Assim, podemos afirmar alicerçados em Aquino, que o melhor nome que
identifica o mal para o cristianismo, é o pecado diretamente associado com o mal moral,
pois este mal “se dá no contexto da liberdade e da responsabilidade humanas, como
conseqüência de ações assentadas nos juízos da razão e na anuência da vontade”
(FAITANIN, 2006, p. 109).
O homem livre e responsável, portanto, pode ser motivado pela reta razão
como também pelas paixões desordenadas, já que são suas escolhas e ações que
estabelecem o mal moral. Este mal, por sua vez, ao privar o homem de atingir seu fim
que é a conversão plena a Deus, colocando-o contra o Criador supremo e afastando-o da
presença Beatífica de Deus, deixa seqüelas e feridas abertas na alma humana
(FAITANIN, 2006, p. 109-110).
Ainda neste horizonte do mal moral (que se identifica com o pecado na medida
em que este significa a desobediência que afasta o homem de Deus e o priva do bem
que é gozar da Sua presença), Aquino nos apresenta três tipos de mal.
Primeiramente, o mal moral que priva o homem, por seu livre consentimento,
da ordem ao fim devido, ou seja, dos bens espirituais (graça e glória) e morais (que são
os bens da alma: vida, conhecimento, virtudes, etc.). Este mal lhe causa sofrimento
(FAITANIN, 2006, p. 115).
Em segundo lugar, temos o mal metafísico. Conseqüente e subordinado ao mal
moral é o estado de privação dos bens originários da natureza humana, que são a graça
santificante (que lhe comunicava a filiação divina no estado de inocência) e os dons
preternaturais (isenção da morte, do sofrimento e de desordem da concupiscência). Esse
mal metafísico coloca o homem no estado de incapacidade de chegar, pelos próprios
esforços, à sua plena realização (FAITANIN, 2006, pp. 115-116).
E, por fim, Aquino se refere ao mal físico, que pode ser entendido como
deficiência da matéria (independentemente da vontade humana, mas em conseqüência
do pecado original), ou como decorrência do mal moral (o qual acontece a partir da
vontade humana, o que faz dele um pecado pessoal), ou ainda pela privação de algum
bem físico (e isto causa sofrimento, dor ou incapacidade física, como por exemplo, a
cegueira) (FAITANIN, 2006, p. 116).
Enfim, para santo Tomás, o mal moral, o mal metafísico e o mal físico,
manifestam uma só e sempre mesma conseqüência nefasta e trágica para natureza
humana, qual seja: a da dor, a do sofrimento, e, até mesmo, a implicação da morte
(FAITANIN, 2006, p. 116).