Para
resolver esta questão você precisa saber que:
1) Voz verbal:
diz respeito à estrutura do predicado de uma oração, que precisa ter uma
organização específica para que o sujeito assuma os seguintes sentidos: agente
(voz ativa), paciente (voz passiva) e agente e paciente (voz reflexiva). Para
que haja formação de voz passiva em Português, devemos ter sempre um verbo
transitivo direto (VTD), pois é ele quem possibilita a passagem da voz passiva
para a ativa e vice e versa. Sendo o verbo transitivo direto, podemos ter
dois tipos de voz passiva: a voz passiva analítica, a qual é formada pelo
sujeito paciente, por uma locução verbal e pelo agente da passiva; e a voz
passiva sintética que, como sugere o próprio nome, é uma síntese, ou versão
menor, da oração de voz passiva analítica, por não apresentar agente da
passiva. Nessa estrutura, há verbo transitivo direto associado à partícula SE e
ao sujeito paciente.
2) Transposição da voz
passiva analítica para a voz ativa: para fazer a
mudança da voz passiva analítica para a ativa, deve-se inverter a posição dos
termos da oração da VPA como um “X", de modo que o sujeito paciente passe a
objeto direto da voz ativa; o verbo da VPA desfaça a forma de uma locução
verbal, (cujo verbo auxiliar é SER e o verbo principal está no particípio),
assumindo o verbo da VA tempo e modo do verbo auxiliar da VPA; e, por fim, o agente
da passiva se torne o sujeito agente da VA. Vejamos um exemplo ilustrativo com
a transposição da voz passiva analítica para a ativa, além de um esquema de
formação da voz passiva sintética, com base na formação da VPA:
-VOZ
PASSIVA ANALÍTICA
Situação
da educação é debatida por
parlamentares no país
Sujeito
paciente locução
verbal, auxiliar SE agente da passiva adj. adv.
-VOZ
ATIVA
Parlamentares
debatem situação da
educação no país.
sujeito
agente VTD objeto
direto adj. adv.
-VOZ
PASSIVA SINTÉTICA
Debate-se situação da educação no país
Verbo
transitivo direto + partícula SE sujeito paciente adj. adv.
Com
base nessa recapitulação, já podemos eliminar imediatamente as opções A e C.
Resgatemos o período de voz passiva analítica, cujas orações precisam ser
passadas para a voz ativa. Façamos a transposição para, em seguida, examinarmos
as opções.
-Período e transposições:
(I)
[Foi
sancionada a Lei das Águas], (II) [na qual são destacados importantes
fundamentos].
(I)
VPA -A lei das águas foi
sancionada AGENTE
DA PASSIVA
Sujeito paciente locução
verbal agente
da passiva não determinado
VA-
SUJEITO AGENTE sancionaram a lei das águas
Sujeito agente não determinado
VTD na 3ª pp (indeterminação do sujeito)
objeto direto
(II)
VPA – Importantes fundamentos são destacados AGENTE DA PASSIVA
Sujeito paciente locução verbal agente da passiva não determinado
VA - SUJEITO AGENTE Destacam Importantes fundamentos
Sujeito agente
não determinado VTD na 3ª pp (indet. do sujeito) objeto direto
-Reescrita do período na voz ativa:
Sancionaram a lei das águas na qual/em que
destacam importantes fundamentos.
- Análise das opções
A) Sancionou-se a Lei das Águas, dando-se
destaque a importantes fundamentos.
ERRADA.
Podemos
eliminar imediatamente a letra A, por tratar-se de voz passiva. Bem sabemos que
existem estruturas oracionais, com verbos transitivos diretos, que são
exclusivamente de voz passiva. E esta, do VTD associado à partícula apassivadora
SE, somente se aplica à voz passiva sintética.
B) Ao ser sancionada, a Lei das Águas teve como destaques,
importantes fundamentos.
ERRADA.
Observe que a estrutura “ao ser sancionada", antecedida pela combinação
AO, em que A é uma preposição, passa a formar caso de oração reduzida, a qual
se identifica pelo verbo em uma das formas nominais (infinitivo, gerúndio ou
particípio) e pela ausência de conectivo explícito, porém facilmente
subentendido. Assim, note que a oração “ao ser sancionada" também poderia ser lida
com algumas hipóteses de conectivo explícito, como porque foi
sancionada, ou ainda, quando foi sancionada, em que os
conectivos de causa e tempo, respectivamente, ficam evidentes nessa nova
estrutura, descaracterizando a mensagem da oração inicial, em que não se
expunham valores de causa e tempo. Além disso, a expressão “como destaques",
adjunto adverbial de modo, está deslocada, inserindo-se entre o verbo TEVE e o
seu complemento “importantes fundamentos". Por essa razão, deveria receber
dupla vírgula (antes do “como" e depois de “destaques"), para que fosse
sinalizado o seu deslocamento, ou ainda, o seu posicionamento fora da ordem
direta, entre um verbo e o seu complemento: teve, como destaques,
importantes fundamentos.
C) Destacou-se a importância de fundamentos na Lei das Águas,
a qual se sancionou.
ERRADA
Assim
como a letra A, a letra D deve ser imediatamente desconsiderada, por se tratar
de um caso de voz passiva sintética, com verbo transitivo direto seguido de
partícula SE (“destacou-se").
D) Sancionaram a Lei das Águas, em que ganham destaque
importantes fundamentos.
CORRETA.
O período da letra D está correto porque apresenta a transposição
com os verbos na terceira pessoa do plural, marcando indeterminação do sujeito.
Isso é fundamental porque nas orações de voz passiva analítica do período de
origem, não havia agente da passiva. Logo, sem agente determinado na passiva
analítica, não será possível determinar o sujeito na voz ativa. Resgatemos o
período cuja transposição foi feita antes das explicações de cada opção:
Sancionaram a lei das águas, na qual/ em que
destacam importantes fundamentos.
Note que a única diferença entre ele e o período
da letra D é que neste há a expressão “ganham destaques". Com um pouco mais de
atenção, conseguimos identificar que se “destacam importantes fundamentos", estes
“ganham destaques de alguém". Trata-se de uma escolha estilística, ou seja, de escolha
por construções que possam valorizar certas expressões, como “importantes
fundamentos", no caso em questão.
E) Houve a sanção da Lei das Águas, em cuja sofreram destaque
importantes fundamentos.
ERRADA.
Note que o
pronome CUJA está mal empregado, uma vez que não expressa ideia de posse ou
pertencimento, sempre explicitada por esse pronome relativo. Lembremos que,
para que o pronome CUJO (e suas variações) possa exprimir valor de posse/pertencimento,
ele deve estar antecedido pelo substantivo que possui/pertence e deve ser
seguido por outro substantivo, o que é o possuído/pertencente a. Observe que o
antecedente de CUJA, no exemplo em questão, é “lei das águas", porém, depois do
pronome, não tem outro substantivo, e sim o verbo “sofreram". Caso tivéssemos,
seguindo o pronome, qualquer substantivo que fosse coerente ao contexto, a
ideia de posse passaria a existir fazendo-se correto o emprego desse pronome
relativo. Um exemplo ilustrativo: houve sanção da Lei das Águas, em
cujo estudo sofreram destaque importantes fundamentos.
RESPOSTA: D