Instruções: As questões de números 1 a 15 referem-se ao texto seguinte.
A eterna juventude
Conforme a lenda, haveria em algum lugar a Fonte da Juventude, cujas águas garantiriam pleno rejuvenescimento a quem delas bebesse. A tal fonte nunca foi encontrada, mas os homens estão dando um jeito de promover a expansão dos anos de "juventude" para limites jamais vistos. A adolescência começa mais cedo - veja-se o comportamento de "mocinhos" e "mocinhas" de dez ou onze anos - e promete não terminar nunca. Num comercial de TV, uma vovó fala com desenvoltura a gíria de um surfista. As academias e as clínicas de cirurgia plástica nunca fizeram tanto sucesso. Muitos velhos fazem questão de se proclamar jovens, e uma tintura de cabelo é indicada aos homens encanecidos como um meio de fazer voltar a "cor natural". Esse obsessivo culto da juventude não se explica por uma razão única, mas tem nas leis do mercado um sólido esteio. Tornou-se um produto rentável, que se multiplica incalculavelmente e vai da moda à indústria química, dos hábitos de consumo à cultura de entretenimento, dos salões de beleza à lipoaspiração, das editoras às farmácias. Resulta daí uma espécie de código comportamental, uma ética subliminar, um jeito novo de viver. O mercado, sempre oportunista, torna-se extraordinariamente amplo, quando os consumidores das mais diferentes idades são abrangidos pelo denominador comum do "ser jovem". A juventude não é mais uma fase da vida: é um tempo que se imagina poder prolongar indefinidamente. São várias as conseqüências dessa idolatria: a decantada "experiência dos mais velhos" vai para o baú de inutilidades, os que se recusam a aderir ao padrão triunfante da mocidade são estigmatizados e excluídos, a velhice se torna sinônimo de improdutividade e objeto de caricatura. Prefere-se a máscara grotesca do botox às rugas que os anos trouxeram, o motociclista sessentão se faz passar por jovem, metido no capacete espetacular e na roupa de couro com tachas de metal. É natural que se tenha medo de envelhecer, de adoecer, de definhar, de morrer. Mas não é natural que reajamos à lei da natureza com tamanha carga de artifícios. Diziam os antigos gregos que uma forma sábia de vida está na permanente preparação para a morte, pois só assim se valoriza de fato o presente que se vive. Pode-se perguntar se, vivendo nesta ilusão da eterna juventude, os homens não estão se esquecendo de experimentar a plenitude própria de cada momento de sua existência, a dinâmica natural de sua vida interior.
Instruções: As questões de números 1 a 12 referem-se ao texto seguinte.
A família na Copa do Mundo
A rotina de uma família costuma ser duramente atingida numa Copa do Mundo de futebol. O homem da casa passa a ter novos hábitos, prolonga seu tempo diante da televisão, disputaa com as crianças; a mulher passa a olhar melancolicamente para o vazio de uma janela ou de um espelho. E se, coisa rara, nem o homem nem a mulher se deixam tocar pela sucessão interminável de jogos, as bandeiras, os rojões e os alaridos da vizinhança não os deixarão esquecer de que a honra da pátria está em jogo nos gramados estrangeiros. É preciso também reconhecer que são muito distintas as atuações dos membros da família, nessa época de gols. Cabe aos homens personificar em grau máximo as paixões envolvidas: comemorar o alto prazer de uma vitória, recolher o drama de uma derrota, exaltar a glória máxima da conquista da Copa, amargar em luto a tragédia de perdê-la. Quando solidárias, as mulheres resignam-se a espelhar, com intensidade muito menor, essas alegrias ou dores dos homens. Entre as crianças menores, a modificação de comportamento é mínima, ou nenhuma: continuam a se interessar por seus próprios jogos e brinquedos. Já os meninos e as meninas maiores tendem a reproduzir, respectivamente, algo da atuação do pai ou da mãe. Claro, está-se falando aqui de uma "família brasileira padrão", seja lá o que isso signifique. O que indiscutivelmente ocorre é que, sobretudo nos centros urbanos, uma Copa do Mundo põe à prova a solidez dos laços familiares. Algumas pessoas não resistem à alteração dos horários de refeição, à alternância entre ruas congestionadas e ruas desertas, às tensas expectativas, às súbitas mudanças de humor coletivo ? e disseminam pela casa uma insatisfação, um rancor, uma vingança que afetam o companheiro, a companheira ou os filhos. Como toda exaltação de paixões, uma Copa do Mundo pode abrir feridas que demoram a fechar. Sim, costumam cicatrizar esses ressentimentos que por vezes se abrem, por força dos diferentes papéis que os familiares desempenham durante os jogos. Cicatrizam, volta a rotina, retornam os papéis tradicionais ? até que chegue uma outra Copa. (Itamar Rodrigo de Valença)
Está correto o emprego de ambas as formas sublinhadas na frase:
Urbanização abala a saúde de moradores do interior da Amazônia
Mesmo que aumente o conforto, as conseqüências do ingresso na vida moderna - com alimentos prontos, televisão, telefone e máquina de lavar roupa - não são nada boas para a saúde. Hilton Pereira da Silva, médico e antropólogo do Museu Nacional, encontrou uma taxa elevada de hipertensão arterial na população de três comunidades rurais do Pará que gradativamente deixaram o extrativismo (*) e começaram a usar bens de consumo tipicamente urbanos. Aracampina, a maior comunidade estudada,
localizada na ilha de Ituqui, às margens do rio Amazonas, tem cerca de 600 habitantes. Eram 460 há sete anos, quando Hilton Silva chegou lá pela primeira vez e notou que a vida mudava rapidamente - conseqüência da proximidade com Santarém, a quatro horas de barco. "Quando ocorre a transição para o estilo de vida moderno e urbano, a primeira mudança é a dieta", diz ele. "Aumenta o consumo de sal, de enlatados e de comida industrializada, cheia de aditivos químicos."
Nas primeiras vezes em que esteve lá, o pesquisador notou que os caboclos pescavam intensamente. Completavam a alimentação com farinha de mandioca, frutas, feijão e milho. "Hoje, os caboclos deixaram o extrativismo, trabalham na pesca industrial, para as madeireiras ou em fazendas e compram carne em conserva, açúcar, café e biscoitos", relata. "As mudanças na dieta estão causando uma mudança gradual na fisiologia do organismo, que leva à hipertensão."
Ainda não há água encanada em Aracampina, mas os caboclos agora têm luz elétrica, graças ao gerador a diesel, fogão a gás, televisão ligada a bateria de carro e telefone que funciona por meio de rádio. Em conseqüência, houve uma redução da atividade física que ajuda a equilibrar a pressão arterial. "Por terem acesso a fogão a gás, não buscam mais lenha na mata", exemplifica Hilton Silva. "E já usam fralda descartável, que também reduz o trabalho das mulheres". Mas surgem outras fontes de estresse, como a necessidade de ganhar mais dinheiro para comprar comida, relógios, bicicletas e aparelhos de som.
(Pesquisa. São Paulo: Fapesp, abril 2003.)
(*) extrativismo = atividade que consiste em extrair da natureza quaisquer produtos que possam ser cultivados para fins comerciais ou industriais.
Estão corretos o emprego e a posição de ambos os pronomes sublinhados na frase:
"Nosso tempo prefere a imagem à coisa, a cópia ao original, a representação à realidade, a aparência ao ser. O cúmulo da ilusão é também o cúmulo do sagrado." Essas palavras do filósofo Feurbach nos dizem algo fundamental sobre nossa época. Toda a vida das sociedades nas quais reinam as condições modernas de produção se anuncia como uma imensa acumulação de espetáculos. Tudo o que era diretamente vivido se esvai na fumaça da representação. As imagens fluem desligadas de cada aspecto da vida e fundem-se num curso comum, de forma que a unidade da vida não mais pode ser restabelecida. O espetáculo é ao mesmo tempo parte da sociedade, a própria sociedade e seu instrumento de unificação. Como parte da sociedade, o espetáculo concentra todo o olhar e toda a consciência. Por ser algo separado, ele é o foco do olhar iludido e da falsa consciência. O espetáculo não é um conjunto de imagens, mas uma relação entre pessoas, mediatizadas por imagens. A alienação do espectador em proveito do objeto contemplado exprime-se assim: quanto mais contempla, menos vive; quanto mais aceita reconhecer-se nas imagens dominantes, menos ele compreende a sua própria existência e o seu próprio desejo. O conceito de espetáculo unifica e explica uma grande diversidade de fenômenos aparentes, apresenta-se como algo grandioso, positivo, indiscutível e inacessível. A exterioridade do espetáculo em relação ao homem que deveria agir como um sujeito real aparece no fato de que os seus próprios gestos já não são seus, mas de um outro que os apresenta a ele. Eis por que o espectador não se sente em casa em parte alguma, porque o espetáculo está em toda parte. Eis por que nossos valores mais profundos têm dificuldade de sobreviver em uma sociedade do espetáculo, porque a verdade e a transparência, que tornam a vida realmente humana, dela são banidas e os valores, enterrados sob o escombro das aparências e da mentira, que nos separam, em vez de nos unir.
(Adaptado de Maria Clara Luccheti Bingemer, revista Adital)
Na frase Eis por que o espectador não se sente em casa em parte alguma, porque o espetáculo está em toda parte, os elementos sublinhados podem ser correta e respectivamente substituídos por
A Declaração Universal dos Direitos Humanos acaba de completar 60 anos. Ela representa a eterna aspiração da humanidade para uma vida com liberdade e dignidade para todos.
Se, por um lado, progressos consideráveis foram obtidos em campos como combate ao racismo, condenação dos regimes ditatoriais e promoção da igualdade de gênero, por outro lado, desafios surgiram com novos atos de violação dos direitos humanos e, consequentemente, passíveis de condenação no âmbito da Declaração Universal. São os casos da violência e da discriminação a qualquer título e das novas formas de terrorismo. Isso sem falar em questões antigas, ainda longe de serem resolvidas, como a luta contra o tráfico de pessoas e a tortura.
Nesse contexto, o acesso à informação é de importância capital e um direito que também precisa ser efetivado. O mais amplo acesso às avançadas tecnologias de informação e comunicação é fundamental para que todos tenham conhecimento de seus direitos e das violações cometidas, independentemente de onde ocorram e contra quem. Por mais paradoxal que pareça, a Declaração Universal dos Direitos Humanos é o instrumento internacional mais citado no mundo, mas está disponível em apenas 350 das cerca de 7.000 línguas faladas e catalogadas no planeta. Ou seja, nem todos têm acesso ao conteúdo da declaração que assegura seus direitos. E tais direitos só serão efetivamente reivindicados, garantidos e exercidos quando forem devidamente conhecidos.
Portanto, ampliar a disseminação dessa declaração é tarefa que precisa ser abraçada como prioridade, especialmente em benefício dos grupos minoritários, os mais vulneráveis e marginalizados.
Aqui a mídia tem um papel decisivo, atuando inclusive como mobilizadora da sociedade contra as violações cometidas globalmente. Assegurar o direito a uma mídia livre e pluralista, em que todas as vozes sejam ouvidas é, pois, garantia da promoção dos direitos humanos e do monitoramento contra suas violações.
(Trecho do artigo de Marcio Barbosa, Diretor-geral-adjunto da UNESCO. Folha de S. Paulo, 10 de dezembro de 2008, A3, com adaptações)
Considere as frases abaixo:
I. Os horrores trazidos pela II Guerra Mundial marcaram o porquê da criação de um documento internacional que garantisse o respeito aos direitos humanos.
II. Sem conhecer seus direitos, os indivíduos não saberão dispor dos instrumentos nem apresentar razões porque reivindicar sua efetiva aplicação.
III. Por falta de divulgação dos termos previstos na Declaração Universal, grupos minoritários se tornam mais vulneráveis à violação de seus direitos, sem mesmo saber por quê.
IV. São inúmeros os benefícios trazidos pela Declaração Universal, embora exista desrespeito aos direitos nela previstos, como a persistência da pobreza, por que passa um terço da população mundial.
Estão escritos corretamente os termos que aparecem grifados em
Não sei por que você não me alivia a dor. Todo dia a senhora levanta a persiana com bruteza e joga sol no meu rosto. Não sei que graça pode achar nos meus esgares, é uma pontada cada vez que respiro. Às vezes aspiro fundo e encho os pulmões de um ar insuportável, para ter alguns segundos de conforto, expelindo a dor. Mas bem antes da doença e da velhice, talvez minha vida já fosse um pouco assim, uma dorzinha chata a me espetar o tempo todo e de repente uma lambada atroz. E qualquer coisa que eu recorde agora, vai doer, a memória é uma vasta ferida. [...] Eu próprio poderia arcar com viagem e tratamento no estrangeiro, se o seu marido não me tivesse arruinado. Poderia me estabelecer no estrangeiro, passar o resto dos meus dias em Paris. Se me desse na veneta, poderia morrer na mesma cama do Ritz onde dormi quando menino. Porque nas férias de verão o seu avô, meu pai, sempre me levava à Europa de vapor. Mais tarde, cada vez que eu via um deles ao largo, na rota da Argentina, chamava sua mãe e apontava: lá vai Arlanza!, o Cap Polonio!, o Lutétia!, enchia a boca para contar como era um transatlântico por dentro. Sua mãe nunca tinha visto um navio de perto, depois de casada ela mal saía de Copacabana. E quando lhe anunciei que iríamos em breve ao cais do porto, para receber o engenheiro francês, ela se fez de rogada. Porque você era recém-nascida, e ela não podia largar a criança e coisa e tal, mas logo tomou o bonde para cidade e cortou os cabelos à la garçonne. [...] E quando vi sua mãe naquele estado, falei, você não vai. Por quê, ela perguntou com voz fina, e não lhe dei satisfação, peguei meu chapéu e saí. Nem parei para pensar de onde vinha a minha raiva repentina, só senti que era alaranjada a raiva cega que tive da alegria dela. E vou deixar de falação porque a dor só faz piorar.
(Fonte: BUARQUE, Chico. Leite derramado. São Paulo: Companhia das Letras, 2009. p. 10-12)
Observe a sequência de frases abaixo e responda a seguir.
(1) Porque nas férias de verão o seu avô, meu pai, sempre me levava à Europa de vapor. (2) Porque você era recém-nascida [...]. (3) Por quê, ela perguntou com voz fina, e não lhe dei satisfação [...].
Desde que nascemos e a nossa vida começou, não há mais nenhum ponto zero possível. Não há como começar do nada. Talvez seja isso que torna tão difícil cumprir propósitos de Ano Novo. E, a bem da verdade, o que dificulta realizar qualquer novo propósito, em qualquer tempo. O passado é como argila que nos molda e a que estamos presos, embora chamados imperiosamente pelo futuro. Não escapamos do tempo, não escapamos da nossa história. Somos pressionados pela realidade e pelos desejos. Como pode o ser humano ser livre se ele está inexoravelmente premido por seus anseios e amarrado ao enredo de sua vida? Para muitos filósofos, é nesse conflito que está o problema da nossa liberdade. Alguns tentam resolver esse dilema afirmando que a liberdade é a nossa capacidade de escolher, a que chamam livre-arbítrio. Liberdade se traduziria por ponderar e eleger entre o que quero e o que não quero ou entre o bem e o mal, por exemplo. Liberdade seria, portanto, sinônimo de decisão. Prefiro a interpretação de outros pensadores, que nos dizem que somos livres quando agimos. E agir é iniciar uma nova cadeia de acontecimentos, por mais atrelados que estejamos a uma ordem anterior. Liberdade é, então, começar o improvável e o impensável. É sobrepujar hábitos, crenças, determinações, medos, preconceitos. Ser livre é tomar a iniciativa de principiar novas possibilidades. Desamarrar. Abrir novos tempos. Nossa história e nosso passado não são nem cargas indesejadas, nem determinações absolutas. Sem eles, não teríamos de onde sair, nem para onde nos projetar. Sem passado e sem história, quem seríamos? Mas não é porque não pudemos (fazer, falar, mudar, enfrentar...) que jamais poderemos. Nossa capacidade de dar um novo início para as mesmas coisas e situações é nosso poder original e está na raiz da nossa condição humana. É ela que dá à vida uma direção e um destino. Somos livres quando, ao agir, recomeçamos. Nossos gestos e palavras, mesmo inconscientes e involuntários, sempre destinam nossas vidas para algum lugar. A função dos propósitos é transformar esse agir, que cria destinos, numa ação consciente e voluntária. Sua tarefa é a de romper com a casualidade aparente da vida e apagar a impressão de que uma mão dirige nossa existência. Os propósitos nos devolvem a autoria da vida.
(Dulce Critelli. Folha de São Paulo, 24/01/2008)
Estão corretos o emprego e a grafia de todas as palavras em:
Marque a alternativa que completa corretamente as lacunas:
Perguntou o professor: ________? Respondi: Já sei __________ é importante sopesar os fatos na determinação do procedimento administrativo; é _________ seu motivo - a matéria de fato - vai fornecer subsídios à análise da decisão tomada.
O que você precisa saber para fazer um planeta melhor.
Para começo de conversa, entenda _____________ é tão importante reduzir o consumo de três _____________ _____________ nos dias de hoje. ÁGUA. Ela até cai do céu, mas é um recurso esgotável e raro em muitos lugares do mundo. Se em apenas cinco minutos você escovar os dentes com a torneira escancarada, 12 litros de água potável serão _____________ .
ENERGIA ELÉTRICA. O consumo cada vez mais requer a construção de usinas hidrelétricas, e mais florestas vão desaparecer para dar lugar a elas. Acredite: o simples gesto de desligar as luzes dos ambientes quando estiverem vazios pode ajudar a evitar mais hidrelétricas.
COMBUSTÍVEIS. A queima dos fósseis, como o diesel e a gasolina, é a maior responsável pela emissão de gases do aquecimento global. Segundo o urbanista e ex- prefeito de Curitiba Jaime Lerner, “nas grandes cidades são produzidos 75% de todo o CO2 jogado na atmosfera”. Pense nisso antes de entrar no carro só para ir à padaria da esquina.
Manual de Etiqueta Planeta Sustentável. Editora Abril. São Paulo. 2007.
As lacunas do texto são preenchidas correta e respectivamente pelas palavras na alternativa:
Uma das opções completa adequadamente o enunciado abaixo. Identifique-a.
__________ você não veio à festa? Em minha opinião, é __________ você não conseguiria explicar o ___________ de seu comportamento de ontem pela manhã. Aliás, talvez essa seja a razão _________ você ainda não conseguiu fazer amizades por aqui.
Um pouco de silêncio
Nesta trepidante cultura nossa, da agitação e do
barulho, gostar de sossego é uma excentricidade.
Sob a pressão do ter de parecer, ter de participar,
ter de adquirir, ter de qualquer coisa, assumimos uma
infinidade de obrigações. Muitas desnecessárias, outras
impossíveis, algumas que não combinam conosco
nem nos interessam.
Não há perdão nem anistia para os que ficam de
fora da ciranda: os que não se submetem mas questionam,
os que pagam o preço de sua relativa autonomia,
os que não se deixam escravizar, pelo menos
sem alguma resistência.
O normal é ser atualizado, produtivo e bem-informado.
É indispensável circular, estar enturmado.
Quem não corre com a manada praticamente nem
existe, se não se cuidar botam numa jaula: um animal
estranho.
Acuados pelo relógio, pelos compromissos, pela
opinião alheia, disparamos sem rumo – ou em trilhas
determinadas – feito hamsters que se alimentam de
sua própria agitação.
Ficar sossegado é perigoso: pode parecer doença.
Recolher-se em casa, ou dentro de si mesmo, ameaça
quem leva um susto cada vez que examina sua
alma.
Estar sozinho é considerado humilhante, sinal de
que não se arrumou ninguém – como se amizade ou
amor se “arrumasse" em loja. [...]
Além do desgosto pela solidão, temos horror à
quietude. Logo pensamos em depressão: quem sabe
terapia e antidepressivo? Criança que não brinca ou
salta nem participa de atividades frenéticas está com
algum problema.
O silêncio nos assusta por retumbar no vazio
dentro de nós. Quando nada se move nem faz barulho,
notamos as frestas pelas quais nos espiam coisas
incômodas e mal resolvidas, ou se enxerga outro
ângulo de nós mesmos. Nos damos conta de que não
somos apenas figurinhas atarantadas correndo entre
casa, trabalho e bar, praia ou campo.
Existe em nós, geralmente nem percebido e
nada valorizado, algo além desse que paga contas,
transa, ganha dinheiro, e come, envelhece, e um dia
(mas isso é só para os outros!) vai morrer. Quem é
esse que afinal sou eu? Quais seus desejos e medos,
seus projetos e sonhos?
No susto que essa ideia provoca, queremos ruí-
do, ruídos. Chegamos em casa e ligamos a televisão
antes de largar a bolsa ou pasta. Não é para assistir
a um programa: é pela distração.
Silêncio faz pensar, remexe águas paradas,
trazendo à tona sabe Deus que desconcerto nosso.
Com medo de ver quem – ou o que – somos, adia-se
o defrontamento com nossa alma sem máscaras. Mas, se a gente aprende a gostar um pouco de
sossego, descobre – em si e no outro – regiões nem
imaginadas, questões fascinantes e não necessariamente
ruins.
Nunca esqueci a experiência de quando alguém
botou a mão no meu ombro de criança e disse:
— Fica quietinha, um momento só, escuta a chuva
chegando.
E ela chegou: intensa e lenta, tornando tudo
singularmente novo. A quietude pode ser como essa
chuva: nela a gente se refaz para voltar mais inteiro
ao convívio, às tantas fases, às tarefas, aos amores.
Então, por favor, me deem isso: um pouco de silêncio
bom para que eu escute o vento nas folhas,
a chuva nas lajes, e tudo o que fala muito além das
palavras de todos os textos e da música de todos os
sentimentos.
LUFT, Lya. Pensar é transgredir. Rio de Janeiro: Record, 2004.
p. 41. Adaptado.
Complete as frases da segunda coluna com a expressão adequada à norma-padrão.
I – por que P – As pessoas ficaram tranquilas ______ não tiveram de refazer o trabalho.
II – porque Q – Não sei o ______ de tanta preocupacão com a pressa.
III – porquê R – Afinal, tantas dúvidas com a terapia, ______? S – Ignoro ______ razão as pessoas não se habituam à solidão.
O preenchimento dos espaços com as expressões que tornam as sentenças corretas resulta nas seguintes associações:
Julgue o próximo item, com relação ao correto emprego de
porque, porquê, por que e por quê.
Se me perguntam por que sou favorável ao voto distrital, qual o motivo porque defendo tal sistema, explico de pronto: porque com ele diminui a briga interna dos partidos em cada distrito. Além disso, porque o voto distrital dá ao eleitor a possibilidade de controlar quem foi por ele eleito.
Julgue o próximo item, com relação ao correto emprego de porque, porquê, por que e por quê.
Alguns prefeitos se reelegem com extrema facilidade. Por que isso ocorre? Por que prefeitos de municípios recém-criados se reelegem com muito mais facilidade do que os demais? Provavelmente, porque têm mais liberdade para gastar e amplas possibilidades de contratar novos funcionários para compor a burocracia local.
Julgue o próximo item, com relação ao correto emprego de porque, porquê, por que e por quê.
Em cada eleição se manifesta o desejo de permanência ou mudança. Mudar por quê? Nem todos os porquês são razoavelmente justificáveis. É preciso que cada um reflita seriamente para saber por que quer mudar, ou por que quer a continuidade de determinado grupo no poder.
Palavras consideradas difíceis, como “engalanada”,
já não atraem muitos autores de escola de
samba. A busca agora é pela comunicação direta.
Em 2011, “vai” será a palavra mais repetida nos desfiles
das 12 escolas do Grupo Especial: 19 vezes no
total. Em seguida, uma variação do mesmo verbo:
“vou”, com dez repetições. Essa também será a incidência
de “vida” e “amor” (dez vezes cada uma).
“Luz” e “mar” (nove vezes) fecham o pódio das mais
populares de 2011. Isto sem considerar as repetições
de uma mesma música, uma vez que ela não muda
durante todo o desfile das escolas.
Outrora clássicas, palavras como “relicário” e “divinal”
só aparecerão uma vez cada uma. E “engalanado”,
que já teve seus dias de estrela, ficará mesmo
de fora dos desfiles do Grupo Especial.
Para especialistas, as palavras mais usadas atualmente
são curtas, chamam o público e motivam os
componentes.
– “Vai” é a clara tentativa do compositor de empolgar
e envolver a plateia desde o concurso das escolas,
quando tem que mostrar às comissões julgadoras
que suas músicas têm capacidade de empolgar.
“Vou” está na linha de “vai”: chama, motiva. Quanto a
“vida” e “amor”, refletem o otimismo do carnaval. Nenhuma
palavra fica no campo semântico do pessimismo,
tristeza. E “mundo” deixa claro o aspecto grandioso,
assim como “céu” – disse o jornalista Marcelo
de Mello, jurado do estandarte de Ouro desde 1993.
Dudu Botelho, compositor do Salgueiro, é um
dos compositores dos sambas de 2007, 2008 e 2011.
O samba de sua escola, aliás, tem três das seis palavras
mais recorrentes: “vida”, “luz” e “mar”:
– O compositor tenta, através da letra, estimular
o componente e a comunidade a se inserir no roteiro
do enredo.
Todas as palavras mais repetidas no carnaval
estão entre as mais usadas nos sambas das últimas
campeãs dos anos 2000. “Terra” foi a mais escolhida
(11 vezes). Em seguida, apareceram “vou” e “pra”
(nove vezes); “luz”, “mar”, e “fé” (oito); “Brasil” (sete);
e “vai”, “amor”, “carnaval” e “liberdade” (seis); e “vida”
(cinco).
Para Marcelo de Mello, a repetição das mesmas
palavras indica um empobrecimento das letras:
– O visual ganhou um peso grande. A última escola
que venceu um campeonato por causa do samba
foi o Salgueiro em 1993, com o refrão “explode
coração”.
MOTTA, Cláudio. Repique das mesmas palavras.
O Globo, 09 fev. 2011. Adaptado.
A última fala do texto, de Marcelo de Mello, poderia ser introduzida por um conectivo, que preencheria a frase abaixo.
A repetição das mesmas palavras indica um empobrecimento das letras __________ o visual ganhou um peso grande.
A respeito do emprego desse conectivo, analise as afirmações a seguir.
I - O conectivo adequado seria porque, uma vez que estabelece uma relação de causa.
II - O conectivo adequado seria por que, uma vez que se reconhecem aqui duas palavras.
III - O conectivo levaria acento, porquê, já que pode ser substituído pelo termo “o motivo", ou “a razão".
Assinale a alternativa verdadeira em relação às proposições:
I - Ele é especial, sabes porquê?
II - O casamento não precisa mais ser “até que a morte nos separe”, mas “bom enquanto durou”, até porque as pessoas atualmente só se mantêm casadas por opção.
III - Abandonou a pós-graduação porque, tendo de dar aulas à noite e com um emprego de manhã, sentia-se assoberbado.
INSTRUÇÃO: As dez questões que seguem, em seu conjunto de alternativas, compõem passagens retiradas da revista Veja, edição especial de 11 de dezembro de 2011. Leia atentamente o enunciado de cada questão e escolha a alternativa que melhor responda ao que se pede.
ATENÇÃO! Para as respostas relativas a situações gramaticais modificadas pela Reforma de 2009, são válidas as regras anteriores ao decreto.
Para cada segmento do texto que compõe as alternativas da questão há uma afirmação. Está incorreta a da alternativa:
Irritado, sem saber por que1 havia sido acusado pelo prefeito da cidade de “inimigo da lei e da ordem”, o velho pároco foi procurá-lo. Devia haver um porquê2para aquela acusação... Não podia deixar de ir, porque3considerava aquela uma acusação inadmissível. Por que4mesmo estaria sendo acusado de “inimigo da lei e da ordem”? Precisava saber. Precisava urgentemente saber por quê5.
Leia as justificativas sobre os diferentes usos do “porquê” que aparecem no texto acima e julgue-as certo ou errado I – (1) Sequência de preposição mais pronome relativo, equivalente a “por qual razão.
II – (2) Usado como substantivo.
III – (3) Conjunção que inicia oração coordenativa explicativa, ou subordinada adverbial causal.
IV – (4) Sequência de preposição mais pronome interrogativo, frase interrogativa.
V – (5) Usado em final de frase ou imediatamente antes de pontuação.
Science fiction
O marciano encontrou-me na rua
e teve medo de minha impossibilidade humana.
Como pode existir, pensou consigo, um ser
que no existir põe tamanha anulação de existência?
Afastou-se o marciano, e persegui-o.
Precisava dele como de um testemunho.
Mas, recusando o colóquio, desintegrou-se
no ar constelado de problemas.
E fiquei só em mim, de mim ausente.
ANDRADE, Carlos Drummond de. Science fiction. Poesia
e prosa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1988, p. 330-331.
O elemento em destaque está grafado de acordo com a norma-padrão em:
1. Com o advento da Lei Complementar nº 135, de 4 de junho de 2010, que alterou a Lei Complementar nº 64, de 18
de maio de 1990, o país celebrou a aprovação da figura que foi denominada de “ficha limpa”, porque lutou muito para isso.
2. Não se discute - e já vem tarde, a necessidade de lei que permita o aperfeiçoamento do processo democrático,
afastando das urnas os condenados por crimes e outras irregularidades graves contra direitos fundamentais e princípios
republicanos. O povo respira aliviado. É o desejo, e não já da cidade, senão de toda a população.
3. Mas algumas reflexões se impõem para esclarecer e equacionar com serenidade e equilíbrio alguns postulados
que devem nortear o aprimoramento da sociedade, permitindo-nos legar às gerações futuras um cenário melhor, pois a
nação que briga por seus direitos progride.
Que mexer o esqueleto é bom para a saúde já virou até sabedoria popular. Agora, estudo levanta hipóteses sobre ........................ praticar atividade física..........................benefícios para a totalidade do corpo. Os resultados podem levar a novas terapias para reabilitar músculos contundidos ou mesmo para .......................... e restaurar a perda muscular que ocorre com o avanço da idade. (Ciência Hoje, março de 2012)
As lacunas do texto devem ser preenchidas, correta e respectivamente, com:
ANALISE CADA UM DOS ENUNCIADOS DAS QUESTÕES ABAIXO E ASSINALE “CERTO” - (C) OU “ERRADO” - (E)
A expressão por que deve ser usada quando a conjunção por se combina com um pronome interrogativo (Por que não te calas?) ou quando se combina com pronome relativo (Mesmo assim, ouso dizer que poucos conhecem as causas por que luto).
Assinale a alternativa que completa corretamente as lacunas do parágrafo a seguir.
O chefe perguntou-lhe ____ chegara atrasado, já antevendo a explicação de sempre:_____o trem não cumpriu o horário;_____o trânsito estava muito lento; e os engarrafamentos_____passara eram infindáveis.
Em 2010, pela primeira vez na história dos Estados
Unidos, o índice de pobreza foi maior nos subúrbios do que nas
grandes cidades em torno das quais eles gravitam.
Demógrafos, como William Frey, e urbanistas, como
Vishaan Chakrabarti e outros, hoje chegam a decretar a morte
dos subúrbios, que consideram insustentáveis do ponto de vista
econômico e pouco eficientes como modelos de planejamento
urbano. Em entrevista ao jornal Financial Times, Frey fala em
"puxar o freio" de um sistema que pautou os EUA até hoje. É
uma metáfora que faz ainda mais sentido quando se considera
a enorme dependência dos subúrbios do uso do automóvel.
Detroit é o caso mais tangível. A cidade que dependia
da indústria automobilística faliu porque os moradores mais
abastados migraram para os subúrbios a bordo de seus carros,
deixando no centro as classes mais pobres, que pouco contribuem
com impostos.
Mas é das cinzas de centros combalidos como esse
que novas cidades estão surgindo. Em Detroit, os únicos sinais
de vida estão no miolo da cidade, em ruas que podem ser frequentadas
por pedestres e que aos poucos prescindirão dos
carros, já que está em estudo a ressurreição de um sistema de
bondes.
O número de jovens que dirigem carros também está
em queda livre no país. Isso ajuda a explicar por que o bonde
urbano e grandes projetos de transporte público estão com toda
a força. Enquanto o metrô de superfície ou linhas de ônibus não
chegam a cidades desacostumadas ao transporte coletivo, as
bicicletas de aluguel ganham fôlego impressionante.
Nessa troca das quatro rodas por duas, ou mesmo pelos
pés, volta a entrar em cena o poder de atração das grandes
metrópoles, a reboque da revitalização de grandes centros urbanos
antes degradados. Há dois anos, pela primeira vez, a
população das metrópoles americanas superou o número de
residentes em seus subúrbios.
"Hoje mais pessoas vivem nas cidades do que nos subúrbios.
Estamos vendo surgir uma nova geração urbana nos
Estados Unidos", diz Vishaan Chakrabarti. "Essas pessoas dirigem
menos, moram em apartamentos mais econômicos, têm
mais mobilidade social e mais oportunidades." Nessa mesma
linha, arquitetos e urbanistas vêm escrevendo livro atrás de livro
no afã de explicar o ressurgimento da metrópole como panaceia
urbanística global.
(Adaptado de: Silas Marti. Folha de S. Paulo, Ilustríssima.
Acessado em: 28/07/2013)
Isso ajuda a explicar por que o bonde urbano e grandes projetos de transporte público estão com toda a força.
O elemento grifado acima preenche corretamente a lacuna da frase:
01 Quando eu tinha uns 8 ou 9 anos, saí de casa para 02 a escola numa manhã fria de inverno. Chegando ___ 03 portaria, meu pai interfonou, perguntando se eu estava 04 levando um agasalho. Disse que sim. Ele me perguntou 05 qual. “O moletom amarelo”, respondi. Era mentira. 06 Não estava levando agasalho nenhum, mas estava 07 com pressa, não queria me atrasar. 08 Voltei do colégio e fui ao armário procurar o tal 09 moletom. Não estava lá, nem em nenhum lugar da 10 casa, e eu imaginava _ _ _ _. Gelei. À noite, meu pai 11 chegou de cara amarrada. Ao me ver, tirou de sua 12 pasta o moletom e me disse: “Eu não me importo que 13 tu não te agasalhes. Mas, nesta casa, nesta família, 14 ninguém mente. Tá claro?”. Sim, claríssimo. Esse foi 15 apenas um episódio memorável de algo que foi o 16 leitmotiv da minha formação familiar. Meu pai era um 17 obcecado por retidão, palavra, ética, pontualidade, 18 honestidade, código de conduta, escala de valores, 19 menschkeit (firmeza de caráter, decência fundamental, 20 em iídiche) e outros termos que eram repetitiva e 21 exaustivamente martelados na minha cabeça. Deu 22 certo. Quer dizer, não sei. No Brasil atual, eu me sinto 23 deslocado. 24 Até hoje chego pontualmente aos meus compro- 25 missos e, na maioria das vezes, fico esperando por 26 interlocutores que se atrasam e nem se desculpam 27 (quinze minutos parece constituir uma “margem de 28 erro” tolerável). Até hoje acredito quando um prestador 29 de serviço promete entregar o trabalho em uma data, 30 apenas para ficar exasperado pelo seu atraso. Fico 31 revoltado sempre que pego um táxi em uma cidade 32 que não conheço e o motorista tenta me roubar. 33 Detesto os colegas de trabalho que fazem corpo mole, 34 que arranjam um jeitinho de fazer menos que o devido. 35 Isso sem falar nas quase úlceras que me surgem ao 36 ler o noticiário e saber que, entre os governantes, 37 viceja um grupo de imorais que roubam com criativi- 38 dade e desfaçatez. 39 Sócrates, via Platão, defende que o homem que 40 pratica o mal é o mais infeliz e escravizado de todos, 41 pois está em conflito interno, em desarmonia consigo 42 mesmo, perenemente acossado e paralisado por 43 medos, remorsos e apetites incontroláveis, tendo uma 44 existência desprezível, para sempre amarrado ___ 45 algo (sua própria consciência!) onisciente que o 46 condena. Com o devido respeito ao filósofo de Atenas, 47 nesse caso acredito que ele foi excessivamente 48 otimista. Hannah Arendt me parece ter chegado mais 49 perto da compreensão da perversidade humana ao 50 notar que esse desconforto interior do “pecador” 51 pressupõe um diálogo interno, de cada pessoa com a 52 sua consciência, que na verdade não ocorre com a 53 frequência desejada por Sócrates. Para aqueles que 54 cometem o mal em uma escala menor e o confrontam, 55 Arendt relembra Kant, que sabia que “o desprezo por 56 si próprio, ou melhor, o medo de ter de desprezar a si 57 próprio, muitas vezes não funcionava, e a sua explicação 58 era que o homem pode mentir para si mesmo”. Todo 59 corrupto ou sonegador tem uma explicação, uma lógica 60 para os seus atos, algo que justifique o _ _ _ _ de uma 61 determinada lei dever se aplicar a todos, sempre, mas 62 não a ele, pelo menos não naquele momento em que 63 está cometendo o seu delito. 64 Cai por terra, assim, um dos poucos consolos das 65 pessoas honestas: “Ah, mas pelo menos eu durmo 66 tranquilo”. Os escroques também! Se eles tivessem 67 dramas de consciência, se travassem um diálogo 68 verdadeiro consigo e seu travesseiro, ou não teriam 69 optado por sua “carreira” ou já teriam se suicidado. 70 Esse diálogo consigo mesmo é fruto do que Freud 71 chamou de superego: seguimos um comportamento 72 moral _ _ _ _ ele nos foi inculcado por nossos pais, e 73 renegá-lo seria correr o risco da perda do amor paterno. 74 Na minha visão, só existem, assim, dois cenários 75 em que é objetivamente melhor ser ético do que não. 76 O primeiro é se você é uma pessoa religiosa e acredita 77 que os pecados deste mundo serão punidos no próximo. 78 Não é o meu caso. O segundo é se você vive em uma 79 sociedade ética em que os desvios de comportamento 80 são punidos pela coletividade, quer na forma de sanções 81 penais, quer na forma de ostracismo social. O que 82 não é o caso do Brasil. Não se sabe se De Gaulle disse 83 ou não a frase, mas ela é verdadeira: o Brasil não é 84 um país sério. 85 Assim é que, criando filhos brasileiros morando no 86 Brasil, estou ___ voltas com um deprimente dilema: 87 acredito que o papel de um pai é preparar o seu filho 88 para a vida. Esta é a nossa responsabilidade: dar a 89 nossos filhos os instrumentos para que naveguem, 90 com segurança e destreza, pelas dificuldades do mundo 91 real. E acredito que a ética e a honestidade são valores 92 axiomáticos. Eis aí o dilema: será que o melhor que 93 poderia fazer para preparar meus filhos para viver no 94 Brasil seria não os aprisionar na cela da consciência, 95 do diálogo consigo mesmos, da preocupação com a 96 integridade? Tenho certeza de que nunca chegaria a 97 ponto de incentivá-los a serem escroques, mas poderia, 98 como pai, simplesmente ser mais omisso quanto a essas 99 questões. Tolerar algumas mentiras, não me importar 100 com atrasos, não insistir para que não colem na escola, 101 não instruir para que devolvam o troco recebido a 102 mais... 103 O fato de pensar ___ respeito do assunto e de viver 104 em um país em que existe um dilema entre o ensino 105 da ética e o bom exercício da paternidade já é causa 106 para tristeza. Em última análise, decidi dar a meus 107 filhos a mesma educação que recebi de meu pai. Não 108 porque ache que eles serão mais felizes assim – pelo 109 contrário –, nem porque acredite que, no fim, o bem 110 compensa. Mas _ _ _ _, em primeiro lugar, não conse- 111 guiria conviver comigo mesmo – e com a memória de 112 meu pai – se criasse meus filhos para serem pessoas 113 do tipo que ele me ensinou a desprezar. Além disso, 114 porque acredito que sociedades e culturas mudam. 115 Muitos dos países hoje desenvolvidos e honestos eram 116 antros de corrupção e sordidez 100 anos atrás. Um 117 dia o Brasil há de seguir o mesmo caminho, e aí a 118 retidão que espero inculcar em meus filhos há de ser 119 uma vantagem (não um fardo). Oxalá.
Adaptado de: Devo educar meus filhos para serem éticos? http://veja.abril.com.br/noticia/educacao/gustavo-ioschpe-devo-educar-meus-filhos-para-serem-eticos Acessado em 21/10/2013.
Assinale a alternativa que preenche, correta e respectivamente, as lacunas das linhas 10, 60, 72 e 110.
Em nossa cultura, ...... experiências ...... passamos soma-se ...... dor, considerada como um elemento formador do caráter, contexto ...... pathos pode converter-se em éthos.
Preenchem corretamente as lacunas da frase acima, na ordem dada:
Leia abaixo o excerto de um conto do famoso escritor argentino Julio Cortázar.
Continuidade dos parques
Primeiro entrava a mulher, receosa; agora chegava o amante, a cara ferida pela chicotada de um galho. Admiravelmente ela estancava o sangue com seus beijos, mas ele recusava as carícias, não havia vindo para repetir as cerimônias de uma paixão secreta, protegida por um mundo de folhas secas e caminhos furtivos. O punhal ficava momo contra seu peito, e debaixo pulsava a liberdade escondida. Um diálogo ardente corria pelas páginas como um riacho de serpentes, e sentia-se que tudo estava decidido desde sempre. Até essas carícias que envolviam o corpo do amante, como querendo retê-lo e dissuadi-lo, desenhavam abominavelmente a figura de outro corpo que era necessário destruir. Nada havia sido esquecido: desculpas, azares, possíveis erros. A partir dessa hora cada instante tinha seu emprego minuciosamente atribuído. O impiedoso duplo reexame se interrompia apenas para que uma mão acariciasse uma face. Começava a anoitecer.
Assinale a alternativa que completa, correta e respectivamente, as lacunas.
A moça foi embora ____ já estava esperando____ muito tempo?
Assinale a opção que completa corretamente as duas lacunas de conectivos no texto.
Constantemente você precisa provar e comprovar que é quem diz ser. ____(1)____ pareça, essa não é uma questão filosófica. A tarefa é prática e corriqueira :RG,CIC, habilitação, cartões de crédito e crachás corporativos, que engordam a carteira de todo cidadão, são requisitos para identificar uma pessoa no mundo físico. No ambiente virtual, combinações de usuário e senha funcionam para dar acesso a e-mail, celular, sistemas corporativos, redes sociais e cadastros em lojas on-line. É _____(2)_____ lidamos com tantas combinações desse tipo que já se fala de uma nova categoria de estresse: a“fadiga de senhas".
As doenças endêmicas nos fazem lembrar um pouco da moda: algumas aparecem e desaparecem com igual rapidez, mas outras vêm para ficar. A moda, entretanto, quando pega, vai conquistando mais e mais pessoas espalhadas por todos os cantos. Já as doenças endêmicas restringem-se a uma região e afetam um número mais ou menos constante de pessoas. E, assim como a moda, seguem as estações do ano: algumas doenças endêmicas associam-se às condições climáticas. A gripe é um bom exemplo desse fenômeno: quando chega o inverno, cerca de ¼ dos habitantes da região Sudeste do país fica gripada [...] Acontece que, durante o inverno, condições ambientais favorecem os vírus e o equilíbrio que vínhamos mantendo com eles é rompido. Daí caímos doentes. Resiste melhor à gripe quem tem melhor alimentação, melhores condições de habitação, de higiene, menos propensão ao estresse etc. Quando o equilíbrio entre parasita e hospedeiro é comprometido, as doenças endêmicas fogem de controle e transformam-se em epidemias.
Moacyr Scliar (et al.) Saúde pública: histórias, políticas e revolta. São Paulo: Scipione, 2002, p.89.
A frase em que o porquê está grafado INCORRETAMENTE é:
Os itens apresentam fragmentos adaptados de textos diversos. Julgue-os no que se refere à correção gramatical e ortográfica.
“Parece que sim, porque as descobertas científicas, os eventos que isso suscita e as opiniões sobre eles, em um mundo também potencialmente globalizado em seus aspectos econômicos, políticos e midiáticos, interessam às pessoas, que dele receberão efeitos.” No período acima a substituição do ponto final por ponto de interrogação manteria a coerência do texto, mas, nesse caso, de acordo com a gramática normativa, o vocábulo “porque” deveria ser grafado por que.
TEXTO - A JUSTIÇA José Pacheco, Dicionário de valores
Bento XVI diz que os cristãos não deverão respeitar leis injustas. Mas, num país que conta mais de um milhão de leis, a única lei que se cumpre sem exceção parece ser a da gravidade... Pois que se aja e se assuma resiliência, porque ainda há gente que se importa. Numa época de injustiças como a nossa, façamos a nossa parte, façamos luz sobre os males de que o mundo padece, para que sejam abertos rasgões de luz na cortina de escuridão que sobre ele caiu, e sob a qual prosperam ladrões e tiranos. Urge debelar o medo, esse disfarce usado quando se faz o que sempre se fez, como se nada de indigno tivesse acontecido.
Diz-nos o dicionário que valor (do latim valore) é qualidade de quem pratica atos extraordinários e, eticamente, um princípio passível de orientar a ação humana. Se assim for, convirá seguir o preceito do Dalai Lama: “Precisamos ensinar, do jardim de infância até a Faculdade, que a moralidade é o caminho da felicidade. O sistema educacional moderno presta somente atenção ao desenvolvimento do cérebro e não o desenvolvimento moral”. Porque, se a escola não é o primeiro lugar para se educar o indivíduo, também não deverá ser o primeiro lugar para deseducá-lo; mas um lugar e tempo de aprendizagem de valores. Quando, no quadro de uma reorganização curricular, instituiu-se “uma hora semanal de Educação para a cidadania”, eu questionei os autores da proposta: por que razão não deveriam ser as restantes horas de “Educação na cidadania”? Quem nunca viu uma criança furando a fila de merenda? Quem nunca viu a família dessa criança jogando lixo na rua e entupindo os bueiros? Até que ponto a escola pode promover uma inútil acumulação cognitiva e se demitir da função de educar?
Clamemos por justiça, onde quer que os nossos atos possam promovê-la, atenuando a crise da sua ausência. Leonardo Boff nos diz que a crise que nos afeta não é uma crise cíclica e que uma nova ordem mundial é necessária, um novo modo de habitar a Terra. E Alain Touraine lança um alerta: “ou a crise acelera a formação de uma nova sociedade, ou virá um tsunami que poderá arrasar tudo pela frente, pondo em perigo mortal a nossa própria existência no planeta”
“Pois que se aja e se assuma resiliência, porque ainda há gente que se importa”; “eu questionei os autores da proposta: por que razão não deveriam ser as restantes horas de ‘Educação na cidadania?’”
Observamos aqui que a grafia do vocábulo negritado é variável segundo as condições contextuais; a alternativa em que a forma desse mesmo vocábulo está INCORRETA é:
Teresa Amabile, professora da Harvard Business School, investiga _________décadas temas como criatividade individual, produtividade e inovação. Seus estudos focam as características dos profissionais talentosos e as condições ambientais necessárias para a criatividade se desenvolver. Organizações com estruturas____________________,culturas organizacionais_________________, chefes centralizadores e ambientes nos quais os profissionais lutam entre si minam o trabalho criativo. Até aqui, nenhuma novidade! A dificuldade é entender___________tantas empresas insistem em extrair criatividade e inovações de funcionários sufocados por modelos organizacionais rígidos e por chefes obcecados pelo controle.
(Thomaz Wood Jr., A criatividade sitiada. www.cartacapital.com.br, 24.04.2013. Adaptado)
Em conformidade com a norma-padrão da língua portuguesa, as lacunas do texto devem ser preenchidas, correta e respectivamente, com:
Para responder às questões de números 22 e 23, leia o texto.
De acordo com o relatório de 2005 da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), 17% dos habitantes dos países em desenvolvimento sofrem de ________nutrição. Os números são preocupantes ________ a baixa no número da população atingida, cerca de 3% entre 1992 e 2002, foi anulada pelo aumento natural da população. A redução da média de vítimas de fome para 2005 ainda é um objetivo ilusório. No Brasil, os famintos somam 14 milhões.
(Galileu, julho de 2006)
Os espaços do texto devem ser preenchidos, respectivamente, com
Este artigo não é sobre a pornografia no mundo virtual nem tampouco sobre os riscos de as redes sociais empobrecerem o relacionamento humano. Trata de um dos aspectos mais festejados da internet: o empowerment (“empoderamento”, fortalecimento) do cidadão proporcionado pela grande rede. É a primeira vez na História em que todos, ou quase todos, podem exercer a sua liberdade de expressão, escrevendo o que quiserem na internet. De forma instantânea, o que cada um publica está virtualmente acessível aos cinco continentes. Tal fato, inimaginável décadas atrás, vem modificando as relações sociais e políticas: diversos governos caíram em virtude da mobilização virtual, notícias antes censuradas são agora publicadas na rede, etc. Há um novo cenário democrático mais aberto, mais participativo, mais livre. E o que pode haver de negativo nisso tudo? A facilidade de conexão com outras pessoas tem provocado um novo fenômeno social. Com a internet, não é mais necessário conviver (e conversar) com pessoas que pensam de forma diferente. Com enorme facilidade, posso encontrar indivíduos “iguais” a mim, por mais minoritária que seja a minha posição. O risco está em que é muito fácil aderir ao seu clube” e, por comodidade, quase sem perceber, ir se encerrando nele. Não é infrequente que dentro dos guetos, físicos ou virtuais, ocorra um processo que desemboca no fanatismo e no extremismo. Em razão da ausência de diálogo entre posições diversas, o ativismo na internet nem sempre tem enriquecido o debate público. O empowerment digital é frequentemente utilizado apenas como um instrumento de pressão, o que é legítimo democraticamente, mas, não raras vezes, cruza a linha, para se configurar como intimidação, o que já não é tão legítimo assim... A internet, como espaço de liberdade, não garante por si só a criação de consensos nem o estabelecimento de uma base comum para o debate. Evidencia-se, aqui, um ponto importante. A internet não substitui a imprensa. Pelo contrário, esse fenômeno dos novos guetos põe em destaque o papel da imprensa no jogo democrático. Ao selecionar o que se publica, ela acaba sendo um importante moderador do debate público. Aquilo que muitos poderiam ver como uma limitação é o que torna possível o diálogo, ao criar um espaço de discussão num contexto de civilidade democrática, no qual o outro lado também é ouvido. A racionalidade não dialogada é estreita, já que todos nós temos muitos condicionantes, que configuram o nosso modo de ver o mundo. Sozinhos, nunca somos totalmente isentos, temos sempre um determinado viés. Numa época de incertezas sobre o futuro da mídia, aí está um dos grandes diferenciais de um jornal em relação ao que simplesmente é publicado na rede. Imprensa e internet não são mundos paralelos: comunicam-se mutuamente, o que é benéfico a todos. No entanto, seria um empobrecimento democrático para um país se a primeira página de um jornal fosse simplesmente o reflexo da audiência virtual da noite anterior. Nunca foi tão necessária uma ponderação serena e coletiva do que será manchete no dia seguinte. O perigo da internet não está propriamente nela. O risco é considerarmos que, pelo seu sucesso, todos os outros âmbitos devam seguir a sua mesma lógica, predominantemente quantitativa. O mundo contemporâneo, cada vez mais intensamente marcado pelo virtual, necessita também de outros olhares, de outras cores. A internet, mesmo sendo plural, não tem por que se tornar um monopólio.
(CAVALCANTI, N. da Rocha. Jornal “O Estado de S. Paulo”, 12/05/14, com adaptações.)
“A internet, mesmo sendo plural, não tem POR QUE se tornar um monopólio.” (§ 10)
Na frase acima, o termo em destaque está corretamente grafado, com os elementos separados. Considerando-se que, de acordo com o contexto, o referido termo pode apresentar diferentes formas de grafia, pode-se afirmar que, das frases abaixo, a única correta é:
Analise o enunciado da Questão abaixo e assinale se ele é Certo ou Errado.
Nas frases a seguir, todos os porquês estão corretamente empregados.
a) O uso do advérbio “sim”, neste contexto, reflete o nível coloquial da língua, pouco compatível com o registro formal, razão por que foi substituído pela expressão enfática “de fato”.
b) Apesar de a explicação dada nos parecer consistente, todos sabem por que ele recusou a proposta do empreiteiro.
c) Antes de este colegiado tomar a decisão sobre a melhor redação do texto, precisamos saber por que até o presente momento a certidão negativa de débito ainda não foi anexada aos autos.
d) Comunico que vou me retirar da sala se alguém insistir em perguntar por quê.
Analise o enunciado da Questão abaixo e assinale se ele é Certo ou Errado.
A forma porque, junto e sem acento, equivale a porquanto, por causa de/que, pois, uma vez que. Essa forma representa, em geral, uma conjunção coordenativa explicativa depois de oração com verbo no imperativo, como no exemplo “A”, ou uma conjunção subordinativa causal, como no exemplo “B”.
Exemplo A:
Sugiro que faças atividades físicas na academia, porque assim você exercita o corpo e retarda as doenças da velhice.
Exemplo B:
Depois disso, num certo momento, ele disse que estava preocupado porque faz um trabalho voluntário com crianças carentes.
Analise o emprego dos porquês nas frases a seguir e assinale a alternativa que inclui todas as frases corretas.
I - Não interessa aqui saber por que meu amigo discordou da proposta, II - Cheguei cedo porque há poucos ingressos ainda disponíveis. III - Sei que o chefe anda muito intrigado, mas não sei dizer porquê. IV - O cliente explicou por que não concordou com a solução encontrada? V - O por quê de não estar conversando é por que quero estar concentrada.
Este artigo não é sobre a pornografia no mundo virtual nem tampouco sobre os riscos de as redes sociais empobrecerem o relacionamento humano. Trata de um dos aspectos mais festejados da internet: o empowerment (“em poderamento”, fortalecimento) do cidadão proporcionado pela grande rede.
É a primeira vez na História em que todos, ou quase todos, podem exercer a sua liberdade de expressão, escrevendo o que quiserem na internet. De forma instantânea, o que cada um publica está virtualmente acessível aos cinco continentes. Tal fato, inimaginável décadas atrás, vem modificando as relações sociais e políticas: diversos governos caíram em virtude da mobilização virtual, notícias antes censuradas são agora publicadas na rede, etc. Há um novo cenário democrático mais aberto, mais participativo,mais livre.
o que pode haver de negativo nisso tudo? A facilidade de conexão com outras pessoas tem provocado umnovo fenômeno social. Coma internet, não é mais necessário conviver (e conversar) com pessoas que pensam de forma diferente. Com enorme facilidade, posso encontrar indivíduos “iguais” a mim, por mais minoritária que seja a minha posição.
O risco está emque émuito fácil aderir ao seu “clube” e, por comodidade, quase sem perceber, ir se encerrando nele. Não é infrequente que dentro dos guetos, físicos ou virtuais, ocorra um processo que desemboca no fanatismo e no extremismo.
Em razão da ausência de diálogo entre posições diversas, o ativismo na internet nemsempre tem enriquecido o debate público. O em powerment digital é frequentemente utilizado apenas como um instrumento de pressão, o que é legítimo democraticamente, mas, não raras vezes, cruza a linha, para se configurar como intimidação, o que já não é tão legítimo assim...
A internet, como espaço de liberdade, não garante por si só a criação de consensos nem o estabelecimento de uma base comumpara o debate.
Evidencia-se, aqui, um ponto importante. A internet não substitui a imprensa. Pelo contrário, esse fenômeno dos novos guetos põe em destaque o papel da imprensa no jogo democrático. Ao selecionar o que se publica, ela acaba sendo um importante moderador do debate público. Aquilo que muitos poderiam ver como uma limitação é o que torna possível o diálogo, ao criar um espaço de discussão num contexto de civilidade democrática, no qual o outro lado tambémé ouvido.
A racionalidade não dialogada é estreita, já que todos nós temos muitos condicionantes, que configuram o nosso modo de ver o mundo. Sozinhos, nunca somos totalmente isentos, temos sempre um determinado viés. Numa época de incertezas sobre o futuro da mídia, aí está um dos grandes diferenciais de um jornal em relação ao que simplesmente é publicado na rede.
Imprensa e internet não são mundos paralelos: comunicam-se mutuamente, o que é benéfico a todos. No entanto, ser ia um empobrecimento democrático para um país se a primeira página de um jornal fosse simplesmente o reflexo da audiência virtual da noite anterior. Nunca foi tão necessária uma ponderação serena e coletiva do que serámanchete no dia seguinte.
O perigo da internet não está propriamente nela. O risco é considerarmos que, pelo seu sucesso, todos os outros âmbitos devam seguir a sua mesma lógica, predominantemente quantitativa. O mundo contemporâneo, cada vez mais intensamente marcado pelo virtual, necessita também de outros olhares, de outras cores. A internet, mesmo sendo plural, não tempor que se tornar um monopólio.
(CAVALCANTI, N. da Rocha. Jornal “O Estado de S. Paulo”, 12/05/14, com adaptações.)
“A internet, mesmo sendo plural, não tem POR QUE se tornar um monopólio.” (§ 10).
Na frase acima, o termo em destaque está corretamente grafado, com os elementos separados. Considerando-se que, de acordo com o contexto, o referido termo pode apresentar diferentes formas de grafia, pode-se afirmar que, das frases abaixo, a única correta é:
Quanto ao sentido que queremos dar ao que dizemos/escrevemos, precisamos empregar adequadamente os porquês. Pensando nisso, assinale a única alternativa INCORRETA:
I) nas orações interrogativas diretas e indiretas se usa "por que", separado e sem acento, como no exemplo: “Por que você demorou tanto? Quero saber por que meu dinheiro está valendo menos". II) Usa-se "por quê", separado e com acento, quando a expressão vier no final da frase ou sozinha, a exemplo de: "Ria, sem saber por quê? Brigou de novo. Por quê?". III) Usa-se "porque" quando a expressão for equivalente a pois, uma vez que, para que, como no exemplo: "não responda, porque ele está com a razão". IV) Quando a expressão for substantiva, situação em que o termo é sinônimo de motivo ou razão, usa-se "porquê", como no exemplo: "o diretor se negou a explicar o porquê de sua decisão".
De acordo com as opções acima, qual assertiva está CORRETA:
Todo mundo um dia cai do cavalo, alguns literalmente inclusive. Cair do cavalo é perder o equilíbrio e o movimento ao mesmo tempo. É bater com toda a força no chão e em seguida ficar prostrado, incapaz de planejar o próximo movimento. Cair do cavalo dói não apenas pelo impacto em si, mas porque nos arranca do conforto da rotina. Paranoicos, hipocondríacos, precavidos, todo mundo cai do cavalo do mesmo jeito, ou seja, sem aviso prévio. E ninguém consegue evitar a perplexidade e a indignação ao verificar, na própria pele, um dos fatos mais banais da existência: coisas dão errado.
Se as tijoladas do destino são mais a regra do que a exceção, deveríamos estar mais preparados para lidar com doenças, separações, mortes, problemas de dinheiro, frustrações em geral – mas o fato é que nunca estamos. Somos comovedoramente ingênuos e distraídos, pelo menos até o primeiro grande tombo.
De volta à terra firme, quando já não há dúvida de que, enfim, sobrevivemos, cada pessoa elabora o sofrimento da forma que pode e sabe. Alguns naufragam na autopiedade, outros veem suas forças exauridas pelo próprio esforço de enfrentar a tormenta. Muitos sentem a necessidade de extrair sentido do sofrimento, atribuindo algum propósito à experiência e propondo a si mesmos uma espécie de jogo do (des)contente: sofri, mas aprendi. (Foi o caso, por exemplo, de Reynaldo Gianecchini, que em todas as entrevistas depois do fim do tratamento do câncer fez questão de falar sobre o lado transcendente da doença.) Há aqueles, porém, em que o sofrimento apenas acentua traços de personalidade que já existiam: o egoísta torna-se intratável, o tímido recolhe-se ainda mais, o extrovertido abusa da grandiloquência. (Lula, na primeira grande entrevista depois do fim do tratamento, falou da doença com a mesma ênfase barroca que usa para florear todos os assuntos, da economia internacional às derrotas do Corinthians: “Se eu perdesse a voz, estaria morto” ou “Estava recebendo uma Hiroshima dentro de mim”.)
O ensaísta francês Michel de Montaigne (1533-1592) também caiu do cavalo – concreta e metaforicamente – e essa experiência foi determinante para tudo o que ele viria a produzir depois. A tese é apresentada na deliciosa biografia do filósofo lançada há pouco no Brasil: Como Viver – Uma biografia em uma pergunta e vinte tentativas de respostas, da escritora inglesa Sarah Bakewell. O acidente quase fatal, sustenta a autora, ajudou Montaigne a desencanar das preocupações com o futuro e prestar mais atenção no presente e nele mesmo. Seus magníficos Ensaios, escritos nos 20 anos seguintes ao acidente, nada mais são do que a tentativa de ficar alerta às próprias sensações e experiências e buscar a paz de espírito – o “como viver” do título.
Para Montaigne, a vida é aquilo que acontece quando estamos fazendo outros planos, e nossa atenção tem que estar o tempo todo sendo reorientada para onde ela deveria estar: aqui e agora. Cair do cavalo pode ser inevitável, mas prestar atenção na paisagem é o que faz o passeio valer a pena.
LAITANO, Claudia. In: Zero Hora, Porto Alegre,
7 de abril de 2012, p. 2.
Todas as pessoas caem do cavalo___________ isso faz parte de viver. Mas ____________ temos que cair do cavalo? Dizem que _________________ com isso nós aprendemos a viver.
O texto a seguir é uma das muitas piadas que circulam pela Internet. Leia-o para responder a questão.
A filha entra no escritório do pai, com o marido a tiracolo, e indaga sem rodeios: — Papai, ______ você não coloca meu marido no lugar do seu sócio que acaba de falecer? E o pai responde de pronto: — Olhe, filha, ______ com o pessoal da funerária! Por mim, tudo bem...
Considerando-se a ortografia e a flexão verbal, os espaços devem ser preenchidos, respectivamente, com
Não há quem não tenha seus dias de lua cheia! Tudo correndo bem, saúde boa, família em paz, todos se entendendo e se amando. Se não há dinheiro sobrando, não há dinheiro faltando...
Também não há quem não tenha seus dias de lua minguante... A saúde meio emperrada; incompreensões e aborrecimentos em casa, no trabalho, entre amigos; desilusões, cansaço de viver...
Mas volta a lua crescente... Volta a esperança. Tudo continua, mais ou menos, na mesma. Talvez até pior. Mas, por dentro, há mais coragem, mais força!...
E o que nos vale é que variam, de pessoa para pessoa, os dias de fossa, os dias de esperança, os dias de alegria plena... Por que, então, não termos paciência uns com os outros e não nos ajudarmos mutuamente? Mas, em geral quem anda em lua minguante tem até raiva de quem anda em lua cheia. Parece um roubo. Acontece, também, que quem anda em lua cheia, em geral, não tem olhos, nem tempo, nem paciência para fcar ouvindo lamúrias da lua minguante...
Ah! Se conseguíssemos o ideal de manter permanentemente em nós o espírito da lua crescente, o espírito da esperança!
Há quem, em plena fase da lua cheia, ande triste. Há pessoas que, em lugar de aproveitar a felicidade que têm na mão, tornam-se incapazes de aproveitá-la, porque ficam o tempo todo pensando que a felicidade é passageira, vai acabar, já está acabando...
Em plena lua cheia, quando o desânimo chega, vamos expulsá-lo, pensando: É verdade. Nem sempre será lua cheia. Virá a lua minguante. Mas de minguante passará a crescente e, de novo a cheia.
Quando nos convenceremos de que é ingratidão deixar que a esperança se apague dentro de nós?!... Guardem o título de um livro de poemas, que vale como um programa de vida: FAZ ESCURO, MAS EU CANTO! Sim. No meio da maior escuridão, em pleno voo cego, sem enxergar um palmo diante dos olhos. Mesmo aí, mesmo assim, temos que manter viva a esperança. FAZ ESCURO, MAS EU CANTO!
Disponível em: < http://escritabrasil.blogspot.com.br/2007/11/texto-do-arcebispo-helder-cmara.html > Acesso em 17 julho de 2014.
Complete as frases a seguir usando porque, porquê, por que ou por quê.
____________ a felicidade é passageira? A lua não apareceu ontem ____________? A lua não apareceu ontem ____________ estava nublado. Ninguém sabe o ____________ de a felicidade ser passageira.
"Para que te servem essas mãos que ardem e prendem? Para ficarmos de mãos dadas, pois preciso tanto, tanto, tanto – uivaram os lobos, e olharam intimidados as próprias garras antes de se aconchegarem um no outro para amar e dormir." LISPECTOR, C. Os desastres de Sofia. In "Felicidade Clandestina" Rio de Janeiro: Rocco, 1998.
O termo destacado no fragmento do texto poderá ser substituido, sem que haja prejuízo de sentido, por
Era uma vez uma agulha, que disse a um novelo de linha: – (1) __________ está você com esse ar, toda cheia de si, toda enrolada, para fingir que vale alguma coisa neste mundo? – Deixe-me, senhora. – Que a deixe? Que a deixe, (2) __________ ? (3) __________ lhe digo que está com um ar insuportável? Repito que sim, e falarei sempre que me der na cabeça. – Que cabeça, senhora? A senhora não é alfinete, é agulha. Agulha não tem cabeça. Que lhe importa o meu ar? Cada qual tem o ar que Deus lhe deu. Importe-se com a sua vida e deixe a dos outros. – Mas você é orgulhosa. – Decerto que sou. [...]
qual a alternativa preenche corretamente as lacunas do texto?
"Vivemos hoje um terrorismo nutricional. As pessoas não sabem mais o que comer", diz Sophie Deram
Emagrecer sem dieta, sem cortar grupos alimentares e "celebrando a comida sem medo e sem culpa". Parece sonho, mas é o que defende a nutricionista. Para Sophie Deram, dietas só engordam a longo prazo
Sophie Deram não é uma nutricionista convencional. Para começar, ela é contra dietas. Para essa francesa e brasileira, doutora em Endocrinologia pela Faculdade de Medicina da USP, dietas restritivas só estressam o corpo e fazem o cérebro alterar o metabolismo e o apetite, fazendo você engordar ainda mais a longo prazo. Especialista em obesidade infantil e transtornos alimentares, Sophie, que também é chefe de cozinha, estuda neurociência e nutrigenômica - a ciência que mostra como os alimentos "conversam" com nossos genes. Ela defende uma forma libertadora de lidar com a comida: o "comer consciente", que permite ter saúde e peso estável tendo prazer à mesa e comendo de tudo - até mesmo doces e fast food!
A senhora é uma nutricionista contra dietas? Eu sou muito contra dieta (risos). E quanto mais eu estudo, mais fico contra. Uma das coisas que mais assusta e estressa o cérebro é fazer uma dieta muito restritiva. O cérebro a percebe como um grande perigo e vai desenvolver mecanismos de adaptação. Ele vai aumentar o seu apetite, diminuir seu metabolismo e deixar você mais obcecado por alimento. [...]
Então, qual a solução? Primeiro, não enxergar o peso como a causa do problema, para não trabalhar só sobre a conseqüência. É preciso entender porque você engordou. Pode ser emocional, por fazer dieta, por comer de maneira não muito saudável, pode ser um medicamento que você está tomando ou uma fase de vida - a menopausa e pré-menopausa, por exemplo, são momentos muito sensíveis para a mulher.
O que é o "terrorismo nutricional" que a senhora afirma que vivemos? Hoje estamos focando no alimento de um jeito muito simplificado: ou o alimento é bom ou é ruim. Esse engorda e aquele emagrece. Não existe isso. Nenhum alimento por si só vai fazer engordar ou emagrecer. Quando você só foca nas calorias e nos alimentos, você esquece de escutar o seu corpo. Você não responde mais à fome ou à saciedade. Você só responde com terrorismo ao que você está comendo. Comer vira uma coisa estressante. E uma culpa.
[...]
Hoje, muita gente se diz viciada em doces e fast food. Como elas podem comer de forma mais saudável? Primeiro, se conscientizar de que esse vício é real. Esses alimentos focam no nosso cérebro e podem viciar mesmo. Mas é possível mudar. Não fazendo dieta restritiva. O que eu aconselho é incluir, cada vez mais, alimentos verdadeiros. Eu nunca retiro alimentos de ninguém porque isso é muito frustrante. O que trabalho é uma atitude positiva. Pode comer de tudo, mas inclua mais legumes, mais arroz, mais feijão. Tome mais água, evite o excesso de bebidas doces, tanto refrigerantes quanto sucos. E aí a pessoa, sozinha, consegue se livrar desse vício. Tenho pacientes adolescentes que saíram da obesidade sem deixar de ir ao Mc Donald's com os amigos. Isso faz parte da vida do adolescente. É um erro tirar isso dele. Mas quando você inclui os alimentos verdadeiros, automaticamente, você vai comer menos dos outros. (http://gazetaonline.globo.com/)
Veja:
"E preciso entender porque você engordou.''
Sobre o uso da palavra "porque", no trecho acima, assinale a afirmação correta.
Nos anos 70, Bob Marley quis convencer o mundo de que a maconha era boa. E 40 anos depois, a Jamaica, ilha que o viu nascer e da qual é o máximo ícone, caminha em direção à _________________ da erva, ao permitir sua posse e consumo em pequenas quantidades. Após anos de intenso debate, possuir e consumir maconha na Jamaica não será mais crime em quantidades inferiores a duas onças (56,7 gramas) a partir de setembro de 2014, quando se espera que o Parlamento Nacional dê sinal verde ao Projeto de Lei aprovado pelo Conselho de Ministros em junho desse ano. “É uma planta. É boa para tudo. _________ as pessoas do governo que se fazem passar por gente boa nos dizem que não devemos fumar erva?”, disse na década de 70 o “rei do reggae”, como consta no documentário “Bob Marley: Rebel Music” (PBS, 2000). http://g1.globo.com/mundo/... - adaptado
Assinalar a alternativa que preenche as lacunas do texto CORRETAMENTE:
Você sabe com quem está falando? Tem certeza? Então veja:
Em Manaus, um livreiro soube que eu estava na cidade e fez questão de que eu fosse conhecer a casa. Com mil rapapés,rebocou-me até o fundo da livraria, onde me esperava um enfarpelado* grupo de senhores e senhoras, e, solenizado, apresentou: “Temos a honra de acolher entre nós o grande Nelson Werneck Sodré!". Agradeci a homenagem, a rigor póstuma, pois fazia anos que o crítico e historiador marxista - remoto parente com quem jamais troquei palavra - estava morto. Instalou-se na roda um suarento, viscoso, amazônico mal-estar, que me esforcei por desfazer com umas graçolas desenxabidas e a informação de que, embora não chegasse aos pés do primo Nelson (ou aos coturnos, já que ele foi também general), eu tinha lá os meus livrinhos. O anfitrião, que não via como me ressarcir daquele mico, apanhou a deixa: correu ao computador e, num alegrão desproporcional ao achado, anunciou que tinha livros meus. Foi também como compensação, ninguém duvidaria, que os circunstantes arremataram todos os exemplares. Graças ao finado homem de letras & armas, esgotei em Manaus.
* enfarpelado = muito bem vestido; emperiquitado.
(WERNECK, Humberto. Esse inferno vai acabar. Porto Alegre. Arquipélago, 2011, p. 131)
Estão inteiramente corretos o emprego e a grafia de todas as palavras em:
O amor romântico não vive só nas telas de cinema. A publicidade também prega o resgate do romantismo. A atmosfera da ________ com vinho, namorados se beijando na chuva e até mesmo a paquera por telefone ditam o comportamento neo-romântico e ajudam a vender produtos. De acordo com o diretor de marketing da agência de propagando DPZ, a publicidade ________ o conceito de romantismo ___ modernidade. Para que uma idéia seja aceita pelo público, é necessário que a situação seja pertinente ao seu estilo de vida. Machado explica que, se a mídia ignorar esse aspecto, vai facilmente despencar para o brega. “Impossível conceber, por exemplo, um comercial onde duas pessoas, de poder aquisitivo alto e residentes em uma metrópole, ficam em casa escrevendo cartas de amor." Na sua opinião, a dose exata de romantismo é aquela que melhor corresponde à modernidade: de forma objetiva, sem cenários idealizados.
(Karin Dauch - O Estado de São Paulo)
Assinalar a alternativa em que o porquê foi usado INCORRETAMENTE:
O ICQ, programa de mensagens instantâneas que foi o mais popular do País no fim dos anos 90, está se reinventando para entrar na briga dos aplicativos de mensagem para smartphones. Com novo design, o ICQ quer usar seu velho charme para disputar espaço com WhatsApp, Viber, KakaoTalk, Line e WeChat, os líderes atuais de mercado. Para isso, o grupo Mail.Ru, responsável pelo ICQ, divulgou ontem o lançamento de uma série de novos recursos tanto para a versão na web quanto para seu aplicativo para dispositivos móveis, que equiparam o ICQ aos sistemas mais usados. Além de permitir o acesso ao app a partir do número de telefone, sem a necessidade de cadastro para obter um código de acesso, o app do ICQ agora suporta o envio de vídeos e conversas em grupo, recurso que ajudou a popularizar o rival Whats App Também é possível realizar chamadas de voz gratuitas e compartilhar arquivos ou a localização. O usuário também poderá enviar mensagens a quem não usa o aplicativo, via SMS, gratuitamente. Já na nova versão para desktop será possível fazer chamadas de vídeo e ligações para telefones fixos ou celulares comprando créditos do ICQ, como nos sistemas Skype e Viber. No País, o curso da ligação por minuto varia de 0,03 euro a 0,09 euro. O novo aplicativo para dispositivos móveis do ICQ tem versões para os sistemas iOS (iPhone, iPad e iPod), Android, Windows Mobile e para aparelhos Blackberry. O ICQ é uma sigla que se refere à expressão americana "I Seek You" ("Eu procuro você") e foi criado em 1996 pela startup israelense Mirabilis. Em 1998, no auge do seu sucesso, o ICQ foi comprado pela America Online (AOL) por US$ 400 milhões, mas caiu em desuso no Brasil no início dos anos 2000, quando perdeu espaço para o MSN Messenger, da Microsoft – descontinuado no ano passado e integrado ao Skype. A empresa russa Mail.Ru – que na época se chamava Digital Sky Technologies Limited – comprou o ICQ por US$ 187 milhões em 2010. Após a aquisição, o programa de mensagens ganhou nova versão para dispositivos móveis, que chegou ao Brasil em 2012. Na época, a empresa apostou na integração com Twitter, Facebook, YouTube e Flickr. Segundo a consultoria Flurry Analytics, o uso de apps de mensagens cresceu 203% no ano passado e triplica a cada ano. Esse crescimento já teve impacto no lucro das operadoras, que perderam renda com o SMS. Disponível em: http://www.odiario.com/economia/noticia
Assinale a alternativa que completa CORRETAMENTE a lacuna desta frase: “O Line é um aplicativo de bate- papo que pode ser considerado como um concorrente direto do WhatsApp, isso _______________ sua principal função é justamente trocar mensagens via internet, mas, fazendo uso do número de celular dos usuários para identificá-los" (Disponível em: http://windowsphonebrasil.com.br).
Complete as frases a seguir, usando CORRETAMENTE as formas por que, por quê, porque e porquê.
I. A inflação só está na casa dos 6% __________ o Governo segurou os preços dos combustíveis. II. Confira como e _______ o poder de compra dos trabalhadores está sendo reduzido e quais os impactos disso para o crescimento da economia brasileira. III. Os capixabas estão sendo menos afetados pela inflação, __________ o aumento do salário médio no Espírito Santo no ano passado foi muito acima da inflação. IV. Queria saber o _________do retorno da inflação. V. A inflação está aumentando assustadoramente __________?
A sequência que responde CORRETAMENTE, de cima para baixo, ao uso das formas por que, por quê, porque e porquê é
O mundo é dividido em nações, que é o nome que tem os países como o Brasil, o Japão, etc., mas não Rio de Janeiro, Cuiabá, Pernambuco, que isso não é nação, é cidade. Quase nunca a gente percebe que o mundo é dividido em nações porque aqui no Brasil só tem brasileiro e a gente fica pensando que o mundo é como o Brasil, mas em copas do mundo a gente percebe. Cada nação insiste em falar uma língua diferente. Não sei por que todo mundo não fala português, que é tão fácil que até criança pequena fala, sem precisar estudar, como precisa com todas as outras línguas. Na Suíça e na Bélgica eles falam muitas línguas, além do suíço e do bélgico. Na hora do hino, cada jogador canta numa língua e fica parecendo com a hora do recreio, quando todo mundo grita e ninguém entende, mas eles estão acostumados. Também no jogo cada um fala com o outro numa língua, e isso é uma maneira de confundir o outro time, que não sabe o que eles estão combinando.
Cada nação tem uma camisa diferente, para a gente saber de que nação a pessoa é, e isso não só os jogadores mas também as pessoas que vão assistir e até as pessoas nas ruas, no ônibus, no avião ou no metrô. A melhor é a de um país chamado Croácia, onde vivem os croatas, que são pessoas que gostam muito de jogar xadrez, por isso a camisa deles é como um tabuleiro de xadrez, como os quadradinhos branco e vermelho. Quando o jogo está chato, os jogadores param de jogar futebol, tiram a camisa, estendem ela no chão e jogam xadrez. O público de lá gosta muito mais, e canta e torce muito mais. A camisa da França é azul e os jogadores são chamados de “azuis”, mas na verdade só a camisa é azul, eles são brancos ou pretos, como todo mundo.
As nações têm bandeiras e hinos. Acho a bandeira do Brasil a mais bonita de todas, fora algumas, e muito bem feita para o futebol: tem o verde dos gramados, o amarelo da taça que o campeão vai ganhar e a bola. No meio tem uma faixa que quando o Brasil é campeão fica escrito campeão”, e quando não é fca escrito uma bobagem qualquer. Nunca vi tanta bandeira como agora. Algumas são sem graça, como as que têm só duas cores e uma cruz no meio. Outras são interessantes, principalmente para nós, meninas, como as que têm estrelinhas e outros desenhos. A da Costa Rica tem naviozinhos de um lado e do outro de uma terra com vulcões. Mostra como o país é fninho e como é difícil viver nele, todo mundo muito apertado, quase sem poder respirar, e ainda com medo de vulcão. A mais engraçada é a da Argentina, que tem um solzinho com olho, nariz e boca. É uma bandeira amiga das crianças. Meu pai não gosta que eu torça para a Argentina, mas eu torço, por causa do solzinho, e não falo para ele.
Antes do jogo tem os hinos e a televisão vai traduzindo o que eles estão cantando. Aí eu tenho medo. O da França diz para os filhos da pátria formarem batalhões e atacarem os inimigos. Deve ser terrível viver na França. Lá tem inimigos que querem estrangular as crianças, diz o hino deles. Os franceses cantam essas coisas como se não fosse nada demais, mas eu nunca vou querer ir lá na França. Esses países são muito inseguros. Nos Estados Unidos o hino explica que tem foguetes e bombas voando. Como os jogadores podem ser bonzinhos depois de cantar essas coisas? Teve um que mordeu um outro. Acho que foi pouco, coisas muito piores podiam acontecer. Podia acontecer de morrerem, por exemplo.Tem muito hino que fala de morrer. O da Itália pede que todos estejam prontos para morrer, porque a Itália chamou. Como é que pode chamar os outros para morrer? O do Uruguai pede para escolher a pátria ou o túmulo. O nosso do Brasil, que eu prefro, entre outros, porque não dá para entender as palavras, e por isso não ameaça ninguém, mesmo assim tem um pedaço que diz que a gente não teme a própria morte. A Fifa não devia deixar eles cantarem essas coisas. É um risco no fim do jogo o campo ficar cheio de mortos. Faz bem o jogador da França que não canta o hino deles, ainda mais um hino daqueles. Os nossos cantaram sempre, todos, e choraram muito. Não sei porque. Quem chorou mais, eu acho, foi o Thiago Silva. Aqui em casa até meu pai chorou. Eu não choro. Tenho mais o que fazer.
Toledo, R.P., Veja, 09/07/2014 (texto adaptado)
Assinale a alternativa em que o termo destacado está grafado incorretamente, segundo a norma culta.
Quando o adolescente sai escondido para uma festa ou responde a uma pergunta inocente dos pais com uma explosão emocional, a culpa não é só dos hormônios. Descobertas científicas recente provam que não apenas o corpo, mas também a mente passa por grandes mudanças na adolescência. Do sexo sem preservativo à imprudência na direção, os adolescentes assume comportamentos irresponsáveis em parte porque as estruturas mentais que inibem resposta intempestivas ainda não se consolidaram. As alterações mais importantes por que passa o cérebro nos últimos anos da adolescência têm lugar no córtex pré-frontal, área que é responsável pelo planejamento de longo prazo e pelo controle das emoções. "Antes dessas mudanças, o adolescente nem sempre está pronto para processar todas as informações que precisa considerar quando toma uma decisão", explica o neurologista americano Paul Thompson, do Laboratório de Neuromapeamento da Universidade da Califórnia. Thompson faz parte de uma equipe de cientistas que vem mapeando o cérebro de cerca de 1 000 adolescentes com técnicas avançadas de tomografia. As descobertas são surpreendentes, especialmente se considerarmos que até há alguns anos era consenso científico que o cérebro completava seu crescimento na infância e não se alterava mais. Hoje se sabe que várias estruturas cerebrais seguem evoluindo durante a adolescência, embora nem todas cresçam. A idade em que essas mudanças se processam varia. O cérebro das meninas desenvolve-se cerca de dois anos mais cedo, mas homens e mulheres costumam emparelhar lá pelos 20 anos. De forma geral, no início da adolescência ainda está em processo uma mudança que começa entre 7 e 11 anos. É quando crescem certas regiões cerebrais ligadas à linguagem, como a área de Broca, uma pequena estrutura dentro do córtex pré-frontal. O processo costuma chegar ao fim antes dos 15 anos. No período de desenvolvimento, notam-se grandes progressos no uso da escrita – é a idade ideal para aprender novas línguas. A mudança maior começa pelos 18 anos e pode avançar até os 25. quando o córtex pré-frontal amadurece, consolidando o senso de responsabilidade que falta a tanto adolescentes. "O córtex funciona como o presidente de uma grande empresa, centralizando as decisões. É por isso que às vezes o cérebro adolescente parece uma empresa sem presidente", brinca Thompson. A ciência ainda não entendeu completamente essas alterações. O detalhe misterioso é que nem sempre o desenvolvimento cerebral se dá por crescimento, como acontece com todos os outros órgãos de nosso corpo. Na verdade, muitas sinapses – ligações entre os neurônios – são simplesmente cortadas durante a adolescência. Supõe-se que esse processo obedeça a uma certa economia de conexões: aquelas sinapses que não são usadas simplesmente se perdem. Quem toca um instrumento musical desde a infância vai desenvolver certas conexões neurais que se perderão em quem nunca chegou perto de uma partitura. De qualquer modo, a notícia de que o cérebro adolescente ainda não está "pronto" é alentadora. "Isso significa que temos mais tempo de aprendizado do que antes pensávamos", diz Thompson.
Em relação ao uso do porquê, no fragmento: “As alterações mais importantes por que passa o cérebro nos últimos anos da adolescência...”, sua grafia se deu por conta de:
Seu nome era Eremita. Tinha dezenove anos. Rosto confiante, algumas espinhas. Onde estava a sua beleza? Havia beleza nesse corpo que não era feio nem bonito, nesse rosto onde uma doçura ansiosa de doçuras maiores era o sinal da vida. Beleza, não sei. Possivelmente não havia, se bem que os traços indecisos atraíssem como água atrai. Havia, sim, substância viva, unhas, carnes, dentes, mistura de resistências e fraquezas, constituindo vaga presença que se concretizava porém imediatamente numa cabeça interrogativa e já prestimosa, mal se pronunciava um nome: Eremita. Os olhos castanhos eram intraduzíveis, sem correspondência com o conjunto do rosto. Tão independentes como se fossem plantados na carne de um braço, e de lá nos olhassem – abertos, úmidos. Ela toda era de uma doçura próxima a lágrimas. Às vezes respondia com má-criação de criada mesmo. Desde pequena fora assim, explicou. Sem que isso viesse de seu caráter. Pois não havia no seu espírito nenhum endurecimento, nenhuma lei perceptível. “Eu tive medo", dizia com naturalidade. “Me deu uma fome", dizia, e era sempre incontestável o que dizia, não se sabe por quê. “Ele me respeita muito", dizia do noivo e, apesar da expressão emprestada e convencional, a pessoa que ouvia entrava num mundo delicado de bichos e aves, onde todos se respeitam. “Eu tenho vergonha", dizia, e sorria enredada nas próprias sombras.Se a fome era de pão – que ela comia depressa como se pudessem tirá- lo – o medo era de trovoadas, a vergonha era de falar. Ela era gentil, honesta. “Deus me livre, não é?", dizia ausente. Porque tinha suas ausências. O rosto se perdia numa tristeza impessoal e sem rugas. Uma tristeza mais antiga que o seu espírito. Os olhos paravam vazios; diria mesmo um pouco ásperos. A pessoa que estivesse a seu lado sofria e nada podia fazer. Só esperar. Pois ela estava entregue a alguma coisa, a misteriosa infante. Ninguém ousaria tocá-la nesse momento. Esperava-se um pouco grave, de coração apertado, velando-a. Nada se poderia fazer por ela senão desejar que o perigo passasse. Até que num movimento sem pressa, quase um suspiro, ela acordava como um cabrito recém nascido se ergue sobre suas pernas. Voltara de seu repouso na tristeza. Voltava, não se pode dizer mais rica, porém mais garantida depois de ter bebido em não se sabe que fonte. O que se sabe é que a fonte devia ser antiga e pura. Sim, havia profundeza nela. Mas ninguém encontraria nada se descesse nas suas profundezas – senão a própria profundeza, como na escuridão se acha a escuridão. É possível que, se alguém prosseguisse mais, encontrasse, depois de andar léguas nas trevas, um indício de caminho, guiado talvez por um bater de asas, por algum rastro de bicho. E – de repente – a floresta. Ah, então devia ser esse o seu mistério: ela descobrira um atalho para a floresta. Decerto nas suas ausências era para lá que ia. Regressando com os olhos cheios de brandura e ignorância, olhos completos. Ignorância tão vasta que nela caberia e se perderia toda a sabedoria do mundo. Assim era Eremita. Que se subisse à tona com tudo o que encontrara na floresta seria queimada em
fogueira. Mas o que vira – em que raízes mordera, com que espinhos sangrara, em que águas banhara os pés, que escuridão de ouro fora a luz que a envolvera – tudo isso ela não contava porque ignorava: fora percebido num só olhar, rápido demais para não ser senão um mistério. Assim, quando emergia, era uma criada. A quem chamavam constantemente da escuridão de seu atalho para funções menores, para lavar roupa, enxugar o chão, servir a uns e outros. Mas serviria mesmo? Pois se alguém prestasse atenção veria que ela lavava roupa – ao sol; que enxugava o chão – molhado pela chuva; que estendia lençóis – ao vento. Ela se arranjava para servir muito mais remotamente, e a outros deuses. Sempre com a inteireza de espírito que trouxera da floresta. Sem um pensamento: apenas corpo se movimentando calmo, rosto pleno de uma suave esperança que ninguém dá e ninguém tira. A única marca do perigo por que passara era o seu modo fugitivo de comer pão. No resto era serena. Mesmo quando tirava o dinheiro que a patroa esquecera sobre a mesa, mesmo quando levava para o noivo em embrulho discreto alguns gêneros da despensa. A roubar de leve ela também aprendera nas suas florestas.
(Lispector, Clarisse. Felicidade clandestina. Rio de Janeiro: Rocco, 1998, pág. 117/119)
Observe as orações: I. Por quê você demorou tanto? II. Eu não sei o porquê de tudo isso. III. A rua porque passei estava toda enfeitada. Há ERRO na grafia da(s) oração(ões):
Sobre o tema “O jogo no Brasil”, uma leitora do jornal O Globo escreveu o seguinte: “Não entendo por que não se legaliza o jogo no Brasil. Todos os países que têm o jogo reconhecido, além de arrecadarem uma fortuna em impostos, dão emprego a muita gente. Quem quer jogar, o faz livremente pela Internet e nos bingos ilegais, onde quem arrecada é o contraventor. Os mais abastados deixam dólares lá fora, que poderiam ajudar a educação e saúde, aqui dentro”.
Na frase “Não entendo por que não se legaliza o jogo no Brasil”, o termo sublinhado tem a grafia em dois termos exatamente pelo mesmo motivo que em
Um outro leitor declara o seguinte: “Toda vez que vejo, ou leio, no noticiário que alguém foi atingido por uma bala perdida eu me pergunto: porque será que as pessoas insistem em chamar de bala perdida aquela que atingiu alguém? Se o objetivo das balas é matar e, na melhor das hipóteses, ferir alguém, sempre que aquilo acontece a bala cumpriu sua função e, assim sendo, não deveria ser chamada de bala perdida".
As opções a seguir apresentam trechos da carta do leitor sobre “bala perdida" que mostram alguns erros no emprego da língua. Esses erros estão listados a seguir, à exceção de um. Assinale-o.
Enquanto dormia, a dentadura saiu do vaso tranquilamente e caminhou até a cozinha onde comeu todo o bolo. Voltou, pé ante pé, e viu o dono dormindo na santa paz do Senhor. Como resistir à passiva situação de permanecer, há tanto tempo, mergulhada em água azul de tão estranhos odores? Resolveu ter vida própria. Somente à noite, pois demasiado era o trabalho na boca do Sr. Pirandelo durante o dia. Para obtenção desse privilégio usou de uma série de recursos. O mais brilhante resume- se no seguinte: comprimir as gengivas do velho de uma forma terrível, todos os dias após o jantar.
Péricles Prade
Observe as frases e complete usando PORQUE, PORQUÊ, POR QUE E POR QUÊ, marcando em seguida a opção CORRETA.
I- ......a dentadura resolveu sair? II- Ela fala muito mal de mim. ........? III- Acredito que o ....... de tudo está na falta de diálogo. IV- Eles discutiram ......eram orgulhosos.
Um leitor da revista Superinteressante, de novembro de 2014, redigiu a seguinte carta: “Na reportagem Por que está faltando água? me decepcionei um pouco. Vocês explicaram lindamente as reservas e o mau uso, mas falta um pedaço importante da história: a relação evidente entre desmatamento e a falta de água. Por que faltou chuva? Por causa do desmatamento da Amazônia. As pessoas precisam entender que não basta rezar para chover e colocar a culpa no governo.”
