Ao considerarmos a argumentação de Foucault (1985), a respeito dos discursos sobre a
sexualidade nas sociedades modernas, analise as afirmativas abaixo, sobre a hipótese repressiva:
I) A repressão do sexo é uma evidência histórica, instaurada desde o século XVII, ocorrendo
uma ruptura histórica, após a era vitoriana, pela análise crítica da repressão. Dessa forma,
Foucault afirma ser necessário determinar se essas produções discursivas podem levar a formular
a verdade do sexo ou, ao contrário, mentiras destinadas a ocultá-lo.
II) Para os estudos de Foucault, o essencial não é tanto saber o que dizer ao sexo, sim ou não,
afirmar sua importância ou negar seus efeitos, mas levar em consideração o fato de se falar de
sexo, quem fala, os lugares e os pontos de vista de que se fala, as instituições que incitam a fazê-lo.
III) Segundo Foucault, a interdição do sexo não é uma ilusão; a ilusão está em fazer dessa
interdição o elemento fundamental e constituinte a respeito da história da sexualidade. Todos
esses elementos negativos – proibições, recusas, censuras, negações – que a hipótese repressiva
agrupa num grande mecanismo central destinado a dizer não, são peças que têm uma função
local e tática, numa colocação discursiva, numa técnica de poder, que só alcança as condutas
individuais, não influenciando a análise e regulação das populações.
IV) A polícia do sexo é uma expressão que Foucault utiliza ao analisar a necessidade de regular
o sexo por meio de discursos úteis e públicos e pelo rigor de uma proibição. Que o Estado saiba o
que se passa com o sexo dos cidadãos e o uso que dele fazem e, também, que cada um seja capaz
de controlar sua prática, segundo mecanismos repressivos e de interdição.
V) Não se deve fazer divisão binária entre o que se diz e o que não se diz; é preciso tentar
determinar as diferentes maneiras de não dizer, como são distribuídos os que podem e os que
não podem falar, que tipo de discurso é autorizado ou que forma de discrição é exigida a uns e
outros. Não existe um só, mas muitos silêncios e são parte integrante das estratégias que apoiam
e atravessam os discursos, não constituem, portanto, o limite absoluto do discurso.
VI) Seria inexato dizer que a instituição pedagógica impôs um silêncio geral ao sexo das crianças
e dos adolescentes, ela concentrou as formas do discurso neste tema, codificou os conteúdos e
qualificou os locutores. Falar do sexo das crianças, fazer com que falem dele os educadores, os
médicos, os administradores e os pais; encerrá-las numa teia de discurso que ora se dirigem a
elas, ora falam delas – tudo isso permite vincular a intensificação dos poderes à multiplicação
do discurso.
Estão CORRETAS: