- ID
- 1786348
- Banca
- VUNESP
- Órgão
- Câmara Municipal de Descalvado - SP
- Ano
- 2015
- Provas
- Disciplina
- Português
- Assuntos
O despertar da ambição
Até pouco tempo atrás, apontar alguém como ambicioso
era quase uma ofensa no Brasil. A palavra, carregada de
conotação negativa, era praticamente um pecado. A má impressão
nasceu da confusão que as pessoas fazem com a
ganância – sentimento que faz o indivíduo passar por cima de
tudo e de todos. Hoje, porém, a ambição está sendo redimida
e seu verdadeiro significado resgatado.
A palavra vem do latim ambi dire, que significa “entre dois
caminhos". Basicamente, escolher para alcançar um objetivo.
É um adjetivo positivo, que define as pessoas determinadas.
É o combustível daqueles que vão atrás de desejos pessoais
e profissionais. E o brasileiro está mais afinado com
essas ideias do que o senso comum supõe. Uma pesquisa
da International Stress Management Association no Brasil
(Isma-BR), de 2009, concluiu que 41% da população se define
como ambiciosa.
Essa visão mais moderna, que eleva a ambição a uma
espécie de força motriz do sucesso, transformou-a também
em objeto de curiosidade científica mundo afora. É possível
medi-la? Podemos turbiná-la? Ela tem explicação biológica?
Já há respostas para algumas dessas perguntas. Estudos
mostram, por exemplo, que a ambição, essa mistura de energia
com determinação, se manifesta no sistema límbico, área
do cérebro relacionada às emoções e aos hábitos. Pesquisadores
da Universidade de Washington usaram imagens cerebrais
para investigar a persistência – a habilidade de focar
em uma tarefa até terminá-la –, considerada a mola propulsora
da ambição. Eles recrutaram um grupo de estudantes e
deram a cada um deles questionários elaborados para mensurar
o nível de perseverança por meio de um aparelho de
ressonância magnética, que registrava o que se passava na
cabeça dos alunos. Em geral, os estudantes com as maiores
pontuações (os mais persistentes) apresentaram maior atividade
na região límbica.
Mas não há consenso entre os especialistas sobre em
que medida a ambição está dentro de todos. Para uns, a
educação é a maior influência. Para outros, é um sentimento
inerente ao ser humano e depende apenas de autoconhecimento
para vir à tona. A única certeza é que quem opta por
ficar numa zona de conforto, sem enfrentar desafios, acaba
jogado de um lado para o outro, sem tomar as rédeas da
própria vida. As circunstâncias acabam por definir o futuro. E
aí é mais cômodo culpar o destino, a sorte ou terceiros pelas
mazelas.
“Quem pensa assim desconsidera que os vencedores
estudaram muito, foram atrás, deram a cara para bater", diz
a psicóloga Maria de Lurdes Damião, mestre em gestão de
pessoas. O ambicioso incomoda, antes de mais nada, os
acomodados, que, em vez de se mexerem, preferem criticar.
(Suzane G. Frutuoso. www.istoe.com.br. 12.02.2010. Adaptado)
De acordo com o último parágrafo do texto,