Texto para as questão
21 de maio
Passei uma noite horrivel. Sonhei que eu residia
numa casa residivel, tinha banheiro, cozinha, copa e
até quarto e criada. Eu ia festejar o aniversário de
minha filha Vera Eunice. Eu ia comprar-lhe umas
panelinhas que há muito ela vive pedindo. Porque eu
estava em condições de comprar. Sentei na mesa para
comer. A toalha era alva ao lirio. Eu comia bife, pão
com manteiga, batata frita e salada. Quando fui pegar
outro bife despertei. Que realidade amarga! Eu não
residia na cidade. Estava na favela. Na lama, as
margens do Tietê. E com 9 cruzeiros apenas. Não
tenho açucar porque ontem eu saí e os meninos
comeram o pouco que eu tinha.
[...] Quem deve dirigir é quem tem capacidade.
Quem tem dó e amisade ao povo. Quem governa o
nosso país é quem tem dinheiro. Quem não sabe o
que é fome, a dor, e a aflição do pobre. Se a maioria
revoltar-se, o que pode fazer a minoria? Eu estou ao
lado do pobre, que é o braço. Braço desnutrido.
Precisamos livrar o paiz dos politicos
açambarcadores.
Disponível em: JESUS, Carolina Maria de. Quarto de despejo:
diário de uma favelada. 10. ed. São Paulo, Ática, 2014.
(fragmento).
No decorrer do texto, a autora revela
sua opinião a respeito de assuntos como a realidade
na favela, o desempenho do governo e o papel da
sociedade civil. A partir do ponto de vista de Carolina de Jesus sobre esses assuntos, analise as
afirmativas a seguir:
I – Apesar das dificuldades que a autora enfrenta, ela
gosta de viver na favela.
II – Na opinião da autora, os governantes ignoram as
necessidades dos pobres.
III – A mobilização da sociedade civil é vista, pela
autora, como a solução para os problemas sociais.
IV – A autora considera amarga sua realidade na
favela, e não acha que o lugar em que mora seja
adequado para viver.
V – Na opinião da autora, os eleitores não devem
votar em políticos que fazem falsas promessas
(“políticos açambarcadores”).
Estão corretas as afirmativas: