- ID
- 3245638
- Banca
- Instituto Excelência
- Órgão
- CORE-MT
- Ano
- 2019
- Provas
- Disciplina
- Português
- Assuntos
Morte
Sou, em princípio, contra a pena de morte, mas admito algumas exceções. Por exemplo: pessoas que contam anedotas como se fossem experiências reais vividas por elas e só no fim você descobre que é anedota. Estas deviam ser fuziladas.
Todos os outros crimes puníveis com a pena capital, na minha opinião, têm a ver, de alguma maneira, com telefone.
Cadeira elétrica para as telefonistas que perguntam: "Da onde?"
Forca para pessoas que estendem o polegar e o dedinho ao lado da cabeça quando querem imitar um telefone. Curiosamente, uma mímica desenvolvida há pouco. Ninguém, misericordiosamente, tinha pensado nela antes, embora o telefone, o polegar e o mindinho existam há anos.
Garrote vil para os donos de telefone celular em geral e garrote seguido de desmembramento para os donos de telefone celular que gostam de falar no meio de multidões e fazem questão de que todos saibam que se atrasou para a reunião porque o furúnculo infeccionou. Claro, a condenação só viria depois de um julgamento, mas com o Aristides Junqueira na defesa.
(L. F. Veríssimo, "Morte", Jornal do Brasil. Rio de Janeiro, 22/12/1994. Caderno Opinião, p. 11)