TEXTO:
Costuma-se contar a história do samba em dois momentos opostos. O primeiro,
quando os sambistas eram perseguidos pela polícia — que reprimia manifestações
culturais dos negros — e obrigados a tocar escondidos, em vielas dos morros e fundos
de quintal. No segundo momento, acontece o contrário: o governo passa a incentivar
5 – o carnaval e as músicas populares. Em 1995, com a publicação do livro O Mistério do
Samba, o antropólogo Hermano Vianna revelou que a mudança de postura com
relação à música não aconteceu assim tão de repente. Estilos negros e populares
faziam parte de festas dos ricos e famosos séculos antes de o desfile das escolas de
samba virar uma festa oficial. Em 1802, por exemplo, o comerciante inglês Thomas
10 – Lindley escreveu que as festas dos baianos ricos eram animadas pela “sedutora
dança dos negros, misto de coreografia africana e fandangos espanhóis e
portugueses". Até mesmo em Portugal, os músicos populares brasileiros eram bem
recebidos. No fim do século 18, poucos anos antes de a corte portuguesa fugir para
o Brasil, o músico Caldas Barbosa, mestiço filho de uma escrava, encantou a corte de
15 – dona Maria I, a rainha louca, tocando lundus.
Hermano Vianna revelou também que o samba, em sua origem, tinha muito
pouco de folclórico ou nacionalista. Os estilos europeus fazem parte da raiz ancestral
do samba tanto ou mais que a percussão africana. Os primeiros sambistas liam
partituras, tocavam instrumentos clássicos, participavam de bandas de jazz, adoravam
20 – ouvir tango e conhecer as novidades musicais nos cabarés parisienses. A cara que o
samba tem hoje, de símbolo da “autenticidade brasileira" e da resistência da cultura
negra dos morros cariocas, é uma criação mais recente, que de certa forma abafou a
primeira.
NARLOCH, Leandro. O samba antes do folclore. Guia politicamente incorreto da História do Brasil. São
Paulo: Leya, 2009. p. 126-127.
Responda:
C, se a proposiçao é certa;
E, se a proposição é errada.
O enunciador do texto em estudo apropria-se do discurso de Hermano Vianna para contestar as suas ideias sobre as origens do samba.