O texto abaixo é referência para a questão.
Reforma universitária – importância social
(Charles Mady)
Muito tem se discutido e pouco tem sido realizado no tema
referente à reforma da universidade para melhor adaptá-la à nossas
necessidades sociais e ao quanto a atual estrutura inibe – e até impede –
que ela sirva de maneira mais adequada à nossa população. Para quem
vive dentro dela, e também para ela, fica uma desagradável impressão de
que a universidade está isolada de nossa realidade, isolada da maioria
que necessita urgentemente de uma atuação eficaz, saindo de baixo da
redoma de vidro sob a qual ela vive.
Um grande problema está na visão de produção de
profissionais por meio da rápida especialização, pois o assim chamado
mercado o exige, conceito esse que se casa perfeitamente com a
necessidade de sobrevivência dos recém-egressos dos cursos de
graduação e pós-graduação. É uma corrida contra o tempo, abrindo-se
mão da qualidade. Esses jovens profissionais serão apenas peças dessa
máquina de produção e consumo, em que irão competir de forma
selvagem por melhores resultados e resto de sua vida produtiva. Vão
viver dentro de um curral intelectual, não dedicado tempo algum a nada
além dos limites de seus campos de interesse, sem terem noção do que
ocorre ao seu redor, perdendo a crítica sobre quase tudo o que acontece
fora de seus limites, desumanizando-se.
Estamos formando técnicos de grande eficiência, esquecendo
que as técnicas são um meio para se produzir grandes profissionais, e
não um fim em si mesmo. Na medicina isso é devastador.
Num país como o nosso, extremamente necessitado de
generalistas, observamos a grande migração de nossos alunos para ares
técnicas, em boa parte descomprometidos com as necessidades sociais.
A sociedade, que mantém a universidade pública, não vê o adequado
retorno desse empreendimento. Seus alunos irão servir às grandes
empresas de saúde, de equipamentos e fabricantes de remédios, que
seguramente têm outros interesses que não o bem-estar da população.
A nossa parcela de responsabilidade por esse processo é
grande. Quando se discutem itens fundamentais de uma reforma
universitária, as questões ficam muito mais centradas em estruturas e
organogramas do que na reforma de mentalidades de seus
componentes. Quantos de nós estão realmente comprometidos com a
universidade? Quantos de nós enxergam a universidade como um fim, e
não como um meio? Quantos de nós têm na universidade um projeto
institucional, e não pessoal? E quanto desses projetos privilegia uma
minoria, em detrimento da maioria? Quando discutimos, devemos
abordar os problemas maiores com grande objetividade, sem medo, para
não corrermos o risco de realizar reformas apenas cosméticas. Devemos
perguntar, por exemplo quanto tempo cada qual de nós dedicou às aulas
de graduação e pós-graduação. Devemos perguntar, sem medo, por que
aulas em outras cidades e outros Estados, devidamente patrocinadas
pela indústria são tão disputadas, enquanto muitas vezes há enorme
dificuldade em agrupar alguns professores para ministrar os cursos
oficiais.
Será que a universidade realmente se tornou meio, e não fim?
Será que estamos perdendo a paixão pela universidade, que tanto nos
deu? Se a paixão pela atividade acadêmica desaparece, desaparece a
qualidade, com alto prejuízo para a atividade intelectual. Para piorar, o
ensino está sendo marginalizado em benefício das atividades de
pesquisa.
Hoje em dia há inúmeros índices para avaliar os méritos da
produção científica, produção essa que determina a evolução na carreira
universitária, gerando como consequência uma enormidade de
publicações, boa parte delas repetitivas, redundantes, com ampla
valorização dos métodos, em detrimento das ideias.
Que índices há para avaliar atividades didáticas? Digo com
frequência que valorizo muito aulas em ambientes acadêmicos, a
presença do professor em enfermarias e ambulatórios e discussões com
internos e residentes. É o chamado “currículo oculto”, difícil de ser
avaliado por qualquer índice. Mas essa é a nossa função mais nobre.
Infelizmente, hoje escrevemos muito mais do que ensinamos. Nós nos
preocupamos muito com quem vai entrar na universidade, mais do que
como esses alunos vão sair. O compromisso maior deverá ser com uma
reforma de mentalidades, portanto, cultural, muito mais do que com uma
reforma estrutural. Qualquer reforma deverá compatibilizar a pesquisa e
a assistência ao ensino, de forma equilibrada. Caso contrário, não terá
sentido e estará fadada ao fracasso. E a universidade perderá a
oportunidade de atuar de forma profunda na elaboração de ovas
condutas sociais.
Esses temas merecem longas e árduas discussões. Devemos
ter como uma das missões mais importantes atingir conclusões que
possam beneficiar a universidade, para que esta possa participar, da
melhor forma possível, da realização de um projeto social maior.
http://www.google.com.br/#hl=pt-BR&output=search&sclient=psyab&q=textos+de+Charles+Mady&oq=textos+de+Charles+Mady&gs_l=hp.12...0.0.2.3071.0.0.0.0.0.0.0.0..0.0...0.0...1c.SnULvFFM9E&bav=on.2,or.r_gc.r_pw.r_qf.&fp=63cd91b0429f0b33&biw=1138&bih=497
Considere as seguintes afirmações:
I. A concepção em produzir profissionais por meio de cursos
de especialização rápidos desconsidera a qualidade da
formação.
II. Boa parte dos alunos do nosso país, sem compromisso com
as necessidades sociais, migram para áreas técnicas.
III. Paradoxalmente, os alunos da universidade pública, não
servem ao bem-estar da população.
IV. Embora a sociedade mantenha a universidade pública, ela
não vê retorno por parte dos alunos que nela se formam uma
vez que eles servirão às grandes empresas de saúde, de
equipamentos e fabricantes de remédios que possuem
interesses no bem-estar da população.
Esta correto o que se afirma em: