TEXTO 5
NA VIRADA DO SÉCULO, o biólogo Roosmarc conheceu o ápice da fama ao descobrir um novo gênero de primata: o sagui-anão-de-coroa-preta. Foi considerado pela revista Time o grande herói do planeta. Entre os mais de 500 primatas no mundo, Roosmarc descobrira o Callibella humilis, o macaquinho mais saltitante e alegre, anãozinho, com aquela coroa preta. Enquanto outros primatólogos matavam os animais para descrevê-los, dissecando-os em laboratórios, longe da Amazônia, ele criava macacos em sua casa. Esperava que morressem de forma natural e, aí sim, dissecava-os.
O sagui-anão-de-coroa-preta foi a sensação mundial. Então, ele viveu o ápice da glória. As publicações científicas não se cansaram de elogiá-lo. Quase todos os dias, jornais e revistas estampavam: “Protetor dos animais”, “O bandeirantes da Amazônia”, “O último primatólogo”. De Manaus para o mundo. Os ribeirinhos o saudavam; os políticos o pajeavam; os estudantes de biologia o veneravam. Sim, Roosmarc era visto e considerado como herói do planeta.
Vida simples, com suas vestes quase sempre largas cobrindo o corpo magro e alto, enfiado semanas na floresta, nunca quisera dinheiro, jamais almejara fortuna. O verdadeiro cientista, dizia, quer, antes de tudo, reconhecimento. Não havia prêmio maior do que isso. Sequer gastava o que ganhava. Aprendera com os bichos que, na vida, não se precisa de muitas coisas...
Nascera no sul da Holanda e, aos 17 anos, mudou-se para Amsterdã. Queria estudar biologia. Nos fins do ano 60, a cidade fervilhava, era a capital da contestação. John Lennon e Yoko Ono haviam escolhido a cidade para protestar contra a Guerra do Vietnã. Os rebeldes desfilavam pelas ruas, enquanto John Lennon e Yoko Ono incitavam a quebra de valores deitados uma semana num hotel da cidade, consumindo droga e criando suas canções. O gosto pela contracultura crescia, agigantava-se. Rebelde, Roosmarc desfilava pelas ruas, gritando pela paz, também queimando maconha e outras ervas.
Mas foi, nesta época, que ele se interessou pelos primatas. Depois que terminou a universidade, fez amizade com uma estudante, que também saboreava a contracultura, o desprezo a normas e procedimentos, e com ela, vivendo um romance apaixonado, deu volta ao mundo, como se fosse o famigerado navegante português Vasco da Gama. Estudante de artes plásticas, Marie tinha sede por aventuras: o novo lhe apetecia; o velho não era mais do que um mundo cinzento. A Europa, com seus prédios cinzentos e frios, uma população resignada, não lhe apetecia. Queria quebrar barreiras, outras fronteiras. Não queria apodrecer naquelas cidadezinhas holandesas, onde as mulheres envelheciam rapidamente e só cuidavam de casa. Não queria se transformar num símbolo de cama, fogão e igreja. Menosprezava o título “rainha do lar”, que os pastores tanto veneravam entre a população fiel. Tinha horror ao ver sua mãe de lenço na cabeça e avental cobrindo a gordura da barriga. Se ficasse numa daquelas cidadezinhas, em poucos anos estaria como a mãe – brigava constantemente com o seu pai, saía de casa aos domingos para assistir a mesmice do partor Simeão, e que, rapidamente, voltava para casa para preparar o almoço para os filhos. Que destino! A liberdade a chamava. Não era o que dizia a canção de John Lennon? Ao conhecer Roosmarc, o desejo por aventuras avivou como brasa viva. Quando convidada para segui-lo, e ela queria produzir desenhos e aquarelas jamais vistas no mundo, não titubeou, como se a oportunidade fosse um cavalo encilhado. E cavalo encilhado passa por nós somente uma vez ...
(GONÇALVES, David. Sangue verde. Joinville: Sucesso Pocket, 2014. p. 200-201.Adaptado.)
No Texto 5, a passagem “como se fosse o famigerado
navegante português Vasco da Gama" nos remete
ao fenômeno da flutuação. A flutuação de qualquer
embarcação se baseia no fato de seu casco ser oco por
dentro e, dessa forma, embora seja feita de material bem
mais denso que a água (metal, por exemplo), ainda assim
sua densidade resultante seja menor que a da água,
visto que a maior parte do volume submerso é composta
de ar. Até sua desmontagem, em 2010, o Knock Nevis foi
o maior navio do mundo. Esse navio tinha capacidade
para transportar 674.297 m3
de petróleo.
(Disponível em:<http://blogdocaminhoneiro.com/2009/08/super-petroleiro-
jahre-viking-o-maior-navio-do-mundo/> . Acesso em: 23 jan. 2015.)
Com base nessas informações, considere que o navio
esteja aportado em águas tranquilas, adote g = 10 m/s2
e analise os itens que se seguem:
I-Considerando-se a densidade média do petróleo igual a 0,85 g/cm3
, esse superpetroleiro pode
transportar uma carga de 573.152,45 toneladas de
petróleo.
II-Considerando-se a densidade da água do mar igual
a 1,03 g/cm3
, então, se o navio estiver com sua carga
máxima de petróleo, seu volume submerso aumentará
em 409,3 m3
.
III- Se em vez de petróleo o navio transportasse água
salgada, então, para manter o mesmo peso, ele deveria
transportar um volume entre 556.455 m3
e
556.460 m3
.
IV-Uma embarcação em água doce com densidade
igual a 1,00 g/cm3
submerge menos do que na água
salgada, cuja densidade é 1,03 g/cm3
.
Com base nas sentenças anteriores, marque a alternativa
em que todos os itens estão corretos: