- ID
- 3206290
- Banca
- VUNESP
- Órgão
- Câmara de Marília - SP
- Ano
- 2017
- Provas
- Disciplina
- Português
- Assuntos
A fórmula chinesa
A China vai virar uma democracia? Liberais, especialmente os da vertente institucionalista, apostam que ou ela se transforma numa sociedade aberta ou verá o fim de sua pujança econômica. Pequim, porém, parece empenhada em desmentir os liberais.
Um resumo rápido do último quinquênio sob a liderança de Xi Jinping é que o dirigente, que acaba de ser escolhido para permanecer mais cinco anos à frente do Partido Comunista chinês, conseguiu concentrar poderes e sufocar as tímidas tentativas de abertura, tudo isso sem ameaçar o crescimento.
Os liberais, porém, não precisam, por enquanto, atirar a toalha. Como nunca deram um prazo preciso para que sua profecia se concretizasse, não foram formalmente contraditados. É até possível que tenham razão e que, em horizontes mais dilatados, a China ou promova uma abertura ou sofra um apagão econômico.
O pressuposto teórico dessa tese é bastante razoável. A prosperidade sustentável, afinal, depende de um fluxo constante de inovações e ganhos de produtividade que são coibidos quando indivíduos não podem trocar ideias livremente.
Dá para construir uma boa argumentação mostrando que esse foi um grande problema na antiga URSS e contribuiu para seu ocaso* econômico.
O ponto central é descobrir se a liberdade é condição necessária para o desenvolvimento científico e econômico ou só um tempero desejável. Gostaria de acreditar na primeira alternativa, mas receio que ela não passe de um desejo liberal. Não me parece “a priori” impossível criar um sistema fortemente autoritário na política e suficientemente liberal nas áreas científicas. A China pelo menos tem conseguido.
(Hélio Schwartsman. Folha de São Paulo. 27.10.2017. Adaptado)
* enfraquecimento que leva à destruição; perda de influência, de poder; decadência.
O autor aponta como um aspecto em tese contraditório, mas que tem dado certo no caso da China,