Na frase “Por que está faltando água?” o termo sublinhado aparece grafado em duas palavras e sem acento gráfico: “Por que”. O pensamento abaixo em que essa mesma grafia preenche a lacuna é:
TEXTO 2 - Por que muitos continuam usando os remédios de marca?
Basicamente, pelo marketing da indústria farmacêutica, que consegue convencer o paciente a adquirir o produto de marca. Além disso, se um paciente finalmente encontrou um remédio que funciona para o seu caso, pode resistir a trocá-lo pela versão genérica, por medo de perder o efeito do medicamento - embora o genérico equivalha ao de referência. E há princípios inativos nas drogas genéricas que podem ser diferentes daqueles das drogas de marca. Eles não afetam a maneira como a droga funciona, mas podem alterar a aparência e o sabor, fazendo as pessoas pensarem que falta alguma coisa no remédio genérico. (Veja.com)
Na pergunta da revista (texto 2), a forma de “Por que” aparece grafada corretamente; a frase em que a forma sublinhada é igualmente correta é:
Preencha as lacunas com porque; porquê; por que ou por quê. Depois escolha a alternativa que contém as respostas corretas. I - Ontem você saiu cedo. _______________? II - _________________ você saiu cedo ontem? III - Eu sai cedo ___________________ estava cansado.
Assinale a série que preenche corretamente as lacunas:
I. ....................... o professor não devolveu as provas? II. O professor não devolveu as provas ......................? III. Não sei o ............................ de tantas notas baixas. IV. O professor não veio ............................... está participando do Conselho de Classe.
TEXTO 2 - Por que muitos continuam usando os remédios de
marca?
Basicamente, pelo marketing da indústria farmacêutica, que
consegue convencer o paciente a adquirir o produto de marca.
Além disso, se um paciente finalmente encontrou um remédio
que funciona para o seu caso, pode resistir a trocá-lo pela versão
genérica, por medo de perder o efeito do medicamento - embora
o genérico equivalha ao de referência. E há princípios inativos nas
drogas genéricas que podem ser diferentes daqueles das drogas
de marca. Eles não afetam a maneira como a droga funciona, mas
podem alterar a aparência e o sabor, fazendo as pessoas
pensarem que falta alguma coisa no remédio genérico.
(Veja.com)
Na pergunta da revista (texto 2), a forma de “Por que” aparece
grafada corretamente; a frase em que a forma sublinhada é
igualmente correta é:
1 O apelido foi instantâneo. No primeiro dia de aula,
o aluno novo já estava sendo chamado de “Gaúcho”.
Porque era gaúcho. Recém-chegado do Rio Grande do
Sul, com um sotaque carregado.
2 — Aí, Gaúcho!
3 — Fala, Gaúcho!
4 Perguntaram para a professora por que o Gaúcho
falava diferente. A professora explicou que cada região
tinha seu idioma, mas que as diferenças não eram tão
grandes assim. Afinal, todos falavam português. Variava
a pronúncia, mas a língua era uma só. E os alunos não
achavam formidável que num país do tamanho do Brasil
todos falassem a mesma língua, só com pequenas
variações?
5 — Mas o Gaúcho fala “tu”! — disse o gordo Jorge,
que era quem mais implicava com o novato.
6 — E fala certo — disse a professora. — Pode-se
dizer “tu” e pode-se dizer “você”. Os dois estão certos. Os dois são português.
7 O gordo Jorge fez cara de quem não se entregara.
8 Um dia o Gaúcho chegou tarde na aula e explicou
para a professora o que acontecera.
9 — O pai atravessou a sinaleira e pechou.
10 — O quê?
11 — O pai. Atravessou a sinaleira e pechou.
12 A professora sorriu. Depois achou que não era caso
para sorrir. Afinal, o pai do menino atravessara uma
sinaleira e pechara. Podia estar, naquele momento, em
algum hospital. Gravemente pechado. Com pedaços de
sinaleira sendo retirados do seu corpo.
13 — O que foi que ele disse, tia? — quis saber o
gordo Jorge.
14 — Que o pai dele atravessou uma sinaleira e
pechou.
15 — E o que é isso?
16 — Gaúcho... Quer dizer, Rodrigo: explique para a
classe o que aconteceu.
17 — Nós vinha...
18 — Nós vínhamos.
19 — Nós vínhamos de auto, o pai não viu a sinaleira
fechada, passou no vermelho e deu uma pechada noutro
auto.
20 A professora varreu a classe com seu sorriso.
Estava claro o que acontecera? Ao mesmo tempo,
procurava uma tradução para o relato do gaúcho. Não
podia admitir que não o entendera. Não com o gordo Jorge
rindo daquele jeito.
21 “Sinaleira”, obviamente, era sinal, semáforo. “Auto”
era automóvel, carro. Mas “pechar” o que era? Bater, claro.
Mas de onde viera aquela estranha palavra? Só muitos
dias depois a professora descobriu que “pechar” vinha do
espanhol e queria dizer bater com o peito, e até lá teve que se esforçar para convencer o gordo Jorge de que era
mesmo brasileiro o que falava o novato. Que já ganhara
outro apelido: Pechada.
22 — Aí, Pechada!
23 — Fala, Pechada!
(VERÍSSIMO, Luiz Fernando. In www.revistaescola.abril.com.br)
“Perguntaram para a professora POR QUE o
Gaúcho falava diferente.” (4º §)
No período acima, por norma ortográfica, o termo em
destaque, é escrito com os elementos separados.
Considerando-se as quatro formas distintas de grafia do
referido termo, pode-se afirmar que, das frases abaixo,
está INCORRETA:
Perguntando-me a mim mesmo por que processo de associação ela me viera à memória, não atinei com o porquê. Pensei,
então, no motivo de eu lastimar sua ausência e não obtive de imediato a resposta. Passaram-se muitos meses quando, de
repente, percebi o sentido disso tudo: ela era, sempre fora e sempre seria a concretização da fantasia primeira da minha
adolescência.
Considere o trecho acima e as afirmações que seguem:
I. Em Perguntando-me a mim mesmo, há duas formas − me e a mim mesmo − que expressam reflexividade da ação, motivo
pelo qual uma delas pode ser elidida sem prejuízo do sentido.
II. Em por que processo de associação ela me viera à memória, o segmento destacado está grafado segundo as normas
gramaticais.
III. Em não atinei com o porquê, a palavra destacada apresenta erro de grafia: o acento gráfico não é justificável.
IV. Em percebi o sentido disso tudo, a palavra destacada resume as razões citadas após os dois-pontos.
Obrigado por ligar. Sua ligação é muito importante para
nós. Se desejar serviços de instalação, tecle 1. Para
reagendamento de visita, tecle 2. Para verificação de
dados cadastrais, tecle 3. Para informações sobre plano
de pagamento, tecle 4. Para falar com um de nossos
atendentes...
Não, você não conseguirá falar com um de nossos
atendentes. Mas poderá ouvir, durante 25 minutos ou
mais, sucessos como “Moonlight Serenade” e o tema de
“Golpe de Mestre”.
Também, quem mandou você não ter em mãos o número
de seu cartão eletrônico, de sua matrícula no SAC
(Serviço de Atendimento ao Cliente), de seu cadastro na
Comunidade NetLig?
Muitas coisas mudam de forma e de nome, mas no
fundo permanecem iguais. A peregrinação que temos de
fazer de tecla em tecla é a mesma que, antigamente,
nos levava a passar horas nas filas de uma repartição
burocrática.
Cada tecla, afinal de contas, não passa de um guichê,
e o cartão que devemos ter por perto ou a senha que
se impõe saber de cor equivale ao papel, à guia, ao
documento que nos exigem e que nunca está a contento
do funcionário.
É a burocracia sem papel, a burocracia dos impulsos
eletrônicos. Claro, há vantagens: não é preciso sair
de casa e, enquanto você espera atendimento, com o
telefone encaixado entre o ombro e a bochecha, sempre
poderá fazer alguma outra coisa. Sugestões: pôr os
papéis em ordem na gaveta (você poderá encontrar
o cartão de crédito cujo desaparecimento tentava
comunicar); teclar alguma outra senha de acesso no
computador, se tiver internet banda larga (se não tem,
disque para nós hoje mesmo); alongar os músculos do
pescoço e da nuca; ou entregar-se a outras atividades
corporais cujo nome não seria conveniente declinar aqui.
De todo modo, a burocracia eletrônica segue os
princípios da antiga. Quanto mais a instituição ou a
empresa economizam, mais o usuário perde tempo. No
hospital público ou na assistência técnica da máquina de
lavar, sempre vigora a lei da seleção natural: eliminam-se
os fracos, para que só os mais fortes, ou os mais
desesperados, cheguem até o fim do processo.
Claro que, quanto mais procurado o serviço, maior a fila.
Se notamos tanta burocracia nas instituições públicas, é
porque seu acesso é universal. Em inúmeras entidades
privadas vemos a burocracia aumentar, justamente
porque passaram a ser procuradas pelo grosso da
população. Os planos de saúde particulares constituem
o maior exemplo disso, mas bancos e cartões de crédito,
cujo universo de clientes se ampliou muito, não ficam
atrás.
Experimento reações contraditórias quando vou a um
caixa eletrônico. Em comparação com a fila tradicional,
sem dúvida ganho tempo. Mas sinto que estou também
“trabalhando” para o banco. Passo a senha, digito,
confirmo, conto o dinheiro: eis que sou um novo
funcionário do caixa, trabalhando de graça, enquanto
algum bancário foi despedido em troca.
Tudo bem. Gasto menos tempo no banco. Mas diminuiu
também a minha impressão de perder tempo. Todo
trabalho, por mais mecânico que seja, faz o tempo
passar mais depressa do que a pura espera. Fala-se de
democracia participativa, mas a “burocracia participativa”
também deveria merecer os seus filósofos.
À medida que um serviço se generaliza, crescem as
possibilidades de fraude. Quando uma empresa, pública
ou privada, passa do âmbito de uma distinta clientela
para o universo multitudinário e turvo da humanidade
em seu conjunto, torna-se inevitável multiplicar as
precauções contra os indivíduos de má-fé; isso significa
mais burocracia.
O que é um antivírus, um firewall ou um anti-spam,
a não ser a burocratização do nosso computador?
Eu costumava usar um antivírus que tinha rigores de
fiscal de alfândega, parecia usar carimbos de Polícia
Federal em dia de operação-tartaruga toda vez que
se punha a examinar a mensagem que entrava e a
mensagem que saía do meu Outlook.
Acontece que o computador, como tudo o que tem
telinha (um caça-níqueis, uma TV, um videogame, um
caixa eletrônico) sempre oferece ao usuário algo de
lúdico, de viciante, de hipnótico.
Já a burocracia telefônica (volto a ela) é muito pior.
Seu maior pecado, a meu ver, está na confusão que
estabelece entre as categorias de tempo e de espaço.
Entre num desses sistemas de “tecle 5 se deseja isto,
tecle 6 se deseja aquilo...” e tente corrigir uma decisão
errada.
Os sistemas mais extensos e irritantes usam a
famigerada tecla 9 -”para mais opções”-, abrindo-se em
alternativas que, para serem conhecidas integralmente,
exigiriam a vida inteira. Tudo ficaria mais fácil, se o
sistema fosse visualizado no espaço, num esquema em
árvore, num organograma, num menu de website -ou
mesmo num mapa de repartição, com suas ramificações
em corredores, departamentos e guichês. No máximo,
ficaremos andando de um lado para outro.
O problema do “tecle isto, tecle aquilo” é que ele se
desenvolve no tempo, não no espaço. Somos forçados
a prosseguir em alternativas que será sempre mais
custoso reverter; avançamos em decisões tomadas no
escuro, como se navegássemos num fluxo betuminoso,
por rios e córregos cada vez mais estreitos, cada vez
mais espessos, carregados de todas as opções já feitas,
de todo o tempo acumulado e perdido naquela ligação,
sem muita esperança de que, na extrema ponta do
percurso, uma voz humana venha afinal falar conosco.
É assim que o sistema de ramais automáticos guarda
incômoda semelhança com nossa própria vida adulta;
tem algo de anacrônico, de auditivo, de analógico. Já
as telas da internet, organizadas espacialmente, com
seus cliques de mouse, seus compartimentos de todas
as cores, seus guichês planificados e seus pop-ups
imprevistos e festivos, são um modelo bem alegre em
que mirar. Desde que a conexão não caia de repente.
No trecho “Em inúmeras entidades privadas vemos a
burocracia aumentar, justamente porque passaram a
ser procuradas pelo grosso da população.”, a palavra
porque explicita uma
___________ moro fora do Brasil. Sou baiana e, cada vez que
volto a Salvador, fico chocada, constrangida e enojada com
essa prática ____________ e __________, não dizer, machista
dos meus conterrâneos – não se veem mulheres fazendo xixi
na rua. Mas, antes de prender os __________ , tente encontrar
um banheiro público em Salvador. Se encontrar, tente
entrar – normalmente estão trancados –, e tente então não
passar ____________ . Vamos copiar a Europa na proibição,
mas também na infraestrutura.
(Seção “Leitor", Veja, 14.07.2010. Adaptado)
Os espaços do texto devem ser preenchidos, correta e respectivamente,
com: