- ID
- 5250241
- Banca
- VUNESP
- Órgão
- Prefeitura de Marília - SP
- Ano
- 2019
- Provas
- Disciplina
- Português
- Assuntos
Leia o texto para responder à questão.
Mais uma barragem
Parece um pesadelo sem fim. Somente quatro meses
depois da tragédia de Brumadinho, e três anos e meio desde
o rompimento da barragem de Mariana, o estado de Minas
Gerais se encontra às voltas com a possibilidade iminente de
mais um desastre do gênero.
O sinal de alerta soou no complexo minerário Gongo
Soco, também pertencente à Vale, no município de Barão de
Cocais, onde o talude que forma a parede da cava da mina
deverá ceder nos próximos dias.
O risco é que a vibração provoque danos à barragem de
rejeitos localizada a 1,5 km distante da cava, levando à sua
ruptura. Tanto a empresa como a Agência Nacional de Mineração (ANM), no entanto, afirmam não ser possível prever as
avarias que o evento causará.
A encosta de sustentação vinha se movimentando cerca
10 centímetros por ano desde 2012, medida considerada aceitável para uma cava profunda, segundo a ANM. Desde o fim
de abril, porém, a velocidade do deslocamento acelerou-se
para 5 centímetros por dia, condenando a estrutura.
“O talude da cava vai se romper com a gravidade, isso é
um fato. O que estamos fazendo agora é minimizar os riscos
e evitar que pessoas transitem dentro da cava ou que sejam
atingidas”, afirmou o diretor da ANM Eduardo Leão.
Felizmente, mesmo que o pior cenário se concretize, não
há risco de uma catástrofe humana como a que houve em
Brumadinho, na qual morreram quase 300 pessoas.
Os moradores das comunidades mais próximas à mina
de Gongo Soco, que seriam atingidos em questão de minutos, foram retirados da área em fevereiro, quando a barragem ameaçada atingiu o nível 2 (numa escala de 1 a 3). De
acordo com a Defesa Civil de Minas, 443 pessoas deixaram
suas casas. Já os residentes da área urbana, que receberia
a onda de lama em cerca de uma hora, vêm passando por
treinamentos de fuga.
Qualquer que seja o desfecho, o episódio traz à tona a
imprudência não raro criminosa que permite a proximidade
de barragens de rejeitos e povoações humanas.
Um enorme contingente convive, quiçá sem o saber, com
o horizonte sombrio da ruptura.
São 3,5 milhões de pessoas habitando cidades com
estruturas que apresentam risco de rompimento – um total
de 45, em mais de 30 municípios de 13 estados. Inexiste na
legislação distância mínima a ser respeitada entre barragens
e comunidades do entorno.
Mais grave, entretanto, é a incúria de empresas e órgãos
de controle que pode levar ao terceiro rompimento de um
reservatório de rejeitos em tão pouco tempo.
(Editorial. Folha de S.Paulo, 22.05.2109. Adaptado)
No editorial, são apresentados argumentos para defender o ponto de vista de que