durante os jogos. Cicatrizam, volta a rotina, retornam os papéis tradicionais ? até que chegue uma outra Copa. (Itamar Rodrigo de Valença)
Está clara e correta a redação do seguinte comentário sobre o texto:
1 Em Atenas, a base da democracia era a igualdade de todos os cidadãos. Igualdade perante a lei (isonomia) e igualdade de poder se pronunciar na assembléia (isagoria), 4 quer dizer, direito à palavra. Essas duas liberdades eram os pilares do regime, estendidos a ricos e pobres, a nobres e plebeus. Na democracia ateniense, o sistema de sorteio 7 evitava, em parte, a formação de uma classe de políticos profissionais que atuassem de uma maneira separada do povo, procurando fazer que qualquer um se sentisse apto a 10 manejar os assuntos públicos, eliminando-se a alienação política dos indivíduos. Procurava-se, com o exercício direto da 13 participação, tornar o público coisa privada. Sob o ponto de vista grego, o cidadão que se negasse a participar dos assuntos públicos, em nome da sua privacidade, era 16 moralmente condenado.
Internet: . Acesso em 16/7/2004 (com adaptações).
Considerando o texto acima, julgue os seguintes itens.
A flexão de masculino plural em "estendidos" (R.5) indica
que essa palavra se refere a "pilares" (R.5), vocábulo que, por
sua vez, retoma a idéia de "liberdades" (R.4).